O pesadelo de Vagner Sales

De todas as pré-candidaturas e especulações, tem uma que particularemente se configura como a mais difícil de ser enfrentada em uma eventual disputa com o atual prefeito: Henrique Afonso.

Vagner não teme entrar em uma disputa com Marcelo Siqueira, por razões óbvias. Com César Messias, a disputa seria mais acirrada, mas Vagner não teria medo de enfrentar a máquina governamental. Colocaria-se mais uma vez como o candidato do tostão contra o milhão, como o candidato legítimo de Cruzeiro do Sul contra o nome imposto de Rio Branco. As denúncias de nepotismo e enriquecimento que hoje pesam contra o atual prefeito poderiam ser facilmente rebatidas com acusações semelhantes contra o vice-governador. E Vagner não precisaria nem mesmo se desgastar acusando César. Sua indicação desagradaria os setores da FPA que hoje acreditam serem capazes de disputar a eleição e César seria alvo fácil do "fogo amigo". Apesar de ser considerado o "nome que mais une a FPA", sua indicação poderia simplesmente provocar uma deserção de um ala importante da frente.

Se ganhar contra César nestas circunstâncias, Vagner se afirma como nome forte da oposição para alçar vôos mais altos e César, corre o risco de encerrar sua carreira política. Se perder para César, perde de cabeça erguida e é nome forte para disputar um mandato no legislativo estadual. Vagner não tem medo de César.

Vagner teme Henrique

Henrqiue Afonso é bom de discurso (ainda que às vezes confunda o palanque, com o púlpito) e venceria tranquilamente um debate com o atual prefeito. Henrique Afonso tem serviços prestados para Cruzeiro do Sul, o mais evidente a Universidade da Floresta. Por sua postura pé- no-chão Henrique encarna muito bem o desejo de autonomia das instituições do vale do juruá, em especial à própria universidade que já nasce com o seu DNA. Também por esta razão, seria capaz hoje, de mobilizar uma militância pluri-partidária e apartidária em torno de seu nome. Algo que o PT, por si mesmo, em Cruzeiro do sul, não é capaz.

Henrique Afonso é intransigentemente, honesto e até prova em contrário, sempre rejeitou qualquer "oportunidade" de enriquecimento pessoal. Henrique Afonso é a antítese da atual classe política que de modo cada vez mais escancarado aparece aos olhos da população como pessoas sem compromisso a não ser com o próprio bolso.

As posturas tomadas pelo parlamentar em "defesa da vida e da família" que no Brasil ganharam a pecha de homofóbica e que seriam uma grande desvantagem em uma eventual disputa em rio Branco, em Cruzeiro do sul, são na verdade uma bandeira forte capaz de aglutinar católicos e evangélicos do eleitorado mais conservador cruzeirense.

O fato de Henrique ter perdido a disputa contra Zila Bezerra, ao contratio do que dizem alguns idiotas da capital que nunca puseram os pés no Juruá, ao contrário de o fragilizar, iria-o fortalecer com a simples tese do "olha só no que deu". Henrique foi derrotado, não poder ser um nome fraco, ma simplesmente pela rejeição ao PT. O povo não votou em Zila, votou contra o PT.

Henrique é hoje certamente o nome mais forte para a disputa eleitoral contra Vagner e se o PT decidir não apoiá-lo, poderá estar fazendo, na verdade, um grande favor à sua candidatura, pois não teria que arrastar consigo toda a nomeclatura pesada de politicos que ainda que tenham feito muito pelo Juruá, são vistos com desconfiança pela população, por aparentarem uma tentativa, de "tomada" do poder em Cruzeiro do Sul à força. Algo que Vagner saberia se defender muito bem.
Já Henrique, mesmo sem o apoio "oficial" da FPA seria capaz de aglutinar em torno de si setores importantes dos partidos que compõe a frente em Cruzeiro do Sul.