sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Sarça Ardente revelada

A declaração foi feita pelo especialista em psicologia cognitiva da Universidade Hebraica de Jeruslaém, Benny Shanon.

Leandro Altheman

A palavra páscoa deriva do hebraico "pesach", nome que significa literalmente "passagem".

É uma alusão à passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho. Passagem que determinou a sua afirmação enquanto povo. O que a descrição bíblica quer ensinar é de que a travessia do impossível se torna possível a partir da fé e da orientação divina. Durante milênios os hebreus se reuniram para a comemoração em que este ensinamento é passado para as novas gerações, transmitindo a essência.

A páscoa cristã foi uma “reivenção” da páscoa hebréia . Conta a tradição bíblica que a ressurreição de Jesus que ocorreu durante a comemoração do "pesach". Também há aí o sentido de uma passagem através do impossível, ou seja, a própria morte.

Agora, voltemos a Moisés e de onde exatamente ele recebeu a orientação divina para a sua missão de conduzir o povo.

A história bíblica conta que Moisés subiu o Monte Sinai e lá, diante de uma "Sarça Ardente", teve as revelações divinas com as quais conduziu o seu povo. "E vendo o Senhor que ele se virara para ver, chamou-o do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés! Respondeu ele: Eis-me aqui". (Exôdo. Cap. 3).

Apesar de não trazer detalhes de como teria sido esta conversa entre Moisés e a "Sarça Ardente"; mas o fato é que uma planta serviu de ponte entre homem e Deus.

“Foi em virtude deste acontecimento que Moisés passou a referir-se à Deus, como aquele que habita na sarça o que fez pela primeira vez durante a bênção das tribos de Israel” (Deuteronômio 33:16).

O professor israelense Benny Shanon, da Universidade Hebraica de Jerusalém causou protestos entre os judeus ortodoxos ao sugerir que o profeta Moisés teria ingerido Ayahuasca. O professor teve contato com a bebida em 1991 na Amazônia Brasileira, mais exatamente em Rio Branco, Acre.

A Molécula da Fé

Pesquisadores do inovador campo da consciência humana associam que importantes "passagens" da humanidade tenham ocorrido através da liberação do DMT (dimetil-triptamina) no organismo. O DMT é uma substância produzida pelo próprio corpo, o que justifica a denominação de enteógeno (ente=ser) ao invés de alucinógeno.

Jejuns, determinadas doenças, vigília prolongada, situações extremas e outras privações são capazes de estimular a produção do DMT pelo organismo.

Uma das reações do DMT no organismo seria a percepção ampliada do Universo e a sensação de que os limites humanos, normalmente experimentados no dia-a-dia, seriam apenas produtos de nossas projeções mentais, sem relação intrínseca com a realidade subjacente. Em outras palavras, o Universo revelado pelo DMT é aquele onde os milagres são possíveis.

Obviamente, o DMT pode ter também a sua produção estimulada através da ingestão de determinadas plantas.

Revelando a “Sarça Ardente”

Particularemente, discordo do professor Benny Shanon, apenas por uma razão: as plantas da ayahuasca não vingariam no solo desértico e montanhoso do Sinai.

Mas voltemos então, à sarça.

"Sarça" é uma espécie de nome genérico para um tipo de arbusto espinhoso, da família das acácias, a mesma da Jurema. A “Sarça Brasileira”, ou seja, a Jurema é uma planta espinhosa do sertão nordestino. Não por acaso, assim como a ayahuasca, a Jurema é também utilizada como forma de conexão com o mundo espiritual em rituais indígenas.

Ayahuasca, Jurema, Peyote, Wachuma, Iboga e tantas outras centenas de plantas já catalogadas e outras por serem descobertas pela ciência são capazes de elevar a consciência humana ao nível do divino.

Com tantas plantas espalhadas pelos cinco continentes do planeta, capazes de despertar a consciência através da molécula do DMT, fica difícil acreditar que Deus só tenha se manifestado no Monte Sinai, para o povo Hebreu, e que o restante deste lindo planeta com incontáveis culturas e tradições esteja desprovido da presença divina. Acreditar nisto seria o mesmo que negar a própria realidade.

Libertação

Diante do povo Yawanawá, a história de Moisés, me veio de outro modo. Lembrei que os hebreus viviam como escravos, trabalhando na terra dos outros, e tendo que esconder sua própria cultura, alheios à história dos seus ancestrais.

Então Moisés subiu a montanha e lá no Monte Sinai, através desta planta sagrada, conversou com Deus e este lhe ordenou que retirasse seu povo da escravidão e o conduzisse pelo deserto até a Terra Prometida, e também fez severas recomendações com relação ao culto religioso quer deveria seguir a mesma forma da aliança selada anteriormente com seus ancestrais: Abraão, Isaac e Jacó.

Lá nos Yawanawá, existe um terreiro sagrado, onde cresce uma de suas plantas sagradas. O Mucá. De joelhos no chão e pés descalços, as lideranças do povo recebem instruções e orientações para conduzirem suas vidas pessoais e da comunidade. É através de suas plantas sagradas que vêm buscando se re-conectarem com a verdade de seus ancestrais.

É graças à esta orientação que os povos indígenas vão se transformando, de ex-escravos em protagonistas de sua própria história. Mesmo após o estrago cometido por missionários que tentaram impor uma religião e cultura alheias a sua ancestralidade, através do seu próprio universo espiritual e de sua próprias conexões eles recobram as forças para expulsar os indesejados e retomar a sua própria Terra Prometida.

Deixando para traz um passado de opressão e atravessando o seu próprio “Mar Vermelho”, realizando no seu dia-a-dia o milagre do impossível: renascer das suas próprias cinzas.

As plantas de poder são uma dádiva legada por estes guardiões.

Compartilhadas por milhares de pessoas em todo mundo das mais diferentes raças e religiões, as plantas de poder que têm revelado o verdadeiro milagre que é a Vida e o Universo em que vivemos.


quarta-feira, 20 de abril de 2011

Verdades e Mentiras sobre os “índios”


Nestes mais de dez anos vivendo no vale do Juruá, já ouvi todo tipo de coisa sobre os nativos desta região. Creio que o dia do índio seja um momento oportuno par esclarecer alguns pontos obscuros que se tornaram lugar-comum e se faço esta postagem podem ter certeza, é muito mais para repor a verdade dos fatos, do que simplesmente para “defender os índios”, como costumam me dizer. Até por que os índios já provaram que são muito bem capazes de defenderem-se a si próprios, melhor até do que a maioria dos “brancos”.

Índio é preguiçoso

Vivi durante quase três meses em uma aldeia indígena do rio Gregório, do Povo Yawanawá. E passei ainda cerca de um mês entre os Shipibo do Ucaially peruano. Posso dizer que pelo menos aqueles índios, não são preguiçosos. A rotina deles era acordar por volta das 4 ou 5 horas da manhã. O velho Pajé Yawá gosta de cantar para o Sol antes dele nascer. É a voz dele que acorda o seu povo. Por ser mais velho que os outros, sua presença em qualquer situação soa sempre como um “desafio” aos demais, especialmente aos jovens.

Homens mulheres, velhos e crianças vão até o rio para o primeiro banho do dia (o que desmente também a tese de que são “sujos”). As mulheres vão lavar roupas e louças e trazer água para suas casas, subindo o barranco com vasos e panelas sobre a cabeça. Os homens vão fazer fogo e buscar lenha. Na noite e na madrugada anterior eles saíram para caçar e pescar.

Há as temporadas de plantio e colheita e mandioca e milho, principalmente, mas também de feijão, abóbora e melancia.

As horas vagas sob sol escaldante ou chuva demasiada geralmente são aproveitadas para produzir brincos, colares, pulseiras, cocares e todo tipo de artesanato. O fazem sem pressa nenhuma, pois trata-se de uma produção artística, ainda que possa ser vendido como uma fonte de renda extra. Portanto, não vi nada de preguiça, embora o fato de eles não trazerem nada para vender no mercado possa ser interpretado desta maneira. Na verdade os índios trabalham para si e não sentem a necessidade de serem explorados como o são os pequenos agricultores.

O governo paga salário para os índios

Outra mentira. Na verdade o que existem são os mesmos benefícios que existem para todos: aposentadorias, auxílio-maternidade, auxílio-doença e os trabalhadores assalariados: professores, agentes de saúde e agentes agro-florestais. É neste momento que se evidencia o maior preconceito com relação aos nativos. A população não-indígena, ao ver os índios com seus cartões sacando nos caixas eletrônicos, sente uma pitadinha de rancor e imagina que o governo os está pagando simplesmente por serem “índios”.

Os “índios” cortam os cabos de fibra ótica

Essa foi a última que eu ouvi. A mentira espalhou-se com tamanha velocidade pelo centro de Cruzeiro do sul durante o último “apagão” digital, que me vi forçado a realizar uma intervenção ao vivo na rádio para trazer a verdadeira informação: um barranco havia caído na região de Feijó, interrompendo a conexão com celulares e internet. Como já disse anteriormente: não se trata de “defender” os índios, mas de repor a verdade.

É verdade que neste mesmo dia, senti estar diante de um preconceito tamanho, que me fez lembrar do que passaram judeus e ciganos na Europa. Bastava uma epidemia de doenças, ou uma praga de ratos e baratas parta motivar ações populares contra ciganos e judeus, responsabilizando-os pelo fenômeno. Isso era comum na Idade Média e na Alemanha Hitlerista, os judeus foram responsabilizados pela inflação e crise econômica do Estado.

Parece um discurso semelhante quando pessoas de diferentes classes sociais responsabilizam os índios e suas terras pelo suposto “atraso” Ao desenvolvimento econômico do Acre e da Amazônia.

Poria ir mais longe, e dizer que nestes períodos que vivi com os nativos que na verdade são eles que detém a chave do conhecimento da vida na Amazônia e qualquer tentativa de se fazer ciência na Amazônia, sem levar em conta estes conhecimentos tradicionais é pura perda de tempo.

Lembro-me de meu velho pajé Yawá olhando para o Sol depois de um dia estafante de trabalho. Aos 98 anos ele já havia tirado e carregado lenha, pescado no rio, ciscado todo o terreiro e cuidado das preciosas “Kenê Kauá” – os pés de chacrona, consertado o motor do barco... Ele olha para o Sol poente e agradece pelo dia, sabendo que no turno da noite terá o início mais uma jornada de trabalho, agora nas orações e curas das crianças que lhe são trazidas pelas mães. “ Nuke epá keiaki, mi tsai, ikun tsai”. – “Nosso Pai Altíssimo, sua palavra é palavra verdadeira.”

terça-feira, 12 de abril de 2011

Carta dirigida à Escola





Fui surpreendido na escola de meus filhos pela direção que me interpelou sobre a postagem anterior em que tratei da questão do proselitismo nas aulas de ensino religioso.

Sinto muito ter causado mal estar entre os professores com a postagem.

O fato é que por se tratar de um blog pessoal, não entendo este espaço exatamente como "público". Para mim é mais uma sala de bate papo com pessoas de pensamentos afins. Por isso o texto não teve preocupação com a imparcialidade. É um texto pessoal e portanto, parcial, muito longe de ser um texto jornalístico. Sobre este mesmo assunto postei uma matéria no site juruaonline, aí sim, procurando manter a imparcialidade e preserv
ar pessoas e instituições.

Bem, o fato é que o texto causou mal estar e preocupação e fui chamado para uma conversa e aqui reproduzo parte do conteúdo.

Em primeiro lugar, deixar claro que as críticas não foram dirigidas especificamente a professor A ou B, e nem mesmo à referida escola, mas sim, ao sistema em que vem sendo ministrada as aulas de ensino religioso em CZS e acredito que em todo Acre. Pois por todas escolas que meus filhos passaram, ocorreu o mesmo problema. Inclusive ao ponto do ensino de criacionismo nas aulas de ciências, o que para mim é absolutamente intolerável.

Talvez ninguém tenha reclamado antes, pois afinal, a maioria esmagadora é composta por católicos e evangélicos que não vêem mal nenhum nas aulas. A minoria espírita talvez tenha preferido até hoje manter-se calada, mesmo que depois tenha problemas em casa para ampliar a visão dos filhos, estreitada pelo ensino proselitista.

A partir desta visão de uma maioria que vai se cristalizando também nos alunos, não raro ocorre que entre os próprios alunos passa a haver discriminação dos alunos pertencentes à religiões, cultos ou doutrinas minoritários. Foi o que aconteceu com meu filho no dia em que um colega de sala o "repreendeu" ao seu declarar espírita. Não seria isso um caso de "bulling" - para usar a palavra da moda?
É justamente aí que entra o papel da escola, de ensinar o respeito e a tolerância aos diferentes modos de pensar, sentir e viver a fé. A menos que seja mais importante evangelizar do criar um ambiente e uma cultura de paz na escola.

Em segundo lugar é que na crítica dirigida ao sistema de ensino, faço a seguinte ressalva: a maioria dos professores peca não por falta, mas por excesso de dedicação. Explico: quem usa o âmbito da sala de aula para evangelizar, o faz tomado dos melhores sentimentos, acreditando que está fazendo um grande bem para aquelas crianças. Nisso que é preciso fazer esta distinção. Mais uma vez: Ensino religioso não é sinônimo de evangelização. É preciso ensinar nas escola os valores humanos universais e deixar para a igreja o papel de evangelizar, principalmente porque não se pode supor que todos os pais pertençam à mesma confissão religiosa.

Por último, gostaria de dizer que senti-me prestigiado pela escola ao ser chamado para esta conversa, e mais uma vez me desculpo pelo mal estar causado, pois jamais imaginei que o blog fosse acessado por este público.

Por outro lado, foi bom que o assunto tenha vindo a tona, pois vinha-me causando a mim próprio, mal estar, os conflitos de pensamento gerados a partir destas aulas. Tornam-se verdadeiros "nós" na cabeça de uma criança que ainda não aprendeu a usar plenamente a faculdade do raciocínio e que portanto, pode tomar como verdade absoluta, dogmas que no universo do pensamento humano são apenas mais um ponto de vista.
Para não parecer um daqueles pais que somente sabe reclamar, apresentei também a possibilidade de um ponto de vista inter-religioso para as aulas, embora acredite também que não se pode mudar um programa de ensino do dia para noite.

Neste sentido deixo aqui dois links sobre o tema:


Mestrado da Unicamp sobre o tema: Ensino Inter-Religioso. Como Fazer ?

No mais agradeço a atenção dispensada pela direção da escola em tratar do espinhoso assunto.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fanatismo e Proselitismo

O trágico episódio ocorrido no Rio de Janeiro trouxe a tona algo que há muito tempo já queria compartilhar com os leitores. A violência cometida pelo estudante é uma expressaõ do fanatismo religioso.
Mas, se o fanatismo a ponto de se matar em nome de deus seja um episódio incomum, não o é o proselitismo religioso que está sendo praticado nas escolas de Cruzeiro do Sul.

Meus filhos já comentaram comigo, várias vezes, de constrangimentos passados na escola por conta das supostas "aulas de ensino religioso". Ocorre que muitos professores interpretam que "dar aulas de religião" é o mesmo que "evangelizar".
É algo bem distinto, e "evangelizar" não é papel da escola, especialmente de escola pública de um país laico.

"-Papai qual a religião que eu sou?", perguntou-me a pequena Isabel
-"Você é uma filha de Deus, minha filha. Por hora basta você saber isso. Você terá tempo de decidir a qual religião quer pertencer", respondi

"- Pai, a professora me perguntou qual era minha religião, e eu disse que era espírita, então me disseram que isso era errado", disse meu filho Jordano que é batizado no Centro Espírita Beneficente União do Vegetal.

Esse é o tipo de diálogo e discriminação que está acontecendo nas escolas de Cruzeiro do Sul por conta de religião. É um barril de pólvora que poderá estourar mais tarde.
Quem não se lembra do caso do rio Tauarí, em que fanáticos promoveram um massacre em nome de seu deus?

Anos atrás foi distribuído nas secretarias de educação de todo país um material produzido para o ensino religioso. O material era extremamente eclético e contemplava não apenas os diferentes segmentos de religiões cristãs, mas judaísmo, islamismo, budismo, xamanismo, cultos africanos e etc... Chamava-se "O Transcendente". Neste material dizia-se que o ensino religioso deve ser ministrado tendo como base os valores humanos de amor e respeito ao próximo que são inerentes a todas as religiões do planeta. Valores que são desrespeitados na medida em que se tenta em sala de aula, impor algum tipo de fé, ou constranger os estudantes por conta disso.

Talvez a imagem publicada choque algumas pessoas. A intensão é essa mesma: alertar para o absurdo que é alguém matar em nome de Deus. Muito se fala do fundamentalismo islâmico, mas o fundamentalismo cristão tem crescido a cada dia em nosso país.

O Outro Lado


Nelson Liano Jr.

Estive nesses dias acompanhando a comitiva de integração do Acre com Pucallpa, no Peru. Foram muitas horas de solenidades de autoridades debatendo o assunto. Longos discursos sobre a aproximação cultural e comercial entre as regiões de Ucayali e do Juruá. Um processo que me parece necessário para ampliar as novas oportunidades sociais das duas regiões amazônicas.


Depois de realizar o meu trabalho profissional fui convidado pelo jornalista Leandro Altheman a visitar um curandeiro Chipibo. Saímos do hotel onde estávamos no centro de Pucallpa e fomos para o distrito de Yarina Cocha. Chegamos a um galpão comercial imenso em péssimo estado de conservação onde pelo menos uns 20 índios se acomodavam em condições subumanas num único cômodo.

No local, havia apenas uma enorme televisão e um computador. Nada de cadeiras, mesas e camas. Os nativos estavam espalhados pelo chão ou em redes e saudaram com entusiasmo o retorno do meu amigo jornalista que havia feito uma iniciação espiritual há alguns meses na tradição xamânica Chipibo.

Começamos a conversar com o mestre Miguel que demonstrou uma sabedoria imensa. Mas às vésperas das eleições presiden-ciais peruanas que acontecem no próximo domingo (dia 10) o sábio ayuasqueiro queria mesmo falar sobre política. Ele reclamava que os principais candidatos presidenciais peruanos não haviam apresentado nenhuma proposta para ajudar os cam-pesinos e nativos do país.

Lembrava de um recente massacre contra povos indígenas promovido pelo Exército Peruano em defesa de uma empresa multinacional que está se instalando na região. Contestava o esquecimento para uma assistência social adequada às milhares de pessoas que estão desabrigadas devido às cheias do caudaloso Rio Ucayali.

“Vocês têm que divulgar isso para o mundo saber”, pedia o velho mestre espiritual. Aquela situação de abandono me fez refletir sobre todas as solenidades de autoridades que havia assistido algumas horas antes. Acho que ainda existe uma grande falta de foco para os políticos do mundo inteiro para tocarem os verdadeiros problemas que afligem a humanidade.

É preciso despertar à sensibilidade dos gestores planetários para a realidade de milhões de pessoas que ainda carecem de uma atenção social básica. Não adianta falar muito e ficar numa eterna e vaidosa troca de homenagens enquanto as pessoas ainda padecem de enfermidades por falta de água potável. Já passou da hora de haver transformações nos atuais paradigmas sociais que favorecem a Lei de Gerson de levar vantagem em tudo.

Pelo depoimento do mestre Miguel o ultra nacionalista peruano Ollanta Umala caminha para a vitória. Se isso acontecer, teremos mais um país na América do Sul com um governo nacionalista. Agora, a elite capitalista deveria perguntar para si própria quem são os culpados pela ascensão do nacionalismo radical no nosso continente.

* Nelson Liano é jornalista