quarta-feira, 29 de junho de 2011
Sâo Pedro e a chave do Céu
É parece que São Pedro tem mesmo a chave do céu. Pois nem Santo Antônio e nem São João conseguiram fazer a friagem chegar aqui. Mas com São Pedro, finalmente a friagem veio.
Graças à Deus!
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E para ser sincrético, A idéia de se fazer fogueiras neste período é muito mais antigo... é um costume ' pagão' de se comemorar o período de solstício que foi transformado em festa cristão. Mas fala a verdade é ou não é um barato se esquentar ao redor da fogueira?
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No Peru antigo, a chave do céu era representada por uma planta, a Wachuma. Um cactos do deserto utilizado tanto como medicina, quanto para entrar em contato com a divindade. Depois do cristianismo, a Wachuma passou a ser chamada de 'San Piedro'.
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Já na tradição afro-brasileira, o período que compreende a festa dos três santos Antonio, João e Pedro é comemorado como o 'Obá de Xangô'. Orixá da Lei e da Justiça.
* Na imagem, São Pedro, com frio se veste com roupas do altiplano andino
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Mensagem de Sirius para o Juruá
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Solstício de Inverno... e nada de friagem por aqui
terça-feira, 21 de junho de 2011
Frágil Comunicação
Um colega de trabalho, tão desempregado quanto eu próprio, veio me reclamar da falta de autonomia nas decisões que emperra praticamente tudo aqui no Juruá. Drama sentido na pele pela equipe de jornalismo da TV Aldeia, há dois meses sem receber.
O resultado das últimas eleições trouxe para muitos a seguinte leitura: não vale a pena investir em um meio de comunicação caro e dispendioso como o sistema público de comunicação, se o seu impacto social é pequeno, em outras palavras: pouca audiência e quase nenhum dividendo político. Parece ser mais interessante investir diretamente nas empresas de comunicação já com audiência consagrada do que tentar disputar de igual para igual com elas, e perder.
Num primeiro momento faz sentido. Mas estive à frente de um importante meio de comunicação o tempo suficiente para saber que as coisas não são bem assim. Isto porque em parte audiência destes meios de comunicação se consagra por contemplar na sua pauta assuntos mais populares e uma abordagem popular. Isto faz com que a pauta diária se afaste naturalmente dos assuntos "de governo".
Ou seja, se não houver uma assessoria capaz de produzir material para alimentar as empresas de comunicação, as pautas "governamentais" acabam sendo preteridas por outras, talvez até de menor importância social, mas que sejam mais apelativas no que cerne à audiência. Não há nada de errado nisso, é a dinâmica de um meio de comunicação que depende de audiência para se manter. Mas o fato é que o problema permanece: a população deixa de conhecer o trabalho do governo e sua importância.
Testemunhei o fato de que a prefeitura de Cruzeiro do Sul, com menor estrutura, conseguia ter um alcance maior na divulgação de suas ações. Isto porque a sua assessoria produz material para os meios de comunicação locais, resolvendo parte do problema da falta de conteúdo dos jornais.
Nem de longe isso se trata de uma crítica pontual ou pessoal. É uma questão de redefinir os papéis do Sistema Público de Comunicação. Ou se parte definitivamente para um trabalho de assessoria de imprensa, sem medo de ser feliz ou se redefine o sistema como realmente público, o que não é sinônimo de estatal.
Hoje no Juruá não há uma coisa nem outra, e se o resultado político na última eleição foi insatisfatório, pode se esperar um fiasco ainda maior no próximo se a questão não for redimensionada.
Se o papel escolhido for o de uma assessoria, ótimo, é só colocar a estrutura para produzir em cima dos trabalhos das secretarias no Juruá. Caso a decisão seja realmente criar um sistema público de comunicação, então teremos que ... ouvir o público e não tentar fazer com que o público diga aquilo que o governo quer ouvir.
A coisa não funciona deste jeito e mesmo sendo ainda a maior parte da população do Juruá de baixa escolaridade (quadro que está mudando), a sensibilidade fala mais alto e o povo percebe que está havendo manipulação grosseira. Já quando a manipulação é pensada in loco, mesmo quando tosca, costuma funcionar...
Que me desculpem os bons profissionais da Companhia de Selva, mas a linguagem elaborada por eles nunca 'colou' por aqui. Talvez algo bem mais simples, sem tanta elaboração case muito melhor com o jeitão 'meio brega' da nossa gente.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Governo do Estado regulariza terras no segundo distrito de Cruzeiro do Sul
A abertura da ponte certamente mudou o cenário e a dinâmica de cidade de Cruzeiro do Sul, a partir da integração do seu segundo distrito. Mas para que esta obra também se traduza em cidadania para os moradores do entorno, estão previstas ações conjuntas de governo para o local.
A primeira destas ações é a regularização fundiária das mais de 500 famílias que vivem nas glebas Miritizal, Retumba e Crôa. A ação é promovida através do ITERACRE - Instituto de Terras do Acre, órgão responsável pelas terras estaduais, como as que estão situadas do outro lado do rio Juruá.
“A ação visa principalmente levar cidadania a estas pessoas”, explica Lindenberg Chaves, chefe da representação do ITEACRE no Juruá. “Algumas pessoas vivem no local há mais de 20 anos, com muitas dificuldades de se aposentar e sem direto por exemplo, à credito bancário.”
O Laudo de Identificação Fundiária (LIF) começou a cerca de um mês e deve continuar até que todas as moradias sejam cadastradas.
O Vice-Governador César Messias também já anunciou a próxima ação de governo para o Miritizal que será a pavimentação e o saneamento básico do bairro através do DEPASA que já iniciou o processo de levantamento topográfico do Miritizal.
(Leandro Altheman)
Trânsito de Cruzeiro do Sul: Quanto mais mexe, mais fede
Não adianta querer fazer mágica. Muito se resolveria se os condutores tivessem um pouquinho mais de educação e prudência. Mas isso parece ser pedir demais.
A frota de veículos só tende a aumentar e o centro da cidade, obviamente, não comporta a quantidade de veículos. Pode escrever: vai piorar e muito, até porque a cidade parece um sapo hipnotizado por uma cobra com a abertura da BR, mas não está enxergando que virão caminhões pesados e não terão aonde estacionar. Não há regulamentação de carga e descarga, nossas ladeiras são ingremes demais e falta visibilidade nos cruzamentos. Junte tudo isso ao pior motorista da galáxia e teremos um cenário de pesadelo no trânsito de Cruzeiro do Sul.
Chega a ser engraçado ver os caminhões "de fora" neste período de verão, se perdendo nas ruas que não chegam a lugar algum. Isto porque o normal seriam que houvessem quadras, quarteirões que poderiam ser circundados pelos veículos. Mas aqui, muitas ruas não terminam. É apenas um asfalto jogado para conseguir votos em tempo de eleição. Não tem sequer escoamento de águas pluviais, o que significa que é obra para durar no máximo, 4 anos. Tempo exato para a próxima eleição.
Um dia desses, no João Alves, um caminhão de entrega de móveis entrou numa rua e não conseguiu sair. Precisou ser guinchado por uma pá mecânica para voltar.
A empresa que presta serviço à Eletroacre atendeu em um só dia, cerca de 20 ocorrências de fios elétricos arrebetados pro caminhões. Para os moradores afetados, a imperícia é dos caminhoneiros. "Eu venho do Paraná, faço entrega em tudo que é cidade de Goiás, Mato Grosso, Rondônia... Meu caminhão é padronizado pelo INMETRO para não derrubar fios". Então quem é que está errrado?
Não adinata querer respolver os probelams "no varejo". O que falta à Cruzeiro do Sul é um planejamento para redimensionar a cidade de acordo com os novos desafios.
Caso não haja este planejamento, o que o cruzeirense pode esperar é uma cidade cada vez mais desumanada, caótica e brutal, onde crianças e idosos terão de ficar em casa para não correr o risco de atropelamento, onde as ladeiras e cruzeamentos serão testemunhas de muitos acidentes, alguns fatais.
Se a cidade não for pensada, redimensionada, descentralizada e organizada, vai ter muita gente com saudade do tempo em que a estrada abria só três meses por ano.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Cadê a 'minha' friagem?
sábado, 11 de junho de 2011
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Cruzeiro do Sul 'mostra a bunda'
E não estou falando somente das casas da Lagoa, não.
"Sempre só falam mal dos pobres, mas quem está mais sujando e poluindo essa parte da cidade é a classe empresarial", disse o líder comunitário Chaguinha da Lagoa.
Falar mal das casas mal enjambradas da lagoa, é chover no molhado e qualquer apresentador de TV a serviço do patronato enche a boca para dizer.
Agora quero ouvir dizer que quem construiu a cidade literalmente "de bunda" para o Juruá, foi a classe empresarial. Nada contra aqueles que produzem "emprego e renda", como diz o bordão tradicional, mas o poder público e a sociedade deveriam cobrar um pouquinho mais de quem pode mais.
A imagem do Boulervard Thaumaturgo, jogando todo o esgoto na frente da cidade, é tão despudorada quando a do menino do Miritizal que no dia da abertura da ponte arriou seu shorts rasgado e posicionou a sua bunda em uma das aberturas da ponte. "Vou inaugurar a ponte", disse o menino. Mirando o Juruá com o "olho que nada vê" ele despejou o conteúdo imundo de suas tripas que por sorte não acertou nenhum catraia que navegava em baixo.
Nosso Juruá não tem a mesma sorte e o rio que possibilita a vida nesta região, seja humana, animal ou vegetal recebe diariamente a ingratidão de seus habitantes mais ilustres.
Além do esgoto, o lixo é jogado sem nenhum constrangimento, todos os dias, nas suas margens.
Na verdade, a abertura da ponte sobre o Juruá será apenas a primeira, de muitas outras obras implantadas em aço, cimento e asfalto que ao invés de 'modernizarem' nossa cidade vão apenas evidenciar o distanciamento que existe entre a realidade de poucos e a da maioria.
Não, não sou um estraga prazer, apenas estou fora da ufania em torno da ponte e da BR. São obras importantes, sim, mas é preciso ter pé no chão para evitar que o sonho se transforme em pesadelo. É preciso antes de tudo, que a sociedade seja capaz de apontar o rumo que deseja para sua cidade, para seu povo, para sua juventude.
Legenda: Ao lado da recém-aberta ponte do Juruá, os urubus são os vigilantes que indicam a presença da morte. Os urubus aceitaram posar para a foto desde que seu cache fosse doado para instituições de caridade.quinta-feira, 9 de junho de 2011
"Eu me demito ! " - Porque saí da Rádio e TV Juruá
Relutei muito em fazer uma postagem sobre o assunto, uma vez que poderia parecer que estaria expondo o meio de comunicação em que trabalhava. No entanto, decidi que meu público tem o direito de saber porque não estou mais a frente do maior meio de comunicação do Juruá e para este fim, utilizar o humilde espaço deste blog para isso, não me parece assim, algo tão recriminável.
Então vamos lá.
Em primeiro lugar, antes de quaisquer explicações quero deixar claro que a apesar das divergencias de pensamento, meu maior sentimento que fica é o de gratidão. Comandar o maior meio de comunicação do vale do Juruá, ainda que por um curto período, é uma experiência que não tem preço. E agradeço a esta oportunidade ao dono da emissora, James Cameli a quem, sempre considerei e considero, um amigo.
E é justamente por considerá-lo um amigo, que me sinto totalmente a vontade de discordar das posições tomadas à frente da empresa, que culminaram com minha demissão voluntária.
Creio ser mais honesto o livre e respeitoso discordar do que a falsa suberserviência que apenas aguarda o momento oportuno para cravar as presas peçonhentas na vulnerável jugular.
As razões que levaram a esta decisão tiverma início a partir da contratação de um recém-formado Engenheiro de Produção para o cargo de direção da empresa. Nada pessoal.
Houve uma promessa por parte de James Cameli de que o novo administrador não faria ingerências no jornalismo. Promessa que foi por incontáveis vezes, descumprida. O novato, em parte encantado pela comunicação e outra com o próprio poder que o cargo trazia, começou a dar 'pitaco' em tudo: desde conteúdo do jornal até o enquandramento das câmeras.
Por fim, resolveu reiventar a roda e propôs, em uma reunião que cumprissemos uma escala de trabalho. Ora, isso era exatamente o que já vinhamos fazendo há mais de anos. Apresentou a idéia como grande 'novidade' como se tivesse sido iluminado pelo espírito do saber.
Após a sua 'epifania luminosa' tentou impor que nossas três reporteres acumulassem novas funções, sem a devida remuneração. A repórter Jaqueline Teles (prêmio estadual de jornalismo em 2009), disse cabalmente que recusava-se a cumprir nova função, ampliando sua carga horária, a menos que isso implicasse em acréscimo no salário. Foi esta posição, em conformidade com o que estabelece o sindicato da categoria, que lhe custou a alcunha de "preguiçosa", pecha que foi também direcionada à outra colega de trabalho, Dayana Maia.
Jaqueline cabou sendo demitida por recusar-se a acumular funções sem a devida remuneração.
Assim, a RTV Juruá livrou-se questionadora Jaqueline Teles e o público ficou sem questionadora Jaqueline Teles. Ou seja, o que a empresa considera como defeito, é na verdade a maior qualidade de um jornalista.
Não podia admitir também o que foi dito de Dayana Maia. Nos momentos mais difíceis de saúde ou de desgaste mental, foi ela quem me socorreu. Sem que nunca fosse necessário pedir, Dayana sempre ocupou a minha função nos momentos de maior cansaço, enfrentando como uma verdadeira Valquíria, o Sol e Chuva inclementes do Juruá.
Seguindo a mesma lógica da linha de produção de uma fábrica de salsichas, o novo diretor enviou relatório em planilha, apontando apenas uma repórter como 'produtiva'. Ocorre que em sua avaliação, três 'stand-ups' (VT que demoram menos de 5 minutos cada um), valem mais do que uma matéria bem produzida, bem pensada.
Assim permanece a velha política do 'encher lingüiça', onde o âncora, pela falta de conteúdo do jornal se vê obrigado a entreter o público com um 'show man', comentando e dando opiniões até sobre aquilo que desconhece. Ninguém é obrigado a saber tudo, mas como gerar conteúdo crítico, se os repórteres são cobrados em quantidade e não em qualidade de produção?
A opinião que deixei explicita na minha carta de demissão é de que jamais houve 'preguiça' na minha equipe mas que sempre tive que lutar contra o 'monstro da desmotivação', simplesmente pelo fato de que o trabalho destes profissionais nunca foi reconhecido e que a epresa dobrou o seu faturamente, sem compartilhar o fruto deste sucesso com aqueles que sempre carregaram a empresa nas costas.
Não é momento de falsa modéstia, sou formado em jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP, considerada a melhor escola da América Latina nesta área e uma das melhores do mundo. Se a opinião profissional de um engenheiro recém formado e recém chegado na área vale mais do que um jornalista formado na melhor escola deste país, com 15 anos de profissão, não há realmente motivos para permanecer no cargo.
A gota d'água veio quando fui solicitado a selecionar currículos e treinar estagiários como forma de pressionar minha equipe a cumprir tarefas além de suas atribuições. Não aceitei e por isso pedi minha demissão.
Com isso fica claro que a política da empresa é formar um staff de estagiários obedientes pela metade do preço.
Não há interesse da empresa em zelar por uma informação de qualidade para o público.
Sempre afirmei e afirmo que faço jornalismo para o público e não para o patrão.
Gostaria de poder mudar esta realidade, não para manter o polpudo salário que a empresa me pagava, mas pelo respeito e compromisso que tenho com o meu público e com as tranformações sociais que virão a reboque do crescimento econômico do Juruá.
Mas, a empresa fez suas escolhas e eu faço as minhas, se não posso mudar esta mentalidade, fico feliz e já me sinto em parte vitorioso por não participar dela.
Considero que é importante a lealdade à linha editorial da empresa, mas definido isto a notícia deve ter como foco o telespectador, ouvinte e leitor, e não o dono da empresa ou os anunciantes. Esse é o Jornalismo que eu aprendi da Escola e este é o Jornalismo que faço todos os dias.
É com este mesmo respeito que me despeço do público da RTV Juruá.