Feliz 2012: "Outro Mundo é Possível"

O que têm a ver Calenário Maia, Movimento Zapatista, revolução on line e Fórum Social Global?

Bem, 2012 é o fatídico ano final do do chamado "calendário maia" a quem muitos atribuem, erroneamente como uma "anunciação" do fim do mundo.

Não sou especialista em calendário maia, mas posso afirmar que este povo do sul do México criou um dos mais precisos sistemas de m,edição de tempo, o que inclui o tão falado calenário.

Existe hoje, uma verdadeira legião de seguidores do calendário maia e nenhum dos quem conversei ou troquei informações afirma que o dia 21 de dezembro de 2012 seja o "Fim do mundo".
A interpretação mais recorrente é a de que os maias previram um evento astronômico que é o alinhamento da Terra e do sistema solar que ocorre, segundo os astronômos maias a cada 7.890 anos e 41 dias. Vale ressaltar que o calenário maia é mais preciso do que o calendário gregoriano pois o erro anual é de apenas 37 centésimos de segundo com relação ao ano solar verdadeiro, enquanto o nosso calendário Gregoriano apresenta um erro anual de aproximadamente 26 segundos em relação ao ano solar.

O alinhamento significaria para os antigos mais, o fim de um ciclo, e íncio de outro. Para os maias, assim como para a maioria dos povos pré-colombianos o tempo era represnetado como uma espiral e não linear como estamos acostumados a ver dentro da ótica judaico-cristã, greco-romana e cartesiana em que nossa civilização está fundamentada. Portanto, para os Maias, a priori não faz sentido falar em "fim do mundo", uma vez que não existe fim, sem que este signifique um recomeço.

Para os seguidores do calendário maia, 21 de dezembro marca o fim de um mundo de materialismo, de consumismo e de desrespeito com a natureza e a ancestralidade.
Os antigos maias haviam previsto que este período "nefasto" teria seu início no ano de 1508 (o que concide com o início da conquista espanhola no México) e seu fim, exatamente no dia 21 de dezembro de 2012.

Maias, Zapatistas e a Revolução On Line
O calendário mesoamericano provavelmente se originou com os olmecas (antecessores dos Maias),em um assentamento que existia em Izapa, no sudeste de Chiapas, México, antes de 1 200 a.C..

Chiapas é o palco de uma insurreição permanente desde o início da década de 90, quando teve início o chamado movimento zapatista. Os Maias que jamais foram extintos como crêem alguns (eles apenas abandonaram suas cidades antes da chegada dos espanhóis) vivem exatamente na região de Chiapas. O Movimento zapatista teve início como uma revolta armada sobretudo contra a crescente influência do capitalismo proveniente dos EUA que resultou na expropriação de terras e apropriação dos seus recursos naturais e o empobrecimento progressivo dos camponeses, como conseqüência direta dos acordos bilaterais entre Mexico e EUA que deram origem à Nafta (que mais tarde seria o embrião da ALCA, que graças principalmente ao presidente Lula, naufragou)

Após a rápida insurreição armada, o movimento recebeu apoio de intelectuais do mundo inteiro. Vale a pena lembrar que na década de 90 a propalada "vitória" do capitalismo sobre o socialismo não dava maregm para contestações ao sistema. No vácuo da esquerda atônita, eis que surge o movimento zapatista. Os zapatistas logo perceberam que as armas de fogo eram instrumentos muito menos eficazes do que a mídia eletrônica e inauguraram a era das revoluções virtuais.

Sim, meus caros, foram os índios Maias os precursores dos movimentos revolucionários virtuais que hoje se espalham pelo mundo através das redes sociais nas suas diferentes "primaveras" (para saber mais sobre o uso das mídias eletrônicas pelos zapatistas, ler o artigo "Das montanhas ao ciberespaço de Pedro Henrique Falco Ortiz - USP) . O movimento zapatista acabou sendo apelidado pelo escritor mexicano Carlos Fuentes e pela mídia internacional como primeira guerrilha da era pós-moderna ou pós-muro de Berlim.

Não há exagero em afirmar portanto, que o movimento zapatista foi o pioneiro na contestação do capitalismo global, em uma era em que as teses socialistas entraram em cheque por conta da derrocada do modelo socialista imposto pela URSS ao leste europeu.

Neste contexto, surge o Fórum Social Mundial, reunindo as vozes dissonantes dos cinco continentes, em uma só voz "Outro Mundo é Possível".