De certa forma foi este incontido e inexplicável desejo de viajar, de expandir os limites para além do conhecido que me trouxe ao Vale do Juruá. Mas depois servir por três anos a Marinha do Brasil, percebi que a “visao de marinheiro” nao me bastava mais. Uma visita esporádica a muitos lugares permite apenas uma visao limitada, descomprometida. Com o Juruá nao bastava um simples namoro, a paixao foi tanta que resolvi casar e ser filhos. Enfim entranhar-me na realidade, deixar com que o sol, as águas, a terra e as gentes, me mudassem por dentro e por fora. Extrapolar as fronteiras de minha própria identidade. E assim se passaram dez anos e a identidade que antes fora nova já começa a pesar como uma incômoda carcaça que me impede de enchergar com maior profundidade, minha verdadeira e sagrada identidade.
E assim, como a um filho que chega a hora de nacer, surge novamente este inexplicavel desejo, que soa como ordem dentro de meu ser.
Na primeira parada encontro a mim mesmo: estou só, magro e cansado. Fui deixado de lado por mim mesmo enquanto alimentava desesperadamente… O que mesmo? Nem me lembro! E de pensar que vivia dia após dia uma selvagem luta para cumprir metas e objetivos exteriores a mim, que nao me traziam mais compensaçao do que uma sardinha traz a uma foca que com sucesso, equilibra a bola no nariz. Chega uma hora que os aplausos do fim do dia nao mais ajudam.
Magro, sozinho e cansado sou presa fácil de minhas próprias ilusoes.
Mas nao agora. Depois de consagrado na poeira da estrada, com o vento nos cabelos, sou outro. Ou melhor, longe de do que achava ser eu, sou mais eu mesmo.
“Vou me encontrar longe do meu lugar, eu, caçador de mim” –
Milton Nascimento – Caçador de Mim
que viagem! :)
ResponderExcluirparabens meu amigo, olha só vc além de um bom profissional é um grande revolucionário.
ResponderExcluir