quarta-feira, 29 de julho de 2009

Deputada comunista manda assessor do PT fechar a matraca


"Está na hora dele fechar a matraca e falar apenas do que conhece, porque de Cruzeiro do Sul esse nosso amigo não conhece nada", declarou ao jornalista Mariano Maciel, em entrevista nessa quinta-feira, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC). Ela referia-se ao assessor do governo estadual, Nepomuceno Carioca.

Ele teria dito a um jornal de Rio Branco que "não há estado de direito em Cruzeiro do Sul", segundo o assessor "o Partido dos Trabalhadores sofre represálias no município, porque cobra dos comerciantes o imposto devido".

"As pessoas precisam conhecer melhor Cruzeiro do Sul. Saber como os empresários de lá dão duro, e a população se esforça para que a cidade evolua", disse. Perpétua lembra que "há algum tempo uma deputada do PT (Nalu Govea) disse que na região de Cruzeiro do Sul a droga corria solta, e que as pessoas enriqueciam a custa de (venda) de drogas". Indignada ela conta que "dessa vez também um dirigente do PT diz que no município não existe estado de direito. Acho isso um absurdo" afirma a deputada.

Para a parlamentar, a cidade não pode ser avaliada mediante aos fatos que ocorrem com algumas pessoas. "Porque um ou outro têm problema com a justiça, não se pode achar que todos têm o mesmo problema". Na sua opinião, a declaração de Carioca é uma falta de respeito, porque, segundo avalia, "aquela região tem um povo batalhador, que vive em uma área isolada do estado do Acre e até do país, e que luta para sobreviver e sustentar seus filhos".

Perpétua garante que a opinião de Carioca não é a mesma da Frente Popular (união de partidos que apóiam o governo estadual). "Esse cidadão deveria vir a público pedir desculpa às pessoas, e falar apenas do que conhece. Estamos todos unidos para melhorar Cruzeiro do Sul. O que queremos é unir esse estado de ponta a ponta", finaliza. De acordo com a comunista, a conclusão da estrada (referindo-se a BR-364) que liga Cruzeiro do Sul a capital, está prevista para 2010.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Destruindo nossa história


Marcelo Siqueira

Parado e perplexo, encontro consolo olhando pro nada e recordo de minha infância quando quantas vezes sem dar muita importância eu escutei a voz do cantor Zé Geraldo ecoar pelo rádio dizendo que “toda força bruta representa nada mais que um sintoma de fraqueza.”
Apesar de verdadeira, ainda hoje em minha cidade o uso da força bruta expressa na canção parece ser o instrumento de trabalho daquele que por hora deveria estar cuidando dos interesses do povo, mas ao que parece prefere optar por ultrapassar todos os limites éticos possíveis para atender supostos e evidenciáveis interesses.
Primeiro a demagogia, depois o populismo barato que materializou os verbos do “profético” de codinome “esperança do povo” em uma pichação azul que tomou conta da cidade.
Depois vieram as críticas, que apesar de matinais, não representaram nada, pois tal como nos regimes totalitários, em nossa cidade parece haver somente uma voz e uma só vontade que quer, eu disse, “quer” se sobrepor a tudo e a todos.
A tentativa de arrancar, sem o mínimo escrúpulo o monumento do Marechal Thaumaturgo de Azevedo, representa um atentado a história e a cultura do povo do Vale do Juruá. Tal atitude representa um afronte sem tamanho a dignidade de cada homem e cada mulher que vive sobre o chão daquela que um dia foi chamada de selva ondulada, e que graças a Thaumaturgo de Azevedo hoje ostenta o nome de Cruzeiro do Sul.
Sem exageros temo que ao invés de um capcioso estacionamento ali seja postada uma nova estátua, e nem queiram saber de quem, me recuso a pensar.
A verdade é que tal abuso, tal afronte ao meu irmão representado em um monumento, construído com o suor dos tributos de todos nós, representa uma intimação a toda sociedade civil organizada, aos educadores, aos trabalhadores de modo geral, e principalmente aos estudantes que têm o futuro nas mãos, sejam eles da UFAC ou da mais simples escola levantada neste chão, para que “sem recuar, sem cair, sem temer” estes digam não a este método absurdo de governar, não a política do autoritarismo, não ao pincel que polui visualmente nossa cidade e para dizer não a mão malfazeja que tenta arrancar “na calada” um dos mais importantes símbolos de nossa história.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Cruzeiro do Sul nunca mais será a mesma!


Leandro Altheman


Gente carregando peixes nas embiricicas, embarcações que no inverno chegam até a porta das casas, oficinas que consertam barcos ao invés de automóveis. Pecualiaridades de um bairro que é a síntese das contradições que fazem o Vale do Juruá.

Há o aspecto que incomoda: tráfico de drogas, prostituição, venda de bebidas alcoólicas em bares para lá de suspeitos. Mas a Lagoa não é só isso. Certa vez descrevi a Lagoa como uma espécie de “faroeste” amazônico onde o deserto empoeirado do oeste americano é substituído pela lama da beira do rio. O cavalo, pela canoa, o Whisky pelo “Corote”, a Winchester, pelo terçado, e o “Can-can” pelo Forró.”

Estamos assistindo às últimas cenas de um filme perto de acabar.

Na rua da Castanhola também há muita dúvida. A certeza é de que os terrenos e imóveis serão imensamente valorizados, mas provavelmente não haverá mais lugar para o comércio varejista que hoje sobrevive da venda de “estiva” (sal, açucar, óleo, sabão, o básico) para agricultores e ribeirinhos que chegam em Cruzeiro do Sul através da Lagoa. Herança do sistema de aviação do tempo em que a borracha ainda era a economia da região.

A construção da ponte sobre o rio Juruá deve alterar para sempre o modo de vida destas pessoas. Claro que, a nostalgia não é argumento para que não se faça a ponte. Pelo contrário. Estamos assistindo ao início de uma nova era. Cruzeiro do Sul será lembrado em duas fases: antes e depois da ponte.

No bairro do Miritizal as expectativas são mais positivas. Entrar no segundo distrito de Cruzeiro do Sul é uma espécie de “túnel no tempo”. O isolamento do bairro ajudou a preservar alguns costumes que são lembrados pela população do tempo dos seringais. Nas margens do rio Juruá, casas bem cuidadas, terreiros limpos, sombra de árvores e as mulheres que lavam a roupa nas praias como faziam as suas avós.

É possível até que muito disso permaneça mesmo depois da ponte, a menos que a especulação imobiliária faça as famílias se retirarem para outras áreas do bairro.

Tudo é na verdade uma grande incógnita. Será que teremos ali uma espécie de “gameleira”, como em Rio Branco? Ou será que a área residencial dará lugar a galpões de desembarque de cargas? Ou ainda, permaneceram as casas, dando aos moradores nova qualidade de vida?

Perguntas que por enquanto, ficam sem resposta.


Seria importante que o poder público, tivesse em mente o que todas estas mudanças podem trazer. A prefeitura não pode se escusar desta preocupação, mas infelizmente, não vejo hoje nem a prefeitura nem a própria sociedade de Cruzeiro do Sul com maturidade suficiente para planejar o seu futuro.

O mesmo se aplica em relação à BR 364. Estamos às vésperas da abertura, e a sociedade cruzeirense ainda não conseguiu avançar o debate além do preço do tomate.

Não há planejamento, não há debate e isto não pode ficar por conta do governo. É um papel que cabe à sociedade e ao poder público municipal.

Precisamos aprender a utilizar o desenvolvimento ao nosso favor, trazendo qualidade de vida e esperança ao invés de destruição. Isto se faz com planejamento.


É preciso despertar a tempo de decidir que futuro queremos para nós e nossos filhos.

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Demônio são os Outros


Leandro Altheman


O filósofo Jean Paul Sartre tinha uma fase que se tornou célebre: “O Inferno são os Outros”. Segundo ele, são os “outros” quem afinal, nos trazem a maior parte dos desgostos e dissabores na vida.

Apesar de discordar deste ponto de vista, por acreditar que também são os “outros” que muita às vezes nos trazem alegrias e momentos felicidade, concordo que em toda história da humanidade, pintar o “outro”, como o inimigo a ser erradicado, é a tônica do discurso.

Tornou-se lugar comum, ao longo da história o processo de “satanizar” aquilo que é diferente e muitas vezes incompreensível. Mesmo nas escrituras são fartos os exemplos em que divindades de outros povos são tratados como “coisa do demônio”. Aliás a própria palavra “demônio”foi deturpada ao longo do tempo. Inicialmente, em seu sentido original eram apenas “gênios” protetores de fontes, bosques e montanhas. As palavras daemon, dinn, demônio e gênio são cognatas. Nada tinha a ver com o conceito maniqueísta de “mal absoluto”. Um jeito simples e eficiente de manter o povo na linha, livre das perigosas influências estrangeiras.

Depois o mundo greco-romano tratou de pintar aquilo que estava fora de suas fronteiras como “bárbaro”. A palavra “bárbaro” inicialmente significa “aquele que fala uma língua irreconhecível ou simplesmente: “balbuciante””. Depois tornou-se sinônimo de violência, o oposto de civilização.

Os exemplos são tantos na história que seria tedioso aqui descrevê-los todos, mas o que mais impressiona é que o expediente de “satanizar” aquilo que é desconhecido e diferente, continua sendo utilizado com praticamente a mesma eficácia. Mesmo gente culta e estudada se rende ao apelo fácil do medo que pinta no diferente, o oposto a ser evitado, combatido, destruído.

O recurso, ainda que utilize preceitos da lógica, é muito mais um apelo emocional que encontra eco na caverna de nossos medos mais profundos, enraizados na escuridão deste desconhecido que cada um é para si mesmo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Crônica da Cidade Azul


Nem o “Sanhaço” gostou

Marcelo Siqueira

Qualquer cidadão que sair do conforto de seu lar e ousar trafegar nas precárias ruas da Cidade de Cruzeiro do Sul perceberá que além de buracos, e, dos “buracos mal tapados”, este ainda terá que se deparar com uma paisagem “azul”, que poderia até ser bela, se não fosse o mau gosto de quem comete os excessos que têm transformado a famosa “princesinha do Juruá” em uma cidade feia. Ou como dizem os populares: “com certa semelhança com um angelical cemitério”.
A polêmica está no ar e não são poucos os comentários, pois para onde você olhar haverá sempre uma mureta azul, um poste azul, uma escada azul, uma caixa de lixo azul, e a coisa é de um fanatismo tamanho que até o belo pássaro “sanhaço” que exibe com exuberância esta nobre cor, deve andar cabisbaixo com a idéia.
Dizem que a motivação de tal atitude, que para nosso desespero parte da gestão municipal, está numa suposta guerra psicológica de origem político partidária, onde o azul é o grande adversário do vermelho. Tal fato, se não fosse estranho ainda assim seria de uma pobreza intelectual medonha, visto que a própria história nos ensina que cores como o azul, o branco e o vermelho, representam, por exemplo, a tríade francesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade.
Todavia, qual o sentido de por um capricho pessoal alguém poluir visualmente toda uma cidade, mesmo com o descontentamento evidente da população? Essa pergunta talvez seja muito difícil para quem já está cego no universo da política, ou talvez a resposta possa está na tentativa de transformar Cruzeiro do Sul numa espécie de “Patinho Feio”, com uma falta de bom gosto de incomodar Hans Christian Andersen no paraíso.
Assim, só resta ao povo desta bela cidade clamar pelo bom senso, virtude rara por aqui, pois num passado recente a mesma metodologia deixou a cidade cor de rosa, onde ao invés de um mar de belas pétalas a coisa ficou, como diria Chico Buarque, literalmente “preta”. Mas, ainda há esperança, ou não? Quase me esqueci que quem está no comando azul é o habilidoso homem de camiseta pólo azul que se intitulou de “a esperança do povo”. Povo este que aguarda ansioso pelas promessas de uma escola de informática azul (prevista para janeiro de 2009, quando?), de uma saúde de qualidade “azul”, de excelentes escolas “azuis”, com servidores felizes com seus salários “azuis”, com um homem do campo contente por produzir e vender de tudo, sendo que este é o mais feliz de todos, pois não existe por aqui nenhuma fruta azul.
Por fim, não há com o que se preocupar, pois como de costume já temos um culpado, ou melhor, uma culpada, trata-se de nossa inocente bandeira que apesar de bela e serena, esta tem que assistir em silêncio a “prostituição” que o homem faz de suas cores.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Arthur Virgílio desiste do projeto solicitado pela Globo


Altino Machado

Pressionado pela opinião pública, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) decidiu que vai retirar o projeto que unifica a hora legal em todo o território brasileiro. Caso fosse aprovado, o Brasil deixaria de ter três horários oficiais. O projeto, que já foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), foi apresentado com a alegação de que eliminaria diferenças de fuso horário verificadas no Amazonas, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima, cujos relógios marcam uma hora a menos que o horário de Brasília, além de ilhas como Fernando de Noronha, onde marcam uma hora a mais.

Na verdade o movimento político para alterar o fuso horário na região Norte começou após e entrada em vigor dos dispositivos da Portaria 1.220/07, do Ministério da Justiça, que determinam que as emissoras de TV adaptem suas transmissões aos diferentes fusos horários vigentes no país em função da classificação indicativa dos programas.

As emissoras de TV, sobretudo a Rede Globo, radicalizaram a ofensiva contra a medida, prevista no Estatuto da Criança e Adolescente e na Constituição Federal. As emissoras de TV tiveram que alterar a grade da programação nos estados da Região Norte e Centro-Oeste que possuem fuso horário diverso do adotado em Brasília, “atrasando” seus programas em uma hora. Elas alegam que a gravação dos programas tem um custo insuportável.

Com a mudança, oficialmente o sol passaria a nascer no Acre às 8 horas. No ano passado, entrou em vigor um projeto de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), sancionado pelo presidente Lula, que reduziu a diferença do fuso horário do Acre em relação à Brasília de duas para uma hora. A mudança, um pedido da Globo, foi realizada sem consulta à população e tem causado estragos na popularidade do senador no Estado.

Viana chegou a apresentar uma emenda ao projeto de Virgílio para que o país tenha como referência a hora da Amazônia (quatro horas a menos em relação ao meridiano de Greenwich) e não a hora de Brasília (três a menos em relação ao meridiano de Greenwich).

A deputada federal Perpétua Almeida (PC do B-AC) conversou com o senador Arthur Virgílio e ouviu dele a confirmação de que o projeto de unificação da hora legal brasileira foi apresentado a pedido do empresário Phelippe Daou, dono da Rede Amazônica de Televisão, afiliada da Rede Globo.

Leia a entrevista com Perpétua Almeida no Blog da Amazônia.

Texto publicado originalmente no Blog do Altino Machado

Comentário do Bloger

Em Texto anterior no "Terra Náuas" havia comentado sobre a hipocrisia da Rede Globo no seu denuncismo à exploração sexual infantil (A Hipocrisia de Domingo). Se a emissora estivesse de fato preocupada, o mínimo seria de se esperar que fizesse a "lição de casa", ou seja, adequar os horários das suas novelas aos diferentes fusos brasileiros. O pior de tudo é saber que tem gente que se rende a estes interesses. E que se dane o ser humano!