quinta-feira, 29 de abril de 2010

De Volta da Terra do Mucá


Leandro Altheman


Em primeiro lugar quero me desculpar com os meus poucos, mas valiosos leitores pela minha ausência de quase tres meses.

Foi este o tempo em que passei em meu "Samakae", ou seja formação, no terreiro sagrado do povo Yawanawá na Terra Indígena do Alto rio Gregório.

Teremos muito assunto pela frente nos proximos dias, pois quero escrever um pouco sobre este aprendizado que é feito com o Mucá, a planta dos sonhos.

Neste período estive sob a orientação de um ancião de 98 anos do povo Yawanawá, o Sr. Vicente Yawarani, de quem tanto a prendi e que tanto ainda tem a ensinar. Uma das questões abordadas é a desmitificação daquilo que convencionalmente em nossa sociedade se chama de "pajé". Pude presenciar uma das muitas etapas importantes desta formação e quero compartilhar com meus leitores um pouco desta experiência nos próximos dias.

A foto acima é da simpática casinha onde atei minha rede durante estes quase tres meses de isolamento na floresta.

Busca da Visão


Leandro Altheman

Para quem conhece um pouco sobre a cosmovisão andina, percebeu que faltou falar sobre o Condor, que completa a trilogia juntamente com o Puma e a Serpente, como guardião do "mundo de cima". O Condor, por enxergar as coisas do alto é evocado sempre que se busca uma visão superior sobre o nosso próprio mundo, nossa própria realidade.
Contudo, é algo que ainda estou buscando, portanto, tenho muito pouco a explicar. Só posso dizer que para ter uma visão superior, elevada, é preciso se abandonar as crenças e os apegos que nos mantém presos ao chão, ou seja, aquilo que acreditamos ser a realidade e que na verdade é apenas uma pequena parte dela, ainda muito aquém das nossas reais potencialidades como seres humanos. É preciso abrir as asas de um propósito maior, é com elas, voar alto, para ver que a realidade também é maior do que imaginávamos.