Carta de esclarecimentos aos meus leitores

Durante esta semana, fui alvo de duros ataques por parte de um blogueiro. Não vale a pena citá-lo, pois teria entre outras coisas, o efeito de dar notoriedade a algo que certamente não merece tanto.
Ainda assim faço tais esclarecimentos para os meus leitores que por acaso tenham tomado contato com os tais textos em que fui caluniado e vilipendiado, sem qualquer respeito por minha pessoa e pela profissão que exerço desde 1997.

Para quem não tomou conhecimento com tais textos acreditem, não vale a pena. Passem para a postagem seguinte, e divirtam-se, pois afinal a vida merece mais.
As razões para os termos depreciativos utilizados teriam sido, incorreções ortográficas por mim cometidas em postagens anteriores. Os impropérios contra mim lançados, faziam alusão à minha profissão, à minha formação universitária e a minha opção religiosa.

Formação Acadêmica

Sou bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Formei-me em setembro do ano de 2000. Freqüentei todas as aulas da universidade e nelas obtive a média necessária à aprovação. Apresentei todos os trabalhos feitos a próprio punho, pois ao contrário de muitos, jamais paguei por algum trabalho. Meu Trabalho de Graduação foi realizado em Cruzeiro do Sul e na região do Vale do Juruá, tratando especificamente do interesse da ciência, e da medicina nos conhecimentos tradicionais. Para tanto, percorri durante seis meses rios, seringais e aldeias da região, recolhendo relatos e depoimentos desta população.


Não são ministradas aulas de português durante o curso de jornalismo. O aprendizado se dá muito mais de modo indireto, através da leitura de textos das mais variadas possíveis escolas e filosofias.


Erros ortográficos

Vou citar rapidamente, algo que é ensinado durante os cursos de jornalismo.
Os textos de jornais impressos passam pelo crivo de um revisor, geralmente com formação em Letras. Ainda assim, a quantidade de erros ortográficos encontrados é diretamente proporcional à peridiocidade do impresso. Sendo assim, encontram-se, mesmo nos jornais de grande tiragem nacional, uma quantidade razoável de erros ortográficos, ainda que passando por revisor. Isto se dá, menos em virtude de o jornalista NÃO SABER escrever, e muito mais, devido à velocidade que requer trabalhar em um periódico diário. Em revistas semanais, esta proporção cai, mas ainda assim, são encontrados erros ortográficos.
E, mesmo em livros de grandes escritores, revisados e editados por profissionais do mais alto gabarito, ainda assim, são encontrados erros ortográficos, ainda que em quantidade muitas vezes menor do que nos diários. Um professor certa vez disse “se queres aprender a escrever, não leia jornais. Jornais são unicamente para informação instantânea."
O fato de um profissional cometer um erro desta natureza, não o torna, menos profissional. Médicos, advogados e juízes erram, e nem por isso, deixam de sê-lo, a menos que o façam por comprovada má fé. Quando ocorre um erro desta natureza, normalmente uma entidade de classe, como a OAB ou CRM pode solicitar a cassação do registro do profissional. Portanto, não é um blogueiro, ainda que com formação em direito, que está em posição de me julgar profissionalmente.


Erros de Julgamento

Como toda profissão, a minha também não é isenta de erros. Contudo, os maiores erros que entraram para a história do jornalismo, não foram os ortográficos, mas erros motivados por um julgamento apressado por parte do jornalista. Erros que resultaram, em alguns casos, em verdadeiras tragédias para a vida pública e pessoal de suas vítimas. Um dos casos mais estudados nas Escolas de Comunicação é o da Escola de Base. Os donos foram acusados injustamente de praticarem pedofilia com os alunos. O julgamento apressado de um jornalista da Rede Globo (Valmir Salaro) causou uma comoção pública contra professores e diretores da escola. Sofreram ameaças, a escola foi depredada e uma das professoras sofre até hoje de síndrome do pânico. Boa pauta para os advogados que moveram um processo vitorioso contra a Rede Globo.

Exercício Profissional e Opinativo

Trabalho há mais de dez anos como jornalista em Cruzeiro do Sul. Neste período atuei como repórter de rádio e televisão e apenas eventualmente escrevi para jornais impressos e sites. Mas entre eles, tenho matérias publicadas como free-lance no Página 20 e no Jornal A Tribuna, e em revistas de tiragem limitada, como a Retratos do Juruá e a Revista BR 364, sob encomenda do Deracre. Tive inclusive, uma matéria publicada na revista Outras Palavras, escrita em colaboração à matéria principal do jornalista Archibaldo Antunes.

No exercício de minha profissão tenho evitado a todo custo, a emissão de opinião ou conteúdo ideologizante e quando o fiz, foi representando, não minha opinião pessoal, mas a linha editorial da empresa para o qual trabalho.

Blog

Parafraseando o lema dos submarinistas "in acqua sub nautum" - "marinheiro até debaixo d'água", sou jornalista em todas as circunstâncias de minha vida. Até quando durmo e sonho, sou um jornalista.
Nem por isso considero minhas postagens em blog, como exercício profissional. Ainda que possa, neste espaço, publicar matérias e reportagens, seu conteúdo é estritamente pessoal. Considero muito mais exercício de cidadania e de livre expressão do que de jornalismo. Ali, sim naquele espaço, sinto-me a vontade para exprimir opiniões pessoais e particulares, criar ficções, causar impressões, enfim “brincar” um pouco, pois afinal, ninguém é de ferro. Trabalho diariamente em busca de notícias, informações, na maioria das vezes, nada aprazíveis, envolvendo hora casos de violência, hora denúncias (nem sempre procedentes), hora anúncios e divulgações de ações do poder público (em alguns casos de importância duvidosa). (E o Síndrome volta a atacar)

Mas este é o exercício da profissão e esta é a linha editorial para qual trabalho. Acredito, de maneira análoga, que muitas vezes o advogado também se veja obrigado a defender causas que nem sempre encontram eco em seus valores mais profundos.

De modo, que blog, para mim é quase uma atividade de lazer, similar àqueles que nos fins de tarde gostam de tomar uma cerveja, ou jogar uma “pelada” com os amigos.

Ainda assim, aceito o fato de que estou me expondo e portanto, tenho de estar preparado para às críticas. Desde que estas sejam feitas dignamente.

Não julgo apropriado, em especial para um advogado, desqualificar o trabalho de um profissional por aquilo que ele escreve, despretensiosamente, durante suas horas de lazer. Seria o equivalente a falar mal de um juiz que tenha marcado uma falta equivocadamente como árbitro durante uma partida de futebol com os amigos no fim de semana.

Críticas são aceitas, desde que construtivas e que não ofendam a dignidade pessoal

Com humildade, aceitei as correções nos erros ortográficos cometidos em minhas postagens. Elas ajudam-me a melhorar meu texto, a me aprimorar. Na verdade fazem de graça, o trabalho de um revisor, que chega a custar, no Acre, cerca de 1 mil e 500 reais/mês. Contudo, as acusações são desproporcionais e ferem os princípios da razoabilidade.

Debate de idéias

Acredito que a humanidade estará em maus lençóis quando não houver mais o debate de idéias. Concordo plenamente com o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues quando este diz que a “unanimidade é burra”. E isto serve para todas matizes políticas e filosóficas. Acredito que a grandeza da humanidade está justamente nesta possibilidade de multiplicar os pontos de vista sobre a mesma realidade.

Contudo, o blogueiro em questão atribui a mim, rótulos que não me pertencem. Não sou trotskista, nem stalinista, e nem mesmo me considero marxista, ainda que acredite que sua obra, dentro do conjunto de obras de outras centenas de escritores, é sim, relevante e digna de apreciação.

Opção Religiosa

Ainda que o termo seja muito impreciso, aceito ser chamado de “xamanista” pois é o rótulo em que melhor se enquadra o conjunto de minhas filosofias de vida e foi esta a opção que declarei no senso do IBGE.
No entanto, jamais afirmei em lugar algum que o estudo da natureza pudesse substituir as aulas de português, nem tal coisa faz parte da teoria ou práxis de nenhuma das dezenas de linhagens xamânicas de que já tenha ouvido falar.
Portanto, quando o blogueiro afirma tal coisa, comete de modo muito indelicado, uma injustiça contra uma filosofia de vida, da qual desconhece completamente ou conhece apenas de modo muito superficial.

Ayahuasca

O blogueiro chega a insinuar que eu poderia ter cometido tais erros por estar sob o efeito da ayahuasca. Ora, isto demonstra, além do total desconhecimento do assunto, um total desrespeito com o direito de liberdade de culto e suas garantias constitucionais. Não saber tratar condignamente, a opção religiosa de milhares de brasileiros demonstra um despreparo inadmissível para um advogado.
Primeiro, porque o uso da ayahuasca se dá de modo ritualístico, em cerimônias apropriadas e nunca para se escrever textos ou qualquer outra atividade do gênero.
O uso ritualístico da ayahuasca é uma prática religiosa que segundo algumas fontes pode remontar há mais de 10 mil anos atrás. Muito antes da chegada dos primeiros seringueiros ao Acre, a bebida já era utilizada para finalidades mágico-medicinais e teve seu uso parcialmente banido, devido à perseguição religiosa.
Mestres das mais diferentes linhagens que utilizam a ayahusca, que fazem seu uso há 30, 40 anos, não apresentam quaisquer sinais de distúrbios decorrentes de seu uso. Pelo contrário normalmente, apresentam lucidez e memória acimas da média para a idade correspondente.
Tal insinuação é de um desrespeito tamanho, pois olvida o fato de que a cultura ayahuasqueira, em suas diferentes vertentes, faz parte das raízes culturais do estado do Acre e está em vias de patrimonialização pelo Estado Brasileiro.

Vale a pena citar também o nome de alguns jornalistas e escritores acreanos que fazem uso da bebida sagrada, em diferentes rituais: Altino Machado, Antônio Alves, Flaviano Shneider, Nelson Liano Jr. entre outros.
É importante lembrar que a intolerância religiosa e o desrespeito às minorias é uma das características das tiranias, sejam elas de esquerda, ou de direita.

Detratação

Por último, ao associar minha imagem a termos pejorativos como “miserável”, “analfabeto” ou “sedizente”, comete-se uma injustiça não somente contra mim, mas contra meus familiares e amigos que me tem em alta estima.
Apesar de cometer erros de grafia em um blog, continuo sendo um profissional digno que jamais aceitou dinheiro de nenhum político, para dizer “isso” ou “aquilo” de ninguém. Sou também um pai de família, tenho dois filhos e confesso que não é agradável, imaginar que algum de meus filhos, meus pais e familiares e mesmo amigos, vejam minha imagem associada a termos depreciativos, tais quais foram utilizados no blog.

O uso de tais termos, associado à minha imagem, fere aos princípios da razoabilidade e comete injustiça não apenas à minha pessoa, mas também a familiares e amigos.

Em minha profissão, já tive que lidar com criminosos das piores índoles, políticos de caráter duvidoso e profissionais sem um pingo de ética ou compromisso.
Contudo é dever do jornalista, informar, sem promover o achincalhe público de uma personalidade, seja ela qual for. Pois toda pessoa, por pior tenham sido suas ações, merece ser tratada dignamente se não em seu próprio nome, em nome de seus familiares.Não sei em qual faculdade de direito este blogueiro se formou, contudo, estou certo que deve ter aprendido de seus professores a tratar dignamente até mesmo aquele que esteja sentado no banco dos réus. Ao usar termos depreciativos, associados à minha imagem, na internet, está causando um prejuízo cujas proporções são difíceis de serem calculadas.

Despeço-me, firmado na Lei Universal: "somos livres para plantar, mas não para colher, pois só colheremos o fruto daquilo que plantarmos"

PS:Minhas sinceras desculpas sobre possíveis erros gramaticais aqui cometidos. Não tenho revisor e me tempo é escasso para uma revisão detalhada pois ainda tenho mais três textos para escrever, ainda hoje.

* Expressão utilizada por xamãs peruanos quando evocam a força da Justiça Universal