segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Festa Cruzeirense na Capital


Neste sábado a comunidade cruzeirense residente em Rio Branco comemorou de forma antecipada de 107º aniversário da cidade. O evento foi organizado pelo desembragador Arquilau de Castro Melo na Socieddae Recreativa Tentamen no segundo distrito de Rio Branco.
Foi uma satisfação ver a bandeira de CZS colocada sobre o parapeito da casa que é uma referência histórica de RBR.
Os presentes cantaram o hino de CZS, teve Alberam Moraes e Marujada. Muitos presentes ilustres como Prof. Enock Pessoa, ex-prefeito João Barbosa, Cristovão Messias, Nazaré Marques de Araújo, Altino Machado entre outros. Jaqueline Teles tb deus suas caras por lá, quando soube que tinha baré de graça.

Faltou biscoitinho de goma.

Não perdi a oportunidade de sarrear o "igarapé da gameleira", e perguntei para o contra-almirante da marujada: "batelão do juruá navega nas águas do rio Acre?"
"_acho meio dificil, do jeito que ele está seco"

Parabéns a Arquilau pela iniciativa, mas fica a sugestão: Com tanto cruzeirense morando na capital, por que não realizar um mega evento popular, na Arena da Floresta?

A materia de TV vai ao ar nesta semana.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Escolha da Pauta


Quando às vezes comparo o jornalismo à caçada, de modo nenhum é exagero. É uma questão de visão. Visão é o que nos confere liberdade enquanto que para o rebanho cego, só resta seguir ao pastor, por pura incapacidade de buscar seu próprio alimento.

E nisso, a imprensa (acreana, brasileira, e creio, mundial) tem sido eficiente: seguir a manada.

Bem nesta semana tinha a oportunidade em escolher entre duas pautas. Uns tais cantores sertanejos (aquele do esculacho...) ou um artista plástico local.
Enquanto os sertanejos vivem seu fugaz momento de fama com o tal esculacho, o rapaz já trabalha há dois anos na capital um conceito artístico inovador, mas até hoje não teve nenhum um minuto diante dos holofotes da imprensa da capital.

Mas já pra turma do pequi (nada contra os goianos) com uma músiquinha, que vamos combinar, não traz nada de novo, fazem fila para pedir credencial... e a organização faz a questão de fazer o maior cú doce para credenciar a imprensa para os carinhas que provavelmente daqui há quinze dias, serão apenas poeira na estrada. Putaria por putaria, prefiro as minhas mesmo...

Não tive dúvida e pautei o grafieteiro Thiago "Tosh" , que está fazendo uma leitura da cultura acreana através de uma expressão artística típica das megalópoles. Sem dúvida algo inédito, único que só pode ser visto aqui em Rio Branco, mas passou despercebido debaixo de narizes sem faro.

Também nem é sempre culpa dos jornalistas, é um vício da imprensa que começa desde lá de cima, da visão muitas vezes equivocada dos patrões e do próprio público que acha que só é pauta morte e violência... e político. Pois digo, que é um ato muito mais político desenhar a realidade da floreta nos muros da capital, do que aquelas brigas de menino buchudo que às vezes se vê na ALEAC.

O resultado é que temos na TV um recorte distorcido da realidade, que só serve para alimentar aquela visão de que "tá tudo ficando pior e mais violento". Não é verdade, o mundo já foi muito mais violento, apenas a imprensa consegue cobrir com um imediatismo quase instantâneo, o planeta inteiro, o que causa a falsa impresão de aumento na violência.

E deixa-se muitas vezes de se mostrar que as coisas não são bem assim, tem gente que vive da esperança que plantou, e outros que estão plantado hoje, para colher mais tarde...

Enfim, em breve os tespectadores vão poder assitir a matéria, e devo produzir uma série com outros personagens que, sem mandato ou credenciais, fazem a vida acontecer.
(Tem um cruzeirense aqui que é fera no violão e voz!)

* Um dos grafites produzido por Thiago, em uma residência abandonada na capital

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O que derrubou a quadra: vendaval ou obra ruim?



Acompanhei com certa tristeza, aqui de Rio Branco, a notícia da queda da quadra de esportes construída com o dinheiro público em Cruzeiro do Sul.



Tristeza porque as crianças e jovens vão ficar sem um importante espaço de lazer.



Tristeza, porque a estrututura com tamanha facilidade que nos faz pensar .



Mas principalmente, tristeza por ter visto uma cobertura de imprensa (pela internet) meio "preguiçosa". Simplesmente se reproduziu o discurso da assessoria de comunicação da prefeitura de que "um vendaval" derrubou a estrutura.


Bem, é certo que foi um vendaval, mas que estrutura é essa que não suporta um ventania. Há menos que o "catrina" tenha pasado por CZS.



Um milhão e meio de reais... E como que as casas do Aeroporto Velho suportaram melhor a ventania? Perguntas de um jornalista, gostaria que um engenheiros as respondesse.



E vale lembrar que tem sido a tecla batida pela oposição ao governo, de que a BR se deteriora por que é obra de má qualidade com preço superfaturado. Procurei cumprir o meu papel ao questionar o diretor-presidente do Deracre sobre este FATO, e ele deu sua explicação como engenheiro, argumentos contrários, só de outro engenheiro.



Bem, pela BR, a gente consegue passar, já a quadra...



Não vamos confundir papel de assessoria com papel de jornalista, respeitemos os assessores, mas cumpramos nosso papel de questionar tb... Pois as perguntas ficam na cabeça do povo e cabe a nós, tentar responder a estas dúvidas...


Eita mundo pequeno! Aqui em RBR um sujeito que disse ter sido mestre de obra da quadra, contou uma semana antes que o serviço estava uma porcaria...



***


De um ponto de vista mais "místico" foi Iansã, a senhora dos ventos quem derrubou a quadra.

É que ela não suporta mentira encoberta... Epa Hei!

sábado, 17 de setembro de 2011

Realismo Fantástico


Enquanto estava parado, com a D20 quebrada, nas proximiddaes de Tarauacá, proseávamos à noite. Um caminhão quebrado havia dois mineiros que transportavam farinha. Entre um cafezinho e outro, o pessoal ia se recordando das histórias.



- Assustaram a menina que vinha de moto, dizendo que as onças pulavam nas costas na BR...




- Uai, disso eu não sei engatou o mineiro, mas que uma noite eu tive de tirar a onça de cima da lona do caminhão, isso é verdade


- Isso, não é nada, disse o outro. Quando a estrada ainda era só no barro, e eu era mais moço, um dia uma onça pulou nas minhas costas. Não, não era uma onça, era uma gata maracajá.



- Você não quer dizer GATO maracajá? Perguntei




-Não, era uma gata mesmo, por que era fêmea.



- E como você sabe, por acaso é veterinário? Perguntou o seu parceiro




-Ora, a gente conhece pelo jeito dela balançar o rabinho. Mas ocêis não vão me deixar terminar a história?



- Continua.




- Pois sim. A GATA maracajá subiu nas minhas costas. E eu ia pular da moto, quando ela falou bem mansinho:



"Tem precisão de se assustá não, moço. Eu só quero uma carona pra capitá. Tô fugindo do meu ex-marido. Aquele corno pensa que é meu dono... "



Ela vinha ronronando atrás de mim e quando se assustava com o barulho dos caminhões me "azunhava", mas era só um pouquinho. Dizia que não tinha medo de nada, só de perder os sapatos na estrada.


"Como é que vou andar descalça lá na capitá" dizia ela.


Então eu levei ela pra Rio Branco. Naquele tempo, era só lama. A gente levava, dependendo, até 15 dias pra chegar. E nisso, conversa vai, conversa vem...


A gente parou num canto, se não me engando, era o Bar das Prima, perto da entrda de Manoel Urbano. Só tinha pinguço... e a doida da gata, começou a tomar conhaque, os caminhoneiro pagando pra vê ela doida. Aí ela subiu na mesa de sinuca, e a homarada endoidou. Teve um que pegou ela pelo braço e disse:



-Meu nome é Romeu...



- Conta outra porque essa piada eu já conheço (Disse o outro parceiro, interrompendo mais uma vez a história)



- Bem eu sei que essa mulher endoidou. (Continuou a história, ignorando a interrupção) e deu com o taco de sinuca bem no meio da fuça do tal do Romeu, que começou a botar sangue pelo nariz. Eu tive que sair correndo com ela dali.




-"Eu não tenho medo de nada, só de perder a sapatilha. Como é que vou andar descalça na capitá?" Foi o que ela disse.




Ela era uma gata maracajá muito gente boa. Quando eu tava com frio na estrada, ela me cobria com o sua pele pintada.



- E aí?Perguntou o parceiro



-E aí que quando a gente chegou, nóis já tava meio apegado. Ela foi lá prá casa e a gente fez as maiores loucuras. Mas de manhã, ela cochichou no meu ouvido:



"-Vou buscar pão"



E nunca mais voltou.



-Que história, heim? Disse o parceiro desconfiado.



- Só que ela saiu tão nas carrera, que esqueceu a bendita sapatilha, que eu guardo comigo até hoje. Pra me dá sorte na estrada. E até hoje, com os poder de Deus, que nada de ruim me acontece nessas estrada. Tá no meu porta-luvas, ocês qué vê?



- Claro. Respondemos todos.



O sujeito foi até o caminhão e pegou mesmo, um par de sapatilhas de oncinha e mostrou, para o espanto de todos. Até tirei uma foto, pra mostrar para os leitores do blog:


























































terça-feira, 13 de setembro de 2011

Só o Deracre salva


Nunca fui bom em acreditar em duendes, papai noel, coelho da páscoa, etc... Mas numa coisa eu acredito: no Deracre. Para quem anda na BR o São Deracre ainda é o melhor santo.
Levei um bom mecânico para tirar do prego a D 20 do cinegrafista que me acompanha na viagem. O sujeito fez um trabalho profissional, olhando cada detalhe do sistema de válvulas e o máximo que ele conseguiu foi fazer a caminhonete andar a 20km/h.

Condenou a bomba de injeção, o que significaria na verdade condenar a viagem toda. Horas de fita de material perdido, pois ficaríamos sem a seqüência correta de imagens na estrada e perderíamos dois dias de trabalho e a oportunidade de mostra a BR na TV



Eis que surgem com suas camisetas vermelhas, os anjos do Deracre. Um sujeito meio agalegado, de mãos calejadas e pescoço grosso, deu uma olhada e disse:



- Não há nada com a bomba injetora. Quebrou a mola do acelerador e a borboleta deu uma volta completa.



- Malditas borboletas, pensei.



- Me passa a chave 18. Pedia o sujeito de pescoço grosso, pingando de suor debaixo de um sol inclemente.



Ele fez a porra da borboleta voltar para o seu lugar (bem que o Vitor e Leo - corrigido pelo leitor já diziam: elas sempre voltam!) e agora estou voltando para Rio Branco.



Viva o São Deracre!



AH! A outra engraçada desta viagem. Paro no rio Gregório e falo com a gata que vem em uma BIZ desde CZS. está escurecendo e ela não vai seguir viagem. acho prudente a sua iniciativa.



- Tô com medo de onça! Me disseram que as onças pulam nas costas da gente...



Com certeza brincadeira que a mocinha, por não conhecer, acreditou.



Não resisto e solto uma das minhas...



- Ah! se uma onça que nem essa pulasse na minhas costas eu levava ela até Rio Branco...



Vai que cola...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Prego na BR

Estou na Br 364. Pela terceira vez este ano. De CZS a RBR. Estou gravando um material para a TV Juruá. A idéia é fazer uma abordagem principalmente para o motorista, tirando um pouco o foco de "ação de governo" para mostrar mais um pouco da estrada em si que de maneira realista, nem é a sétima maravilha do mundo, mas também não é o apocalipse pregado pelos pessimistas de plantão. O problema é que a D20 do cinegrafista deu prego, a 34 kms de Tarauacá. Quando vi aquele motor a Diesel, me veio na cabeça o trauma da mihnha Toyota velha, que vivia no prego. Motor a Diesel é que nem mulher chata: você sempre dá um jeito, mas vai ficando cada vez pior com o tempo... Estou por aqui para ver se amanhã cedo levo um mecânico para lá. Por sorte recebemos ajuda e descolei até um computador para fazer esta postagem...

Vamos lá, que amanhã tem mais...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

'' As limitações são genéticas..."


Tem gente achando ruim a mudança na apresentação da Juruá. É pena que a população não conheça de verdade o caráter do antigo apresentador e o que pensava a respeito de Cruzeiro do Sul e dos cruzeirenses. A frase acima revela um pouco de seu pensamento sobre a população para quem de frente das telas se colocava como “Paladino da Justiça

Há muito a ser comemorado no fato de que pela primeira vez, o programa de maior audiência do Juruá terá uma apresentadora nativa, da terra. Isto significa, em outras palavras que Cruzeiro do sul já está tendo a primeira safra de profissionais capacitados para assumirem funções importantes, como esta. O melhor ainda, é que teremos uma pessoa identificada com a população, que conhece as dificuldades de viver aqui, que subiu com muita dignidade estas ladeiras, para chegar aonde chegou, por pura competência e dedicação.

Isso é muito difente do que ter um bonequinho engomado, fazendo-se de defensor de um povo que na verdade, detestava.

" as limitações às vezes são genéticas, impossíveis de serem superadas a curto prazo, só em gerações...''

Rogério Wenceslau, no Twitter, sobre os profissionais cruzeirenses

Passei muito tempo me questionando se seria ético expôr desta forma o ex-colega. Mas lembrei que ele jamais teve a decência de poupar sua própria equipe (sem a qual o seu trabalho não seria nada) e que em diversas ocasiões, usou os microfones para atacá-los chamando-os ao vivo de preguiçosos e cachaceiros. Perto disso, uma publicação no blog não é nada demais. E acredito que a população tenha o direito de saber, o que de verdade ele pensava sobre o povo cruzeirense.

Para ele, a suposta “incompetência” dos profissionais era uma conseqüência da "genética" da população. Existe uma palavra para isso:

Racismo


terça-feira, 6 de setembro de 2011

O Falcão e a Águia


Este conto sioux traduz o que penso a respeito do amor

Conta uma velha lenda dos índios Sioux, que uma vez, Touro Bravo, o mais valente e honrado de todos os jovens guerreiros, e Nuvem Azul, a filha do cacique, uma das mais formosas mulheres da tribo, chegaram de mãos dadas, até a tenda do velho feiticeiro da tribo:
- Nós nos amamos, e vamos nos casar - disse o jovem. E nos amamos tanto que queremos um feitiço, um conselho, ou um talismã, alguma coisa que nos garanta que poderemos ficar sempre juntos, que nos assegure que estaremos um ao lado do outro até encontrarmos a morte. Há algo que possamos fazer?
E o velho, emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse:
- Tem uma coisa a ser feita, mas é uma tarefa muito difícil e sacrificada... Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte dessa aldeia, e apenas com uma rede e tuas mãos, deves caçar o falcão mais vigoroso do monte e trazê-lo aqui com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo - continuou o feiticeiro - deves escalar a montanha do trono, e lá em cima, encontrarás a mais brava de todas as águias, e somente com as tuas mãos e uma rede, deverás apanhá-la trazendo-a para mim, viva!
Os jovens abraçaram-se com ternura, e logo partiram para cumprir a missão recomendada. No dia estabelecido, à frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves dentro de um saco. O velho pediu, que com cuidado as tirassem dos sacos, e viu eram verdadeiramente formosos exemplares...
- Agora - disse o feiticeiro, apanhem as aves, e amarrem-nas entre si pelas patas com essas fitas de couro; quando as tiverem amarradas, soltem-nas, para que voem livres.
O guerreiro e a jovem fizeram o que lhes foi ordenado, e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas apenas conseguiram saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela incapacidade do vôo, as aves arremessavam-se entre si, bicando-se até se machucar.
E o velho disse:
- Jamais esqueçam o que estão vendo; este é o meu conselho: Vocês são como a águia e o falcão; se estiverem amarrados um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se, como também, cedo ou tarde, começarão a machucar-se um ao outro.
Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados.

Extraído do blog: Ecofeminismo e xamanismo

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Deus bíblico pode ter tido uma esposa, afirmam pesquisadores

Essa era boa de publicar no tempo do Juruaonline. A idéia não é nada nova, e já foi tema de um documentário da Discovery, em que tratou-se do processo de expurgo do culto à Deusa Mãe em Israel, que teria ocorrido, após o cativeiro da babilônia. O texto abaixo é do G1


"Será que uma deusa pagã, atacada na Bíblia como uma das maiores inimigas do culto ao Deus verdadeiro, poderia ser, na verdade, a esposa Dele? De forma bastante simplificada, esse é um dos principais debates que dividem os historiadores da religião do antigo Israel nos últimos tempos. Inscrições misteriosas, pequenas estatuetas de cerâmica e o próprio texto da Bíblia indicariam que a deusa em questão, conhecida como Asherah, não teria sido adorada como rival de Javé, o Deus judaico-cristão, mas sim como sua companheira.
Leia mais reportagens da série "Ciência da Fé"

Isso, é claro, para um dos lados do debate. Para outros pesquisadores, os símbolos da deusa Asherah (cujo nome às vezes é aportuguesado como "Asserá") teriam sido simplesmente "incorporados" pelo culto de Javé, sem que a deusa fosse adorada como entidade distinta pelos antigos israelitas. A ambigüidade é, em parte, lingüística: embora Asherah fosse o nome de uma deusa dos cananeus (habitantes pagãos da Palestina), a palavra também é um substantivo comum, "asherah", que designa um poste de madeira usado para cerimônias religiosas.

"As posições estão bem marcadas: uns acreditam que se trata de um símbolo cúltico, outros já assumem que se trata de uma deusa. No entanto, uma coisa não necessariamente exclui a outra, porque o poste também simbolizava a deusa, de forma que uma referência a ele sugere o culto a Asherah", diz Osvaldo Luiz Ribeiro, doutorando em teologia bíblica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Menções numerosas
"Na Bíblia hebraica existem mais de 40 referências a Asherah e ao seu símbolo, inclusive demonstrando a sua presença dentro do Templo de Jerusalém, o Templo de Javé", conta Ana Luisa Alves Cordeiro, mestranda em ciências da religião na Universidade Católica de Goiás. Nessas referências, a deusa é sempre retratada como uma influência religiosa negativa dos povos vizinhos sobre os israelitas, competindo com o culto do verdadeiro Deus. Cordeiro está estudando o impacto da reforma religiosa liderada por Josias, rei de Judá (o reino israelita do sul), por volta do ano 620 a.C., na qual o símbolo da deusa teria sido arrancado do Templo e queimado.

No entanto, o culto a Asherah parece ter sido mais importante fora de Jerusalém, nos chamados "lugares altos", afirma a pesquisadora. Em tais locais, o poste de madeira era substituído por árvores vivas como símbolo da deusa. "Eram santuários ao ar livre, nos topos das montanhas. Isso evidencia uma profunda ligação com a natureza", diz Cordeiro. O culto a Asherah seria uma forma de reverenciar a fertilidade feminina e o papel da mulher como doadora ou mantenedora da vida. "E a árvore é o símbolo dessa abundância", avalia a pesquisadora.

Durante muito tempo, esse tipo de culto foi considerado uma influência religiosa estrangeira sobre o povo de Israel, conforme o que dizia a Bíblia. Mas o consenso atual é que os israelitas não tiveram uma origem separada dos cananeus, seus vizinhos pagãos. A maior parte dos habitantes de Judá e Israel (nome um tanto confuso do reino israelita do norte) parecem ter sido um grupo de origem majoritariamente cananéia que foi assumindo uma entidade cultural distinta aos poucos. E, entre os cananeus, Asherah era a esposa de El, o soberano dos deuses -- mais ou menos como Zeus, na mitologia grega, tinha sua mulher divina, a deusa Hera.

Evidência direta?
É aqui que a arqueologia traz dados surpreendentes sobre a questão. O sítio arqueológico mais importante para o debate sobre Asherah talvez seja o de Kuntillet Ajrud, localizado no Sinai egípcio, perto da fronteira com Israel. O lugar parece ter sido uma espécie de "pit stop" de caravanas no deserto, e também ter abrigado um antigo santuário.


Inscrições e desenhos em fragmentos de cerâmica de Kuntillet Ajrud revelam frases, datadas em torno do ano 800 a.C., pedindo a benção de "Javé de Samaria [capital do reino israelita do norte] e sua Asherah" e "Javé de Teiman e sua Asherah". No caso da primeira frase, há um desenho estranhíssimo de duas figuras com corpo humano e cabeça que lembra a de bovinos, uma delas com traços mais masculinos e outra com traços mais femininos. Será que era assim que alguns dos antigos israelitas imaginavam Javé e sua esposa Asherah?

"Temos outros dados que indicam a associação de Javé com a figura do touro, representando a força, o poder, principalmente no culto de Samaria", afirma Osvaldo Ribeiro, da PUC-RJ. Outros pesquisadores, como Mark S. Smith, da Universidade de Nova York, contestam a associação de Javé com uma consorte chamada Asherah nessas inscrições. Para eles, a gramática do hebraico é esquisita: o termo "sua Asherah" parece se referir a um objeto, não a uma pessoa ou a uma deusa.

"Eu acho complicado tirar uma conclusão como essa simplesmente com base no que sabemos do hebraico bíblico, porque se trata de uma língua morta. Nunca vamos ter certeza se realmente era impossível usar o pronome em 'sua Asherah' para se referir a uma pessoa", diz Ribeiro. De qualquer maneira, afirma o pesquisador, há outro dado arqueológico importante: inúmeras estatuetas de cerâmica, encontradas em todo o território israelita e com idades que abrangem centenas de anos, que parecem indicar uma deusa da fertilidade, com barriga de grávida e seios protuberantes. "Essas imagens continuam sendo comuns até o século 6 a.C., quando Jerusalém é destruída e parte de seus habitantes são exilados na Babilônia", lembra ele.
Pós-exílio
Se o culto a Asherah era tão comum quando esses indícios esparsos indicam, o que teria levado ao fim dele? A Bíblia explica o processo como uma contaminação constante da religião de Israel pelos povos pagãos, a qual nem muitas reformas religiosas purificadoras, como a do rei Josias, foram capazes de apagar antes do exílio na Babilônia.

Ribeiro, no entanto, diz acreditar que muitas dessas histórias de reforma foram projeções dos sacerdotes do Templo de Jerusalém, elaboradas na época depois do exílio. "A comunidade dos que voltam da Babilônia se organiza em torno do Templo de Jerusalém, sob a liderança dos sacerdotes e com o apoio do Império Persa [que dominou a região depois de vencer a Babilônia]. Então, toda ameaça a esse processo de centralização do poder sacerdotal foi combatida, de forma que só acabou sobrando o culto a Javé. Foi um acidente histórico, num momento crítico, que acabou se tornando a visão dominante."

Já para Ana Luisa Cordeiro, da Universidade Católica de Goiás, os eventos antigos têm implicações para a própria visão excessivamente masculina de Deus que acabou se tornando dominante entre judeus e cristãos. Não é que a sociedade na qual Asherah era adorada fosse necessariamente igualitária entre homens e mulheres, pondera ela, mas pelo menos abria espaço para enxergar o sagrado com um lado feminino.

"Reimaginar o sagrado como Deusa é reimaginar as relações de poder, não numa tentativa de apagar a presença de Deus, mas sim de dar espaço ao feminino no sagrado, o feminino não como um atributo do Deus masculino, mas como Deusa", avalia Cordeiro. "

Fla (tulência)



Peido irrita Luxemburgo


Médicos cubanos no Haiti deixam o mundo envergonhado


Publicado no blog: Pragmatismo Político

Eles são os verdadeiros heróis do desastre do terremoto no Haiti, a catástrofe humana na porta da América, a qual Barack Obama prometeu uma monumental missão humanitária dos EUA para aliviar. Esses heróis são da nação arqui-inimiga dos Estados Unidos, Cuba, cujos médicos e enfermeiros deixaram os esforços dos EUA envergonhados.

Uma brigada de 1.200 médicos cubanos está operando em todo o Haiti, rasgado por terremotos e infectado com cólera, como parte da missão médica internacional de Fidel Castro, que ganhou muitos amigos para o Estado socialista, mas pouco reconhecimento internacional.

Observadores do terremoto no Haiti poderiam ser perdoados por pensar operações de agências de ajuda internacional e por os deixarem sozinhos na luta contra a devastação que matou 250.000 pessoas e deixou cerca de 1,5 milhões de desabrigados. De fato, trabalhadores da saúde cubanos estão no Haiti desde 1998, quando um forte terremoto atingiu o país. E em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha.

Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente, deixando claro que o Haiti está se esforçando para lidar com a epidemia que já matou centenas de pessoas.

Desde 1998, Cuba treinou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latinoamericana de Medicina em Cuba (Elam), um dos programas médicos mais radicais do país. Outros 400 estão sendo treinados na escola, que oferece ensino gratuito – incluindo livros gratuitos e um pouco de dinheiro para gastar – para qualquer pessoa suficientemente qualificada e que não pode pagar para estudar Medicina em seu próprio país.

John Kirk é um professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que pesquisa equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: “A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado.”.

Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos para o Chile, atingido por um forte terremoto, seguido por uma equipe de 50 a Argélia em 1963. Isso foi apenas quatro anos depois da Revolução.

Os médicos itinerantes têm servido como uma arma extremamente útil da política externa e econômica do governo, gahando amigos e favores em todo o globo. O programa mais conhecido é a “Operação Milagre”, que começou com os oftalmologistas tratando os portadores de catarata em aldeias pobres venezuelanos em troca de petróleo. Esta iniciativa tem restaurado a visão de 1,8 milhões de pessoas em 35 países, incluindo o de Mario Terán, o sargento boliviano que matou Che Guevara em 1967.

A Brigada Henry Reeve, rejeitada pelos norteamericanos após o furacão Katrina, foi a primeira equipe a chegar ao Paquistão após o terremoto de 2005, e a última a sair seis meses depois.

A Constituição de Cuba estabelece a obrigação de ajudar os países em pior situação, quando possível, mas a solidariedade internacional não é a única razão, segundo o professor Kirk. “Isso permite que os médicos cubanos, que são terrivelmente mal pagos, possam ganhar dinheiro extra no estrangeiro e aprender mais sobre as doenças e condições que apenas estudaram. É também uma obsessão de Fidel e ele ganha votos na ONU.”

Um terço dos 75 mil médicos de Cuba, juntamente com 10.000 trabalhadores de saúde, estão atualmente trabalhando em 77 países pobres, incluindo El Salvador, Mali e Timor Leste. Isso ainda deixa um médico para cada 220 pessoas em casa, uma das mais altas taxas do mundo, em comparação com um para cada 370 na Inglaterra.

Onde quer que sejam convidados, os cubanos implementam o seu modelo de prevenção com foco global, visitando famílias em casa, com monitoração proativa de saúde materna e infantil. Isso produziu “resultados impressionantes” em partes de El Salvador, Honduras e Guatemala, e redução das taxas de mortalidade infantil e materna, redução de doenças infecciosas e deixando para trás uma melhor formação dos trabalhadores de saúde locais, de acordo com a pesquisa do professor Kirk.

A formação médica em Cuba dura seis anos – um ano mais do que no Reino Unido – após o qual todos trabalham após a graduação como um médico de família por três anos no mínimo. Trabalhando ao lado de uma enfermeira, o médico de família cuida de 150 a 200 famílias na comunidade em que vive.

Este modelo ajudou Cuba a alcançar alguns índices invejáveis de melhoria em saúde no mundo, apesar de gastar apenas $ 400 (£ 260) por pessoa no ano passado em comparação com $ 3.000 (£ 1.950) no Reino Unido e $ 7.500 (£ 4,900) nos EUA, de acordo com Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento.

A taxa de mortalidade infantil, um dos índices mais confiáveis da saúde de uma nação, é de 4,8 por mil nascidos vivos – comparável com a Grã-Bretanha e menor do que os EUA. Apenas 5% dos bebês nascem com baixo peso ao nascer, um fator crucial para a saúde a longo prazo, e a mortalidade materna é a mais baixa da América Latina, mostram os números da Organização Mundial de Saúde.

As policlínicas de Cuba, abertas 24 horas por dia para emergências e cuidados especializados, é um degrau a partir do médico de família. Cada uma prevê 15.000 a 35.000 pacientes por meio de um grupo de consultores em tempo integral, assim como os médicos de visita, garantindo que a maioria dos cuidados médicos são prestados na comunidade.

Imti Choonara, um pediatra de Derby, lidera uma delegação de profissionais de saúde internacionais, em oficinas anuais na terceira maior cidade de Cuba, Camagüey. “A saúde em Cuba é fenomenal, e a chave é o médico de família, que é muito mais pró-ativo, e cujo foco é a prevenção. A ironia é que os cubanos vieram ao Reino Unido após a revolução para ver como o HNS [Serviço Nacional de Saúde] funcionava. Eles levaram de volta o que viram, refinaram e desenvolveram ainda mais, enquanto isso estamos nos movendo em direção ao modelo dos EUA “, disse o professor Choonara.

A política, inevitavelmente, penetra muitos aspectos da saúde cubana. Todos os anos os hospitais produzem uma lista de medicamentos e equipamentos que têm sido incapazes de acesso por causa do embargo americano, o qual que muitas empresas dos EUA de negociar com Cuba, e convence outros países a seguir o exemplo. O relatório 2009/10 inclui medicamentos para o câncer infantil, HIV e artrite, alguns anestésicos, bem como produtos químicos necessários para o diagnóstico de infecções e órgãos da loja. Farmácias em Cuba são caracterizados por longas filas e estantes com muitos vazios. Em parte, isso se deve ao fato de que eles estocam apenas marcas genéricas.

Antonio Fernandez, do Ministério da Saúde Pública, disse: “Nós fazemos 80% dos medicamentos que usamos. O resto nós importamos da China, da antiga União Soviética, da Europa – de quem vender para nós – mas isso é muito caro por causa das distâncias.”

Em geral, os cubanos são imensamente orgulhosos e apóiam a contribuição no Haiti e outros países pobres, encantados por conquistar mais espaço no cenário internacional. No entanto, algumas pessoas queixam-se da espera para ver o seu médico, pois muitos estão trabalhando no exterior. E, como todas as commodities em Cuba, os medicamentos estão disponíveis no mercado negro para aqueles dispostos a arriscar grandes multas se forem pegos comprando ou vendendo.

As viagens internacionais estão além do alcance da maioria dos cubanos, mas os médicos e enfermeiros qualificados estão entre os proibidos de deixar o país por cinco anos após a graduação, salvo como parte de uma equipe médica oficial.

Como todo mundo, os profissionais de saúde ganham salários miseráveis em torno de 20 dólares (£ 13) por mês. Assim, contrariamente às contas oficiais, a corrupção existe no sistema hospitalar, o que significa que alguns médicos e até hospitais, estão fora dos limites a menos que o paciente possa oferecer alguma coisa, talvez almoçar ou alguns pesos, para tratamento preferencial.

Empresas internacionais de Cuba na área da saúde estão se tornando cada vez mais estratégicas. No mês passado, funcionários mantiveram conversações com o Brasil sobre o desenvolvimento do sistema de saúde pública no Haiti, que o Brasil e a Venezuela concordaram em ajudar a financiar.

A formação médica é outro exemplo. Existem atualmente 8.281 alunos de mais de 30 países matriculados na Elam, que no mês passado comemorou o seu 11 º aniversário. O governo espera transmitir um senso de responsabilidade social para os alunos, na esperança de que eles vão trabalhar dentro de suas próprias comunidades pobres pelo menos cinco anos.

Damien Joel Soares, 27 anos, estudante de segundo ano de New Jersey, é um dos 171 estudantes norte-americanos; 47 já se formaram. Ele rejeita as alegações de que Elam é parte da máquina de propaganda cubana. “É claro que Che é um herói, mas aqui isso não é forçado garganta abaixo.”

Outros 49.000 alunos estão matriculados no “Novo Programa de Formação de Médicos Latino-americanos”, a ideia de Fidel Castro e Hugo Chávez, que prometeu em 2005 formar 100 mil médicos para o continente. O curso é muito mais prático, e os críticos questionam a qualidade da formação.

O professor Kirk discorda: “A abordagem high-tech para as necessidades de saúde em Londres e Toronto é irrelevante para milhões de pessoas no Terceiro Mundo que estão vivendo na pobreza. É fácil ficar de fora e criticar a qualidade, mas se você está vivendo em algum lugar sem médicos, ficaria feliz quando chegasse algum.”

Há nove milhões de haitianos que provavelmente concordariam.

sábado, 3 de setembro de 2011

Abaixo o Coronelismo!



Que tal começar a combater as tiranias a partir de si mesmo. Não é preciso pegar em armas para fazer esta revolução, pessoal simples e silenciosa.

Este era o ponto de vista de uma importante parcela da juventude nos turbulentos anos 60, onde TODOS, de uma maneira ou outra queriam transformar o mundo. Foi quando alguém se deu cinta de que as mesmas estruturas autoritárias e tirânicas que se desejam destruir estão todas presentes dentro da psiqué de cada um e, pior, só existem porque as alimentamos com zelo e carinho todo dia.

Lembrei disso quando vejo, com satisfação, de que existe um grupo significativo da nova geração cruzeirense que deseja por fim as velhas estrturas do coronelismo patriarcal e para isso, podem contar com meu total apoio.
O problema é que vejo que muitos destes rapazes, não apenas se beneficiam da estrutura patriarcalista como a reporduzem em suas relações.

Como se já não bastasse a velha arrogância coronelista, temos que aguentar a nova arrogâncias de seus filhos, embebidos do mais profundo sentimento de prepotência, agora não mais inspirado no seringal, mas à lá The Economist. Voltam os MBA's em arrogância e presunção. Competência? Pra quê? A arrogância basta.

Por isso, aos meus amiginhos que querem ajudar a transformar CZS, fica uma importante dica: comecem combatendo sua própria tirania, seu próprio coronelismo, antes de querer mudar qualquer coisa. Se não fica que nem o velho ditado: "mudam as moscas, mas a merda é a mesma."