tag:blogger.com,1999:blog-88798063585448911282024-03-13T14:19:45.173-04:00TERRA NÁUASMistérios, Contradições e Outras EmbiarasTerra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.comBlogger745125tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-44573969192419690162019-01-08T16:47:00.000-04:002019-01-08T16:47:01.153-04:00O nacionalismo é o novo centro?<br />
<div class="MsoNormal">
Tenho tido a experiência de participar e acompanhar nas
últimas duas semanas de alguns grupos nacionalistas. De cara, o que me chamou a
atenção foi a diversidade de vertentes consideradas dentro do conceito de
nacionalismo. O espectro político é muito amplo. Do que poderíamos cunhar da extrema-esquerda
à extrema direita, além é claro de espectros mais ao centro. Há por exemplo,
monarquistas e integralistas, e eles é claro conversam entre si. É o
nacionalismo cristão, conservador. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mais à esquerda, mas também em diálogo,
vamos encontrar os trabalhistas e desenvolvimentistas. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
São considerados o espectro
progressista do nacionalismo. Há uma predisposição à aceitação e diálogo e
respeito entre os comentários. Mas há tons de nacionalismo mais revolucionário,
identificado com o pan-nacionalismo terceiro-mundista e islâmico. Afirmam-se nacionais
socialistas ou até mesmo nacional bolchevismo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há ainda uma tal Quarta Teoria Política em jogo, a qual
apenas comecei a ler. Do que li, fala-se muito da substituição da noção de
individuo, ligado à toda teoria do liberalismo clássico pela noção do ente, que
se liga por exemplo à filosofia de Heidegger. Encontrei essa descrição na
wikipedia:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Quarta Teoria Política (em
russo: Четвертая политическая теория; transl.: Chetvertaya Politicheskaya
Teoriya) é um livro da autoria do politólogo russo Aleksandr Dugin publicado em
2009. No livro, o autor propõe uma nova ideologia política, a quarta teoria
política, que visa a superação das teorias políticas da modernidade — numeradas
cronologicamente — sendo a primeira teoria o liberalismo, a segunda, o
comunismo, e a terceira, o fascismo.[1]</i></b> <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mais interessante de tudo, é que entre essa fauna megadiversa
não há negação de pertencimento de um grupo o outro nacionalista. Se entendem
como diferentes vertentes em um campo político. Penso que nisso eles estão
melhor que a ‘esquerda’. Hoje, um único partido detém em suas mãos o carimbo
oficial que classifica alguém como esquerda ou não. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há algumas boas notícias: a primeira é que o que eles chamam
de neocons ou liberais-conservadores, imediatamente associados à Bolsonaro, a
nomes como o chanceler Ernesto Araújo, ou ainda Olavo de Carvalho são normalmente
escurraçados no grupo, descritos como pseudo-nacionalistas. A submissão aos EUA
ou à Israel é descrita como um ato de rastejar, indigno a um nacionalista de
qualquer vertente. Nas páginas mais conservadoras, há uma preocupação maior com
as pautas de costumes. O mesmo já não ocorre nas de nacionalismo mais progressista.
Ainda assim, as duas concordam: o liberalismo em tido o que ele significa, em
suas consequências lógicas, filosóficas, ecológicas, sociais e humanas que ele
enseja, tem nos trouxe perante o abismo civilizatório.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Outra boa notícia foi perceber a penetração e aceitação da importância
da pauta ambiental. Mesmo entre os mais conservadores monarquistas e
integralistas, a importância de defesa do meio ambiente é colocada como dever
dos mais sagrados. Entre os progressistas, fala-se da necessária racionalidade em
relação ao ambiente. Entre os revolucionários, a questão ressurge de modo como
dever sagrado. Segundo esta vertente, na natureza residem símbolos nacionais
que ecoam na noção de ser da identidade nacional e a manutenção destes símbolos
sagrados vivos, como rios e montanhas seria também sagrada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Devo permanecer acompanhando as discussões e debates, mas
por hora, o que me surpreende mais, é esse papel de novo centro político que o
nacionalismo pode estar exercendo sobre uma determinada geração.<o:p></o:p></div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-10189542479804827582019-01-07T17:09:00.000-04:002019-01-08T09:16:49.045-04:00O nacionalismo e o mito das três raças<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><i>por Cauã Pinheiro</i></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">O nacionalismo está se configurando como o novo centro
político. A boa notícia é que o conceito é suficientemente abrangente. Talvez
caiba a nós a tarefa de alarga-lo o bastante para que de fato caiba nele o país
inteiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Quem não gostar pode espernear à vontade, mas quem quiser,
pode, e deve, aproveitar a oportunidade de incluir o seu Brasil dentro do
Brasil. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Diversidade e multiplicidade aliás, são conceitos
definidores do que é Brasil. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Dentro da possibilidade de se evocar o conceito de Nação,
surge igualmente a necessidade de entender a identidade nacional.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Inevitavelmente nos voltamos ao mito fundador de nossa
sociedade: o mito das três raças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">A ideia do povo brasileiro como surgido da mistura destas
três raças formadoras é antiga. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">A noção aparece fortemente no próprio ato de criação do Exército Brasileiro, na Batalha de Guararapes, quando índios, lusos e negros se uniram para expulsar o invasor holandês. Também merece menção a aliança entre lusos e tupiniquins na expulsão dos franceses da Guanabara.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Explorada em Gilberto Freire no chamado mito da democracia racial, foi importante base ideológica
para a Era Vargas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Depois é retomada brilhantemente por Darcy Ribeiro, teórico
de referência do trabalhismo de Brizola.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidAGimKvvgtzwRnZqKFIpu4xRaOqGkoPbFpesMHvSNpm0nEyHf-_2vtUEJGwnfwlcbE6jdu7ZAA_qDc4Tbwqld6NF-RI9GgnWTJtEpB-eaxEswt9JeQhtT5X5UtQ68R2JIFbjxGtP0K8yj/s1600/O-Povo-Brasileiro-Darcy-Ribeiro-696x362.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="362" data-original-width="696" height="207" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidAGimKvvgtzwRnZqKFIpu4xRaOqGkoPbFpesMHvSNpm0nEyHf-_2vtUEJGwnfwlcbE6jdu7ZAA_qDc4Tbwqld6NF-RI9GgnWTJtEpB-eaxEswt9JeQhtT5X5UtQ68R2JIFbjxGtP0K8yj/s400/O-Povo-Brasileiro-Darcy-Ribeiro-696x362.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Por fim, temos nas últimas décadas, um afastamento destas perspectivas a partir
de um momento que os coletivos africano e indígena do país buscam um aprofundamento e
auto-afirmação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Na últimas décadas, o movimento negro buscou denunciar sua condição de figura explorada e
marginal. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Ao negar a existência da democracia racial enquanto realidade, afirmou-a como mito, ou seja, como horizonte político. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Mas também ampliou seu próprio horizonte ao buscar uma re-africanização. Da África nos trazem ecos ancestrais, tambores que nos fazem dançar a todos desde há muito tempo. Ritmo pulsante de nossa terra.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Um nacionalista que estivesse pouco esclarecido a respeito
do mito das três raças - repito, e insisto, peça fundamental na questão da
identidade nacional, veria-se talvez subtraído. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Engano, a reafricanização não diminui o Brasil, pelo
contrário, aprofunda-o, revela-nos raízes mais profundas, alimentadas desde as
entranhas da terra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">E o que nos pode nos mostrar o fortalecimento
da identidade indígena, que multiplica exponencialmente as nossas possibilidades do que é ser, brasileiros?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Haveria muito mais a dizer dos que aqui estão neste chão desde sempre. Quanto teríamos a aprender daqueles a partir de que, invariavelmente a sociedade brasileira se moldou?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Mesclados ao coração do país, são antes de tudo o âmago mais forte, a tronqueira e a raiz, na qual a sociedade brasileira se desenvolve. Tê-los em nosso próprio território nacional e com eles compartilhar este chão é um privilégio a que poucos povos no mundo tiveram. São nossos avós. uma raiz viva e pulsante que nunca permitirá que nos percamos de nós mesmos. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Mas os povos indígenas não são apenas história viva, pulsante e presentificada. São também aqueles a nos mostrar o futuro, com um modo de vida e de conhecimento que intriga a ciência e nos aponta bem aqui, outros mundos. </span><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">E o que nos dizer dos ibéricos? Essa mescla já nos vem de
além mar, de povos pioneiros navegantes transtlânticos, com raízes que remontam
aos celtas, galegos, latinos, germanos e mouros, assomado de judeus e de
ciganos, que nos explica muito do ladino que somos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Um nacionalismo que se negue a olhar com carinho para o mito
das três raças, já nasce cego. Pior ainda aqueles que tentam substitui-lo por
fundamentalismos gestados em outras latitudes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Daqui, da copa do cumaru, de onde olha o Gavião Real, há
muito mais a ser visto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">As cosmologias indígena, africana e ibérica, estão a nos
mostrar mundos outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Torna-los possíveis é a missão civilizatória do Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif; font-size: large;">Imagem: Cartaz do Documentário 'O Povo Brasileiro'. Disponível no You Tube. <a href="https://www.revistaprosaversoearte.com/o-povo-brasileiro-a-formac%CC%A7a%CC%83o-e-o-sentido-do-brasil-darcy-ribeiro/">Revista Prosa e Arte</a></span></div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-24267143588205383732018-11-18T12:54:00.002-04:002018-11-18T13:04:09.277-04:00O ‘Deus de Trump’ e o Antropoceno<br />
<div class="MsoNormal">
A indicação do diplomata Ernesto Araújo por Bolsonaro para o
Ministério das Relações Exteriores tem rendido uma boa quantidade de discussões,
críticas e é claro, memes na internet.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ernesto foi uma indicação direta de Olavo de Carvalho, Guru
da nova direita no Brasil. As posições ideológicas assumidas por Ernesto, em
seu blog ’Metapolítica 17’o colocam na Extrema Direita do espectro político,
mas não apenas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ernesto se declara ser ‘defensor do ocidente’ contra o ‘globalismo’
e entre as posições defendidas pelo diplomata, está a de que a ‘ideologia’ das
mudanças climáticas, seria na verdade um ‘plano marxista’ contra a liberdade
individual no ocidente. Ernesto apenas replica posições assumidas por Trump a
quem enxerga como uma espécie de ‘salvador do ocidente’. O mais incrível é que
o futuro chanceler não vê suas crenças como ‘ideologia’. São ‘pensamentos’.
Ideologia mesmo, só a dos outros, mesmo que, como no caso das mudanças climáticas,
a que ele se refere como ‘climatismo’, tenha larga e documentada comprovação
com base científica. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
As crenças de Ernesto, a que ele atribui valores de uma suposta verdade
auto-revelada, lhe permitem referir-se ao ‘Deus de Trump’, como aquele que irá
salvar o Ocidente da perda de seus ‘valores’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Seja lá o que isso possa significar, a ciência e a razão,
estão entre tais valores que o ‘ocidente’ atribui a si mesmo como parte de seus
fundamentos, a mesma ciência e razão que Ernesto escolhe ignorar em nome do ‘Deus
de Trump’. Em seu blog, é a ele que Ernesto clama, que após séculos no exílio do campo individual irá regressar para a história,
como o mesmo Deus que conduziu Moisés no deserto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por mais estapafúrdias que sejam as declarações do
neo-cruzado, seríamos tolos se não reconhecêssemos o lugar da religião na
história, especialmente suas versões mais fundamentalistas. Ernesto pode
proclamar o ‘Deus de Trump’ como aquele que irá salvar o ocidente, mas o único lugar
que há de fato para ser ocupado na história por uma concepção de deus como a de
Trump e Ernesto, é como aquele que a irá encerrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5Rmy8X-cr8ed2DwKDX9k4cmRhH2u_LFPEQcUdr3YmeDtMU_jNuwOSS4N0Q-8teGzcYppWGZ6jK0YlTFem7PD5u6y2tjccWmLyg2b6Y6YBAk8CxURIyf8VmzWIt5zkvCgIdAqbGnzSZ1BI/s1600/antropoceno.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5Rmy8X-cr8ed2DwKDX9k4cmRhH2u_LFPEQcUdr3YmeDtMU_jNuwOSS4N0Q-8teGzcYppWGZ6jK0YlTFem7PD5u6y2tjccWmLyg2b6Y6YBAk8CxURIyf8VmzWIt5zkvCgIdAqbGnzSZ1BI/s1600/antropoceno.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
E embora não reste dúvida de que o arsenal nuclear dos EUA seja
capaz de cumprir a profecia, nem, por isso o Brasil, com munição suficiente para
pouco mais de uma hora de combate, não poderá dar sua contribuição para o fim.
O instinto destruidor com que Bolsonaro se volta contra a Amazônia, parece enfim
ter encontrado um lugar para a periférica e desimportante nação no ‘gran finale’
da história a que tanto almejam os fundamentalistas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nosso papel poderia ter sido outro no Antropoceno climático.
Não apenas a cantada e decantada Amazônia, mas especialmente os povos que nela
vivem, parecem oferecer um outro olhar sobre o mundo, a vida, e é claro, a história.
Ao eleger Bolsonaro, e com ele, suas ideias, abrimos mão da generosidade em
oferecer ao mundo valores civilizatórios que poderiam apontar outras direções
que não o fim, para aferramo-nos a mesma mesquinhez que nos trouxe até aqui, e
que diante do abismo, não é capaz de nos levar mais adiante. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-57870606752950284512018-10-31T19:29:00.000-04:002018-10-31T19:29:59.250-04:00Pós eleitoral<br />
<div class="MsoNormal">
Temos passados por muitas e repentinas transições que nos
obrigam a tomar determinados posicionamentos e deste modo, cumpre, para aqueles
que tem nos acompanhado, aclarar os posicionamentos e porquês das travessias. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como no mito da travessia do jacaré em que parte do povo
ficou de um lado e o outro, do outro, as nossas também tem nos separados. Como no
mito também, uma arara azul e amarela levava as mensagens de um lado ao outro
do rio daquele povo que, no fundo, reconhecia-se como um só.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bem lembrar que na Floresta tem a Kaná, arara azul, bem como
tem a vermelha, Shawã.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No que refere a hoje, a travessia, é o posicionamento pós-eleitoral.
Confirmada a esperada vitória de Bolsonaro, novas definições têm de ser feitas.
Isso porque, é claro, a vitória de Bolsonaro era mais do que esperada. Vinha anunciada
por setores que lhes fizeram oposição desde o início. Não gostaria de detalhar
tantas coisas que para qualquer pessoa normal já seria visível e compreensível.
De que Ciro venceria essa eleição, ou ao menos, teria maior chance de vencê-la é
algo insofismável. Aqueles que nos dizem ‘agora não é hora de...’ são os mesmos
que regem a batuta das esquerdas há bem mais de que 13 anos. Os mesmos
hegemonistas de sempre são os que impõe novamente agira como as esquerdas devem
pensar e agir em função, ao final, de seus próprios interesses.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há a tendência disseminada em pare das esquerdas orgânicas,
ou seja, para além das esquerdas partidárias, que tendem hoje a abraçar a
resistência ao que virá contra o ambiente, as indústrias, o trabalhador, aos
professores, e ao povo em geral como foco prioritário de ação. E eles estão
certos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ocorre que no fim das contas, estes que agem como esquerda
orgânica, estão também sob a batuta de algo que se pensa como um determinado centro
produtor de verdade histórica mas também moral. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Este é talvez o aspecto mais
danoso do PT e da mentalidade petista. Há um que de conversão que se espera dos
seus que dificultam muito mais a conversa como quem não o é e nem o precisa ser
para assumir determinadas lutas e compromissos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nesse sentido, a figura de Ciro adquire muito mais a
importância de um líder, não porque o seja ele em si, um centro produtor de
verdade, mas justamente porque ele não o é. É pela possibilidade em aberto, de
um polo político centrado em Ciro, que ele se torna uma importante opção
eleitoral. A um polo em aberto, há muito o que agregar. Num polo fechado, não
há nada mais a ser dito. Trocando em miúdos em termos eleitorais; para a
população, um governo do PT ela já sabe o que vai ser, e ela não o quer. Isso está
claro. Outras possibilidades estão abertas e elas representam outro segmento da
população, justamente àqueles que em pesquisas rejeitariam Bolsonaro por Ciro,
ou ainda mais verdadeiramente ainda àqueles que por forte rejeição tanto ao PT
quanto à Bolsonaro, se negaram inclusive a mobilizar seu próprio voto. Estes foram
42 milhões de brasileiros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Haveria muito mais a dizer, mas em tempos de tão pouco
tempo, tanto vale mais poupar as palavras, mas se fosse encerrar por aqui meu
texto seria por dizer, que não precisamos de ‘mimimi’ como nos dizem sobre o
que fazer com nosso tempo. Dá muito bem para usar o tempo para fazer
resistência e oposição ao governo Bolsonaro e ao mesmo tempo se opor ao hegemonismo
petista. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas é claro que, em se havendo
aquilo que há décadas é pedido pelos aliados do PT de que haja autocrítica, novas
bases de relação podem ser construídas. Sem isso, não há nada a ser dito, e no
extremo possível, ser derrotado diante de nossos inimigos, ainda é melhor opção
do que ser traído por nossos supostos aliados, de quem aliás nunca perdeu nenhuma
oportunidade de os trair. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O PCdoB já abriu o olho faz tempo, ainda que após tantos
anos tenham se acostumado ao papel. PSB parece estar na pista. Que venha. Da mesma
parte, continuamos nosso papel de resistência e oposição que é o que nos cabe.
Mas ninguém vai ficar mais engolindo em seco às provocações. Ou seja, o ônus
dessa vez, vai ser duplo. Cada facada de lá vai levar uma daqui, e se tivermos
que ir sangrando os dois par vala, vamos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O PSOL e os que os orbitam que se acautelem. O partido a bem
dizer sofreu uma intervenção que mudou uma direção hostil ao PT e seu
hegemonismo por outra mais lhe favorável. O resultado: os 0,7% de votos de Bolulos.
Perder para o ex-filiado expulso, Dacciolo deve ter sido bastante
constrangedor. Bem vindo ao deserto do real.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Boulos e o PSOL não
conseguiram ser mais que um apêndice muito pequeno, mas que ampliou sua base no
congresso. Uma boa base e aliás as melhores notícias vieram talvez destas vitórias.
Uma vitória identitária, um plano político sobretudo de que Ciro parece querer
secundarizar. Talvez ele esteja certo, não sei. Mas a falta de um projeto que pudesse
falar a todos os brasileiros parece ter sido determinante para que uma parte
significativa da população, mesmo sob os rótulos de minorias, ainda assim pudessem
preferir se juntar as hostes do suposto ‘inimigo’. É o que é.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Adiante, nossas diferenças são muitas e que bom que são
muitas, e deque penso na verdade de que aqueles que pensam em fazer sua parte e
seu papel em rede e sem líderes definidos são entre os loucos, os mais certos. Mas
ainda assim, toda essa militância pulsante, vibrante, permeável e indefinida estará
em 2022, diante de uma nova transição cujas opções serão definidas por atores
já em jogo há muitas partidas. Nesse sentido, é absolutamente salutar, que todo
esse movimento tenha ao menos mais de que ter de escolher entre uma opção
fascista e outra petista. Não que estejam no mesmo grau, mas temos de concordar:
ambas opções são horríveis. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Que haja uma terceira. E que mesmo que estejamos em lados
opostos do rio, que a arara azul não deixa de fazer voar entre nós, nossas
mensagens. Afinal, somos um só povo.<o:p></o:p></div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-74906454599192369092018-09-26T19:17:00.001-04:002018-09-26T19:34:04.442-04:00É pior do que parece<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr0epZu6NPWOQNJqkFvFedilh_dHZTD4_tfbYsr_xUHkcokNXLMUxxp5S265l74SyYlJ6OgMSlQdhuBTurIBqp3gUelLrpEHD-x56smwzLSRlgoR1VD5dojPrnDkpQsMyJzNBi3a3qRgo9/s1600/carlos_bolosnaro125861.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="549" data-original-width="576" height="305" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr0epZu6NPWOQNJqkFvFedilh_dHZTD4_tfbYsr_xUHkcokNXLMUxxp5S265l74SyYlJ6OgMSlQdhuBTurIBqp3gUelLrpEHD-x56smwzLSRlgoR1VD5dojPrnDkpQsMyJzNBi3a3qRgo9/s320/carlos_bolosnaro125861.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Em seu texto na Folha de São Paulo, o jornalista Pablo
Ortellado afirma que o fenômeno do bolsonarismo não é fascismo, pois estariam
ausentes os traços do nacionalismo que o caracterizariam. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para quem não o conhece, Pablo Ortellado tornou-se um
crítico da chamada ‘narrativa do golpe’. Sua crítica, fundamental aliás, é
produzida a partir de um lugar de análise que se coloca fora do campo das militâncias
políticas. Digo fundamental, pois a contaminação ideológica produz corpos de
análise comprometidos em seu resultado e nesse sentido, nada melhor que um ‘isentão’,
frio e distante do campo de embate imediato, para tentar lançar alguma luz e
produzir compreensão sobre temas onde a cacofonia ideológica tomou de conta.
Nesse sentido, as posições de Pablo Ortelllado sobre a ‘narrativa do golpe’ têm
produzido um ambiente de análise dos fatos mais arejado do que o que é
oferecido pelo discurso partidário e ideologizado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em seu artigo sobre o bolsonarismo, o autor busca um lugar analítico análogo, o que lhe concede o poder de uma
posição crítica em relação ao seu objeto de análise, o bolsonarismo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sustento que definir se o bolsonarismo é ou não fascismo, é
em realidade, um falso problema.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O ponto de partida: 'não é fascismo porque não é nacionalismo' faz tratar duas ideologias com distintos graus de rigor. Enquanto ao fascismo é
exigida uma filiação a um conjunto rigoroso de preceitos, ao nacionalismo bastaria
a defesa da indústria, empregos e cultura nacional para caracterizá-lo. Sem uma
desambiguação do sentido de nacionalismo em um contexto europeu para um
contexto latino americano ou terceiro mundista, não é possível compreender de que nacionalismo está de fato se falando.</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas é fato que Bolsonaro não seria nacionalista em nenhum sentido,
exceto talvez, alguém poderia dizer, por uma xenofobia não muito marcada em relação aos imigrantes, o
que o ligaria muito mais à extrema direita europeia. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
Não se trata apenas da ‘falta de pautas nacionalistas
concretas’, mas de uma política anunciada de alinhamento sem sentido pleno à
política dos EUA. Este é um traço que liga o bolsonarismo muito mais ao regime
de 64, rendido à lógica da guerra fria, do que ao fascismo italiano propriamente
dito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; margin: 0px; orphans: 2; text-align: start; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<o:p></o:p></div>
<span style="font-family: "times new roman";">A referência portanto deveria ser antes o regime de 64 ao invés do fascismo de Mussolini.<i> </i></span><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O golpe que instaurou o regime militar foi em sua maior medida contra o grupo político dos nacionalistas representados pelo então PTB de Jango, da qual fez parte Leonel Brizola e cuja ascendência política remonta a Getúlio Vargas. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ora, se o próprio Bolsonaro se coloca em filiação política aos militares do regime, ele não é apenas deixa de ser nacionalista, como é em verdade, anti-nacionalista. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mais central para entender o bolsonarismo, é o papel da doutrina
de segurança nacional. Os militares anti-nacionalistas de 64 aderiram à ideologia que transformou nossas Forças Armadas em agentes de segurança interna em busca do 'inimigo interno'. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se no regime de 64, o ‘inimigo interno’ era o
‘comunista’, ou o ‘subversivo’, desta vez a categoria se amplia para além da
esfera imediata de participação política, para abarcar o comportamento sexual, minorias
étnicas, classe artística, grupos religiosos, e etc.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É preciso não apenas compreender, mas repetir sobre como os ecos da doutrina de segurança nacional estão sendo utilizados para criar uma nova categoria
de inimigo interno, mais abrangente do que a anterior. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nesse sentido, o bolsonarismo é ainda pior do que o fascismo. O
nazismo produziu mais claramente essa categoria de inimigo interno especialmente
na figura do judeu. Aqui, esta categoria é maleável de acordo com a percepção
do que é normativo para um setor dominante da sociedade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dizer que ele é um ‘soldado das guerras culturais’ não
define por exemplo, em que campo se dá essa guerra e menos ainda a respeito do
que pode ser considerado válido nessa guerra cultural. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Defesa à tortura, por
exemplo, é um argumento válido e aceitável nas atuais guerras culturais em nossa
sociedade? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Isso é que está de fato em jogo e não tanto a definição
precisa do termo fascista. Por rigor analítico, o III Reich, o anunciado ‘império
de mil anos’ da Alemanha Nazista também não foi um Reich, nem mesmo nos cerca de 12
anos que durou. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O problema real aqui não é de definição rigorosa de termos,
mas sim, do que pode ser considerado tolerável em uma sociedade democrática. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aqui caímos novamente no já tão evocado paradoxo de Popper, sobre
o custo de ser tolerante com a intolerância. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Afirmar que ‘não é o que parece’ e que Bolsonaro é um ‘soldado
das guerras culturais’ revela que o autor, ao menos por hora, se coloca entre
aqueles que consideram que devemos ser tolerantes com a intolerância, ou, por
talvez considerar que as posições levadas em conta na ‘guerra cultural’ travada
pelo ‘soldado Bolsonaro’ possam ser consideradas válidas e toleráveis em um
ambiente democrático. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aqui caímos em outro problema: o que pode ser considerado
tolerável, varia muito, principalmente em função do lugar que cada pessoa ocupa
em uma sociedade. É absolutamente tolerável ao senhor de engenho que haja
escravidão, assim como é até certo ponto tolerável, ao cidadão de classe média
alemã, que os judeus sejam segregados em campos de concentração. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para um homem
branco heterossexual de classe média, pode não haver nada de muito intolerável no discurso de
Bolsonaro. Ainda que pessoas fora dessa marca, possam também considerá-lo, o
grau de tolerância costuma a diminuir na medida em que se afasta dela. Ao menos
é o que sugerem as pesquisas de intenção de voto. É preciso alertar, mais
uma vez, sobre a forma como o conceito de inimigo interno vem sendo evocado.
Como afirmei antes, a categoria tem se alargado cada vez mais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Imaginar o que acontecerão a essas pessoas, em um eventual
governo Bolsonaro não se trata de futurologia ou profetização, mas exercício
analítico. Mesmo descartada a hipótese de campos de concentração, teríamos algo
como uma cidadania de segunda classe legitimada pelo discurso do líder da nação.
Seriam legitimados também, o cometimento de atos civis de violência. Na
ausência de instrumentos institucionais para levar a cabo, a tortura, a
segregação e o assassinato, estes poderiam vir praticado por pessoas comuns inspiradas pelo novo ideário.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Este quadro que não coincide com o fascismo italiano ou o
nazismo alemão, ou mesmo da extrema direita que rói o calcanhar das democracias
europeias, mas certamente, é ainda pior do que parece. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;">* Foto postada nesta quarta-feira no perfil do Instagram de Carlos Bolsonaro. Trata-se, sim, de uma simulação, retirada de um perfil de um artista. Mas não deve fugir ao bom analista, que a mesma imagem pode comunicar mensagens muito diferentes, opostas até. Se no perfil do artista tem caráter de denúncia da tortura, no perfil de um Bolsonaro, adquire caráter oposto, de apologia poderia-se dizer, especialmente quando há um histórico de declarações nesse sentido. </span></div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-75621526038426798562018-09-20T15:39:00.000-04:002018-09-20T15:39:00.525-04:00O desconforto de um (ex) marinista<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHmiDkCPHhAIjCuYX_lhmla1LX6bPtqjZYEknertbJYorJAjqJDagV97fAFHrgN80iBoOFrzXl-VvuAcRxYunA8T0qvR03Jw411c81PXsJar-l-VU3dbXoM19hZ3fr9LD93a70njvzyQen/s1600/marinasilva.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="754" data-original-width="540" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHmiDkCPHhAIjCuYX_lhmla1LX6bPtqjZYEknertbJYorJAjqJDagV97fAFHrgN80iBoOFrzXl-VvuAcRxYunA8T0qvR03Jw411c81PXsJar-l-VU3dbXoM19hZ3fr9LD93a70njvzyQen/s320/marinasilva.jpg" width="229" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Escrevo esse texto após muita relutância. Não tenho nenhuma satisfação
em dirigir críticas à candidata Marina Silva, e se o faço, não é por
desrespeito à própria, mas muito mais pelo respeito aos seus eleitores e simpatizantes,
entre os quais eu próprio me identifico. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Antes, faça-se a ressalva que continuo
a admirar e respeitar a figura púbica de Marina Silva, bem como de considerá-la
uma das pessoas mais capacitadas do país em temas contemporâneos como sustentabilidade,
mudanças climáticas, matriz energética e outras.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Marina ainda é uma das raras figuras
políticas do país que enxerga potencial civilizatório na diversidade
bio-cultural do Brasil, e só por essa razão, já deveria estar à frente de um
programa de governo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Absolutamente repudio a desconstrução de sua imagem, tal qual foi feita pelo PT em 2014. Marina segue sendo muio melhor de que a maioria que a critica.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Contudo, como ex-eleitor me sinto no dever de apontar as
razões pela qual não o farei, ao menos nesse ano. O desconforto inicia quando a
mesma passa a adotar um discurso juriquista como ‘solução’ para o Brasil. Ora,
é preciso ter coragem e encarar, e encarnar o projeto que representa. O ‘juriquismo
lava-jatino’ de Marina é um aceno para um perfil de eleitor de classe média que
já a abandonou há pelo menos três anos. É uma proposta que se constrói pelo negativo: 'não sou corrupta'. Sim, mas e daí, quer saber o eleitor.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esse perfil de eleitor hoje segue e firme forte
com Bolsonaro, e não está nem um pouco preocupado se ele contrata uma vendedora de açaí para seu gabinete ou se usa dinheiro do auxilio moradia para 'comer gente'. Marina ou sua equipe parecem não ter percebido isso, ou perceberam tarde demais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marina ter um lugar cativo no coração de muita gente, mas seus
atos demonstram que ela não quer ocupar esse lugar. Seu eleitor de perfil
progressista é hoje um órfão que enxerga em Marina, a mãe que ela não quer ser.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Marina tem conseguido a proeza de cair na preferência do
eleitorado ao mesmo tempo em que aumenta sua rejeição. De segundo lugar nas
pesquisas, hoje está em quarto e terá de se esforçar para não cair abaixo dos
6% de intenções de voto que hoje possui.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Isso tudo é muito lamentável na verdade. Marina representa
um ideal de Brasil contemporâneo, mas ela própria não foi capaz de fazer disso
um sentimento. Quem perde não é ela, é uma ideia de Brasil.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nem tudo é culpa dela, é verdade. As circunstâncias não ajudam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas o fato é que Marina adotou um perfil político que se
opõe ao perfil de seus eleitores mais fiéis.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Gostaríamos nós, eleitores de Marina, que ela fosse uma daimista
ou ayahuasqueira, que fizesse yoga, que brincasse o mariri na aldeia, que se
pintasse de jenipapo, que dançasse com as bruxas à luz do fogo. Mas Marina não
é nada disso. Marina é na verdade uma calvinista cinzenta que manda esconder a
carranca do São Francisco por que é ‘coisa do diabo’. Precisamos encarar essa
realidade. E tentar tecer, em nosso meio, uma proposta política em que essas
possibilidades civilizatórias estejam contempladas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tenho dito que a noção de sustentabilidade deve ser defendida
dentro de um programa nacional de desenvolvimento, e não fora dele. Mas isso é
tema para outra conversa.<o:p></o:p></div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-64287252320628759032018-09-20T14:44:00.001-04:002018-09-20T15:43:21.419-04:00Falta comando, ordem e disciplina na campanha de Bolsonaro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP18W1VaVSfuzkNk4SeUwL0bnGDtzsy9v-J5-lF2vkTi1GArXj-TVt0FyiiK8UT1wrm-ATBdHw_PYlhL2hxjZBXvmGDx2_PfFShuliYzGYTlcJr0kdTLnrVv_R2AVTgvbk0yWOER2VZZwk/s1600/brancaleone.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="589" data-original-width="431" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjP18W1VaVSfuzkNk4SeUwL0bnGDtzsy9v-J5-lF2vkTi1GArXj-TVt0FyiiK8UT1wrm-ATBdHw_PYlhL2hxjZBXvmGDx2_PfFShuliYzGYTlcJr0kdTLnrVv_R2AVTgvbk0yWOER2VZZwk/s320/brancaleone.jpg" width="234" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
O episódio Paulo Guedes revelou para o país, um aspecto da
campanha de Bolsonaro que para muitos já era evidente: falta comando em sua
campanha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tendo em vista que parte significativa de seus eleitores
busca justamente em sua candidatura um sentido de ordem e disciplina, é
importante pontuar, que são justamente nestes aspectos onde Bolsonaro é mais fraco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Que não existe um programa claro de governo, é lugar comum,
mas o que vemos agora é que não existe tampouco uma cadeia de comando de decisões e que
as mesmas estão sujeitas a avanços e recuos ao sabor dos ventos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
A
escalada/desescalada de Mourão é outro exemplo. Como não existe um programa mínimo
pactuado internamente, as decisões dependem inteiramente do desejo imediato de
Bolsonaro e de seu carisma pessoal. Não é preciso argumentar muito para provar
que isto é receita certa para o fracasso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Associado muitas vezes à Trump, faltaria a Bolsonaro o
essencial para ser ao menos assemelhado ao governo Trump: uma proposta econômica minimamente
clara. Trump adota um modelo que é protecionista, ou seja, taxa produtos
importados como forma de preservar a capacidade de concorrência da indústria dos
EUA. Em que pese todo retrocesso que significa o governo Trump, medidas como
essa tendem a surtir efeito positivo na geração interna de emprego, ao menos em
determinado período.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esse modelo contudo, é o oposto ao liberalismo defendido por
Paulo Guedes. Para gerar um efeito de recuperação do emprego, no Brasil, as
medidas tem de ser outras, mas precisaríamos crescer em setores estratégicos,
precisamos reverter a desindustrialização e conseguir transferência de tecnologia
para produzir, ao menos uma fatia maior, dos bens de que hoje consumimos. O
modelo Paulo Guedes irá acentuar nossos problemas mais graves: desindustrialização,
desemprego, concentração de renda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tudo isso, quem tem um pouco de noção já sabe. O que ficou
evidente contudo, é o grau de desorganização interna da campanha de Bolsonaro:
num primeiro momento Paulo Guedes tem a ‘carta branca’ para dirigir a economia,
mas bastou se pronunciar para que fosse desautorizado em sua fala. Bolsonaro
precisaria saber o mínimo de economia, até para dar ordem em Paulo Guedes.<br />
<br />
Aqui, do lado de fora do quartel, a autoridade não é dada por patentes, mas é
algo que se constrói ou com conhecimento técnico-científico dos temas, ou com
legitimidade popular. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A pequena frente partidária que apoia a campanha de
Bolsonaro é justamente a antítese do que desejam seus eleitores: uma farândola desordenada,
sem comando, ordem ou disciplina, sem estatuto ou regimento interno, cujo
sentido de autoridade tem muito de arte teatral e dramática e pouca eficácia
além do espetáculo. <o:p></o:p><br />
<br />
Este não será o principal motivo de sua derrota. Mas será um deles. Isso já parece tão auto-evidente entre seus apoiadores que desde já alegam 'fraude nas urnas' para justificar a 'fraquejada' que seu candidato está construindo.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
*Imagem: Cartaz do filme 'O Incrível Exército Brancaleone', simboliza a desordem e a falta de disciplina e de metas claras. </div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-41122842895621408862018-09-13T16:59:00.002-04:002018-09-13T16:59:59.431-04:00Pautas ambientais e indígenas: onde estão no debate?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB709f_gy3pPVcaFf8BbJ351iuCkqay_aqMnEKEaNCjZicpBsu8BWwmc0v559QdNi4HcS9ghBODCFYIXJXdqjGvft3iiS-IGnZDQ6y4CM2fcU2ar17oYeM0LscOrRKm9EMoOXA0UYs9ISi/s1600/Bandeira_do_Brasil_By_Digerson_Araaujo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="650" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjB709f_gy3pPVcaFf8BbJ351iuCkqay_aqMnEKEaNCjZicpBsu8BWwmc0v559QdNi4HcS9ghBODCFYIXJXdqjGvft3iiS-IGnZDQ6y4CM2fcU2ar17oYeM0LscOrRKm9EMoOXA0UYs9ISi/s320/Bandeira_do_Brasil_By_Digerson_Araaujo.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Já seria de se esperar que as pautas ambientais e indígenas
estariam no rodapé de qualquer discussão presidencial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">O que ocorre contudo, é muito mais grave. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">De um lado há, a ameaça real de um candidato que declara-se
frontalmente contra as pautas ambientais e indígenas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Do outro, temos, ao lado de Ciro Gomes, Katia Abreu, que
dispensa apresentações. Ao lado de Haddad, Manoela D’Ávila, que ainda que pese seu
perfil progressista em tantas questões, no que se refere a estas pautas,
permanece atrelada a uma visão de que tais assuntos seriam contrários aos interesses
nacionais. Não é demais lembrar o papel que o PCdoB teve na aprovação do novo
código florestal, para satisfazer interesses justamente do grupo representado
por Kátia Abreu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Nesse sentido, as duas chapas compartilham da mesma miopia
do nacional desenvolvimentismo, que ainda não soube olhar com a devida atenção para
o potencial destas pautas para a nação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">Marina Silva, por seu turno, parece ter essa visão. Ao menos
é o que sugerem declarações a respeito do potencial ambiental e humano do país.
Contudo Marina Silva, parece sempre estar sempre um passo atrás no debate
político e ainda empenha-se em cativar eleitores de uma parcela de classe média
que já aderiu a Bolsonaro. Sua insistência no tema da corrupção e no seu
juridiquismo quando estes já foram dragados pela espiral dos debates só mostra
sua falta de ‘feeling’. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">No outro polo temos Sônia Guajajara, onde estas pautas
assumem tons mais ligados às demandas das comunidades afetadas diretamente pelo
nacional-desenvolvimentismo do que aos gabinetes do Ibama e ICMBio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">A chapa Boulos-Guajajara contudo, não decolou minimamente e
amarga pífios 0,7%. Ainda assim, mesmo nessa chapa, tais pautas sequer ocuparam
o rodapé das discussões.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">O máximo que poderemos ter para estas eleições, seria uma
pactuação no segundo turno através da condicionante de apoio mediante compromissos
de agenda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;">É o que temos para hoje.<o:p></o:p></span></div>
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span>
<span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: inherit;">Para amanhã, quem sabe rediscutir e aprofundar o papel destas
pautas em um programa de desenvolvimento, e mais do que isso, repactuar mesmo o
sentido de (pluri)nação.</span></span>Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-10454413776935076082018-09-12T20:12:00.001-04:002018-09-12T21:51:12.407-04:00Nacionalismo X Patriotismo<br />
<h2>
<b><i>A disputa entre Ciro e Bolsonaro é também uma disputa ideológica entre duas formas: de um lado o nacionalismo de Ciro, pensado como modelo que busca o desenvolvimento e a soberania nacional e do outro, o dito 'patriotismo', um movimento um tanto confuso de suas bases, mas que na prática é mais uma ação simbólica sem discutir as condições materiais, humanas e históricas de produção d o ideal de soberania nacional. Historicamente, o patriotismo na América Latina, tem sido uma evocação do símbolos pátrios, em um contexto político, econômico, social centrado dos EUA. </i></b></h2>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXHVqDzPLy6l36eEvb1T8hqtfd4RVONtMWIWjvjovEww9zssn7_jEzgdxPn7P8r-04XXGl316NK4okhOHTRXh3kLJGhfiKGATcIzg8sUo6tLx0gepTtgxj9gaF2yPS84geW78Oss2O_XO6/s1600/map-south-america-national-flags-640x363.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="352" data-original-width="620" height="181" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXHVqDzPLy6l36eEvb1T8hqtfd4RVONtMWIWjvjovEww9zssn7_jEzgdxPn7P8r-04XXGl316NK4okhOHTRXh3kLJGhfiKGATcIzg8sUo6tLx0gepTtgxj9gaF2yPS84geW78Oss2O_XO6/s320/map-south-america-national-flags-640x363.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Existe lugar para o nacionalismo no século XXI? Começando
com essa pergunta, talvez antes deva lembrar de outro fato, que tenho certeza,
a maioria de meus leitores não sabem, e outros tantos, provavelmente o esqueceram:
de que o golpe de 64 não foi contra o comunismo como bem querem nos fazer crer determinados
setores ditos patrióticos, mas contra o nacionalismo.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
João Goulart era representante do PTB, partido que seguia a
linha deixada por Getúlio Vargas e retomada <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>por Juscelino, Marechal Lott, Brizola e o
próprio Goulart. Tratava-se <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>exatamente dos
setores nacionalistas, que pelas inconveniências históricas que se atribiu ao
nome, teve de ser renegociado em termos de trabalhismo, desenvolvimentismo e
social-democracia. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
As atribuições negativas do termo se devem sobretudo ao
caráter que teve a denominação nacionalismo face aos movimentos totalitários da
Europa.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Contudo, ninguém que tenha minimente lido um pouco de
história saberá que o nacionalismo foi, fora da Europa o principal instrumento
de descolonização do Terceiro Mundo. Basta olhar África e Ásia para ter clareza
do papel do nacionalismo como elemento de descolonização.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aí entram as rupturas entre concepções de direita e de esquerda,
que acabam por fazer pender a balança para um lado ou outro. <o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas o fato é que se nos remetermos a teoria do choque entre
civilizações de Huntington, logo percebamos o quanto a guerra fria penetrou
nossas fronteiras para nos fazer mais fracos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É onde entra o ‘patriotismo’.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O patriotismo é uma ideologia pensada de modo mimetizar um
valor fundamental de qualquer nação que é o APREÇO POR SI MESMA. Na América
Latina, regimes democráticos que defendiam a soberania popular perante Washington
foram derrubados e seguidos de regimes ditatoriais alinhados aos interesses da
civilização estadunidense (mais uma vez, Huntington).<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É onde entra o papel da DOUTRINA DE SEGURANÇA NACIONAL, que
na prática transformou nossas FAs em uma espécie de polícia ideológica interna,
eternamente a buscar um inimigo interno dentro de suas fronteiras. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Não nos esqueçamos também de que setores integrantes das
Forças Armadas resistentes à tal doutrina, foram igualmente perseguidos pelo
regime militar. Basta lembrar que, em 1960, Marechal Lott, um militar de alta
patente portanto, evitou um golpe militar contra Juscelino Kubitcheck. O mesmo
Marechal Lott acabou derrotado por Jânio Quadros, protagonizando o arquétipo do
aventureiro político que depois se repetiu em Colllor e agora, em Bolsonaro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Fato é que o nacionalismo, pensado em base de fato nacionais,
foi perseguida mesmo dentro das FAs. Vale lembrar o nome do Nelson Werneck
Sodré, historiador militar que chegou a comandar a Escola de Comando e Estado
Maior do Exército. Sua defesa da soberania do petróleo, o colocou em choque com
os setores ‘patrióticos’ que justamente eram contra o modelo soberano de
exploração pela Petrobrás.<br />
Bem verdade que Werneck Sodré se converteu ao comunismo, como é bem verdade que os comunistas no Brasil tem sido os defensores históricos desse modelo de soberania e desenvolvimento nacional.<br />
<br />
O resto da história sabemos, Getúlio Vargas deu-se
um tiro no peito que adiou ali, o golpe que viria contra o modelo de soberania
nacional.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entre a soberania e o golpe, estiveram ainda, além de nomes
como GV, JK, os menos conhecidos Marechal Lott e Nelson Werneck Sodré, e é
claro Brizola e João Goulart.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não resta dúvida de que é esse o segmento político
representado por Ciro Gomes, nessas eleições. O PTB que após o regime militar
voltou como o PDT de Brizola é exatamente o representante do nacionalismo, e aí,
é preciso que se insira a insígnia terceiro mundista, para mais uma vez assinalar
a distância entre o nacionalismo europeu que esteve na base do fascismo e do
nazismo, do nacionalismo do terceiro-mundo, que esteve na base dos fenômenos de
independência e de descolonização, na África, Ásia e Américas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Mas ainda não respondi a pergunta sobre se haveria um lugar
para o nacionalismo hoje. Se olharmos a nossa volta, a resposta parece ser sim.
Quando até mesmo os EUA evocam a ideia de pátria e nação para redefinir-se em função
não apenas de um protecionismo econômico e como de um maior fechamento de suas
fronteiras. Não resta dúvida que essa é a política que pauta os EUA hoje. Mas
mesmo se olharmos para o outro lado, a Rússia também hoje pauta sua política em
um ‘nacional-bolchevismo’ para definir seu lugar de civilização no mundo. Mais
uma vez é muito mais Huntingon, do que Marx que está operando nessas dinâmicas da
política internacional do século XXI.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Haveria mais ainda a dizer sobre a China, que sob o comando
do Partido Comunista conduz uma política que vem sendo chamada de socialismo de
mercado, o que poderia ser resumido em termos de altos investimentos do estado
em áreas estratégicas para o país seguidos de dezenas ou até centenas de
empresas privadas que se beneficiam das oportunidades oferecidas pelas ações do
governo. Fato é que a China opera seus negócios a partir da escala de nação, pouco
a pouco redefinindo suas fronteiras como império. Enquanto o gigante
capitalista se fecha sobre si mesmo, a China socialista estica seus longos
braços pelas redes de mercados do mundo capitalista. O quanto tais movimentos irão
durar desse modo é coisa que não ouso dizer, mas não é preciso sequer esforço
intelectual para perceber o que ocorre hoje.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Isso significa dizer que estivermos onde estivermos como
nação, teremos de estabelecer uma relação com a China. A questão passa a ser
portanto que papel iremos ocupar nesse cenário. Um modelo soberano de
desenvolvimento nos coloca como ‘sócios do clube’ dos BRICS, uma posição
central neste novo bloco. Fora dos BRICS seremos suplicantes a bater nas fronteiras
fechadas de uma nação imperial em processo de encolhimento sobre si. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Inevitável portanto, abordar a questão do agronegócio. Este
já é, querendo ou não, parte do que nos une a esse novo arranjo econômico
mundial com a China à frente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
O convite de Ciro à Katia Abreu tem sido um espinho duro de
engolir para muitos setores que antes desse anúncio, talvez votassem de bom
grado em Ciro. A importância dada ao agronegócio, contudo, não pode ser negada.
A diferença está em Ciro ter tanto insistido no problema da desindustrialização
do país. Parece óbvio que qualquer tentativa de estímulo à reindustrialização
do país deve começar a partir daquilo que produzimos hoje como comodities. É o
mesmo que dizer que as novas tecnologias de energia alternativa devam ser
financiadas justamente pelo petróleo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Começo a tangenciar aquilo que justamente ficou fora da
noção de nacionalismo, ou mais propriamente nacional-desenvolvimentismo: as
questões indígena e ambiental. Nesse sentido, percebo que Marina Silva, ao
afirmar o valor potencial soberano e civilizatório de nossas riquezas perante o
passivo mundial, parece ter justamente captado um valor que o nacional
desenvolvimentismo deixou escapar. Bem, Marina tem se revelado pouco
competitiva por outros fatores, alguns intrínsecos à sua personalidade, outros
ao modelo de desenvolvimento sustentável, que seja por pouca explicação, seja por
pouca recepção do eleitor, tem se revelado pouco sustentável do ponto de vista
eleitoral. Ainda assim, a capacidade de mobilizar setores importantes e
criativos, deve ser olhado com atenção. O pedaço que falta ao nosso
nacionalismo talvez seja justamente esse olhar focado para quem de fato somos, nos
sentidos: humano, geográfico, histórico, social, cultural. Quais desses
potenciais possam ser vistos como mais do que comoditties, mas como os valores intrínsecos
de nossa civilização brasileira. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Não resta dúvida que há rupturas. Casa Grande e Senzala não podem
mais nos definir como nação. Fato é que se quisermos uma Nação, é preciso nos Descolonizar
e redefinir o pacto nacional sobre quem de fato somos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<b>Conclusão </b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br />
Muita tarefa à frente, com o fantasma do ‘patriotismo’ aparelhado
com as piores das intenções batendo à nossa porta, é importante lembrar e
evocar <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o sentido de Nação mais alto do
que estes que batem continência aos EUA. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Vale dizer, e lembrar sempre, o papel que o nacionalismo teve
na descolonização, o golpe movido contra ele e que papel pode ocupar ainda
hoje, e lembrando, que na crise civilizatória e de identidade em que vivemos,
poderemos encontrar valores em nós mesmos: enquanto país megadiverso em nossa
humana geografia, que tanto podem nos ajudar a nos redefinir como sociedade,
quanto nos inserem em posição de destaque no cenário mundial. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-44530628045033865452018-08-17T21:39:00.001-04:002018-08-19T23:33:33.448-04:00Nem todo mundo é 'txai' e nem todo mundo é 'genocida'<br />
<div class="MsoNormal">
Aproveito uma breve brecha em meu extenso calendário de
leituras para dar um pitaco aqui de longe, nas paradas que acontecem noutras
bandas da floresta. É como se diz: posso até sair do Acre, mas o Acre não sai mais de mim,
e assim, antes que possamos adentrar em assuntos mais amargos e espinhosos,
deixa eu fazer aqui meu cumprimento: a floresta que habita em mim, saúda a
floresta que habita em você. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Me obrigo a escrever sobretudo por um incômodo, ou algum
acúmulo de incômodos do tipo que vão causando indigestões mentais e congestionando
os pensamentos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O primeiro deles, se refere a um termo, que francamente,
nunca tinha ouvido falar, o tal ‘txaísmo’, se isso é de comer ou de beber, ou
seja lá a fonte de onde isso surgiu (duvido que tenha partido do Acre) tão
prontamente aparece, ou mais prontamente ainda, aparece alguém querendo ‘botar
ordem no galinheiro’, e tome esculacho indiscriminado, do jeito de quem joga a
merda no ventilador giratório, e pronto, sai satisfeito como alguém que se
livrou de uma constipação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pronto, dito isso, vamos lá: porque tem tanta gente que se
incomoda com as relações geradas entre índios e não-índios a partir do
xamanismo - venham lá me dizer que não existe xamanismo, porque é uma
generalidade e que cada povo tem sua cultura e etc, etc.. o que é tudo verdade,
mas se não tivermos uma mínima base comum de entendimento, não poderíamos se querer
ter qualquer conversa -. Fato que é que nos últimos anos não param de surgir
críticos à relação entre indígenas e não-indígenas, por meio deste campo comum
criado pela comunhão da ayahuasca. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É sempre gente mui bem intencionada, a defender seus
purismos, como o ‘caboco’ lá da França que evocou o mais trevoso evolucionismo
para recomendar, como quem recomenda bula de remédio, de que os ‘brancos’
deveriam se afastar do ‘xamanismo’. Segundo ele haveria um fosso intransponível
‘de milênios’ que impediriam a nós, brancos de aprender algo que preste com os índios.
Deveríamos, dizia ele, devotar nossas almas ao bom e velho Javé genocida do velho
mundo, quase como quem diz ‘só eu sou seu deus’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E aqui, é claro, nossa gente tão prestativamente colonizada aplaudiu de pé,
reproduzindo nos quatro cantos a conversa, essa sim ultrapassada, de que os
índios vivem em ‘outro tempo’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O segundo incômodo foi ver ter surgido a palavra ‘genocida’
no documento final do primeiro encontro da ayahuasca. Isso porque, dos três dias
que participei, confesso que não ouvi tal palavra. E ela apareceu, assim, meio
que de contrabando, como quem fala com mineradores e pecuaristas, apontando sua metralhadora giratória para os brancos
malvados que ousam comungar ayahuasca.<br />
<br />
O tiro à queima roupa só pega justamente naqueles que estão
mais próximos das comunidades indígenas. Justamente aqueles que tem buscado
desenvolver diferentes formas de parceria, voltam para casa com o carimbaço nas
costas: genocida. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O incômodo de ser colocado no balaio genocida, só não supera
o incomodo de presenciar o próprio genocídio, ou para ser mais claro,
epistemicídio, a que assisto desde as primeiras peias. Trata-se do termo comum
a que algumas religiões ayahuasqueiras, ao se referirem as suas cosmologias,
desconsideram completamente a questão indígena. Aparecerão figuras tão díspares
quanto o lendário rei de Israel Salomão ou então um mítico Inca, mas nada de mencionar os indígenas. Isos sempre me incomodou e tem sido um dos mais fortes motivos para que busque compreender os usos da bebida em seus contextos mais original possível.<br />
<br />
Pois bem,
enquanto estas cosmologias permanecem encerradas no campo do mito, não há muito
o que dizer. Salomão representa Conhecimento e Inca representa Ordem. Não há nada de 'errado' nisso.<br />
<br />
O problema
passa a ser quando, atribuindo-se grau de verdade histórica a estes mitos,
passa-se a evocá-lo para negar direitos aos indígenas, como por exemplo para excluí-los
do debate sobre a ayahuasca, como inclusive, aconteceu de fato. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Bem, mas nem todos estão desse lado da história, tem gente trabalhando
ombro a ombro com os povos indígenas, em sentido de parceria, o que se torna
muito mais concreto e viável, quando as lideranças e a comunidade também tem
uma visão clara do que querem. Não faltam aliados. A esses, o termo Txai vem
sendo cunhado (o trocadilho foi involuntário), desde os tempos da Aliança dos </div>
<div class="MsoNormal">
Povos da Floresta**, um empréstimo de um termo nativo, para criação de um sentido
mais amplo de pertença que possa congregar gente de dentro e de fora das aldeias
em busca de um sentido comum. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não vou me deter aqui no sentido original da
palavra, que certamente não é amigo e muito menos irmão, estaria mais para um
<i>cunhado em potencial</i>*, mas é fato que pela própria definição, nem todo mundo na
aldeia é ‘txai.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No sentido novo, criado a partir da presença do Txai Terry e
Txai Macedo e imortalizado na canção de Milton Nascimento, a palavra evoca uma aliança,
uma confiança mesmo naquele que é diferente. Por isso mesmo gosto da palavra e
mais ainda dela reinventada para seu uso político, que convenhamos é de uma engenhosidade e
criatividade de tirar o chapéu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez isso incomode gente desacostumada aos rios e
barrancos e às alianças que evoca. Preferem antes evocar a ‘Fucô’. A tal ‘problematização’,
como um miojo, pode ser evocada sem grandes cerimônias, e fica pronta em cinco
minutos. Ao gosto do freguês, ela pode vir acompanhada de diferentes sabores,
que no fundo tem o mesmo gosto algum que serve para todas as discussões e
debates. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É por essas e outras razões que nem todo mundo do lado do
branco é ‘txai’, e que também não dá para ser ‘txai’ de todo mundo. Do mesmo modo,
nem todo mundo também é genocida.<o:p></o:p><br />
<br />
Em tempos de 'hashtag', poderia dizer que tanto uma #somostodostxais, quanto uma #somostodosgenocidas, seriam igualmente falsas.<br />
<br />
_________________________________________________________________________________<br />
<br />
* Txai: o uso da palavra é bastante complexo e tem relação com as cosmologias indígenas. Um txai, originalmente é uma pessoa que não pertence ao mesmo grupo de consaguinidade, ou seja, em tese, faz parte do grupo com que se pode casar, e portanto, formar alianças.<br />
<br />
**Alianças dos Povos da Floresta: Me lembro claramente de uma conversa com um agente da ABIN que criticava o termo. Para ele estariam juntando duas categorias: índios e ribeirinhos, em uma terceira categoria que na verdade 'não existe', para uma finalidade política. Achei razoável. E recentemente tenho visto por exemplo, setores do movimento negro comemorarem a adesão de indígenas e caboclos (estes estão desaparecendo e não por 'branqueamento', mas por razões políticas) à categoria de identidade 'negra'. Se isso não for criação política de identidade e pertencimento, Não sei mais o que pode ser. A diferença fundamental me parece ser o caráter periférico da criação simbólica acreana. Fato também é que a 'aliança' soçobrou, a não ser talvez no imaginário. Prova maior disso e o avanço da pecuária e das igrejas pentecostais nas RESEX. Mas talvez possa ser reinventada em outros termos, quem sabe justamente nos termos das alianças que vem sendo tecidas por meio dos diferentes xamanismos.<br />
<br />
Já a invenção política de chamar índios, caboclos e afrodescendentes de 'negros' é muito recente para saber se irá perdurar por muito mais tempo.</div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-64807676205962148212018-06-13T23:30:00.000-04:002018-06-13T23:32:27.176-04:00Sense 8: Multiculturalismo e Universalismo <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiANwOL9RC_Ev0U1rp0bBAimWnf3iQZJ2dmJf4cwM_TRQBLafLpP7uQo5LdpVkBiS9Pi88wBKAiRKGutWsKV21BUk0YUDryBGHonmHqStYgcGEOLtAeW678jJh3tOvFjSzoORL4kAptwXrG/s1600/sense+8.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="164" data-original-width="303" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiANwOL9RC_Ev0U1rp0bBAimWnf3iQZJ2dmJf4cwM_TRQBLafLpP7uQo5LdpVkBiS9Pi88wBKAiRKGutWsKV21BUk0YUDryBGHonmHqStYgcGEOLtAeW678jJh3tOvFjSzoORL4kAptwXrG/s400/sense+8.jpg" width="400" /></a><i>Este breve e despretensioso ensaio tem por objetivo
analisar aspectos presentes na popular série de TV ‘Sense 8’ para buscar
compreender o ideal de pessoa que a série articula junto ao seu público.</i><br />
<b><br /></b>
<b>Sobre a série:</b><br />
Oito pessoas em diferentes partes do mundo, pertencendo a diferentes
culturas e condições sociais descobrem-se compartilhando sensações e
vivenciando parcialmente, uns as vidas dos outros.<br />
O aspecto mais explorado da série tem sido a questão da ‘diversidade’
presente entre os protagonistas. ‘Diversidade’ esta que se dá pelo aspecto
cultural/nacional – um policial de Chicago, uma DJ Islandesa usuária de drogas,
um motorista de van queiniano, uma escritora transexual de San Francisco, uma bioquímica
indiana, um arrombador de cofres de Berlim, uma empresária e lutadora
sul-coreana e um galã homossexual mexicano.<br />
<b><br /></b>
<b>O ideal de pessoa ‘multicultural’
e ‘universal’ contemporânea</b><br />
O apelo mais evidente a este compartilhar de experiências sensoriais,
é de um ‘abrir-se para o mundo’ experiencial, em que tudo é possível. A série
explora à exaustação o recurso de que quando ocorrem as relações sexuais entre
dois parceiros, por exemplo, a excitação, o prazer e o êxtase são
compartilhados por todos, sugerindo algo como um ritual orgiástico em que as
definições sobre hétero e homossexualidade se tornam difusas.<br />
O compartilhar de experiências e habilidades entre os protagonistas
‘sensates’ permite à narrativa da série testar uma hipótese para além do já ‘tradicional’
postulado fundamental do multiculturalismo de tolerância à diversidade. Trata-se
aqui de um ‘organismo sensorial múltiplo’ em que estas diversidades e
habilidades combinam-se mutuamente apesar de suas diferenças.<br />
Não é de modo algum estranho que este seja um dos argumentos
centrais utilizados pelas grandes corporações do Vale do Silício. A combinação
de habilidades e a abertura para o novo são os pilares do modelo de capitalismo
empregado em empresas de última geração como Google, Microsoft e Facebook. A série
reflete de modo inequívoco, os apelos e a ideologia desta fase avançada do modelo
de produção capitalista.<br />
<br />
Duas cenas da série tornam a conexão bastante evidente. Em
uma delas, a habilidade dos ‘sensate’ de compartilhar percepções é comparada de
modo explícito por um dos personagens (que não por acaso, são também, hackers) à
própria rede mundial de computadores, os fluxos de informação que podem
conectar pessoas distantes.<br />
<br />
Em uma segunda cena, um palestrante discursa dentro de uma
mesquita para um público eclético formado por membros de diferentes religiões e
ateus, justamente sobre a necessidade da tolerância para agregar habilidades de
pessoas diferentes como forma de ‘alcançar novos progressos’, sejam eles
tecnológicos ou produtivos.<br />
<br />
Outra cena é esclarecedora sobre a hipótese que a série
pretende testar. Um professor cita para estudantes universitários, o poder estruturante
da linguagem nas maneiras de pensar e na formação das culturas, levantando a hipótese
de uma humanidade universalista unida pela percepção pura compartilhada, sem a
barreira da língua.<br />
Mais uma vez aí está pautada a ‘comunidade universal’, sem as
barreiras da língua.<br />
<b><br /></b>
<b>Sem Segredos</b><br />
Um aspecto não tão evidente, mas ainda assim, perceptível, é
de que a possibilidade de uma comunicação/percepção direta sem a mediação da
linguagem traria uma empatia para além das lealdades familiares, comunais,
nacionais, etc.<br />
Essa hipótese é explorada pela série como uma espécie humana
distinta dos Homo sapiens, unida justamente pela empatia das percepções compartilhadas.
Em última análise, a capacidade de distinguir entre eu e o outro é o fundamento
da razão. O apelo da série portanto, é à emoção, a percepção e à empatia como
substituto triunfante da razão que ‘segrega’.<br />
O antagonista da série, em dado momento, cita justamente a
capacidade desta distinção entre eu e o outro, como a possibilidade de mentir.
Sem esta barreira, haveria portanto essa impossibilidade, que, articula a série,
estaria no cerne da civilização, do estado, etc.<br />
Essa ‘impossibilidade de mentir’ revela outro aspecto importante
da ‘ideologia do vale do silício’: a de que a tecnologia tornará impossível a ocultação
de segredos.<br />
<b><br /></b>
<b>‘Noção de Pessoa’</b><br />
Pensando a partir da categorização de Marcel Mauss sobre a ‘noção
de pessoa’, é possível situar o ideal de ‘noção de pessoa’ articulado pela
série em um contexto pós-moderno, ou, até mesmo, na falta de termo melhor,
pós-pós-moderno.<br />
<br />
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">Se uma das características mais marcadas do
indivíduo moderno é a de um sujeito de direitos com seus âmbitos público e o
privado bem demarcados, no sujeito pós-moderno essa barreira passa gradualmente
a se desfazer, para acabar por completo no indivíduo ‘pós-pós-moderno’ da era
da interconectividade das redes sociais: uma suruba cósmica e quântica que de
modo muito eficaz, liberta-nos de nosso muros a fim de recrutar nossa mão-de-obra terceiro-mundista
para trabalhar no Google e empresas afins. </span><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;"><br /></span><br />
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 107%;">PS: Dito isso, que venha a terceira temporada! </span><br />
<div class="MsoNormal">
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Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-86687746411101948242018-03-28T23:40:00.001-04:002018-03-29T19:09:51.712-04:00Yawá - a voz que continua a ecoar<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSh1J7s5PCbF1pvnc8VT-4SV-1icG79SWTJPlSbyoRVb0eInlZRuyRI1DwHO5rSrFAcaLWqlTu9tqKXL9jS5q9zAg_WBqW0Ctp3i9w9JanV9r6d1aVwbAqVD_m7ul2xqaMkYdy3YnyHhRH/s1600/yawaran%25C3%25AD.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="478" data-original-width="720" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSh1J7s5PCbF1pvnc8VT-4SV-1icG79SWTJPlSbyoRVb0eInlZRuyRI1DwHO5rSrFAcaLWqlTu9tqKXL9jS5q9zAg_WBqW0Ctp3i9w9JanV9r6d1aVwbAqVD_m7ul2xqaMkYdy3YnyHhRH/s320/yawaran%25C3%25AD.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Pela manhã, sou surpreendido pela notícia da morte do Velho
Vicente Yawarani. Quem me dá a notícia é Joaquim Taska. Conta que Yawá
despertou naquela manhã, na aldeia que leva seu nome, e que ainda contou uma
história antes de morrer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A surpresa de sua morte não supera a tristeza maior de não
ter podido me despedir dele, não ter podia ouvir cantá-lo mais uma vez no
terreiro, e sobretudo, pela distância em que me encontro – fazendo um mestrado
em Curitiba – não poder ir até a aldeia para as últimas homenagens.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Encontrar palavras para descrever Yawá é uma busca vã. Só
quem o ouviu cantar, quem ao menos conheceu seu sorriso e jeito de menino em um
homem centenário, pode ter alguma medida de quem ele foi. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dos desafios que fazia no terreiro, ao resistir cantando pelas
madrugadas e despertar a todos pela manhã com sua luz, sua alegria jovial.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Resistir talvez seja um bom verbo, para descrever o homem
que atravessou a história do contato, dos seringais, dos missionários que
tentaram desaparecer com sua cultura e sua fé. Do homem que mesmo diante das
agressões, resistiu ao desejo de vingança para cantar, na voz que nunca irá
calar, a alegria da vida, a celebração da natureza, de uma cultura que como
ele, resistem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Muitas vezes referi-me a ele como um sábio, mas também um
erudito que guardava as formas mais arcaicas e cultas de sua língua, que
conhecia cada tom, cada voz que compõe o conhecimento shuintia, como ele a
próprio se referia: um rezador.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Cheguei a compará-lo a Camões ou Shakespeare de sua própria língua,
ou ainda, a uma biblioteca viva de conhecimentos, adquirido nos longos anos de
vida na floresta, por vezes na solidão da mata. Uma maneira de talvez simplória,
de tentar dimensionar para outros brancos, como eu, a importância de Yawá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É uma biblioteca que se vai. Mas que também deixa
seguidores, continuadores, o que me faz pensar na responsabilidade que aumenta
enormemente para a geração que fica, o que me faz pensar qual pode ser meu
próprio lugar nisso tudo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Meu pouco conhecimento da língua me permitiu aprender pouco através
das palavras de Yawá, mas muito, através de seus gestos. Gestos generosos,
espontâneos, despretensiosos, mas que marcaram cada segundo de convivência que
tive com ele. Do ir buscar lenha de madrugada, do montar e desmontar a
engenhoca de moer milho, do eterno consertar da canoa, do rir-se fácil diante
das dificuldades, da leveza, da alegria. Do cantar, do cantar, do cantar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas talvez a imagem mais forte, seja de lembrar dele rezando
no pote. De como aquele pote retumbava como um coração vivo, de como sua
palavra de fogo em brasa enchia o pote com seu poder e conhecimento, capaz de me
colocar diante de mim mesmo de uma maneira nova, ao mesmo tempo antiga, naquela
voz, naquele retumbar que vibrava o nosso pequeno <i style="mso-bidi-font-style: normal;">peshei</i>, a casinha de palha e paxiúba que abrigou a mim e a seu
filho Tawaho durante a dieta, no já distante ano de 2010. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
De uma daquelas noites de reza, sua voz ecoou por mim dias
seguintes e meu fluxo de pensamento, ritmado por sua voz, saiu assim:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
'Podia deslindar os meandros do DNA das estrelas. Olhar por
trás do pensamento, analisar padrões de comportamento, desmontar a função
mecânica do cérebro como faz um relojoeiro. Estudar a física quântica, conhecer
a intimidade da matéria. Esmiuçar as tripas do conhecimento e saber o que ele
comeu no jantar. Poderia fazer tudo isso numa prosa analítica tão extensa e
complicada, e com o encanto das palavras, manter por horas a fio, uma plateia
mesmerizada, sem nunca parar de falar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas eu prefiro ouvir o som que sai do pote, da reza do
Yawá.'<o:p></o:p></div>
<br />Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-8947618010247895142018-01-29T21:33:00.000-04:002018-01-29T21:34:51.429-04:00O que cruzou o céu de Cruzeiro do Sul foi um OVMI – Objeto Voador Mal Identificado<div class="MsoNormal">
- É um avião? Um Meteoro? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Não é um OVMI – Objeto Voador Mal Identificado!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimV6VESdQz5BR02EiKxSmZyX4w952yCJHIT0Cz9dqj1AyXaSPwE7hPKS3KF7kAJZpdQDc7ka5Kfr-0gmveIGVK1yEQh0j_3yfRiKHSEeesRO14H7OH4ZSRcvXplu22fWuTxVlRTCteu42P/s1600/Clar%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="318" data-original-width="650" height="156" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimV6VESdQz5BR02EiKxSmZyX4w952yCJHIT0Cz9dqj1AyXaSPwE7hPKS3KF7kAJZpdQDc7ka5Kfr-0gmveIGVK1yEQh0j_3yfRiKHSEeesRO14H7OH4ZSRcvXplu22fWuTxVlRTCteu42P/s320/Clar%25C3%25A3o.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
O objeto luminoso que irrompeu nos céus de Cruzeiro do Sul foi
identificado pelo ‘confiabilíssimo’ sistema Whats App de comunicação como sendo
um avião em queda. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dezenas de correntes de oração pelos sobreviventes e pelas
almas do mortos já circulavam, quando, logo em seguida, a INFRAERO descartou a
possibilidade e atribuiu o brilho intenso a um meteoro que cairia entre as
regiões de selva entre Pucalpa e Cruzeiro do Sul. Chegaram a publicar manchetes
de que a ‘aeronáutica confirmou a queda do meteorito entre o Acre e Peru’. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Também não era, e os sites logo em seguida publicam
informações dizendo se tratar de lixo espacial. A equipe de Marcelo Cicco do
Projeto Exoss detalhou se tratar restos do foguete lançador do satélite AngoSat
1 Communications Satellite (Ac 24 Horas). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nesta segunda feira, uma imagem de uma esfera foi veiculada
como sendo o resto do tanque de um foguete russo, localizado na região de Azángaro,
Puno, Peru.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1EBi3YYTyplMhF2QgQglSqkKoBWDRqUVGeyMkup4fa80wLg_VHMC4wG12u8Jkd7kxdgOn1L6cKTmUDeuO04JleLHhkdcSd8BnX1ZXGdtH88w2N5ocXlu79XpbwJ_7cik6F8rPiMWlytQK/s1600/esfera.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="405" data-original-width="720" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1EBi3YYTyplMhF2QgQglSqkKoBWDRqUVGeyMkup4fa80wLg_VHMC4wG12u8Jkd7kxdgOn1L6cKTmUDeuO04JleLHhkdcSd8BnX1ZXGdtH88w2N5ocXlu79XpbwJ_7cik6F8rPiMWlytQK/s320/esfera.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ou seja, nem era meteoro e nem caiu na selva. Puno fica no Altiplano.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não há nada de surpreendente no Whats App como veículo de
desinformação. Surpreendente é a Aeronáutica com todos equipamentos, e responsabilidades,
ter menos informações do que o Projeto Exxos – descrito como um projeto cidadão de controle
de meteoros. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Só lembrando que foi gasta uma grana preta para a criação do
Sistema de Vigilância da Amazônia, o SIVAM (Era FHC, só para informar), e creio
que o cidadão tem o direito de saber se o que passa sobre sua cabeça é um
avião, um meteoro, lixo espacial, o Goku ou algum Transformer... sei lá...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Reconstruindo a
Ficção<o:p></o:p></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Agora, num breve exercício, feche os olhos e imagine que de dentro
daquela esfera saia um bebê criptoniano que será criado pelos quétchuas (ou
aymarás) do Altiplano Peruano. Bem, eu me sentiria mais seguro aqui na América
do Sul, já que o Clark Kent nunca deu muita bola para o terceiro mundo. O
pequeno Tupac Quispe seria criado nos costumes das alturas, aprenderia a tocar flauta
e pastorear Lhamas nas alturas. Quando adulto apareceria garboso em seu poncho,
seria um fiel defensor dos princípios: <b>Ama Sua, Ama Llulla y Ama Quella</b> (Não
Roubar, Não Mentir e Não Ser Preguiçoso) e erguiria a <b>Wiphala </b>(bandeira andina) o mais alto que pudesse.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8op6UxsItpGAomv3V6eOPiWjWe12vDXzffmHnRT-oIrg7lA_YCBayfjRwZTdpjKLIuDK-a5m2Owm29ghdWup7-4_PuwUUDL3zG5G5wUpcV71iX0GRgnPthct3QGVkSUg9No5VFFsHquCB/s1600/Wiphala.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8op6UxsItpGAomv3V6eOPiWjWe12vDXzffmHnRT-oIrg7lA_YCBayfjRwZTdpjKLIuDK-a5m2Owm29ghdWup7-4_PuwUUDL3zG5G5wUpcV71iX0GRgnPthct3QGVkSUg9No5VFFsHquCB/s320/Wiphala.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-17682837245978462442017-12-21T16:32:00.001-04:002017-12-21T16:32:57.811-04:00Carta dos Povos Indígenas sobre a ayahuasca convida à reflexão interna<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0h0UmpMyPNkZHF8iniN6jzaF6i1QCyRvWWwBmI4xBKounXtf2w8Fyr97BdEEn0rNV7ea_i1GxC2dYBJKDDHC34pK_8KSev3-Fu765lQhlN1xTlQeUx3PA0aB1EZ7teEgg6oiYK0CSQW3R/s1600/Yubak%25C3%25A1+Hayr%25C3%25A1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="540" data-original-width="960" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0h0UmpMyPNkZHF8iniN6jzaF6i1QCyRvWWwBmI4xBKounXtf2w8Fyr97BdEEn0rNV7ea_i1GxC2dYBJKDDHC34pK_8KSev3-Fu765lQhlN1xTlQeUx3PA0aB1EZ7teEgg6oiYK0CSQW3R/s400/Yubak%25C3%25A1+Hayr%25C3%25A1.jpg" width="400" /></a><br />
A Carta de Recomendação Interna produzida como resultado da Primeira Conferência Indígena da Ayahuasca traz sobretudo um convite à reflexão interna das comunidades nesse momento. O teor geral do documento aponta o caminho de um maior protagonismo dos povos indígenas em um processo em que vem sendo levado 'à reboque' por interesses externos às aldeias. Segue ao fim da matéria o link no You Tube do vídeo produzido sobre o encontro histórico.<br />
<br />
<br />
Segue o documento:<br />
<br />
1ª YUBAKA HAYRÁ
CONFERÊNCIA INDÍGENA AYAHUASCA
CARTA DE RECOMENDAÇÃO INTERNA<br />
<br />
Nós, representantes dos Povos Indígenas do Vale do Juruá – Apolima-Arara, Ashaninka, Huni
Kuin, Jaminawa, Jaminawa-Arara, Kuntanawa, Nawa, Noke Koi, Nukini, Puyanawa, Shanenawa,
Yawanawá e Shawãdawa reunidos na 1ª Yubaká Hayrá - Conferência Indígena da Ayahuasca,
realizada de 14 a 17 de dezembro de 2017, na Terra Indígena Poyanawa, no Município de
Mâncio Lima, sob a coordenação da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ),
Organização dos Povos Indígenas de Tarauacá (OPITAR), Organização dos Povos Indígenas do
Rio Envira (OPIRE), Associação dos Seringueiros Kaxinawá do Rio Jordão (ASKARJ), com a
participação das demais organizações presentes, após intensos debates, deliberamos:
A realização de encontros internos de cada povo para nivelar as informações discutidas nesta
conferência, bem como para discutir com a base os assuntos encaminhados nesta carta. Esse
debate irá subsidiar a realização da 2ª Conferência Indígenada Ayahuasca. A realização destes
encontros deverá ser articulada pelas organizaçõesregionais indígenas, com o apoio da FUNAI.
A FUNAI ficará responsável pela articulação com instituições externas, tais como Assessoria
Indígena, IPHAN/MINC, CONAD, entre outras, consideradas relevantes neste debate, para a
participação em uma reunião preparatória da 2ª Conferência Indígena da Ayahuasca,
inicialmente indicada para acontecer em junho de 2018.
Cada povo deverá se posicionar coletivamente e em seus encontros internos deverão refletir
acerca das questões relacionadas abaixo:<br />
<br />
* Como era o uso da medicina tradicional no passado, o repasse e a proteção do
conhecimento no contexto interno indígena.<br />
* Como é o uso da medicina tradicional, o repasse e a proteção do conhecimento no
contexto atual, e como refletem sobre as mudanças observadas nos usos tradicionais.<br />
* Como percebem a situação dos atuais intercâmbios com não indígenas e como está sendo
zelado o conhecimento. Pensar sobre quais são as formas de proteção do conhecimento
sobre as medicinas tradicionais considerando as mudanças decorrentes desta expansão.<br />
* Possibilidades e limites para compartilhar os conhecimentos tradicionais com não
indígenas. Refletir sobre até que ponto é benéfico ou ameaçador transmitir estes
conhecimentos para não indígenas e qual será a forma de diálogo e compartilhamento
externo.<br />
<br />
Para subsidiar as reflexões encaminhamos, em anexo, a sistematização dos debates ocorridos
ao longo da 1ª Yubaka Hayrá.
Terra Indígena Puyanawa, 16 de dezembro de 2017.
ANEXO
SISTEMATIZAÇÃO DOS DEBATES OCORRIDOS AO LONGO DA 1ª YUBAKA HAYRÁ
Reflexões/Problemas:<br />
* Pesquisadores que estudam a ayahuasca e demais medicinas tradicionais não são
comprometidos com os interesses do movimento indígena. Eles têm legitimidade para falar no
âmbito acadêmico, mas sobre espiritualidade são os povos indígenas os verdadeiros
conhecedores e estes devem ser os protagonistas.<br />
* Preocupação com cursos de formação para usar medicinas sagradas, principalmente fora do
Brasil.
* Preocupação com o uso inadequado das medicinas pelos nawás/igrejas e a comercialização,
podendo gerar situações graves associadas a este uso. Exemplo: uso da ayahuasca pelos nawás
em festas diversas e outros espaços, em forma de comprimido, como uma droga psicodélica.<br />
* A ampliação do uso das medicinas fora do contexto indígena fez com que tenha mais nawás
do que indígenas usando ayahuasca.<br />
* As medicinas tradicionais têm usos específicos. Se forem usadas fora do contexto, mesmo
pelos indígenas, perdem o sentido e deixam de ter eficácia.<br />
* Reflexão sobre a responsabilidade dos próprios indígenas por terem transmitido o
conhecimento das medicinas aos nawás.<br />
* Desrespeito de órgãos fiscalizadores e/ou reguladores em relação à circulação de indígenas
com a medicina e outros elementos da cultura.<br />
* A noção de direito “difuso”enfraquece os direitos indígenas, colocando a ayahuasca
indígena no mesmo patamar do uso por igrejas e outros grupos diversos não indígenas.
Encaminhamentos/Sugestões/Orientações<br />
* Ao invés de usar o nome genérico ayahuasca, é preciso usar as nomenclaturas específicas de
cada povo, e também das demais medicinas tradicionais.<br />
* Necessidade de conhecer as leis nacionais e internacionais sobre a ayahuasca.<br />
* Importância de uma estrutura de comunicação entre os povos indígenas para se
fortalecerem sobre a temática.<br />
* Proposta de criação de uma instância interna indígena para tratar das questões culturais e
alinhar os posicionamentos entre os diferentes povos, de forma a assumirem a
responsabilidade sobre o uso adequado das medicinas, bem como sua divulgação e
comercialização.<br />
* Criar um conselho de ética indígena sobre as medicinas tradicionais.<br />
* Necessidade de um plano de ação coletiva, para que todos possam ter sua terra e viver com
seus costumes. É necessário ter união entre as lideranças para assumirem o compromisso com
esta causa para que não haja divisões internas.<br />
* Necessidade da continuidade dessas discussões através de uma agenda de trabalho, com a
realização de encontros periódicos, com ampla participação da base, bem como a inclusão de
outros povos originários que também fazem uso dessas medicinas.<br />
* Necessidade de organização e orientação interna sobre a questão da circulação e divulgação
da cultura pelos indígenas que viajam com medicinas tradicionais.<br />
* Criar documentos de referência de cada povo, como o regimento interno, que regulamente
as formas de uso, transmissão de conhecimento e circulação das medicinas. Garantir direito de
circulação com ayahuasca e demais medicinas tradicionais de forma responsável.<br />
* Realizar reunião com instituições governamentais para obter e repassar para as bases as
informações sobre transporte/translado das medicinas tradicionais e relatar processo em
andamento.<br />
* Possibilidade de criação de CNPJ para circular com ayahuasca de acordo com a atual
resolução do CONAD.<br />
* Realizar ações educativas nas aldeias, junto aos professores, para conscientizar as crianças e
jovens sobre o uso correto das medicinas tradicionais, bem como ensinar o correto cultivo das
plantas.<br />
* Criar estratégias, pelos próprios povos, relacionadas ao manejo, cultivo, intercâmbio e
conservação das plantas medicinais, integrados aos sistemas agroflorestais, destacando a
importância da valorização e proteção dos conhecimentos ancestrais.<br />
* Pesquisar, revitalizar e divulgar as músicas tradicionais nas escolas indígenas, repassando
para os jovens na forma específica de cada povo.<br />
* Os direitos autorais (música) devem ser assegurados principalmente pelas lideranças
espirituais, mas as associações precisam trabalhar no sentido de fortalecer esses direitos.<br />
* Reflexão sobre inclusão do uso de instrumentos musicais não tradicionais (violão e outros)
na música de cada povo, não só da ayahuasca, mas também de caça e outras.<br />
* Criar estratégias para vincular a comercialização do rapé indígena à forma de feitio dos povos
originários, rechaçando a vinculação dos nomes dos povos a rapés produzidos fora do contexto
indígena.<br />
* Incentivar que as pessoas tomem ayahuasca com quem conhece, para saber a história e
sentir como ela é. Importância do comprometimento dos povos indígenas para a realização de
trabalhos de cura de forma responsável.<br />
* Incentivar os intercâmbios entre os povos para o fortalecimento da autonomia de cada povo
em relação ao conhecimento e cultivo das plantas medicinais, bem como seu uso medicinal e
cultural.<br />
* Criar uma estratégia interna para proteção dos direitos indígenas, ampliando a discussão
para outros países que possuem povos originários que utilizam a ayahuasca por meio de uma
conferência.<br />
* Durante a 2ª Conferência Indígena da Ayahuasca, avaliar a possibilidade do envio de uma
carta para o IPHAN/Ministério da Cultura, Ministério Público e demais entidades responsáveis
no Brasil, para a ONU e demais instâncias internacionais, apresentando o posicionamento dos
povos indígenas sobre a patrimonialização e sobre a questão da difusão do sagrado para o
mundo.<br />
* Durante a 2ª Conferência Indígena da Ayahuasca, avaliar a possibilidade de abrir processo
em uma corte internacional acusando o Brasil por genocídio cultural. Possibilidade de usar
como exemplo a denúncia da Empresa Ayahuasca International, feita pela Colômbia.<br />
* Fortalecer a relação com a FUNAI sobre o controle da entrada de pessoas nas comunidades
indígenas que buscam vivências com as medicinas tradicionais.<br />
* Pautar a presença de pajés na comissão do IPHAN/ Ministério da Cultura que avaliará o
processo de registro da Ayahuasca como patrimônio cultural brasileiro solicitado pelas igrejas.<br />
* Avaliar a possibilidade de um registro como patrimônio cultural dos povos indígenas.<br />
* Criar processo próprio de reconhecimento do que é patrimônio na visão dos povos
indígenas.<br />
* Necessidade de captação de recursos junto a parceiros das associações e ao Ministério da
Cultura para realizar a etapa de esclarecimento junto aos povos indígenas, indicada como
necessária no processo de registro.<br />
* Proposta da criação de um GT das organizações ou outra instância para acompanhar o
desenvolvimento dos trabalhos junto ao IPHAN e outras pesquisas relacionadas às medicinas
tradicionais.<br />
* Ampliar a segunda conferência para debater também sobre outras medicinas, assim como
ampliar os espaços de debate.<br />
<br />
Vídeo <a href="https://www.youtube.com/watch?v=U-xgmFUda8k&feature=youtu.be">1° Yubaká Hayrá</a>Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-64106781954154438262017-12-17T20:16:00.000-04:002017-12-18T00:38:27.744-04:00Cultura, política, ciência e espiritualidade são tema de debate na Primeira Conferência Indígena da Ayahuasca <div class="MsoNormal">
Na mesa, a ayahuasca está literalmente presente,
na forma de dois filtros. O vidro translúcido permite ver o seu interior. Na
ponta esquerda da mesa está o líquido cor de terra, o <i>Nixi Pãe</i> trazido pela comitiva Huni Kuin. Na ponta direita está um
de tom mais escuro: é o <i>Hêu </i>servido
pelos anfitriões do encontro, o povo puyanawa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTy_wN6VSpCtUgCE7blZsZbH3n3oNtVdZiNVn2DUIkhCN8lGSHwj0r2_KkP_6zlpvyYUiIid5QFcOs6QHWofX0zTVjtP_sMwiPqKuvBTdt0TEpJxyE1yamUW02Or2IIxaJBXT4y5LTRWU-/s1600/Bira+2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTy_wN6VSpCtUgCE7blZsZbH3n3oNtVdZiNVn2DUIkhCN8lGSHwj0r2_KkP_6zlpvyYUiIid5QFcOs6QHWofX0zTVjtP_sMwiPqKuvBTdt0TEpJxyE1yamUW02Or2IIxaJBXT4y5LTRWU-/s400/Bira+2.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Biraci Brasil - Nixiwaká: respeito ás religiões ayahuasqueiras, mas necessidade de que as vozes indígenas sejam ouvidas </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal">
“Essa reflexão é para saber o que queremos deixar de herança
e futuro para um povo”, resume José Luís Puwe, uma das lideranças espirituais do
povo Puyanawa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi59yUreN6fibmiQjz0e0yzBgKr8mgFoIr3lMnp-Zi_pfNPZBs9zhHS-sn2MTNlurh9tDFMIzqJADrgtHJfQEDV_h93GzL0M4WrPBWeuCblBvGhODKx8z-H6soFdeDbvZKA02a13UDCB7R6/s1600/Mesa+aYahuasca.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi59yUreN6fibmiQjz0e0yzBgKr8mgFoIr3lMnp-Zi_pfNPZBs9zhHS-sn2MTNlurh9tDFMIzqJADrgtHJfQEDV_h93GzL0M4WrPBWeuCblBvGhODKx8z-H6soFdeDbvZKA02a13UDCB7R6/s400/Mesa+aYahuasca.JPG" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Puwe serve o hêu para Biraci Jr Iskukuá durante a mesa que debateu os intercâmbios entre indígenas e não-indígenas através da ayahuasca</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O encontro trouxe lideranças políticas e espirituais dos
povos do Acre. Huni Kuin, Ashaninka, Yawanawá, Nuke Koi (katukina), Shawadawa,
Kuntanawa, Manchineri, Jaminawa e Shanenawa, além dos anfitriões Puyanawa, que por dois dias debateram sobre o uso da ayahuasca.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Camarampi para os ashaninka, nixi pãe para os huni kuin e
uni para os Yawanawá - e mais uma dezena de nomes tão diversos quanto os povos
que habitam a floresta amazônica – são usados para designar a mesma bebida,
universalmente conhecida pelo seu nome Kíchwa: a ayahuasca. É ainda o Daime e o
Vegetal ou Hoasca para as religiões ayahuasqueiras brasileiras. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A ideia de promover um encontro indígena da ayahuasca ganhou
força ao final da Segunda Conferência Mundial da Ayahuasca – a Aya, realizada
em Rio Branco-AC em 2016. A primeira edição da Aya aconteceu em Ibiza, na
Espanha, em 2014. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Longe da sua origem amazônica, do outro lado do Oceano
Atlântico e separada por milênios de conhecimento dos povos originários, não
foi difícil que o debate sobre a ayahuasca conduzido por pesquisadores, na antiga metrópole da
América, soasse como mais uma etapa do secular colonialismo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez por essa razão seus organizadores tenham decidido trazê-la,
em 2016 para Rio Branco-AC: berço das chamadas religiões ayahuasqueiras - um
fenômeno típico da Amazônia brasileira que urbanizou o uso da bebida nas
grandes cidades e facilitou a sua entrada nos EUA e Europa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mesmo no seio da floresta, a participação indígena na Aya
Conference foi exígua. “Nos deram cinco minutos para falar sobre a importância
da ayahuasca para nosso povo”, disse - já na conferência indígena da ayahuasca
- Biraci Jr <i>Iskukuá</i> – jovem aprendiz
das tradições espirituais do povo Yawanawá. A insatisfação dos indígenas com
relação à sua pequena participação e decisão nos caminhos tomados pela
internacionalização da bebida ancestral, foi materializada na forma de uma
<a href="http://terranauas.blogspot.com.br/2016/10/carta-aberta-dos-povos-indigenas-do.html">carta*</a>, amplamente divulgada pelos meios de comunicação. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Os debates, até então conduzido por pesquisadores e
cientistas, foi preenchido pelas vozes de pajés e aprendizes de diferentes
povos e gerações. A ayahuasca na mesa é sobretudo um recado: para falar da ayahuasca
é preciso comungá-la: uma clara recusa ao paradigma do saber científico
ocidental, e uma reafirmação dos valores dos saberes tradicionais dos povos
originários. A ayahuasca aqui não é objeto de estudo e sim, sujeito de saberes;
uma professora. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Intercâmbio Cultural<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0h5GxlcXCS4punGS5WNzLvBa1oHt5NHPHWDlid7hp1jpeslc1iOoX9b8gvE0IOHV5P_ReCmAheZ-LFwD0gx4k2305uUKZvUlgi0lMTysnJd52V6pHTmmy0Q0L8VR75TlVxWJSUsuiKWow/s1600/Bira.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0h5GxlcXCS4punGS5WNzLvBa1oHt5NHPHWDlid7hp1jpeslc1iOoX9b8gvE0IOHV5P_ReCmAheZ-LFwD0gx4k2305uUKZvUlgi0lMTysnJd52V6pHTmmy0Q0L8VR75TlVxWJSUsuiKWow/s320/Bira.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
A mesa formada pelo cacique, e pajé, Biraci Brasil –
Nixiwaká, seu filho, o jovem aprendiz Iskukuá e Benky Pianko tratou do tema da interculturalidade da ayahuasca, ou
seja, seu uso conduzido por indígenas no meio não-indígena. Biraci fez questão
de deixar claro seu respeito e admiração pelas chamadas religiões
ayahuasqueiras e de como muitas igrejas daimistas têm possibilitado a abertura
para que seu povo apresente sua cultura em um contexto sagrado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“Essa discussão que todos nós indígenas que nascemos com o
conhecimento dessa bebida tem saído um pouco fora do nosso controle e nós não
estávamos conseguindo discutir isso, e ao mesmo tempo está abrindo as portas
para o mundo, porque através dessa bebida muitos povos indígenas do Acre, da Amazônia
começamos a ser convidados a participar e compartilhar com outras pessoas até
mesmo fora do Brasil. O uni chegou a praticamente todos lugares do mundo. Mas estava
começando a sair do uso original, da qual nós mantemos há milhares de anos.
Essa conferência nos possibilita a nos reencontrar e discutir coletivamente e a
tirar um direcionamento para que a gente possa compartilhar ela, ao mesmo
tempo, mantendo a sua essência. É um começo de muitas discussões que vão
acontecer. Fiquei muito satisfeito. Desperta para discutir como contribuir da
melhor forma que essa medicina se expanda com o respeito que nós povos
indígenas preservamos a milhares de anos. E também estreitar nossa relação com
as igrejas, as doutrinas que usam essa medicina de uma maneira parceira, de
respeito e de entendimento mútuo entre nós. Essa conferência da ayahuasca nos
desperta a ter mais cuidado e chegar a um entendimento que a gente possa se
sentir seguro e que continue sendo preservado e valorizado como nós ancestrais
valorizaram e cuidaram durante milhares de anos. Entendo que hoje estamos em
outros tempos, mas que ela não saia de sua essência.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Ciência sem consciência<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcnGkXvlDfa8VP6Mw7c5QhYpeZ71sGikCne0soONfE9ZLtq3Hj0FXjXilJ50htXQyE_tdT5Jq-9E465J5GTs1YpRIa3yoQRyHQiunelrXj4pyagAD2F8Jy5YK1Ju_6riIck7SC1D9rHFsY/s1600/Benky.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcnGkXvlDfa8VP6Mw7c5QhYpeZ71sGikCne0soONfE9ZLtq3Hj0FXjXilJ50htXQyE_tdT5Jq-9E465J5GTs1YpRIa3yoQRyHQiunelrXj4pyagAD2F8Jy5YK1Ju_6riIck7SC1D9rHFsY/s320/Benky.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Benky Pianko: por uma ciência com consciência</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
O ashaninka Benky Pianko centrou sua fala na importância da
ayahuasca em um conjunto de saberes que possibilitam a vida em harmonia com a
natureza, e de como, segundo ele, ‘a ciência sem consciência’ tem resultado,
entre outras coisas em uma relação destrutiva do homem com a natureza,
traduzida em termos da crise ambiental e climática vivida no planeta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“Queira ou não, 100% da resistência da nossa vida, é a terra,
é a floresta, as águas que nos sustentam. Todos esse desequilíbrio criado pelos
povos do mundo, e a civilização do ocidente a gente não tem para onde correr.
Nossa única expectativa é poder mostrar quem nós somos através de uma união de
humanidade. A floresta é um filtro. As águas são abençoadas, são divinas, são
espíritos para nossa resistência. A gente não defende a floresta por defender. A
gente defende a nossa vida. Estamos defendendo a nossa vida. Então hoje esse
desequilíbrio climático é consequência dessa ciência que possibilita destruir
para se consumir. O ensino acadêmico tem uma importância grande, mas se você
tem uma ciência e não tem uma consciência de como você vai usar essa ciência
para um bem para que sustente aquilo que você tem no espirito, não adianta
estudar o mundo para matar o seu próprio mundo. Hoje a gente vê que o mundo está
sendo morto por essa ciência sem consciência. Estamos nos reunindo para colocar
nossa posição, a nossa presença, a nossa resistência com sabedoria, inteligência,
amor, paz porque é através dela que vamos provando que nós temos um mundo
diferente mas que todos também são beneficiados nessa terra, não é só nós indígenas.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por isso estamos falando nessa conferência desse
conhecimento que é tão amplo que hoje através dessas plantas que em muitos
lugares, muitas igrejas estão curando as pessoas, tirando as pessoas de seus
sofrimentos para se reerguer se reativar novamente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A ayahuasca é um canal, é um despertador mental, é um
trabalho psicológico e o físico para que a gente se reconecte novamente com
nosso mundo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Esse conhecimento que a gente tem que não trabalha só beber
a ayahuasca. A gente trabalha o espirito de como se penetrar para acionar as
linhas que existem dentro da sabedoria de identificar cada planta, de para que
serve cada planta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Por isso é um instrumento muito difícil de se provar. Não é
um mundo que é provado, que é escrito no papel. Mas é uma ciência que tem que
ser reconhecida porque o dia em que a terra se descontrolar ainda tem povo que ainda
mantém sua raiz, que ainda tem sua essência, que ainda vive nessa floresta que
defende esses conhecimentos para curar a humanidade renascer e reativar
novamente o mundo.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Livre Circulação de
Pajés, aprendizes e suas medicinas<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Um tema de grande interesse durante o encontro foi sobre a
livre circulação dos indígenas com suas medicinas. Foram trazidos casos de
constrangimentos e ameaças de prisão por narcotráfico pela Polícia Federal de
indígenas que tentavam embarcar suas medicinas a partir de aeroportos. Para
essa mesa foram convidadas a defensora pública Cláudia Aguirre e o pesquisador
Juarez Duarte Bonfim.<br />
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1d2sx8TfWu_bD-cyqVhCgE3y3wQ9IlbK52l8q2OjR7Jo7wZM_YEfFFdY3NI1poMOd1U2IWuYIt_oKb8Ev0OiPjszRX6-Ae0zJen7emHIldUWxqprgpqmp-xeQfnATrqKSLAohY8F8_A-v/s1600/Claudia.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1d2sx8TfWu_bD-cyqVhCgE3y3wQ9IlbK52l8q2OjR7Jo7wZM_YEfFFdY3NI1poMOd1U2IWuYIt_oKb8Ev0OiPjszRX6-Ae0zJen7emHIldUWxqprgpqmp-xeQfnATrqKSLAohY8F8_A-v/s320/Claudia.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A defensora Cláudia Aguirre: povos indígenas devem se apropriar de instrumentos legais ao seu favor como afim de garantir a livre circulação </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
A defensora fez uma explanação sobre os diversos meandros na
legislação que passam pela lista de substância proibidas nas Convenções da ONU
sobre Entorpecentes (1961) e sobre Substâncias Psicotrópicas (1971), das quais
o Brasil é signatário. A lista da ONU prevê a proibição do DMT – Dimetiltriptamina,
substância contida em uma das plantas da ayahuasca (a chacrona ou rainha - psychotria
viridis). Contudo, a própria ONU, quando questionada sobre a ayahuasca,
respondeu que plantas contendo DMT não estão proibidas. Ainda assim, a
legislação tem sido interpretada de maneira diferentes pelos países, com
distintos rigores e penalizações para o transporte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“Essas convenções foram feitas sem serem ouvidas as
comunidades indígenas, essa dimensão não foi tratada com a devida participação
dessas comunidades. Isso é contradição em relação a convenção 169 da OIT que é
o marco normativo internacional que trata do direito dos povos indígenas. A
primeira estratégia básica acredito que seja os indígenas se empoderarem da
leitura e da prática da Convenção 169. Penso as medicinas fazem parte de um
modo de ser e aí a gente tem que trazer a constituição federal de 88 que foi
pioneira em reconhecer os direitos dos povos indígenas e de suas culturas. As
medicinas como parte de um modo de ser que compõe o nossos país e neste sentido,
a priori não haveria o problema do transporte e circulação desde que
contextualizado no modo de ser de um povo, seja dentro da aldeia ou fora da aldeia. Comento isso no perigo de uma certa ‘guetização’
– aquele discurso de que dentro da
aldeia pode tudo, e fora não. Quer dizer o que esse discurso? A aldeia é um
gueto? É nisso que querem transformar os povos? O intercâmbio intercultural,
interpovos e interraças existe desde que o mundo é mundo. Então porque
criminalizar? Temos que fazer o contraste. Há por um lado o panorama das drogas
como um problema e de que seu uso descontextualizado é de fato uma patologia
mas esse panorama difere absolutamente do contexto indígena que as medicinas
estão no contexto espiritual do sagrado, que estão no modo de ser e viver de povos. A
consequência é que isso traz uma grande responsabilidade às comunidades, para
que exerçam o controle social do uso para que não se banalize, dentro de um
princípio de pluralismo jurídico, os usos adequados aos seus contextos, têm de
ser respeitado pelos governos e estados.”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Além das estratégias imediatas de assegurar a livre
circulação, o debate incita também a uma luta mais ampla, que possa
ressignificar as medicinas no contexto das normais internacionais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“Dei o exemplo do (presidente da Bolívia) Evo Morales
mascando folha de coca na assembleia da ONU sendo que a coca é uma planta
proscrita essas convenções, o que é um absurdo pois viola o direito de
comunidades e povos inteiros da América Latina que fazem uso da coca. Essa discussão
também tem que ser feita, ainda que seja um panorama mais lento, também deve
estar em vista das comunidades.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No Brasil, o transporte da ayahuasca é definido pela
resolução 01/2010 do CONAD (Conselho nacional anti-Drogas) que vincula a
liberação do transporte a partir de documentações que assegurem o uso religioso
da bebida. A resolução do CONAD foi escrita a partir de um Grupo
Multidisciplinar de Trabalho que ouviu, entre os anos de 2006 a 2010, representantes
das principais religiões ayahuasqueiras, mas sem consultar as comunidades
indígenas. <o:p></o:p></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWbtzxFC_YHS4-Ymq8-UwhI_5OuoSozfJKBbggiX0f2bbn8yBsiixQrqyPWIGWZQlsTMLdT7q3n0IpsVSYYAQnoD7j7VnGpdbsq08AbYLH27YT-HwLnHoPttbqz4sV8KGHKoPy3-BfwO5o/s1600/Juarez.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWbtzxFC_YHS4-Ymq8-UwhI_5OuoSozfJKBbggiX0f2bbn8yBsiixQrqyPWIGWZQlsTMLdT7q3n0IpsVSYYAQnoD7j7VnGpdbsq08AbYLH27YT-HwLnHoPttbqz4sV8KGHKoPy3-BfwO5o/s320/Juarez.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Para o pesquisador Juarez Duarte Bonfim: resolução do CONAD não prejudicaria os indígenas </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
Para Juarez Bonfim, apesar dessa omissão do GMT, os
indígenas não seriam prejudicados, já que as normas asseguram o uso religioso,
na qual os índios estariam incluídos. Contudo, por não haver entre eles a mesma
organização documental na qual as igrejas vem trabalhando há décadas, estariam
mais sujeitos a constrangimentos e em casos extremos, prisões.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“Entendo que os indígenas estariam contemplados na resolução
do CONAD uma vez que nas cosmologias indígenas não há separação entre ciência,
medicina, religião e filosofia como no nosso mundo. É um todo holístico. Então
o uso para acessar a espiritualidade a coloca no campo religioso”, explica. “A
lei não prevê restrições ao uso tradicional que não é estritamente religioso como
feito por indígenas e ribeirinhos, por exemplo. Se não é proibido, é permitido,
o que existe é intolerância por parte de algumas pessoas imbuídas de autoridade
que agindo de maneira ilegal e irresponsável que não respeitam a decisão do
CONAD e se põe a perseguir a ayahuasca. As comunidades indígenas e
ayahuasqueiras tem de criar seus mecanismos de defesa jurídica e também social
para enfrentar esses que se colocam como inimigos do uso da ayahuasca”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Cantos Tradicionais,
Novas Canções e a Juventude Indígena Ayahuasqueira<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFxt9jzBOOMkYe6cCxA7-0FF8dgmzi3LAYdLEvdAvBAU0Z7R86W59AhDgoKPErOa7Qw5cDd4ch0A4Beoj7fmMepUkOYGyLV93rlrJp2Jsw_j_6JVlDMkGepMjjYjSvafn_cFasjm9_F2ia/s1600/Ninawa.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFxt9jzBOOMkYe6cCxA7-0FF8dgmzi3LAYdLEvdAvBAU0Z7R86W59AhDgoKPErOa7Qw5cDd4ch0A4Beoj7fmMepUkOYGyLV93rlrJp2Jsw_j_6JVlDMkGepMjjYjSvafn_cFasjm9_F2ia/s320/Ninawa.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ninawá, Pai da Mata na mesa com Joaquim Maná e.. </td></tr>
</tbody></table>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfgYr0W07_JdHw4HKqW57Ahnck91Aj8Uo6iCsII5Sl9lsgv-k40UmkXXJqGN5ft1lWyWWqYPm8cNPlye5xib0XxD2T3TRRQT5HwajjfSmZuH4ydasXgK00gN4gs2MLSdWS7QmCWv_MT7PT/s1600/Isaka.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfgYr0W07_JdHw4HKqW57Ahnck91Aj8Uo6iCsII5Sl9lsgv-k40UmkXXJqGN5ft1lWyWWqYPm8cNPlye5xib0XxD2T3TRRQT5HwajjfSmZuH4ydasXgK00gN4gs2MLSdWS7QmCWv_MT7PT/s320/Isaka.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Isaká: Tradição e renovação um uma dinâmica cultural</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
A mesa composta pelo professor e doutor em linguística
Joaquim Maná, Isaka Huni Kuin e Ninawa Pai da Mata tratou sobre o tema das
canções ayahuasqueiras, ou mais propriamente das canções do <i>nixi pãe</i> dentro da cultura Huni Kuin.
Como pesquisador, Joaquim Maná expôs as diferentes formas e melodias dessas canções
que foram categorizadas em cinco grupos, com melodia e rítmica próprias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ninawá explicou que existem canções específicas para ‘chamar
a pressão’, para diminuir a intensidade da força do <i>nixi pãe</i>, para cura, para trazer entendimento das diferentes forças
e presenças da natureza, para colorir a miração e para fazer presentes os
perfumes da floresta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Isaká falou das novas canções que vem sendo recebidas pela
juventude Huni Kuin, normalmente acompanhada por violão. Isaká destacou que apesar
de este ser um contexto novo, diferente do tradicional, tem sido um importante
meio para que a juventude participe do cerimonial da ayahuasca, ocupando um
espaço que antes vinha sendo ocupado pelas músicas e cultura do branco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Na mesa composta exclusivamente pelos Huni Kuin, ficaram
evidentes diferentes perspectivas de uso da ayahuasca: uma mais tradicional,
reservada aos pajés e seus cantos tradicionais, e outra nova, onde a celebração
da alegria é o elemento de cura. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ao que parece, as duas formas são praticadas entre os Huni
Kuin com igual vitalidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Patrimonialização dos
Usos da Ayahuasca<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicBreXf6gBRsNU0f7xw7V0Did1qyaMotV1ZFAGcxWAsdmgDqM6hShCGq3Op8aK0vUiqr1LW-rkL-x0DbSoWQaGUjXiGvwNbesmn55pjXwtmHTWFWLKVib5mDyHw-5Gu5SVS9D2-wboz_lz/s1600/IPHAN+2.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicBreXf6gBRsNU0f7xw7V0Did1qyaMotV1ZFAGcxWAsdmgDqM6hShCGq3Op8aK0vUiqr1LW-rkL-x0DbSoWQaGUjXiGvwNbesmn55pjXwtmHTWFWLKVib5mDyHw-5Gu5SVS9D2-wboz_lz/s320/IPHAN+2.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">IPHAN na mesa sobre patrimonialização dos usos e práticas da ayahuasca </td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
Tema de grande interesse dos indígenas, o processo de patrimonialização
dos usos da ayahuasca foi debatido na mesa composta por Deivisson Gusmão e
Danielli Jatobá, do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Nacional . O
pedido entregue pelas religiões ayahuasqueiras em 2008 ao então Ministro da
Cultura Gilberto Gil por ocasião de sua vinda a Rio Branco e desde então vem
sendo estudado pelo IPHAN. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O pedido feito pelas igrejas visa sobretudo obter a
salvaguarda do estado brasileiro de tais práticas, e ao menos em tese, não
afetaria o uso indígena tradicional. Contudo, segundo Deivisson – coordenador
geral de identificação e registro do departamento de patrimônio imaterial do
IPHAN, o próprio conselho do IPHAN teria percebido a necessidade de olhar para as
práticas do uso indígena da bebida, já que são os povos originalmente detentores
deste conhecimento.<o:p></o:p></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAACPbY60n5sO14uhXsDwoXIsK1a-sXinEf0VGwRAzLp2QQ1JRQMgALJAxyiL-NrNIHmdiXfOBp03uBZhcUBEOedqOro_EYOJ7g7S3tR-CjgGDYamqvxv3A_uXRBJUm760M1TNPCBzkzAe/s1600/Daiara.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="332" data-original-width="500" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAACPbY60n5sO14uhXsDwoXIsK1a-sXinEf0VGwRAzLp2QQ1JRQMgALJAxyiL-NrNIHmdiXfOBp03uBZhcUBEOedqOro_EYOJ7g7S3tR-CjgGDYamqvxv3A_uXRBJUm760M1TNPCBzkzAe/s320/Daiara.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Daiara Tukano: a lembrança de que os Tukano, no Alto rio Negro, também fazem uso tradicional da ayahuasca. A palavra caapi que designa o cipó na nomenclatura científica é original do povo Tukano</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<div class="MsoNormal">
A princípio, algumas lideranças expuseram suas dúvidas sobre
possíveis riscos com a patrimonialização, muitas vezes confundido com o
registro de patente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“A realização da conferência foi um pontapé inicial para a
realização desse esclarecimento. É preciso que se diga que trata-se da patrimonialização
não exatamente da ayahuasca. Não é para patrimonializar a bebida e sim rituais,
celebrações, canções e conhecimentos relacionados a esse universo da ayahuasca,
seus usos e práticas e não a ayahuasca em si. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Todo bem cultural registrado faz jus a medidas que são
planos de salvaguarda que tem como finalidade a ampla divulgação desse bem
cultural como patrimônio cultural brasileiro e para garantir a permanência
desse bem cultural ao longo dos anos.”, explica Deivisson.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Um Caminho para a
auto-regulação <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Após os extensos debates, a deliberação da conferência foi a
confecção de uma carta, endereçada inicialmente às comunidades, conclamando cada
povo a realizar antes, um debate interno para amadurecer suas posições para um
segundo momento de discussões. Somente a partir daí é que os coletivos deverão
apresentar suas posições. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Em linhas gerais, a proposta aponta para a criação de instrumentos
de auto-regulação dos usos e práticas da ayahuasca dentro e principalmente fora
das aldeias, com vista a garantir o respeito à bebida, aos saberes envolvidos e aos povos indígenas detentores destes conhecimentos. <o:p></o:p></div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-65646283927111401442017-12-15T10:23:00.001-04:002017-12-15T10:23:22.284-04:00Canto Tradicional do povo Puyanawa<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/5h0pc6L1Ev8" width="480"></iframe>Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-4838728222577471822017-12-15T00:55:00.000-04:002017-12-15T09:58:13.525-04:00Terra Indígena Puyanawa sedia 1° Conferência das Organizações Regionais Indígenas e 1° Conferência Indígena da Ayahuasca<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdSw2nAdsMEv7mvcVUyYaHEDbw3H4_dKGMKKkm9J33_FJgA9iFWUToerdMOrMJ1YxmJYntiEzrTy7LvqDi2-E_JENSIYCmcebx6BQbvC1R5SP_UAKhTKMYZfA6XYkUJb92rfcv8DYKVr_c/s1600/encontro.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="532" data-original-width="800" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdSw2nAdsMEv7mvcVUyYaHEDbw3H4_dKGMKKkm9J33_FJgA9iFWUToerdMOrMJ1YxmJYntiEzrTy7LvqDi2-E_JENSIYCmcebx6BQbvC1R5SP_UAKhTKMYZfA6XYkUJb92rfcv8DYKVr_c/s400/encontro.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
Representantes de diferentes comunidades e povos indígenas do
Acre estão reunidos desde o dia 10 na Terra Indígena Puyanawa em Mâncio Lima-AC,
no extremo noroeste da Amazônia brasileira. O objetivo é debater sobre a
política indígena no estado e também sobre o uso da ayahuasca pelos povos
indígenas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O primeiro encontro reuniu as organizações regionais, OPIRJ
(Juruá), OPITAR (Tarauacá), OPIRE (Envira) e ASKARJ - Associação dos
Seringueiros Kaxinawá do Rio Jordão, também a Federação Huni Kuin, além de
instituições como FUNAI, SESAI, IFAC, EMBRAPA, IPHAN, representantes do Governo
do Estado e secretaria de educação e Exército Brasileiro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk3pZGcRJsivGp77KuHRscE4qFzrzCV-rWILvQUVK-wX-IIU5WrTpwIQyrrvA_0fRP9BDRHJDdb6lUiqtW6w5hQuji4m_ils4_nDMUAKLJjDWdoaYNDQi0Y8gEEWSeBYChPX3ZIGmYrLfX/s1600/Arara.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="474" data-original-width="800" height="189" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhk3pZGcRJsivGp77KuHRscE4qFzrzCV-rWILvQUVK-wX-IIU5WrTpwIQyrrvA_0fRP9BDRHJDdb6lUiqtW6w5hQuji4m_ils4_nDMUAKLJjDWdoaYNDQi0Y8gEEWSeBYChPX3ZIGmYrLfX/s320/Arara.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsXMvfuukKe2dEzuMw4SFS9zVT5geos58shxk9vQBABLIjA_2qayjJCaIDvzESSXV48VcBZImOKhDWZJSi05kL9NGh0xKC_tlLO17iUrtklUmDjn9y4pTlzK6Ast8r7O3QoXnQAn2tR15V/s1600/Fco+Pianko+2.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="532" data-original-width="800" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsXMvfuukKe2dEzuMw4SFS9zVT5geos58shxk9vQBABLIjA_2qayjJCaIDvzESSXV48VcBZImOKhDWZJSi05kL9NGh0xKC_tlLO17iUrtklUmDjn9y4pTlzK6Ast8r7O3QoXnQAn2tR15V/s320/Fco+Pianko+2.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4soMD2IJmoqs5L_bB8SWe3zmXqyPH2F6u6yet4Lk74nsWIY2kWdQqc_OJA_aP-v0_OxYZaR_DPcXX9ZWafb1U87Lkj5IWHvBvdsPguavoK6vIqN3IdqTvPimWhyphenhyphen48fj6G_xdRgZ_Zac17/s1600/Manoel+Kaxi.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="500" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4soMD2IJmoqs5L_bB8SWe3zmXqyPH2F6u6yet4Lk74nsWIY2kWdQqc_OJA_aP-v0_OxYZaR_DPcXX9ZWafb1U87Lkj5IWHvBvdsPguavoK6vIqN3IdqTvPimWhyphenhyphen48fj6G_xdRgZ_Zac17/s320/Manoel+Kaxi.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6aTLoVnRO61xs3U4sCeZdVIkvjZdcI79LgKNcyzKmBCV7wJXtL3zTF-vpU99FSoe0xIrP1-nB-f7ZXJ0C2PFETdpYqmeTR49G5KZs7K8feXg7u8RHd8uIpn_WgByXHsdu6zKMS8pe1CW7/s1600/Luis+Puwe.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="532" data-original-width="800" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6aTLoVnRO61xs3U4sCeZdVIkvjZdcI79LgKNcyzKmBCV7wJXtL3zTF-vpU99FSoe0xIrP1-nB-f7ZXJ0C2PFETdpYqmeTR49G5KZs7K8feXg7u8RHd8uIpn_WgByXHsdu6zKMS8pe1CW7/s320/Luis+Puwe.JPG" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<b><br /></b>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<b>Povos Isolados e de recente contato </b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Apesar de não permanecerem até o fim do evento, pela primeira
vez estiveram presentes representantes do povo denominados provisoriamente como
Sapanawas (povo do cipó), de contato recente na região do Xinane (afluente do
rio Envira). O planejamento estratégico das organizações contemplou aspectos
específicos para isolados e povos de recente contato.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Retrocessos<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Perguntado sobre a preocupação do movimento indígena em
relação aos retrocessos nos direitos dos povos indígenas promovidos pelo
Congresso Nacional e a fragilização da FUNAI pelo atual governo, Francisco
Pianko, coordenador da OPIRJ responde que o encontro reflete a necessidade de
uma visão estratégica dos povos indígenas para o enfrentamento a esse novo
momento. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“Não adianta ficar isolado, temos que estar por dentro de
uma situação que vem lá de cima. Estamos fazendo um esforço para que nossa voz
chegue lá. Vamos tirar desse encontro um manifesto dizendo daquilo que está nos
preocupando e sobre o que a gente quer.”, explica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Facções Criminosas</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Além das já costumeiras preocupações com saúde, educação e
produção, surgiu também neste encontro uma preocupação com a questão da
segurança.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Relatos de algumas comunidades já falam do aumento da influência
das facções criminosas também dentro de algumas terras indígenas, especialmente
aquelas mais próximas da cidade e de rodovias. A ideia é ampliar a relação
institucional com os órgãos de segurança pública e Exército, mas sempre a
partir do fortalecimento das bases de auto-organização.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
“Todas comunidades precisa saber o que são estas
organizações criminosas para a gente colocar isso no nosso radar para começar a
discutir estratégias para se defender”, disse Francisco Pianko. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O documento preparado pelas organizações em breve estará
disponível. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Ayahuasca<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O encerramento do encontro das organizações já serviu como
abertura para o próximo encontro: a 1° Conferência Indígena da Ayahuasca. O
encontro pretende fornecer um contra-ponto indígena às discussões que vem ocorrendo
no Brasil e no mundo acerca do uso ritual da bebida e que em alguns momentos
negligenciaram a participação indígena. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nas falas de abertura de Mário Huni Kuin (OPIRE) e Manoel Kaxinawá
(OPITAR) ambos falaram sobre respeito e convivência com os usos não indígenas
da bebida já consagrados pelas religiões ayahuasqueiras, mas também da
necessidade do protagonismo das vozes indígenas nessa construção. “Não estamos
brigando com ninguém, estamos falando que conhecemos a realidade espiritual,
como vem sendo comprovado pelo trabalho dos pajés dentro e fora das aldeias”,
disse Manoel. “Temos respeito ás diferentes formas de uso, mas essa deve ser
uma discussão indígena”, disse Francisco Pianko (OPIRJ)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entre os temas a serem debatidos estão: a ayahuasca como
base da cultura indígena, as experiências de intercâmbio entre indígenas e
não-indígenas, as canções cerimoniais, a sustentabilidade e plantio do cipó e
folha e a patrimonialização da ayahuasca, entre outros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entre os debatedores elencados estão Biraci Brasil e Benky
Pianko, Ninawá e Joaqueim Maná, Luis Puwe Puyanawa, os pesquisadores Juarez
Bonfim e Danielli Jatobá (IPHAN), entre
outros. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>De espírito presente<o:p></o:p></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Os debates terão início nesta sexta-feira e devem se
prolongar até sábado. Estão previstas cerimônias durante as três noites do encontro.
A ideia é que a bebida seja servida mesmo de dia, durante as discussões. Uma forma
de garantir que não se torne um debate vazio, abstrato e sim que o próprio espírito
da ayahuasca, e das muitas ancestralidades, estejam presentes durante o
encontro.<br />
<br />
Assista vídeo com a canção puyanawa entoada para marcar a abertura da <a href="https://www.youtube.com/watch?v=5h0pc6L1Ev8&feature=youtu.be">Primeira Conferência Indígena da Ayahuasca</a></div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-59649204831147479852017-11-28T20:22:00.001-04:002017-12-15T00:56:15.410-04:00Será mesmo doce a rapadura?<div class="MsoNormal">
Dando seguimento ao bate-papo iniciado pelo pesquisador
<a href="https://www.jornalgrandebahia.com.br/2017/11/1a-conferencia-indigena-da-ayahuasca-ayahuasca-e-rapadura/">Juarez Bonfim</a> em sua coluna no Jornal da Bahia e continuado por Jairo Lima no
seu blog <a href="http://cronicasindigenistas.blogspot.com.br/2017/11/conferencia-indigena-da-ayahuasca.html?m=1">Crônicas Indigenistas</a> a respeito da Primeira Conferência Indígena,
começo com essa provocação: será mesmo doce a rapadura?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Juarez usa a metáfora da rapadura para falar sobre a ayahuasca,
mais especificamente sobre os pesquisadores que sem provar da sua doçura,
elaboram verdadeiros tratados sobre sua origem, significado cultural, expansão
geográfica e etc.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A objetividade científica pressupõe a separação entre
sujeito e objeto, ao menos é claro, no paradigma tradicional. Outras possibilidades
epistemológicas estão a ser experimentadas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A chave parece ser portando, a experimentação. O fenômeno vivenciado
seria o suficiente para explicar tudo o que e necessário se saber. É uma
possibilidade. Quantas pessoas após uma cerimônia trazem como explicação ‘a
ayahuasca (ou o daime, ou o vegetal) me disse’. É certo que para questões íntimas,
um mergulho no nosso universo emocional - constantemente anestesiado das mais
diferentes maneiras - pode ser suficientemente revelador. Mas até que ponto ‘a
ayahuasca me disse’ não são projeções do eu – superficial ou profundo? E até
que ponto não se tratam de reproduções de um mesmo sistema religioso,
científico, filosófico, político, social, cultural, etc...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A questão é que se tratando da ayahuasca, mesmo prová-la,
não dá garantias de que a experiência traduza uma realidade ‘objetiva’. Aliás,
o que é realidade objetiva? Não estamos lidando com uma planta-ser capaz de
criar realidades? Que realidades queremos/podemos cocriar com ela? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
São questões para além do objeto desta conferência, mas que estão
subjacentes ao uso da ayahuasca. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Podemos falar da domesticação de uma planta, e de uma técnica/arte/ciência
milenar, desenvolvida pelos povos originários em torno de alguns objetivos
entre os quais poderia elencar: Cura, Guerra, Amor, e ... Investigação. Saber o
que está à volta, assenhorar-se das propriedades da natureza; esta parece ter sido
uma das linhas de desenvolvimento de uso da ayahuasca.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Penso que os primeiros pajés tenham sido exatamente isso: pesquisadores, cientistas, investigadores. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Admitir a possibilidade da ayahuasca como 'instrumento' de investigação significa aceitar duas 'heresias' epistemológicas: a primeira, de que uma planta possa ser um sujeito de conhecimento, e a segunda, que um 'pesquisador' nesses termos é a um só tempo sujeito, objeto e laboratório de sua pesquisa. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O fato é que todo ayahuasqueiro ao seu modo é um pesquisador.
Ao menos um pesquisador de si mesmo. É uma das possibilidades da ayahuasca. O
pensamento ocidental fundamenta-se na ideia de que os sentidos são ilusórios e
que a verdadeira razão deve se sobrepor a eles. A possibilidade de
conhecimento através da ayahuasca é o oposto dessa premissa. Trata-se de
ampliar os sentidos para enxergar mais adiante.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tomar a ayahuasca é sobre ir além da aparente ‘doçura da
rapadura’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Sobre a Conferência</b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
Acredito que estas questões não devam ainda estar presentes nessa primeira conferência, que tem outras bem mais práticas para serem discutidas e que, espero, sejam bem pautadas: a sustentabilidade das plantas (especialmente o cipó, que está severamente ameaçado em partes da amazônia), a livre circulação dos pajés e aprendizes com suas medicinas, a representatividade adequada de pajés e aprendizes nos centros urbanos, entre outras.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Contudo, não deixo de vislumbrar, nesse movimento que alguns enxergam como 'bizarrismo exotérico', uma incrível oportunidade, especialmente para os indígenas, mas na verdade, para todos os envolvidos. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há uma oportunidade nova, surgida a partir da possibilidade de contato entre estes dois grupos humanos tão diversos: índios da amazônia e brancos de classe média das grandes cidades brasileiras. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Primeiro, porque significa uma possibilidade de criação de laços de empatia - um raro tesouro em nossos dias - empatia que, se bem dirigida, pode trazer benefícios concretos para comunidades indígenas na amazônia. Em verdade, já estão trazendo, das mais diversas formas. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Segundo, porque os indígenas no Brasil, estão sempre estão sob constante ameaça. Tais ligações podem concretamente trazer aliados, que embora não sejam numerosos, estarão em postos-chave na sociedade. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Em tempos de lutas identitárias, a ayahuasca, aliás, apresenta mais essa 'heresia': identidades permeáveis ao outro. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vejamos, portanto, o que seguirá desta conferência. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Já considero bastante satisfatório que os povos indígenas estejam promovendo um encontro para debater algo que é seu por origem. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-85023404810471420682017-11-23T12:44:00.000-04:002017-11-23T14:45:42.399-04:00O ‘Guia’ Teologicamente Incorreto <div class="MsoNormal">
Estes dias conversando com uma amiga - revisora ortográfica
com mais de vinte anos de profissão – a mesma recordou uma história no mínimo
curiosa. Uma sociedade beneficente evangélica solicitou a correção ortográfica
do relatório anual da instituição. A sociedade era responsável por controlar
instituições como escolas, faculdades e hospitais. O relatório tinha mais de
sessenta páginas – nada demais para uma revisora experiente e acostumada a trabalhar
por horas a fio para entregar o serviço nos prazos pré-estabelecidos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lá pelas Altas Horas, com o trabalho de revisão já iniciado,
a revisora recebe a visita de um dos diretores da instituição. O objetivo do diretor
era fazer algumas exigências específicas aquela revisão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Algumas palavras não podem estar no relatório...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Sim, e quais são?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Por exemplo... Entidade<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lá no texto... a entidade sem fins lucrativos... deveria ser
substituída, para evitar que a ‘entidade sem fins lucrativos’ viesse a ser confundida
com um caboclo ou preto velho que não pede nada além de um charuto ou cachaça.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A revisora, pacientemente, continuou ouvindo as exigências.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Sim, e o que mais?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Incorporação...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bem, com isso o trecho: ‘novas normas foram INCORPORADAS ao estatuto’
deveriam passar por mudança. E enquanto ela me conta a história imagino o novo o
‘estatuto’ dando tremeliques e pulinhos, girando freneticamente sobre si mesmo,
como nos terreiros de umbanda, ou mais comum ainda, nas próprias igrejas
pentecostais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Outra: Guia. Guia não pode.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No relatório estava lá: ‘o guia de bolso criado para facilitar
o acesso à informação...’. Por instante, minha imaginação me leva à ideia de
que no futuro, talvez possamos levar nossos diferentes ‘guias’: caboclos, preto-velhos,
nossas onças, águias e jiboias, nos nossos bolsos, como smartfones, acionados a
um simples toque na tela ‘touch screen’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
- Espírito, alma. Não pode.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Lá se vai aquela velha expressão tal coisa é a ‘alma do negócio’...
e vi nisso talvez certa vantagem, já que talvez fosse melhor, para o
português e para a noção geral da realidade, apresentar o ‘negócio’, do jeito
que ele é: sem alma. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E depois de me contar essa conversa, a amiga revisora
vaticina:<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
-Oxalá, meus clientes nunca leiam isso... <o:p></o:p></div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-43773087999940785822017-10-27T12:14:00.001-04:002017-11-21T21:48:34.137-04:00Juruá sedia Primeira Conferência Indígena da Ayahuasca<div class="MsoNormal">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiugOwKTJDCM3fhmlaExPsT4o6VGSN7YleL2RxUkJ6vGIEYFQMnKnWhB4IzOAt7WGJrWesAd1cPAaqItmEbvNo5Py__2GMLgw7T4j0F9eHJDdzzjSyX1UvVmjTlOe1O1xFqG24rFqvvvJra/s1600/Aware.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="282" data-original-width="624" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiugOwKTJDCM3fhmlaExPsT4o6VGSN7YleL2RxUkJ6vGIEYFQMnKnWhB4IzOAt7WGJrWesAd1cPAaqItmEbvNo5Py__2GMLgw7T4j0F9eHJDdzzjSyX1UvVmjTlOe1O1xFqG24rFqvvvJra/s400/Aware.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cena da animação 'Aware Nanê Putani', mito que conta a história do uso da ayahuasca entre os povos pano</td></tr>
</tbody></table>
Entre os dias 13 e 17 de dezembro, acontece a 1° Conferência
Indígena da Ayahuasca. O encontro será na Terra Indígena Puyanawa, em Mâncio
Lima –AC, extremo oeste da Amazônia Brasileira.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A conferência recebe o nome Yubaka Hayra, que em Hatxa Kuin
(língua do povo Huni Kuin, grupo indígena mais numeroso do Acre) significa aproximadamente
‘Conversando sobre o que é certo’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A proposta da realização de uma conferência indígena da
ayahuasca ganhou força após a realização da Segunda Aya Conference, em Rio
Branco-AC, em outubro de 2016. Na ocasião, os povos indígenas manifestaram por
meio de uma carta, suas preocupações com o processo de expansão do uso da
bebida e a patrimonialização da mesma. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A intenção é de que representantes dos 14 povos indígenas do
Acre, participem do evento, além de representantes do Chile e Equador e
pesquisadores da ayahuasca.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Regulamentação<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma das possíveis discussões será sobre a busca por caminhos
que garantam a livre circulação dos pajés com a ayahuasca. No Brasil, a
regulamentação de uso e transporte da bebida está vinculado ao seu uso
religioso, difundido pelas chamadas religiões ayahuasqueiras. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
No caso das comunidades indígenas o aspecto
religioso/espiritual está integrado ao uso cultural tradicional e autônomo da
ayahuasca. Contudo, com o crescente interesse do meio urbano pela ritualística indígena
tradicional, cresce também a importância e a necessidade de regulamentar e
normatizar a circulação da bebida e seus facilitadores. <o:p></o:p><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSizHTeb8TJd8brf1XnjiohCicbsG8aEWcu4cc2zJK2vZDbrNZAZqfRZiErWD9lTBTjj9U1gE7JtWTOXW1N_fAlEF29uBbEpLJ3gvQvtNeukHJ8UgKLVeLpJlBi-z0mfV8nJoPmixt88P8/s1600/Luis+Nukini.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="667" data-original-width="500" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSizHTeb8TJd8brf1XnjiohCicbsG8aEWcu4cc2zJK2vZDbrNZAZqfRZiErWD9lTBTjj9U1gE7JtWTOXW1N_fAlEF29uBbEpLJ3gvQvtNeukHJ8UgKLVeLpJlBi-z0mfV8nJoPmixt88P8/s400/Luis+Nukini.jpg" width="298" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Luis Nukini, coord. regional da FUNAI no Juruá. 'Ayahuasca está presente na base organização social e política dos povos indígenas da região'</td></tr>
</tbody></table>
"A ayahuasca está na base da organização social e comunitária de muitos povos indígenas. Sem essa relação com a espiritualidade através da ayahuasca, percebemos que há uma fragilização da organização social", explica Luis Nukini, coordenador regional da FUNAI - Alto Juruá.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje, o transporte de pequenas quantidade de ayahuasca por indígenas
é apenas tolerado a partir de um entendimento informal da Polícia Federal. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Além da ayahuasca, o kambô, ou vacina do sapo, também será
tema dos debates.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Organizadores<o:p></o:p></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
O encontro é organizado pela OPIRJ, OPIRE e OPITAR
(Organizações que presentam respectivamente os Povos Indígenas do Juruá, Envira
e Tarauacá) e recebe o apoio institucional da FUNAI, IFAC (Instituto Técnico
Federal do Acre) e SESAI (Secretaria de Saúde Indígena). </div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-18923182102578168002017-10-15T17:23:00.000-04:002017-10-15T17:23:30.642-04:00O Vôo do Condor<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Por Eloel Neves Aguiar</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeumFOpFRPKnZQ8J7jo88dbvz1v95uMCHEm_MHakLfhVF2yEOsqoJ6nq9TjIOKnW6Bzh377QjjuthL4J9IzAnFKfkr9plVQH8OISXcdZQaIBovAB6Gbl1ODtIsKXwh0pZ6b2ONgRicvaPu/s1600/Condor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="750" data-original-width="750" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeumFOpFRPKnZQ8J7jo88dbvz1v95uMCHEm_MHakLfhVF2yEOsqoJ6nq9TjIOKnW6Bzh377QjjuthL4J9IzAnFKfkr9plVQH8OISXcdZQaIBovAB6Gbl1ODtIsKXwh0pZ6b2ONgRicvaPu/s400/Condor.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Foto:pabless/instagram via Marca Chile</div>
<span style="background-color: #e5e4e4; font-family: "Helvetica Neue", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space: pre-wrap;"><span style="color: blue; font-size: large;"><i><b>"La luz de la veladora estaba apenas encendida, la copa fue repartida y el hombre sopló fuertemente lanzándola bien lejos de ahí. La oscuridad tomó cuenta de cada parte del local, en seguida Don Oscar me dijo: "hermano, hoy vas a conocer el Cóndor Pájaro", luego empezó a soplar icaros batiendo fuertemente su pie en la tierra y abanicando la chacapa lo que generó un sonido de alas al levantar vuelo. Luego vino el frío, el sueño sin sueño, la chusma llego a mí sin piedad. “Ya estoy mareado”, pensé. Sin mas miré a la derecha y lo vi, el Gran Pájaro. Era inmenso, medía como un metro y medio. Vi que me medía con su mirada solemne, como un rey. Cerré los ojos por el asombro bonito que sentía. En seguida vi el Río Amazonas, que allá abajo tranquilo seguía su rumbo. Observé mis alas abiertas, miré para los dos lados como si estuviera acostumbrado a volar, admiré las plumas blancas junto a las alas negras, no sentí miedo, respiré profundamente el aire frío y perfumado, sentí mis ojos al lado de las orejas, sentí el cuello curvado, miré el río y sentí paz. Pude ver el infinito comiéndose la selva verde, me deslicé en el aire siendo el Pájaro Cóndor. Entonces escuché el Ícaro y abrí los ojos, miré a mi derecha y vi en la oscuridad los dientes de mi amigo quien me preguntó, "¿lo viste hermano?". Le contesté que si. “Vamos para adelante” dijo él mientras siguió con los icaros afuera en medio de la noche…"</b></i></span></span><br />
<span style="background-color: #e5e4e4; font-family: "Helvetica Neue", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space: pre-wrap;"><span style="color: blue; font-size: large;"><i><b><br /></b></i></span></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Segoe UI, Helvetica, Arial, sans-serif;"><span style="background-color: #e5e4e4; white-space: pre-wrap;">O presente texto foi oferecido por Eloel Neves Aguiar e retrata uma experiência ayahuasqueira no Amazonas Peruano, próximo à localidade histórica em que Che Guevara clinicou como médico em uma colônia de hansenianos, antes de seu ingresso na guerrilha.</span></span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Segoe UI, Helvetica, Arial, sans-serif;"><span style="background-color: #e5e4e4; white-space: pre-wrap;"><br /></span></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Segoe UI, Helvetica, Arial, sans-serif;"><span style="background-color: #e5e4e4; white-space: pre-wrap;">A experiência ocorreu há 14 anos atrás, e a imagem do Condor, trouxe-a de volta a memória . A intensão de publicá-la reflete o desejo de registro do texto por sua força poética e simbólica. </span></span>Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-16808702518020051462017-10-15T16:56:00.001-04:002017-10-15T22:24:29.542-04:00Vicente Yawarani: uma singela homenagem a um professor da floresta<div class="MsoNormal">
<b><i>Uma escola que gira<o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
No centro da roda do mariri está Vicente Yawarani, ou simplesmente,
Yawá. Crianças, jovens e adultos, homens e mulheres giram ao seu
redor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Yawá entoa os versos de um <b><i>saiti </i></b>– músicas tradicionais
que são entoadas em celebrações. São como o ‘cancioneiro popular’ do povo
Yawánawá. Os versos cantados por Yawá são repetidos pela roda. Yawá
parece repeti-los a quantidade de vezes suficientes para que os que estão à sua
volta os cantem com perfeição. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
A madrugada já vai longe, o sereno cai sobre o terreiro, os
corpos já estão cansados de um dia de brincadeiras de mais um festival
cultural. Mas ainda assim, Yawá, o mais velho está lá, lançando seu desafio aos
mais jovens para que o acompanhem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É quando me dou conta: trata-se uma escola. Só que ao invés
das carteiras escolares dispostas uma atrás da outra, com o professor na
frente, temos uma sala de aula que gira em volta do professor. É quando me dou
conta também, da ‘pedagogia’ de Yawá: ele não se cansa de repetir, para
diferentes gerações, o mesmo ensinamento. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Certamente que, como em nossa cultura, há níveis e também degraus,
mas aqui eles giram, como círculos em uma espiral onde os saberes primários estão
sempre a serem repetidos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Aquilo é o maternal, o ensino fundamental, mas é também o médio
e o superior, porque todos estão na roda. E Yawá, o maior professor vivo do
povo Yawanawá é quem conduz o mariri: o primeiro grau da escola da pedagogia
Yawanawá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i>Sábio e Erudito<o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHx7nfd2xUD58EO5u-Lez-9q2miNH_ntYdQ8FlM62JU_QaOeVxy47h3WkY3KXeeTAiJWvA1w_nQYL1Gx0q3kj3aA21QFDNyTLRgLANA08fv7hb_qwV5-J1MMYxxFet11Gk1DCQIEHctwBP/s1600/yawarani.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="750" data-original-width="502" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHx7nfd2xUD58EO5u-Lez-9q2miNH_ntYdQ8FlM62JU_QaOeVxy47h3WkY3KXeeTAiJWvA1w_nQYL1Gx0q3kj3aA21QFDNyTLRgLANA08fv7hb_qwV5-J1MMYxxFet11Gk1DCQIEHctwBP/s320/yawarani.jpg" width="214" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Com seus cerca de cem anos, Yawarani encarna com perfeição a
figura de um sábio. Um sábio da floresta que assistiu ao contato de seu povo
com o homem branco. Que viu a transformação de seu povo em seringueiros, agricultores,
mateiros, tudo para fornecer os itens de que o patrão necessitava para manter o
sistema seringalista funcionando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Yawá assistiu à chegada dos missionários evangélicos. Suas
pregações. O apogeu, declínio e queda de um modo de pensar que acreditou um dia
poder substituir o pensamento Yawanawá por outro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Plantio, colheitas, caçadas, pescarias. Casamentos, mortes,
nascimentos. Guerras e Alianças. Isso tudo, e com certeza ainda mais foi visto,
pelos olhos de quem viu já um século passar diante de sua vida. A vida, o
pensar a vida, o viver a vida, o sobreviver e ainda fazer sobrar alegria diante destes mesmos olhos é o que se
pode chamar SABEDORIA. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Não resta dúvida: Yawá é um sábio. Quem duvida, que o veja
sorrir. Em sua língua, <b><i>sheni</i></b>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas Yawá não é APENAS um sábio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Yawá é também um ERUDITO. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Em nossa cultura, valorizamos o conhecimento daqueles que se
debruçam sobre os textos dos antigos, de Sócrates e Aristóteles, de Camões e de
Cervantes e de tantos e inumeráveis outros que fazem a grandeza de nossa
civilização. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Ocorre que Yawá é também ele um guardião do conhecimento dos antigos.
Que não está em textos de uma biblioteca, mas em canções, em orações, em
histórias que formam o arcabouço do conhecimento cultural do povo Yawanawá, que
certamente, dialoga com um contexto mais amplos dos povos Pano, que por sua vez
dialoga com toda história do povoamento da Amazônia e dos vizinhos Andes, enfim,
do continente sulamericano. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
As orações do <b><i>shuintya</i></b> Yawá são enunciadas em uma
forma culta do Yawanawá, diferente da língua usada no cotidiano. Shuintya é
rezador. A forma própria da oração diz que não basta saber enunciá-las à
perfeição, é preciso ter o poder, a autoridade de dizê-las com efeito.
Conhecimento e poder andam juntos, mas não são a mesma coisa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Mas Yawá diz ainda sobre tais orações: ‘elas não são minhas,
pertencem aos antigos.’ Ou seja, Yawá
refere-se a um conhecimento cultural de seu povo, fruto da elaboração de
gerações.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><i>Um mestre além de si
mesmo<o:p></o:p></i></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Acredito que um mestre de verdade seja alguém que nos faça
olhar à nossa volta, olhar em nós mesmos e descobrir por si só aquilo que
realmente importa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Nesse sentido, é certo dizer que a escola de Yawá, é um
mestre ainda maior. Ela está na Floresta, eterna fonte de aprendizagem, nas
plantas, nos animais. Isso pode parecer poético e impreciso, mas é assim que é.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Andar na Floresta, por exemplo, exige uma série de
habilidades: motoras, sensitivas e cognitivas. É educação física e também geografia.
É biologia, mas é também história e literatura, já que animais e plantas não
fazem parte apenas de um mundo ‘natural’. São parte integrante da cultura, já
que há histórias, músicas e pinturas que lhes fazem referência. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Buscar compreender a pedagogia (e a epistemologia) presente
no cotidiano Yawanawá seria tarefa de
especialistas, impossível de abarcar num breve texto desta natureza. Mas cumpre
ainda apontar o papel das plantas enquanto professoras, e ainda dos sonhos por
elas engendrados. Talvez aí, como em poucos lugares, vejamos explícito o
conceito de a educação e o aprendizado, mais do que tudo, como uma postura
diante da vida. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
E ainda assim, em meio a uma Floresta repleta de saberes, onde
animais falam e cantam e as plantas ensinam a SER, sobressai-se a figura de
Vicente Yawarani, o sábio erudito do Alto Rio Gregório.<o:p></o:p></div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-63956515402475141552017-08-22T15:33:00.003-04:002017-08-22T15:37:04.599-04:00Uma perseguição de mais de 500 anos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEs34IkfF2G7kfCGwoMpUkT-j9_piQBo7n6TJnJTw3hBg8793D5kUptb2Ai3mPjll8Xq3yf3lNyMr259ZGTrxj2XSpK3jHxP5th9q5RDknegt1QrwQ2TWAhntqOivsKTkHyrf68Isxe-Hq/s1600/Imagem+Nativa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="670" data-original-width="501" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEs34IkfF2G7kfCGwoMpUkT-j9_piQBo7n6TJnJTw3hBg8793D5kUptb2Ai3mPjll8Xq3yf3lNyMr259ZGTrxj2XSpK3jHxP5th9q5RDknegt1QrwQ2TWAhntqOivsKTkHyrf68Isxe-Hq/s320/Imagem+Nativa.jpg" width="238" /></a></div>
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif;"><span style="color: blue;"><b style="background-color: #ffe599;">* por <i>Alan Montoya</i></b></span></span><br />
<b style="background-color: #ffe599;"><span style="color: blue;"><br style="font-family: helvetica, arial, sans-serif;" /></span>
<span style="color: blue;"><span style="font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif;">Tenho notado uma imensa quantidade de ‘fake news’ rodando pela internet envolvendo diversos assuntos, desde política, conceitos históricos e também o movimento do Xamanismo Brasileiro, são pessoas que utilizam a internet (blogs, sites pessoais, etc.) criados estrategicamente por pessoas de diferentes seguimentos (grilheiros de terras, fazendeiros, políticos, po</span><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif;">lícia e também movimentos religiosos de evangelização) com um objetivo em comum, a criminalização dos rituais e das medicinas nativas. O ETNOCÍDIO (genocídio cultural) dos povos nativos.<br /><br /><span style="font-family: inherit;">Vira e mexe o assunto é Ayahuasca ou Rapé nessas “imprensas paralelas", tudo miticulosamente planejado. O meio de propagação dessas ‘falsas notícias’ é sempre pelas mesmas pessoas (ou de perfis parecidos), creio que pela projeção de suas sombras/demônios/</span><wbr></wbr><span class="word_break" style="display: inline-block; font-family: inherit;"></span>vícios... uma forma de diminuir a sua culpa. Esse tipo de atitude NÃO SOMA nada ao movimento, muito pelo contrário...<br /><br />Não entrarei no mérito da última notícia em questão, pois para entender a profundidade do problema precisamos ESTUDAR A HISTÓRIA. O Brasil e as Américas não foram descobertos como contam os livros da escola, a coisa foi bem mais feia, os europeus chegaram com a cruz e a espada aqui, quem não aceitava a cruz recebia a espada. MUITOS povos indígenas foram levados à beira da extinção, na maioria dos casos, tribos inteiras foram CRUELMENTE ASSASSINADAS. Estamos falando do MAIOR GENOCÍDIO DA HISTÓRIA MODERNA.<br /><br />Também não entrarei no mérito se ainda existe “Pajé” na Amazônia servindo a Mãe Natureza juntos as sagradas plantas que curam. O fato de termos diversos falastrões que se auto intitulam “Xamas” ou “Mestres” por aí (sejam ou não nativos) não exclui toda a beleza, poder e magia do caminho trilhado pelos(as) Txanas, Yuvehus, Xinayas, Mukayas , Tsimuyas, etc. Todo o meu respeito, gratidão e apoio!<br /><br />Também não irei abordar a questão do ALTO POTENCIAL DE CURA das plantas de poder – Ayahuasca e Rapé – pois já existem décadas e mais décadas de estudos comprovando a eficácia das mesmas. Uma rápida pesquisa pela internet, com a mente aberta, é suficiente mesmo para aqueles que não tenham nenhum conhecimento a respeito.<br /><br />O que gostaria de tratar é a delicada questão que está ocorrendo nesse exato momento dentro e fora das tribos, estão usando os próprios nativos agora evangelizados contra os próprios nativos, contra a própria cultura dos mesmos – como sempre foi – conforme relato de alguns txais que temos contato, existem no momento diversos grupos evangelizadores atuando dentro dessas tribos, vai lá saber o que estão aprontando...<br /><br />Muito além disso existe a exclusão histórica dada aos nativos pelo próprio pessoal do movimento Ayahuasqueiro, conforme a antropóloga Bia Labate, durante os anos 80 e 90, durante o processo de regulamentação do uso da ayahuasca o debate público se deu unicamente em torno da ideia de que as religiões ayahuasqueiras (Santo Daime, UDV e Barquinha) tinham raízes amazônicas e representavam uma tradição de uso da ayahuasca no país. Com a imagem do indígena TOTALMENTE vaga, difusa ou apagada. Ambas as manifestações eram tidas como expressões autênticas, práticas que “deitavam raízes profundas”, ou pelo menos possuíam continuidade muito próxima com aquele que teria descoberto esta bebida sagrada de origem supostamente milenar. Isso permanece até hoje, porém inicia-se uma mudança no movimento...<br /><br />Pra se ter uma ideia segundo pesquisas que andei realizando, a primeira cerimônia nos centros urbanos (fora das aldeias) que se tem notícia data de 2002 (desde as famosas CORRERIAS de 1900, onde os nativos foram proibidos de falar sua língua e praticar seus costumes), mas só por volta de 2010 a saída de alguns nativos começou a se tornar mais comum. Trata-se de um movimento que ainda está crescendo com o FORTE APOIO de diversos grupos NeoAyahuasqueiros (dissidências do Santo Daime, UDV e Barquinha), pois o propósito passa a estar fortemente ligado a experienciar a planta de poder (Ayahuasca/Rapé) dentro de um contexto natural/tradicional, ou melhor, “sem as influências judaico-cristãs”. A ênfase genérica recai sobre a ideia de que a cura é obtida a partir tão somente do consumo mágico-ritualístico da ayahuasca ou rapé (pajelança). É claro que existem muitas pessoas contra esse movimento, muito além de todos citados nesse texto, temos também algumas lideranças dos povos nativos que consideram que estão vendendo a tradição e/ou sendo vítimas da bio-pirataria, ou mesmo, por divergências políticas com outras tribos.<br /><br />A mágica de tudo isso é que estamos vivendo um momento histórico do movimento das plantas de poder, da divulgação do conhecimento nativo, do poder de cura da Mãe Natureza. Não existe mais esse papo de estar em cima do muro, ou você está de um lado ou está do outro, ou você é parte da construção do movimento ou é parte da destruição do mesmo.<br /><br />Fica a reflexão, de que lado você realmente está?</span></span></b><br />
<span style="color: blue;"><b style="background-color: #ffe599;"><span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif;"><br /></span>
<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif;">* <i>Alan Montoya</i> é músico e terapeuta neoxamânico</span></b></span>Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-30057667725566967932017-08-18T14:00:00.002-04:002017-08-19T12:25:41.076-04:00Sobre a crise civilizatória e os espelhinhos<div class="MsoNormal">
Em uma provocação nas redes sociais, o pensador político e social, Moysés Pinto Neto questiona à sua rede sobre o que deveríamos fazer para evitar
o avanço do nazi-fascismo na política. A provocação, obviamente, é muito bem
vinda pois ocorre quase que imediatamente após a marcha dos supremacistas na
Virgínia e o anuncio de que o candidato proto-fascista brazuca Jair Messias, já
obtém 25% das intenções de voto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
De nodo um tanto jocoso, sugeri que fossem distribuídos ‘espelhinhos’
aos brasileiros, como no início da colonização. A esperança era de que, quem
sabe, olhando-se no espelho, o brasileiro talvez pudesse se reconhecer como
exatamente o oposto do que se propõe um marcha pela ‘supremacia branca’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Somos um povo tão mestiço, que o simples ‘olhar no espelho’
deveria ser suficiente para afastar o fantasma do nazi-fascismo. Na ‘melhor das
hipóteses’ um branco brasileiro descendente ‘puro’ dos portugueses já chega
aqui como um amálgama de dezenas de diferentes povos: iberos, celtas, latinos, germânicos,
alanos (iranianos), berberes (mouros), ciganos e judeus estão na formação
étnica de Portugal. Se você se olhar no espelho e ver um louro, branco de olhos
azuis, a partir de uma concepção racial, o mais provável é que você que esteja
na latitude ‘errada’.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas isso é só o preâmbulo. O Brasil só faz sentido enquanto
nação, se for capaz de abraçar a diversidade étnico-racial que o compõe. Por
isso nada mais contraditório do que uma ‘defesa da civilização brasileira’ que
se baseie em uma concepção restrita do que é essa civilização e do que pode
significar essa identidade brasileira.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Segundo o IBGE de 2010 temos 47,51% da população que se
declara como branca, enquanto a outra parte maior se divide entre pardos
(43,42%), pretos (7,52%), indígenas (0,43%) e amarelos (1,11%). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Entre os povos indígenas, o mesmo IBGE nos fala de 305
diferentes povos e 264 diferentes línguas no Brasil.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh819QywIIFWi7VljsZrf-wa_SHot9kYJDVpYitxrVUOy3SI8V86cNnENo75s6O3L-L3Mq4a-UpE_sSm4rl72-OrhOEZUojmZ_D1DitwttBgiAgWU4ZEBJPP88UIA8SS3N5mJkLKqdoAK_a/s1600/Apresenta%25C3%25A7%25C3%25A3o.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="341" data-original-width="546" height="199" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh819QywIIFWi7VljsZrf-wa_SHot9kYJDVpYitxrVUOy3SI8V86cNnENo75s6O3L-L3Mq4a-UpE_sSm4rl72-OrhOEZUojmZ_D1DitwttBgiAgWU4ZEBJPP88UIA8SS3N5mJkLKqdoAK_a/s320/Apresenta%25C3%25A7%25C3%25A3o.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Temos diferenças regionais que distanciam os olhares e
perspectivas de um brasileiro morador de uma área ribeirinha do Pará ou de uma
capital como Curitiba. Cada um tem uma ideia diferente do que é ser brasileiro,
ainda assim, os dois o são. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esses apontamentos trazem obviedades que, espero, sejam conhecidas
pela maioria das pessoas. O ponto é: somente faz sentido uma defesa da civilização
que abarque todas as possibilidades civilizatórias em nosso território.
Qualquer tentativa ou iniciativa de padronização ou de redução a um molde,
ainda que se apresente como ‘defesa da civilização’, será justamente o
contrário disso: a destruição do enorme conjunto de possibilidades civilizatórias
em nosso país. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nos EUA, os grupos que se opõe à concepção supremacista
branca, o fazem a partir de uma defesa da diversidade cosmopolita que passou a
identificar metrópoles como Nova Yorque ou ainda, a cooperação entre gente de
tantas partes diferentes do mundo que proporciona os avanços tecnológicos do
vale do silício. A questão é que se para eles: uma nação branca, anglo-saxônica
e protestante, a defesa da diversidade tem importância, imagine-o para nós, brasileiros. A diversidade é a espinha dorsal de nossa identidade.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Realmente não consigo levar com seriedade ‘supremacistas
brancos’ brasileiros. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Para os supremacistas do norte, não somos brancos, jamais seremos.
Somos latinos, ibéricos, hispano-americanos. Ser mestiço é parte de nossa
identidade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ainda assim, ouço as vozes de Charoltesville ecoando por
aqui. Claro que seremos incapazes de promover algo como uma ‘homogenização da
raça’. É infactível. Mas talvez caminhemos para algo como um auto-etnocídio
enquanto nação e enquanto possibilidade civilizatória. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A crise política, econômica e civilizatória, é sobretudo,
uma crise de identidade. Precisamos aprender a nos olhar no espelho e afastar a
repulsa de quem não vê um ‘branco, anglo-saxão, protestante’. Precisamos olhar
no espelho e aprender a amar quem de fato somos, ou quem sabe, melhor ainda:
amar aquilo que ainda poderemos ser, se não matarmos antes todas as
possibilidades civilizatórias contidas em nosso território. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Eu como brasileiro, não posso aceitar um país menor do que o
que ele é. Nenhum brasileiro deveria.</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8879806358544891128.post-40865420991948619572017-08-08T14:49:00.001-04:002017-08-09T00:06:41.401-04:00O equívoco Neoxamânico é gigantesco. Mas em nosso mundo, o que não é?<div class="MsoNormal">
Faço esse texto estimulado sobretudo pelo irrepreensível
artigo do Dr. Jacques Mabit, publicado originalmente na ‘Revues Synodies “Le
transpersonnel?” e traduzido do francês para o português por José Pimenta. (1)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
O artigo trata essencialmente de como os brancos vem
idealizando seus ‘gurus indígenas’, e de como, entre outras coisas, trata-se de
um grande equívoco comparar pajés, xamãs e curandeiros com os mestres
transcendentais das tradições orientais. De fato, há uma grande confusão na
tentativa de fazer encaixar o xamanismo ayahuasqueiro amazônico dentro das
expectativas de transcendência das classes médias urbanas. Por isso, recomendo
muito a leitura do artigo: O MAL-ENTENDIDO NEOXAMÂNICO PODE SER GIGANTESCO,
publicado no blog Crônicas Indigenistas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Esta breve postagem, não se trata portanto exatamente de uma
crítica ao artigo. Apenas o tomo como ponto de partida para prosseguir na
reflexão.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1SQWhTPK_lvVMufkr2bjVmyPdU5KUoVqofsU6sUHe5L1Gw86lTr-7LFugc8TCNnVAKpslWuffOp9vfTPSobongSwfxWsHOdfgt1AZO_i-z2BaIrVovM_SQmXlgb4KG4rd9FCJlnljA3hi/s1600/AL+Vivero.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="739" data-original-width="736" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1SQWhTPK_lvVMufkr2bjVmyPdU5KUoVqofsU6sUHe5L1Gw86lTr-7LFugc8TCNnVAKpslWuffOp9vfTPSobongSwfxWsHOdfgt1AZO_i-z2BaIrVovM_SQmXlgb4KG4rd9FCJlnljA3hi/s400/AL+Vivero.jpg" width="397" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pois sim, voltando ao título-pergunta: O equívoco
Neoxamânico é gigantesco. Mas o que em nosso mundo, não é? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Afinal, corremos o risco de achar que o mal-entendido esteja
delimitado ao universo do ‘neoxamanismo’. <i>Ah!
Se sêsse!</i> Diria o poeta nordestino. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Poderia começar apontando os equívocos a um dos pilares do
pensamento ocidental: a concepção aristotélica que divide homem e animal,
natureza e cultura. Aristóteles nos fez crer que os animais não possuiam linguagem
e com base nessa concepção EQUIVOCADA construiu a base do pensamento ocidental.
Contudo, quanto mais evoluem os métodos
de observação científica, mas difícil fica determinar uma linha exata que nos separe
dos animais. Animais tem linguagem. Animais produzem ferramentas. Animais têm
organizações sociais mais complexas do que supunham nossos preconceitos.
Animais transmitem conhecimentos adquiridos. Um equívoco bem maior e de consequências
bem mais nefastas. E que no entanto, está nas bases do pensamento ocidental.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Outra base de nosso pensamento ocidental se dá pelo
paradigma judaico-cristão. Noções de céu e inferno, pecado e perdão, Deus e o
Diabo permanecem vivas em nossa sociedade e continuam a influenciar nosso modo
de pensar. Mesmo àqueles que se dizem ateus. Trata-se pois, de ideias que formam a base de
nossa civilização, que podem não passar de um grande equívoco, ou uma coleção
de concepções equivocadas, forjadas ao longo do tempo para melhor acomodar os
conceitos sociais de cada época. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Poderia ainda passar dias debatendo sobre as linhas
filosóficas e suas refutações e contra-refutações que tão brilhantemente ocupam
a vida acadêmica. Aliás, o que seria da vida acadêmica sem os equívocos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Digo isso, quase como uma forma de ‘aliviar’ a turma do neoxamanismo. Não haveria como jovens de classe média urbana ‘acertarem’ de primeira quais os ‘valores’ que movem o ‘xamanismo de raiz’.<br />
<br />
Quem está em uma busca, nunca sabe ao certo o que vai encontrar. Colombo, por
exemplo, encontrou a América, mas buscava a Índia. Mais um equívoco histórico.<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>‘A sociedade de
consumo faz florescer esta forma de xamanismo’</b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E por falar em ‘valores’, mais um equívoco: a ideia de que a
cobrança em valores monetários seja uma ‘deturpação’ dos ‘valores espirituais’
do xamanismo. Um concepção equivocada. Sobre isso, recomendo muito a leitura do
texto ‘As raízes do Xamanismo Moderno’, de Gayle Highpine.(2). É dela a frase neste
subtítulo: ‘A sociedade de consumo faz florescer esta forma de xamanismo’<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Em seu artigo, a etnobotânica esclarece que já era comum
antes mesmo da chegada do homem branco, nas comunidades do Alto rio Napo, que seus xamãs cobrassem algum tipo de ressarcimento quando realizavam
trabalhos fora de suas comunidades. A autora explica que o pajé ou xamã está
obrigado por laços de parentesco, a cuidar de sua comunidade. Em troca, recebe
o cuidado da sua comunidade para consigo. Para além destes limites, não há
obrigação e portanto, há que se buscar novas formas de compensação. A autora
ainda discorre que, foi justamente esta fluidez que possibilitou no passado o surgimento
de uma rica cultura ayahuasqueira, espalhada pela Amazônia ocidental entre as bacias
dos rios Napo, Ucaially e Putumayo - com as trocas de informações entre as
diferentes comunidades. Segundo a autora, esse movimento seria responsável pelo
florescimento HOJE desta cultura ayahuasqueira. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se olharmos para o passado, de povos indígenas que viviam,
não isolados, mas como uma intrínseca rede de cooperação e colaboração (e às
vezes conflitos também, que ninguém é de ferro!), talvez não nos surpreendamos
tanto, com a reprodução destas redes na sociedade pós-industrial. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Essa é uma das razões pela qual não vejo com maus olhos,
todo esse movimento em torno do rapé, ou mesmo da ayahuasca por exemplo. Significa
um aporte financeiro a estas comunidades, cujas necessidades não irão cessar
caso este fluxo seja interrompido. Quem já visitou uma comunidade no Acre, por exemplo,
sabe da grande necessidade de combustível e peças de reposição para embarcações. Além é claro de necessidades individuais que surgem a partir do
contato. Não serão nossas utopias de ‘pureza transcendental’ que irão melhorar
suas condições de vida. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Um dos resultados práticos desse movimento, é o maior
interesse dos jovens indígenas, pela forma de fazeres e reprodução cultural. A
possibilidade de algum ganho material, reforça esse interesse. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>O Xamã como ‘aquele
que sai’ </b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Outro aspecto que merece ser destacado é sobre as idas e
vindas de pajés e aprendizes. Diz o preconceito comum de que ‘índio deve ficar
na aldeia’. Mas não é assim que era no passado, quando os povos indígenas
podiam andar livremente pelo continente. Estão suficientemente documentadas as relações
de comércio que ocorriam na América antes da chegada do homem branco. É certo que
estas relações não se limitavam apenas ao comércio tal qual como concebemos
hoje. É possível que ocorressem de modo mais ou menos cerimonial e
ritualístico, já que boa parte destes objetos de troca possuíam valor simbólico,
afetivo, espiritual, ou mágico, como por exemplo: conchas e penas. Talvez nos
surpreendêssemos ao descobrir que alguns dos itens do chamado ‘comércio do
sagrado’ já eram negociados antes mesmo de Colombo. De maneira análoga, podemos
pensar nas feiras medievais e o comércio associado de imagens e relíquias. Ou
seja, nada de novo sob o Sol.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Eduardo Luna vai mais além: ‘O Xamã é aquele que transcende
os limites da sociedade e vai para fora, onde há poder’. (3)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
É possível pensar que os xamãs que alcançam mundos distantes
através dos sonhos e das plantas maestras, aprenderam também a viajar pelas
mesmas ‘Veias abertas da América Latina’ de onde foi retirado ouro, prata,
diamantes, madeira... E quem irá poder condená-los por isso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>‘Equivocação controlada’
<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A antropóloga da USP Aline Ferreira Oliveira, em seu artigo (4),
cita a expressão cunhada por Viveiros de Castro de ‘equivocação controlada’,
para explicar o uso e adaptação da linguagem dos pajés amazônicos ao contexto
urbano. <o:p></o:p></div>
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Diria que não há outro caminho para o encontro entre jovens de
classe média urbana e pajés (ou aprendizes) amazônicos que não passe pelo
equívoco. Para entender-se e fazer-se entender é preciso minimamente ‘equivocar-se’,
mas trata-se de uma ‘equivocação controlada’ sem o que, afinal, não haveria
linguagem possível. <o:p></o:p></div>
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É ainda a mesma autora que nos fala sobre a ‘produção dos
corpos para circulação do conhecimento’ por meio das dietas, tal qual vem
ocorrendo especialmente entre os Yawanawá e Huni Kuin. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Os indígenas tem tratado portanto, de ‘capacitar os brancos a
fazer bem feito’, em um processo que podemos compreender como a continuidade,
ou uma nova etapa daquilo que os indígenas do Acre denominam ‘amansar os
brancos’. <o:p></o:p></div>
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<b><br /></b></div>
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<b>Viva o vazio da
Classe Média! <o:p></o:p></b></div>
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<br /></div>
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Por fim, queria aqui dar um viva ao vazio da classe média!
Dizem as filosofias orientais que somente um copo vazio pode receber um novo
conteúdo. Aliás, eu próprio venho há anos tentando esvaziar o meu, e olha...
Que difícil!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Estes jovens de classe média urbana que não veem mais
motivação em trocar de carro todo ano, frequentar o clube da moda, ou assistir
à UFC estão se voltando, de um jeito de outro, às culturas antigas, porém vivas
de povos milenares e que, ainda que equivocadamente, certamente tem muito a nos
ensinar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Se tivesse algo a lamentar sobre todo este processo, não
seria pelas viagens dos pajés ou a comercialização em torno do sagrado, mas
principalmente pela carência de uma maior organização formal que pudesse melhor
interpretar, reinterpretar, debater, discutir, explicar a rica epistemologia que
envolve este aprendizado. Lamento não haver algo semelhante a uma universidade
em que tudo isso pudesse ser ensinado de maneira mais ou menos sistematizada e
que houvessem até quem sabe, bolsas de estudo. Lamento sobretudo saber que
sábios da floresta como, Tatá, falecido no ano passado, se vão sem deixar
rastro (ainda que deixem sim, muitos discípulos, graças em parte a todo esse
movimento) ou como o centenário Yawarani, cuja profundidade do entendimento da
cultura Yawanawá o faz um erudito, sem contudo obter o reconhecimento que
deveria da sociedade.<o:p></o:p></div>
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Os processos que ocorrem hoje, dentro daquilo que alguns
denominam como sendo o ‘circuito do exotismo no Brasil’ ainda que ‘mal
enjambrada’ se apresenta como a melhor saída possível para a permanência e
reprodução de uma forma de conhecimento. <o:p></o:p></div>
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<b>Empatia e Alianças</b></div>
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<br /></div>
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É preciso que se diga também que nestas trocas há ainda um
subproduto muito valioso: a empatia. São tempos duros para os indígenas no
Brasil (sempre foram, mas ultimamente a ofensiva parece ainda maior). Angariar a
empatia no meio urbano e tratar de estreitar laços com potenciais aliados me
parece ser parte de uma estratégia política ainda mais ampla e quem vem sendo
alcançada com relativo sucesso. Alianças proporcionam uma troca de maior valor
que pode beneficiar a um indígena específico, um grupo, ou a toda comunidade. Cada
povo tem uma dinâmica diferente em relação a construção destas alianças mas quão
bom seria se todos pudessem contar com uma rede de apoiadores no meio urbano. <o:p></o:p></div>
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<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Auto Regulação <o:p></o:p></b></div>
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Me soa meio distópica a ideia de órgãos federais regulando o
livre trânsito das medicinas, itens do ‘sagrado’ (em alguns casos acho
justificável, quando por exemplo, trata-se material proveniente de animais
silvestres) e mesmo do conhecimento. <o:p></o:p></div>
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Por isso penso que o melhor seria a auto-regulação. <o:p></o:p></div>
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Não se pode debitar na conta do neoxamanismo a existência de
falsos pajés. Falsos médicos, falsos advogados e falsos jornalistas estão aí
aos montes, mesmo sendo estas profissões regulamentadas (exceto jornalismo, graças a Gilmar Mendes). Em suas respectivas
aldeias, contudo, todos sabem quem é e quem não é pajé e o ‘processo de
certificação’ posso garantir que é bem mais rigoroso que o exame da OAB, por
exemplo. <o:p></o:p></div>
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Mais interessante que termos um órgão oficial emitindo ‘carteirinhas
de pajé’, seria se estas próprias comunidades fossem capazes de definir isso. Nos
países vizinhos, Equador, Colômbia e Peru existem formas de federações que dão
algum respaldo a isso, apesar que no final das contas o que vale mesmo é a
reputação construída na própria comunidade. Ainda assim, parece ser uma
alternativa interessante que daria algum respaldo oficial aos indígenas em
viagem e quem sabe, responder quando algum órgão de governo, empresa, ONG ou meio
de comunicação meter os pés pelas mãos, como aconteceu com a Folha de São Paulo
na reportagem sobre ‘Rapé na Balada’.<o:p></o:p></div>
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<br /></div>
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Se observarmos com atenção, talvez vejamos que há muito
menos de exótico nessas trocas entre indígenas e brancos de classe média do que
se imagina. <o:p></o:p></div>
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<br /></div>
O exotismo aliás, é como o sagrado: está nos olhos de quem vê.<br />
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1. MARBIT, Jacques. Traduzido por José Pimenta. <a href="http://cronicasindigenistas.blogspot.com.br/2017/07/o-mal-entendido-neoxamanico-pode-ser.html">O Mal-Entedido Xamânico pode ser Gigantesco. </a>2. HIGHPINE, Gayle. '<a href="http://terranauas.blogspot.com.br/2017/04/as-raizes-do-xamanismo-ayahuasqueiro.html">As Raízes do Xamanismo Ayahuasqueiro Moderno</a>' fragmento de 'Unraveling the Misteries of the ayahuasca origins'</div>
<div class="MsoNormal">
3. LUNA, Luis Eduardo. '<a href="http://www.wasiwaska.org/organization/luis-luna/">Ayahuasca e o Conceito de Realidade</a>' <br />
4. OLIVEIRA, Aline Ferreira.<a href="http://neip.info/texto/plantas-dietas-eticas-yawanawa-iniciacoes-xamanicas-contemporaneas/">Plantas, dietas, éticas yawanawa: iniciações xamânicas contemporâneas</a>.(FFLCH/USP/Universidade de São Paulo).</div>
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Imagem: Al Vivero</div>
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<span style="color: seashell; font-family: "arial"; font-size: 12pt; text-align: right; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
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<span style="color: seashell; font-family: "arial"; font-size: 12pt; text-align: right; white-space: pre-wrap;">IMDr. Jacques Mabit</span></div>
Terra Náuashttp://www.blogger.com/profile/11481262649354146337noreply@blogger.com0