Fui surpreendido na escola de meus filhos pela direção que me interpelou sobre a postagem anterior em que tratei da questão do proselitismo nas aulas de ensino religioso.
Sinto muito ter causado mal estar entre os professores com a postagem.
O fato é que por se tratar de um blog pessoal, não entendo este espaço exatamente como "público". Para mim é mais uma sala de bate papo com pessoas de pensamentos afins. Por isso o texto não teve preocupação com a imparcialidade. É um texto pessoal e portanto, parcial, muito longe de ser um texto jornalístico. Sobre este mesmo assunto postei uma matéria no site juruaonline, aí sim, procurando manter a imparcialidade e preserv
ar pessoas e instituições.
Bem, o fato é que o texto causou mal estar e preocupação e fui chamado para uma conversa e aqui reproduzo parte do conteúdo.
Em primeiro lugar, deixar claro que as críticas não foram dirigidas especificamente a professor A ou B, e nem mesmo à referida escola, mas sim, ao sistema em que vem sendo ministrada as aulas de ensino religioso em CZS e acredito que em todo Acre. Pois por todas escolas que meus filhos passaram, ocorreu o mesmo problema. Inclusive ao ponto do ensino de criacionismo nas aulas de ciências, o que para mim é absolutamente intolerável.
Talvez ninguém tenha reclamado antes, pois afinal, a maioria esmagadora é composta por católicos e evangélicos que não vêem mal nenhum nas aulas. A minoria espírita talvez tenha preferido até hoje manter-se calada, mesmo que depois tenha problemas em casa para ampliar a visão dos filhos, estreitada pelo ensino proselitista.
A partir desta visão de uma maioria que vai se cristalizando também nos alunos, não raro ocorre que entre os próprios alunos passa a haver discriminação dos alunos pertencentes à religiões, cultos ou doutrinas minoritários. Foi o que aconteceu com meu filho no dia em que um colega de sala o "repreendeu" ao seu declarar espírita. Não seria isso um caso de "bulling" - para usar a palavra da moda?
É justamente aí que entra o papel da escola, de ensinar o respeito e a tolerância aos diferentes modos de pensar, sentir e viver a fé. A menos que seja mais importante evangelizar do criar um ambiente e uma cultura de paz na escola.
Em segundo lugar é que na crítica dirigida ao sistema de ensino, faço a seguinte ressalva: a maioria dos professores peca não por falta, mas por excesso de dedicação. Explico: quem usa o âmbito da sala de aula para evangelizar, o faz tomado dos melhores sentimentos, acreditando que está fazendo um grande bem para aquelas crianças. Nisso que é preciso fazer esta distinção. Mais uma vez: Ensino religioso não é sinônimo de evangelização. É preciso ensinar nas escola os valores humanos universais e deixar para a igreja o papel de evangelizar, principalmente porque não se pode supor que todos os pais pertençam à mesma confissão religiosa.
Por último, gostaria de dizer que senti-me prestigiado pela escola ao ser chamado para esta conversa, e mais uma vez me desculpo pelo mal estar causado, pois jamais imaginei que o blog fosse acessado por este público.
Por outro lado, foi bom que o assunto tenha vindo a tona, pois vinha-me causando a mim próprio, mal estar, os conflitos de pensamento gerados a partir destas aulas. Tornam-se verdadeiros "nós" na cabeça de uma criança que ainda não aprendeu a usar plenamente a faculdade do raciocínio e que portanto, pode tomar como verdade absoluta, dogmas que no universo do pensamento humano são apenas mais um ponto de vista.
Para não parecer um daqueles pais que somente sabe reclamar, apresentei também a possibilidade de um ponto de vista inter-religioso para as aulas, embora acredite também que não se pode mudar um programa de ensino do dia para noite.
Neste sentido deixo aqui dois links sobre o tema:
Mestrado da Unicamp sobre o tema: Ensino Inter-Religioso. Como Fazer ?
No mais agradeço a atenção dispensada pela direção da escola em tratar do espinhoso assunto.
Tomara que a direção da escola tenham compreendido que a assunto é bem mais complexo do que parece, mas se tratado com o devido cuidado, todos saem satisfeitos.
ResponderExcluirEu como radical que sou, proibiria meus filhso de assistirem aulas de religião/evangelizadoras.
Oi, se você também é um defensor do nosso estado "ACRE" siga também este blogger-autor: Daniel Leal- onde ele irá expor a verdade, doa em quem doer. http://recadoleal.blogspot.com/ Até mais! =D
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