segunda-feira, 27 de julho de 2009

Destruindo nossa história


Marcelo Siqueira

Parado e perplexo, encontro consolo olhando pro nada e recordo de minha infância quando quantas vezes sem dar muita importância eu escutei a voz do cantor Zé Geraldo ecoar pelo rádio dizendo que “toda força bruta representa nada mais que um sintoma de fraqueza.”
Apesar de verdadeira, ainda hoje em minha cidade o uso da força bruta expressa na canção parece ser o instrumento de trabalho daquele que por hora deveria estar cuidando dos interesses do povo, mas ao que parece prefere optar por ultrapassar todos os limites éticos possíveis para atender supostos e evidenciáveis interesses.
Primeiro a demagogia, depois o populismo barato que materializou os verbos do “profético” de codinome “esperança do povo” em uma pichação azul que tomou conta da cidade.
Depois vieram as críticas, que apesar de matinais, não representaram nada, pois tal como nos regimes totalitários, em nossa cidade parece haver somente uma voz e uma só vontade que quer, eu disse, “quer” se sobrepor a tudo e a todos.
A tentativa de arrancar, sem o mínimo escrúpulo o monumento do Marechal Thaumaturgo de Azevedo, representa um atentado a história e a cultura do povo do Vale do Juruá. Tal atitude representa um afronte sem tamanho a dignidade de cada homem e cada mulher que vive sobre o chão daquela que um dia foi chamada de selva ondulada, e que graças a Thaumaturgo de Azevedo hoje ostenta o nome de Cruzeiro do Sul.
Sem exageros temo que ao invés de um capcioso estacionamento ali seja postada uma nova estátua, e nem queiram saber de quem, me recuso a pensar.
A verdade é que tal abuso, tal afronte ao meu irmão representado em um monumento, construído com o suor dos tributos de todos nós, representa uma intimação a toda sociedade civil organizada, aos educadores, aos trabalhadores de modo geral, e principalmente aos estudantes que têm o futuro nas mãos, sejam eles da UFAC ou da mais simples escola levantada neste chão, para que “sem recuar, sem cair, sem temer” estes digam não a este método absurdo de governar, não a política do autoritarismo, não ao pincel que polui visualmente nossa cidade e para dizer não a mão malfazeja que tenta arrancar “na calada” um dos mais importantes símbolos de nossa história.

2 comentários:

  1. Caro Leandro. Só hoje acessei teu blog, veja quanto descuidado sou. Sempre haverá tempo para reconhecer os erros, não? Vou tomar o juízo de adiciona-lo ao meu blog (minhascolinas.blogspot.com)
    Parabéns, meu amigo! Principalmente por esse amor tão verdadeiro que tens demonstrado a estas paragens, a um só tempo, tão belas e tão carentes de juízo.
    Marcelo tem razão ao citar Zé Geraldo, toda força bruta...
    No mesmo rumo, cito outro Zé (o Ramalho) "Cada um dá o que tem, diz um dito soberano, e nesse sagrado plano, impera quem faz o bem..."
    E uma frase minha, que tenho exercitado: "Enquanto analfabetos governarem intelectuais...
    Um abraço.

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  2. Vou te contar Leandro o Vagner não perdeu o costume de ser um coronel de barranco, olha só já não temos quase nada da nossa história e ele que tirar um pedacinho que tem. Engraçado!

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