terça-feira, 31 de agosto de 2010

Arqueologia da Ayahuasca 3: Religiao ou Medicina?



Achei este texto antigo entre meus rascunhos. Foi escrito em teclado espanhol durante minhas viagens ao Peru e por isso não o publiquei antes de poder corrigí-lo.

Leandro Altheman

Por que a ayahuasca toma caminhos tao diferentes nos dois lados da fronteira?

Sempre me surpreendeu o fato de que no Brasil, consolidaram-se pelo menos duas grandes religioes ayahuasqueiras: O Santo Daime e a UDV, afora a Barquinha e outros tantos grupos menores. Enquanto isso, no Peru, onde está a sua origem, não há nenhuma grande religião ayahuasqueira. Por que?

Comecei a entender esta resposta depois que percebi, que no Peru a ayahuasca não é tratada como religião, e sim, como medicina. Este foi o caminho que os sábios da floresta encontraram para perservar o seu uso sem atrair para si, a sana insandecida da intolerância religiosa cristã. Por esta razão, as dezenas de igrejas de diferentes denominações não lhe condenam o uso. Trata-se de medicina. Atravez deste expediente, por exemplo, nao há nada de errado de um adventista, por exemplo, procure com maestro da selva para curar-lhe algum mal, mesmo que seja através da ayahuasca.



Como tudo, há vantagens e desvantagens nestes dois pontos de vista. E nenhum é completo. É bom que saibam as autoridades de nosso país, que a cristalizacao do uso da bebida em uma instituição religiosa, nao está de acordo com o seu uso original. O proprio conceito de religiao é estranho à cultura indígena. Conceber seu uso como religiao tem os seus poréns. A assimiliacão de novos dogmas e conceitos pode retardar ainda mais o tão esperado "encontro consigo mesmo", que dentro de uma visão integral é a saúde plena. É certo que para atravessar os dolorosos portais do medo, da culpa, da doenca, do ódio e da morte é necessario ter fé. Fé, o que é diferente de crencas. Assim sendo, se não há obstáculo criado por diferentes conceitos e dogmas, segue-se uma linha continua até a libertacão, sem serem necessárias novas elaborações conceituais.



Ainda assim, é surpreendente o fenômeno da cristalizacao de duas, ou três grandes religioes em torno da ayahuasca no Brasil. Até onde possa detectar a bebida chegou até seus fundadores seguindo camiunhos tortuosos, trazidos por elementos marginais dentro da cultura nativa da amazonia pré-andina. Nao foi nenhum pajé, xama, ou maestro que deram a bebida ao Mestre Gabriel. Já Mestre Irineu teria recebido a ayahuasca de um xamã peruano Dom Crescencio Pizango. No caso do mestyre Gabriel "elementos marginais" que faziam uso da bebida sem pretencer a uma tradição indígena, são descritos como "mestres da curiosidade", por fazerem o uso da bebida para alcançar riquezas materias, mulheres ou pura feiticaria. Ao chegar em mãos de pessoas com principios morais elevados, é certo que a propria ayahuasca abriu-lhes diferentes caminhos e por serem marginais os elementos que a trouxeream, a partir dalí já nao havia mais nenhum compromisso com a sua origem, sua raíz cultural.



Outro fator é que a difusao da doutrina espírita no meio cultural urbano brasileiro, incluindo o meio militar, lhe abriu as portas para esta abordagem. De modo semelhante, a assimilacao dos principios salomônicos da maçonaria pelas duas religioes ayahuasqueiras, abriu-les as portas para alcancar uma elite pensante brasileira ativa desde a independencia.


Por último há a reinterpretação do universo e mitologia da ayahuasca a partir do contexto cultural afro-indígena brasileiro. Presente nas três religioes, mas de modo mais incisivo na barquinha é realmente espantoso ver a maneira original como os brasileiros reinterpretam o efeito da bebida, como sendo "mar de Iemanjá". Um oceano cósmico-psiquico aonde é necessario aprender a "navegar". Tema recorrente em todas as religioes ayahuasqueiras.



A exclusão do contexto de uso medicinal da bebida, de modo inteligente, a preservou de ataques desnecessarios da medicina formal. Resta saber se tal cristalziacao ainda corresponde aos dias atuais, uma vez que cada vez mais se estabelecem os paralelos entre a saúde psíquica e física.



Espremidos entre estas duas idéias: a de religiao e de medicina, a comunidade ayahuasqueira indígena brasileira se sai como pode reiventando o uso da bebida em contexto cultural. Assim, ela ganha contornos de uma resistencia ao assédio da cultura e religiao branca, européia, colonizadora.





Conclusao





A necessidade de se criar categorias, por vezes mais atrapalha do que auxilia o entendimento de um fenomeno tao amplo, tao complexo como o uso da ayahuasca. O fato é que ela é a um só tempo: medicina, religiao e cultura. Mas para que possamos aprender-lhe o significado precisamos ampliar nossas proprias idéias do que sejam as três coisas. A medicina compreendida como o perfeito funcionamento e equilibrio de nossas plenas funcoes físicas e psiquicas. A religião como a ligacão com um principio universal absoluto, ulterior as conceitualizações. E a cultura como uma forma particular de visão e ação no universo que nos cerca. Com o tempo, percebe-se que tais categorias estao unificadas: a saúde integral nos permite uma nova visao de mundo que por sua vez implica em uma relação diferenciada com o sagrado enquanto ma cultura ayahuasqueira, nos possibilita uma visão de mundo em que plantas, animais e elementos da natureza compartilham conosco o seu existir, ampliando o próprio conceito de "humanidade".

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Arqueologia da Ayahuasca (2)


Leandro Altheman

Os Incas adoravam ao Sol?

Os arqueólogos descobriram vestígios suficientes para responder a esta pergunta com um veemente, sim.

Mas o que diriam os arqueólogos do futuro quando percebessem que nas ruínas de todos os templos e igrejas de nossa era existe um relógio. Poderiam intuir que fossemos "adoradores do tempo"? Uma questao meramente provocativa, uma vez que muito provavelmente existirao indicios suficientes para lhes revelar a natureza das crenças atuais. Infelizmente, os cristaos nao nos deram esta oportunidade de conhecer a legítima fé dos antigos andinos, uma vez que a destruiram por completo. Em nossa era conhecer a medida exata do tempo é imperioso para que a possamos cumprir nossas atividades diárias. De modo análogo em sociedades agrícolas como as andinas, conhecer o Sol significa prever as estaçoes e melhor planejar os trabalhos no campo, da semeia à colheita. Uma questao prática de sobrevivência, assim como hoje.

É certo que suas instituiçoes políticas refletiram a sua visao de mundo: se a natureza nos mostra que tudo depende do Sol, criemos entao o reflexo dela em nossas instituiçoes. O Sol está para o Universo assim como o Inca está para o Tawantinsuyu. "Assim na terra, como no céu."

Em minhas viagens pelo Peru andino, percebo que muitos estudiosos já contestam este "culto ao Sol", como se fosse este o absoluto. É certo que lhe rendiam homenagens, do mesmo modo que se fossemos inteligentes o bastante para perceber a sua importância, talvez também lhe renderíamos.

Mas é quase certo também que creessem em um princípio criador imanifestado. Há quem sustente que este seria Wiracocha, cujo culto é muito anterior ao "culto ao Sol". Talvez este principio abstrato, invisivel, mas reconhecivel na perfeiçao das coisas fosse de conhecimento apenas de sabios e reis do império, enquanto a massa continuava satisfazendo-se com suas superstiçoes e crenças cotidianas.

E a ayahuasca, aonde entra nisso tudo?


A idéia de que a ayahuasca tenha surgido de um misterioso e antigo rei, nao é nada nova. Ela é repetida com diferentes temas e variaçoes por praticamente todos os povos que a utilizam. Tal princípio é determinado em um tempo mítico : "antes de existir a morte", dizem alguns. Talvez em sua lenta penetraçao na floresta, os remanescentes do Tawantinsuyu poderiam ter adaptado um mito muito mais antigo à sua própria idéia de ressurgimento do império, a partir da idéia do "Inca Encantado". Uma espécie de "Sebastianismo" à incaica.
Bem, há muito mais do que isso dentro da própria ayahuasca e sao interminaveis as indagaçoes acerca do misterio. Certamente que para o ayahuasqueiro, mais importante do que especular é viver este mistério e nele se transformar. Mas conhecer diferentes pontos de vista impede que se cristalizem dogmas, aonde deveria haver tao somente o prazer de descobrir e caminhar em direçao ao conhecimento profundo, verdadeiro e essencial da realidade que nos cerca.

domingo, 29 de agosto de 2010

Arqueologia da Ayahuasca (1)


Leandro Altheman

Jamais tive acesso a nenhum tipo de bibliografia que satisfizesse meu desejo de conhecimento acerca da historicidade da ayahuasca. Por isso, se alguém souber de algo, por favor, me avise. O que existem por um lado sao trabalhos antropológicos que tratam do uso da ayahuasca em seu contexto original, ou seja, nativo e tradicional e em seu contexto moderno e urbano; e por outro especulaçoes exotéricas sem grande valor científico.
Ayahuasqueiro e amante da história, isso nunca chegou a me satisfazer. Há muito mais a que se descubrir, e assim como os crentes fiés sonham em ir a Terra Santa, adentro o espaço ocupado pelo Tawantinsuyu para recolher fragmentos que como um quebra-cabeça, começo a montá-lo.


As religioes ayahuasqueiras, em especial, a UDV chegam a proclamar a origem incaica da bebida e até arriscam uma espécie de “culto ao Sol” reiventada dentro de um contexto cristão e espírita reencarnacionista.
Em minhas viagens ao Peru descubro que em uma lista centenária de plantas selvagens e domesticadas, incluindo aquelas de uso mágico-medicinal, há uma breve referencia as plantas da ayahuasca.
Estudando diretamente do quetchua, descubro que não há a necessidade de mitificar a palavra "huasca". É uma palavra de uso corriqueiro, que significa um entrançado ou emaranhado de fios enrolados, que podem ser tranformados em corda ou chicote e por esta razão designam também o cipó que tem esta forma.
O termo "quétchua" designa nao apenas um povo, mas também um ecosistema, a saber dos 2.300 metros do nível do mar aos 3.300. Os incas mantiveram relatorios detalhados sobre os outros ecossistemas ocupados pelo Tawantinsuyu, o que lhes garantio um total e eficiente dominio sobre as “quatro regioes”. Mas mesmo na regiao conhecida como Selva Alta (aonde por exemplo está localizado Machu Picchu) não encontrei referencias locais às plantas da ayahuasca.
Somente na Selva Baixa, região do Ucaially e Madre de Dios, as referências são abundantes. Regiao que os Incas denominavam Omágua (do quetchua: lugar de peixe de água doce). O fato é que o Imperio Inca teve curta duraçao: apenas 95 anos. Na selva baixa ou omagua, este periodo se reduz a diminutos 35 anos, tempo excesivamente diminuto para que se amalgamasse uma cultura ayahuasqueira entre os incas andinos.
A este respeito é bom fazer uma ressalva: normalmente as pessoas se espantam com os assombrosos vestigios pelos Incas deixados. Mas na verdade, o Tawantinsuyu incaico, foi tributário de culturas andinas cujas origens sao estimadas em 16 mil anos. Estão para o mundo andino, como os romanos estao apara o munto antigo do mediterrâneo.
Mas por que entao, a bebida é designada por uma palabra quetchua: ayahuasca?
Lendo sobre a historia dos Incas (que é bem distinta de sua mitologia), descubro que uma de suas fronteiras orientais fora fixada por pelo Sapa Inca Huaina Capac no rio Tono (afluente do Madre de Dios).

, atual Parque del Manu, em um local denominado Chipenáguas. Com meus parcos conhecimentos de Pano, arrisco deduzir que Chipenaguas é uma acastelhanamento de Shipi Náuas (povo do sauim), ou seja, Shipibo. Parece casualidade demais que entre os Shipibo vivam hoje alguns dos maiores maestros ayuahuasqueiros. Eles próprios detentores de uma extensa tradiçao ayahuasqueira e o conhecimento profundo de outra dezena de plantas mestras.

Isso nao resolve ainda a questao de por que uma planta da selva acabou sendo denominada com uma palavra quétchua, ou seja, andina. Ainda no campo da especulação, me parece que a influência quetchua poderia ter chegado à selva tardiamente, em sua lenta penetraçao a medida que grupos cada vez mais isolados, buscavam escapar da fastidiosa influência do cristianismo espanhol. Em termos históricos (e mais uma vez, não mitológicos), me parece mais apropriado que tal influencia tenha se dado nos séculos posteriores a invasao espanhola, penetrando no lado brasileiro da fronteira via Madre de Dios (Madeira) durante o ciclo do caucho-borracha. Excessao feita, é claro, aos demais nativos “Náuas”(ou seja, família lingüística pano) que já compartilhavam a tradiçao do Uni antes que fossem definidas as fronteiras.

Uma outra hipótese bastante plausível é que mesmo muito antes da grande expansão do Tawantinsuyu, já exitia um proeminente comércio entre os diferentes ecossistemas costeiros, andinos e amazônicos e talvez daí possa ter se configurado o uso da bebida amazônica entre uma elite sacerdotal andina.

Há também entre os descendentes dos Incas que se pulverizaram na floresta entre diversas peuqenas nações, um mito interessante, o do Inca Rey. Trata-se de um mito posterior à dissolução do Tawantinsuyu, espécie de Sebastianismo à andina que acreditava no regresso físico ou espiritual do Inca que viria restaurar o império. Tal crença pode ter se tornado popular e servido de amálgama cultural entre os falantes de quétchua na selva amazônica. Não é dificil. imaginar que significados e proporções tal mito poderia tomar vinclusive se configurando como uma espécie de seita ou religião entre os povos ayahuasqueiros falantes de quetchua. Entre os pano, fala-se da origem da bebida nos mesmo termos de um rei mítico que morre para que de sua sepultura possam nascer as plantas da ayahuasca. A interpolação entre o mito original amazônico e o sebastianismo andino do Inca Rey pode ter feito surgir a historia do Rei Inca, tal qual é contada.

Assunto vasto e inesgotável, que de maneira alguma retira a importância dos relatos mitologicos, que trazem o sentido pessoal e subjetivo para quem a utiliza e que serve de "bússola" para guiar os navegantes desta força sempre misteriosa. Os mitos sempre foram e sao, os fios condutores que dao um sentido mais elevado à existencia, o que não nos impede de tentar refazer os seus passos através da História.

sábado, 28 de agosto de 2010

¿Que país é esse?


Leandro Altheman

Ando agora sobre as elegantes ruas de Cuzco. A antiga capital Inca é bem iluminada e cosmopolita. Nas ruas ouve-se, além do español, ingles, francês, italiano, alemao, holandês, e por aí vai. O frio de dez graus me faz espirrar e sou advertido por duas jovens cuzqueñas; “tape a boca por favor, señor”. Que brasileiro esperaria receber licao de civilidade no Peru! Mas assim o é.

Mas quem tira conclusoes apressadas sobre o Peru apos rapidas passagens pela fronteira, comete um grave erro d ecalculo. As frontreiras sempre foram refugios para aventureiros e desajustados, que na maioria das vezes sao uma coisa só. Me incluo entre estes.

É certo que o Peru nao é a versao incaica, mistificada, que tao bem serve para atrair turistas. Tampouco é o pais que desejaria a sua minoria criolla (hispano-descendente): uma nacao européia nas Américas.

Estará a alma peruana nos quetchuas que ruminam a pobreza com dignidade nas montanhas? A eles parece nao importar a modernidade, pois parecem ter parado a roda do tempo naquelas alturas. Uma visao deseperadora para a minoria branca, desejosa de carros, motos e telefonia celular.
A televisao ignora 90% do país. Os protagonistas sao todos brancos ricos da capital Lima, e os “serranos” quando aparecem sao interpretados por artistas que em nada se parecem com os serranos que conheci na Serra.

Fica claro que no Peru, as desigualdades sao ainda mais gritantes do que no Brasil. Exportar é a palavra de ordem e a cornucopia tao bem representada em sua bandeira, derrama suas riquezas para fora: minerais, madeira, frutas, etc; mas para a maior parte da populacao, esta cornucopia jamais trouxe prosperidade alguma.

Leio os jornais e comeco, a tentar decifrar a politica peruana. Serao eleicoes regionais e as ruas sao inundadas por símbolos que incluem o condor, papagaios, a chacana, uma pá de pedreiro, e até uma batata. Mas nao é preciso muito para entender o que diz o jornal da capital, e o que esconde. Na capa, uma defesa intransigente do liberalismo. Para o autor, o estado deve intervir apenas para “salvar” o capitalismo, quando estiver em crise. Duras críticas ao chavismo e a Evo Morales, palavras laureando o sucesso da China “ex-comunista” e um total silencio sobre o Brasil. Como encaixar a atual politica brasileira nos rótulos obscurantistas dos liberais? Democrático, mas com forte presenca do estado na economia, um pais cuja política de distribuicao de renda gerou um mercado interno forte, o que o livrou da crise ainda amargada hoje pelo Peru de economia euro-dólar-dependenete. Admitir o sucesso do modelo brasileiro seria admitir o fracasso do liberalismo economico e pior, admitir que é possivel un novo caminho para a democracia na América latina, que nao o liberalismo estreito dos criollos e nem o chavismo que tanto os amedrenta. A política peruana parou na era Collor.
Mas aos poucos, os autores de um possivel recomeco, vao se articulando. Ainda terao de superar as historicas divisoes da esquerda, aqui representada principalmente por nacionalistas e socialistas. Mas há também os “etnocentristas” e “multiculturalistas”, diferentes visoes que partem de sua maioria indígena. Converso com um profesor Shipibo da Floresta. Os Shipibos, esta "nacao ayahuasqueira", terao candidato próprio para as proximas eleicoes presidenciais. É a primeira vez que ouco falar de sustentabilidade e distribuicao de renda no Peru. “Necesitamos fazer uma refundacao de nosso pais, com base nos valores tradicionais de nossos povos: o respeito a natureza e o compartilhar das riquezas.”

Respiro um pouco aliviado. Mesmo sabendo que há poucas chances de um shipibo ser presidente da República, o fato desta visao estar presente na politica, ja traz alguna esperanca de que um dia, esta cornucopia de riquezas incalculaveis que é o Peru, possa ser compartilhado de maneira digna, com todos os seus habitantes.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Integraçao a Ferro e Fogo



Leandro Altheman

Poucas horas na capital me poe a par de que hoje, mais do que a fumaça ou qualquer outra coisa, o crescimento da violencia é de longe a maior preocupação do riobranquense. Latrocínio: uma palavra feia que mete medo em qualquer pessoa de bem que ande pelas ruas da capital com um pouco mais de dinheiro no bolso. Empresários sao, obviamente, os alvos preferidos pelos bandidos. Um preço alto que se paga pela integraçao. Desde que Rio Branco foi ligado a Porto Velho, criminosos passeiam na capital e fazem discípulos entre os jovens desempregados da periferia. Muito vem sendo feito no sentido de se qualificar e capacitar os jovens para o mercado de trabalho, mas há geraçoes perdidas para o tráfico e a criminalidade. Assisto de longe a formatura de 600 novos policiais e me lembro de que virao apenas 50 para atender uma demanada ja reprimida em ramais e zona rural. Isto por que o governo do estado baseia-se nao na populacao, mas no numero e gravidade de ocorrencias para determinar para onde vai o policiamento.
Ser contra a estrada nestas alturas, é sandice, mas é preciso ter em mente os impactos sociais que ela trará, especialmente a criminalidade. Cruzeiro do Sul tem uma oportunidade que nao foi dada a Rio Branco: tempo e exemplos para que possamos melhor nos preparar. Mas infelizmente me parece que a sociedade cruzeirense nao está madura para discutir isso e os governantes locais administram a Cruzeiro do Sul de ontem, quando deveriam estar planejando, a Cruzeiro do Sul de amanha.

Que felicidade é poder ir e vir. Algo que quase se desconhece no Juruá. Depois de uma tentativa de voo frustrada para Pucallpa, tenho que me render a ponte aérea da capital. Estou na rodoviária e se vendem passagens para Rondonia, Ceará, Paraná e o Peru, que a poucos 100 km de Cruzeiro do Sul ainda é um sonho distante, em Rio Branco é um passeio de fim de semana. Apenas por 70 reais se chega a Puerto Maldonado, mais 50 e se pode cegar a Cuzco.

O passeio se torna triste quando da janela do confortavel e climatizado onibus a paisagem se revela desoladora, muita queimada. Do lado brasileiro, fogos extintos que deixaram na beira da pista a sua marca suja, mas do lado peruano, sao queimadas ativas, fogo ardendo e o vento desfavorecendo ao Acre que recebe toda esta fumaça. Certamente será uma das pautas do próximo MAP, com data marcada para 17 de setembro próximo. Ha uma década este encontro transfronteiriço discute o desenvolvimento da regiao amazonica pré-andina do Acre, Madre de Dios, no Peru e Pando, na Bolivia, por saber que as consequencias das açoes nao precisam de passaporte para cruzar as fronteiras.

Alegro-me em ver que os trinta quilometros faltantes da rodovia já foram asfaltados e agora uma ponte, a muito tempo abandonada, recomeça a ser construída. Para atravessar o Madre de Dios, que é o mesmo rio madeira de Porto Velho é necesario um esforço de engenharia ainda mais ousado do que atravesar o Juruá. A obra em si é bela, e é ativo o movimento de grandes e pequenas embarcaçoes que movimentam este formigueiro humano a beira-rio. Uma obra que somente faz sentido dentro de uma visao de integraçao regional que inclua o Brasil, e o Acre em seus planos. Uma visao que é um pouco atrapalhada pela fumaça. Uma névoa espessa que sugere aos condutores atentos, prudencia.
A integraçao é um caminho sem volta. O desejo de ultrapasar as fronteiras, é inato ao ser humano. O isolamento é uma condiçao desejável apenas por aqueles que nao a vivem. Tampouco podemos estar inocentes perante ao desenvolvimento, ou pagaremos um preço alto por ele. Nao se pode fechar os olhos para os seus riscos. Assimilar tais contradiçoes é o caminho da maturidade de um povo que quer ser dono de seu próprio destino.

PS: Desculpem os erros de ortografia: teclado español

Impressoes da Capital


Leandro Altheman


Aproveito minha rapida passagem por Rio Branco para tirar algumas impressoes comparativas com Cruzeiro do Sul. Afinal, quem for o proximo governador vai ter que lidar com estas diferencas historicas.

A primira coisa que salta aos olhos, literalmente, e aos pulmoes é o estado critico do ar. Se em Cruzeiro do Sul, a fumaca é umm efeieto visual indesejado, em Rio Branco, é uma fumaca densa que arde os olhos e queima os pulmoes. Algo que somente lembro de ter sentido em Sao Paulo, e Cubatao.


Violencia


O pior é perceber que a populacao parece ter se acostumado. A escessao dos jovens, estes eternos inconformistas, o povo nas ruas parece estar mais preocupado com o crescimento da violencia na capital, do que com qualquer outra coisa. Neste ponto, felizmente, ainda estamos na "era da inocencia" no Jurua. Nao fossem chifres, cachaca e barbeiragens, teriamos indices de violencia semelhante ao dos paises escandinavos. Rio Branco, contudo, ja entrou para a "maioridade"com cada vez mais frequentes assaltos seguidos de morte, como o que ocorreu nesta semana. Esta é hoje a maior justificativa do governo para que de 600 novos policiais, apenas 50 venham apara o Juruá. Desproporcional a populacao, mas perfeitamente cabivel, se levados em conta o numero, e a gravidade das ocorrencias na capital.


Horario


A capital amanhece modorrenta, preguicosamente sao 7 da manha e as ruas ainda estao vazias. O cruzeirense acorda mais cedo, por isso o novo horario é quse uma volencia ao nosso ritmo biologico. Outro fato é que Rio Branco está mais a leste, e por isso recebe a luz do sol antes de CZS.

Mesmo assim, muita gente nao gostou no novo horário também por aqui. Muita gente ainda perde horario de onibus e avioes, porque o novo horario nao é adequado a luz do sol e isso confunde.

Aliás, dizer que "já se acostumou", é muito relativo, pois ainda que possamos adquar a nossa mente a acordar a qualquer hora, o corpo continua segindo os impulsos gerados por hormonios que correspondem a luz e ao calor do sol.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Cultura "Pano"


Yawá Yuchin Ho


E por falar em gostar de índio... Fazer o quê ? Já falei para minha alma deixar de lado estas causas perdidas, mas ela não obedece...

Na verdade para alguém que sempre foi apaixonado pela história e pelas culturas antigas, como não se apaixonar pela riqueza e diversidade cultural da humanidade? Egípcios, Mesopotâmia, Persas, Gregos, Hindus, Chineses, Romanos, Árabes e por aí vai. Cada povo conseguiu, ao seu tempo, traduzir uma visão própria do universo e hoje nossa matemática, astronomia, física, enfim, a ciência humana é hoje um mosaico do que cada um destes povos interpretou do universo no passado.

Cada cultura é um jeito de ver o mundo, e se relacionar com ele por isso, mesmo uma tribo onde vivam apenas 10 ou 12 pessoas, deve ser preservada, e estudada. O desaparecimento de uma cultura significa o empobrecimento da humanidade como um todo.

Neste sentido, os povos desta região, devem ter um merecido destaque. Em quase sua totalidade são falantes da família lingüistica "Pano". A excessão são os Ashaninkas e Manchineri, familia Arawake. Esta família existe apenas no Leste peruano, Noroeste do Brasil e da Bolívia. Uma grande extensão, mas uma estreita faixa de terra se compararmos com a grandiosidade da Amazônia.

A mesma faixa de terra onde são faladas as línguas "pano" coincide com a ocorrência de pelo menos três vegetais de grande importância. O primeiro deles é a própria mandioca cantada em verso e prosa como o mais brasileiro dos alimentos. Alguns estudos botânicos sugerem que a mandioca, cultivada em todo Brasil muito antes da chegada do homem branco, tenha surgido primeiramente nesta região da amazônia pré-andina. Ou seja, "se a mandioca falasse, ela falaria Pano".

As outras duas plantas tem impôrtancia fundamental no estudo da conciência humana. As dua splantas, juntas, reproduzem uma química presente no cérebro humano em estado de grande concentração mental e apesar de seu efeito potente, não deixam vestígios de toxinas após 24 horas.

Tratam-se da folha Rainha, Chacrona, Tzacuruna (Psicotria Viridis) e o Cipó Jagube, Mariri, ou simplesmente Ayahuasca.

Ainda que a ayuahuasca tenha ao longo de sua jornada, aprendido a falar várias línguas, assim como o aramaico está para a Bíblia, o "Pano" está para a ayahuasca.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Racismo à Cruzeirense


Leandro Altheman

O prato indigesto acima, como o nome sugere, é o fruto de 10 anos de boa dose de observação, e indignação, diante do comportamentode uma parcela significativa da população cruzeirense. Este povo, que tão bem me acolheu, merece ser alertado, para algo em que no dito "mundo civilizado", é considerado como uma das raízes da "barbarie". Em duas postagens anteriores citei o racismo praticado pelo Estado de Israel contra os Palestinos. E o racismo permitido pelos EUA contra negros e hispano-americanos através da Klu Klux Klan. Mas não é preciso ir tão longe para encontrar aqui mesmo na "selva ondulada", uma forma particular de racismo.
Sempre pensei que o pensamento anti-indígena, na verdade um eufemismo para esta forma de racismo, estivesse restrito às pessoas menos esclarecidas. Mas um passarinho verde me contou que fui apontado por estudantes universitários da UFAC, como um bom profissional, mas com a ressalva de que "gosto de índio". Em primeiro quero dizer que não apenas "gosto de índio". Gosto do ser humano, e aprendi a ver o valor em cada povo, em cada cultura, em cada credo e raça.
Em seguida, lembrar que ninguém é obrigado a "gostar" de ninguém, mas que o respeito ao próximo e ao diferente, é o mínimo que se espera de estudantes universitários.
Pensei estar em outro planeta quando vi, vereadores da legislatura anterior ocuparem o espaço da tribuna para, no "dia do índio" proferir impropérios contra não um, mas centenas de povos. O discurso centrado sobre a proverbial "preguiça" esqueceu de dizer que o índio vive para sí, ao contrário do trabalhador rural que é explorado por dezenas de atravessadores que vivem do suor alheio.Quem defende tal tese não conhece a
realidade de que precisa acordar de madrugada para caçar e pescar para dar o sustento de seus filhos.
Mas não apenas o índio é vítima do preconceito, o trabalhador rural também o é, mesmo servindo àqueles que lhe cospem a face.
É preciso de vez em quando, botar o cérebro para funcionar, e o coração, sempre. Se uma ou outra atitude cometida por um índígena é suficiente para que os 12 povos do Juruá recebam um adjetivo desonroso, será que o mesmo é aplicável à nós, juruaenses?
Em São Paulo, o mesmo tipo de pensamento, serve para justificar o preconceito contra os nordestinos. Se um nordestino rouba, então "nordestino é ladrão". Ora, por favor, se não pudermos ser nobres a ponto de reconhecer o imenso valor que índios, e também nordestinos, têm para o país, sejamos ao menos racionais, ao medir que tal "lógica" aplicada ao restante da humanidade, a condenaria por inteiro.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Estratégia de campanha de Serra deu ‘100%’ errado


Escrito por Josias de Souza, colunista da Folha de São Paulo


Todos os planos que José Serra traçara para sucessão de 2010 deram errado. Em consequência, o presidenciável tucano chega à fase do horário eleitoral gratuito, último estágio da campanha, em situação de absoluta desvantagem. No pior cenário esboçado pelo tucanato, previa-se que Serra iria à propaganda de televisão empatado nas pesquisas com Dilma Rousseff. Deu-se algo mais dramático.

Todos os institutos acomodam Serra atrás de sua principal antagonista. No Datafolha, o fosso é de oito pontos. Vai abaixo um inventário dos equívocos que distanciaram a prancheta do comitê de Serra dos fatos:

1. Chapa puro-sangue: Serra estava convicto de que Aécio Neves aceitaria compor com ele uma chapa só de tucanos. Em privado, dizia que as negativas de Aécio não sobreviveriam a abril. Aceitaria a vice quando deixasse o governo de Minas. Erro.

2. PMDB: O tucanato tentou atrair o PMDB para a coligação de Serra. Nos subterrâneos, chegou-se a levar à mesa a posição de vice. Desde o início, a chance de acordo era vista como remota. Mas o PSDB fizera uma aposta: dividido, o PMDB não entregaria o seu tempo de TV a Dilma. Equívoco.

3. Ciro Gomes: O QG de Serra achava que Ciro levaria sua candidatura presidencial às últimas consequências. Numa fase em que Serra ainda frequentava as pesquisas com dianteira de cerca de 30 pontos, o tucanato idealizou um cenário de sonho.
Candidato, Ciro polarizaria com Dilma a disputa pelo segundo lugar, dividindo o eleitorado simpático ao governo. Mais um malogro.

4. Marina Silva: Serra empenhou-se para pôr de pé, no Rio, a aliança de seus apoiadores (PSDB, DEM e PPS) com o PV de Fernando Gabeira. Imaginou-se que, tonificado, Gabeira iria à disputa pelo governo fluminense com chances de êxito. E o palanque dele roubaria votos de Dilma para Serra e Marina.

Deu chabu. Empurrado por Lula, Cabral é, hoje, candidato a um triunfo de primeiro turno. A vantagem de Dilma cresce no Estado. E Marina subtrai votos de Serra.

5. Sul e Sudeste: O miolo da tática de Serra consistia em abrir boa frente sobre Dilma nessas duas regiões. Sob reserva, Luiz Gonzales, o marqueteiro de Serra, dizia: O Nordeste é importante, mas nossas cidadelas são o Sul e o Sudeste.

Acrescentava: Não podemos perder de muito Nordeste. E temos de ganhar muito bem no Sul e Sudeste. As duas premissas fizeram água. Ampliou-se a vantagem de Dilma no Nordeste. E ela já prevalece sobre Serra também no Sudeste.

Há 20 dias, Serra batia Dilma em São Paulo e era batido por ela no Rio. Em Minas, a situação era de equilíbrio. Hoje, informa o Datafolha, a vantagem de Dilma (41%) ampliou-se em dez pontos no Rio. Serra (25%) enxerga Marina (15%) no retrovisor.

Em Minas, Dilma saltou de 35% para 41%. E Serra deslizou de 38% para 34%. Em São Paulo, o tucano ainda lidera, mas sua vantagem sofreu uma erosão de sete pontos. Resta, por ora, a “cidadela” do Sul, insuficiente para compensar o Nordeste. Pior: Dilma fareja os calcanhares de Serra também nesse pedaço do mapa.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, a vantagem de Serra caiu, em 20 dias, de 12 pontos para oito. No Paraná, encurtou-se de 15 pontos para sete.

6. Plebiscito: Lula urdira uma eleição baseada na comparação do governo dele com a era FHC. Serra e seu time de marketing deram de ombros. Como antídoto, decidiram promover um confronto de biografias: a de Serra contra a de Dilma.

Entre todos os equívocos, esse talvez tenha sido o mais crasso. Ignorou-se uma evidência. Do alto de sua popularidade lunar, Lula tornou-se o eixo da campanha. Tudo gira ao redor dele.

Lula transferiu votos para Dilma em proporção nunca antes vista na história desse país.

7. Debates e entrevistas: Em sua penúltima aposta, o grão-tucanato previra que Serra, por experiente, daria um baile em Dilma nos confrontos diretos. Não deu.


Reza a cartilha dos marqueteiros que, nesse tipo de embate, o candidato que vai bem não ganha votos. Porém, o contendor que dá vexame sujeita-se à perda de eleitores. Para o PSDB, o vexame de Dilma era certo como o nascer do Sol a cada manhã.

No primeiro debate, promovido pela TV Bandeirantes, o escorregão não veio. Na entrevista ao “Jornal Nacional”, também não. Serra houve-se bem nos dois eventos. Porém, ao esquivar-se do desastre, Dilma como que ombreou-se com ele.

8. Propaganda eletrônica: Começa nesta terça (17) a publicidade eleitoral no rádio e na TV. O comitê tucano vai à sua última aposta. No vídeo, insistir na exposição da biografia do candidato. Serra será vendido como gestor experiente.

Vai-se esgrimir a tese de que Serra –ex-secretário de Estado, ex-deputado, ex-senador, ministros duas vezes, ex-prefeito e ex-governador— está mais apto do que Dilma para continuar o que Lula fez de bom e avançar no que resta por fazer.

Até aqui, o discurso não colou. Na propaganda adversária, o próprio Lula se encarregará de dizer que a herdeira dele é Dilma, não Serra. A julgar pelas pesquisas, o eleitor parece mais propenso a dar crédito ao dono do testamento.

sábado, 14 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ilderlei Cordeiro diz que oposição não tem projeto e que Edvaldo Magalhães é a pessoa certa para dar continuidade ao sonho de integração com Pucalpa.


Leandro Altheman


Em entrevista, o deputado do PPS pediu voto para os candidatos da FPA do Juruá, até para Zila Bezerra.

Depois de desistir de disputar um mandato de deputado federal, Ilderlei Cordeiro (PPS) agora declara apoio á Frente Popular e diz que seu trabalho não ficará perdido se a população do Juruá eleger parlamentares da região. Ilderlei citou dezenas de emendas parlamentares individuais que vão desde a aquisição de equipamentos agrícolas e construção de quadras de esporte até a ampliação da rede de abastecimento de água e compra de medicamento para os postos de saúde do município. Ilderlei Cordeiro também destinou recursos como parte das emendas de bancada para a construção da Arena e da ponte sobre o Juruá. Quando perguntado sobre a continuidade deste trabalho, Ilderlei é taxativo em declarar apoio aos candidatos à deputado federal da região do Juruá, mas o nome que aparece primeiro, revelando uma maior afinidade é o de Gladson Cameli.

Com sua desitência não vai ficar um vazio na representatividade da região ?


Eu vinha me dedicando muito, e acho que vai fazer sim, um pouco de falta, mas temos deputados da região que poderão fazer um bom trabalho. Como por exemplo, o deputado Gladson. Ele tem indicado muitos recursos para a região do Juruá. Não tem dia nem hora para trabalhar. Vejo a dedicação dele e acompanho o seu trabalho, até por que com isso a gente descobre aquilo que a gente pode fazer melhor...
O mesmo também posso dizer do Dep. Henrique Afonso que tem indicado muito recursos para os municípios. A Deputada Perpétua Almeida e Fernando Melo também tem indicado muitos recursos para a região. E agora temos também o deputado estadual Thaumaturgo Lima, que é também da região e concorre a uma vaga na Câmara Federal. Pode ficar um vazio sim, mas temos sim, pessoas comprometidas com o Juruá que podem ajudar na defesa da região.

O que motivou a desistência?


Não adiantava eu ir para esta luta por que eu não cabia nesse projeto da oposição. Na verdade os partidos que hoje se dizem de oposição não tem projeto. São apenas projetos individuais. Não adiantava eu lutar, lutar e ganhar dentro disso. Não existe oposição no Acre hoje, infelizmente. Um grupo de partidos como este que não tem planejamento nem de montar a chapa para deputados federais e estaduais, como é que vai ter projeto para governar um estado?Fiquei numa situação difícil: luto pela população por um lado, mas por outro fico num grupo que não consegue nem ter planejamento de montar uma chapa. Há nove meses atrás, enquanto eu estava fazendo parte, ajudando, me dedicando, havia outros no mesmo grupo, destruindo esta chapa dentro do partido da qual eu faço parte (PPS). Fui me desgastando e vendo que o que há na verdade entre estes partidos que se dizem “de oposição”, apenas projetos pessoais. O Normando Sales que disputaria o senado pelo PSDB tomou uma rasteira do próprio partido. Isso reflete no mandato, na perspectiva de uma disputa à reeleição. Quem quer ser governador, senador, tem que ter planejamento. Infelizmente a oposição no Estado do Acre não teve planejamento. Tudo é muito pessoal, individualizado. Cortaram a candidatura do PMDB sem explicação nenhuma e trouxeram o Flaviano para disputar uma vaga. Então trouxeram ele para salvar o mandato? Nós não temos que salvar um mandato, nós temos que salvar um projeto, se não tem projeto, nós não temos que salvar nada. A oposição no Estado do Acre não tem planejamento para nada.

Uma perguntinha incômoda: você não se sente constrangido de ver a candidatura de Zila Bezerra também na FPA?

A prefeita Zila Bezerra, infelizmente fez uma péssima administração. Mas enquanto Deputada Federal ela trabalhou muito pela região, indicou muitos recursos e é mais uma candidata que pode ajudar a nossa região. Infelizmente no executivo, ela não teve êxito, mas no legislativo, sim. É mais uma das pessoas que deve dar sustentabilidade ao governo que se Deus quiser e com o apoio de toda nossa família, elegeremos o incansável senador Tião Viana.


E o sonho de integração com Pucallpa? Quem vai puxar esta bandeira agora?


Ou com rodovia ou ferrovia, esta integração tem que sair, por que nós só temos a ganhar com isso, em termos de geração de emprego e renda para população. A idéia do senador Tião Viana é investir na industrialização do estado, desburocratizando a questão das licenças ambientais. Uma serraria, por exemplo pode gerar de 100 a 200 empregos. Se for para trabalhar com exportação os investimentos são muito altos e aí só é possível com esta integração via Pucalpa.
A integração com o Peru é muito importante do ponto de vista da viabilidade econômica e até cultural de nossa região. Temos muito o que aprender com os peruanos e ele, conosco. Consegui alguns recursos para que fossem iniciados os recursos para esta integração. O presidente da assembléia e hoje, candidato ao Senado Edvaldo Magalhães, assumiu esta bandeira e já iniciou esta integração empresarial e educacional via aérea levando empresários e estudantes para firmarem parcerias com nossos irmãos peruanos.
Como ele já levantou esta bandeira, tenho certeza que ele chegando ao Senado não vai ser diferente: como nosso senador, Edvaldo Magalhães vai trabalhar muito por esta integração, por que ela é importante para nós. Isto tem que ser feito por alguém que conhece, como ele conhece, com a boa relação que nele tem com as autoridades do lado de lá, prefeitos, governadores, o Congresso Peruano e até com o presidente peruano que Edvaldo conhece pessoalmente. Edvaldo é a pessoa certa para estar no senado defendendo esta bandeira.

Apedrejem os Cornos !

Ainda sobre a série "O Chifre e a Pedra".



O sujeito ocupou a tribuna para fazer o seguinte pedido



"Estou muito preocupado com esta já tradicional cultura de nossa região que pouco a pouco se configura como uma religião: "o Culto ao Corno"



Gostaria de sugerir aos nobres edis que se baseassem no ilustradíssimo princípio dos sábios do Oriente Médio, o Alcorão e adaptá-lo à nossa realidade local. Que fosse condenado ao apedrejamento, não a adúltera, mas o próprio corno.Pois mulher, quanto mais, melhor, e um corno a menos, não faz falta nenhuma.

Todos sabemos que a violência em nossa cidade deve-se, não à bebida, mas ao chifre.Pois quem bebe, pode ficar até tranquilo, desde que não seja corno. Já o corno, procura briga, quer confusão, bebe e fica um chato insuportável. Põe-se a ouvir aquelas horrendas músicas que falam de dor, chifre e solidão e o que é pior: o corno não se contenta em ouvir a música que o faz sofrer, ele tem que fazer seus vizinhos ouvirem a mesma música, como se quisesse compartilhar o chifre com os demais.

Sim, caros, se apedrejasemos os cornos, eles em breve entrariam em extinção e acabaria também o adultério, pois sobrariam mais mulheres para todos e todos viveriam felizes para sempre"

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Lula e as pedras


Publicado da Coluna do Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo

Pedradas contra Lula

Lula está sendo acusado de jogar eleitoralmente ao defender a iraniana ameaçada de morte. Levou uma pedrada do Ministério das Relações Exteriores do Irã de ser "mole", desinformado e intrometer-se nos assuntos do interno do país. Ongs afirmam que ele entrou tarde demais na campanha, devido sua proximidade comprometedora do governo iraniano. Na imprensa americana, foi chamado de "idiota útil". Ou seja, levou pedradas de todos os lados. Prefiro bater palmas.

Sei que Lula mudou de ideia depois da campanha, lançada pela internet, batizada de Liga Lula - uma corrente que nasceu, em São Paulo, de um punhado de jovens, com uma ideia na cabeça e um computador na mão. Sei também que ele se arrependeu de ter falado, durante entrevista coletiva, em "avacalhação", ao afirmar que não se meteria no caso, atirando indiretamente uma pedra em Dilma Roussef - e, aí, voltou atrás.

Mas o fato é que, pelo menos nesse caso, o Brasil não ficou calado diante de uma selvageria contra os direitos humanos. E se matarem mesmo a mulher iraniana, o Brasil não terá atirado nenhuma pedra.

Perante o mundo, o Brasil apareceu como uma país com um comunidade capaz de se mobilizar e fazer seu presidente mudar de posição e ficar do lado certo.

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Conclusão minha:
1- Lula tem o coração mole
2-Os Iranianos tem coração duro
3- Os EUA não tem coração

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Coragem de Ouvir


Leandro Altheman

Vamos falar de coisa séria. Corajosa a atitude do MPE de ouvir os reclames da população de Santa Luzia. Após décadas de abandono, ceder a voz e a vez à uma população que sempre se sentiu à margem de tudo é como abrir a "Caixa de Pandora". O sentimento da população é de que a lei só existe quando é para "sacanear". Santa Luzia é o exemplo mais claro do desastre que foi a idéia de colonização e "reforma agrária" dos governos militares. Não cabe agora culpar o passado, mas devemos aprender com ele, e o INCRA e demais órgãos do poder publico correr atrás do prejuízo para dar àquela população os memsos direitos dos habitantes das cidades. Não é esse o conceito de Florestania? É verdade que muito já foi feito, mas o que falta ser feito, ainda é muito mais.Parabéns ao conjunto do MPE pela atitude. Ninguém é a prova de erros mas quando se ouve a população a chance de errar é menor, ou pelo menos, erramos todos juntos.

Leia a materia abaixo:

MPE realiza audiência pública na Vila Santa Luzia
O Ministério Público Estadual realizou no último sábado, dia 30, uma audiência pública na Vila Santa Luzia BR 364. A audiência durou aproximadamente cinco horas ouviu os principais reclames da população nos quesitos de saúde, segurança, produção, educação e nos problemas com a legislação ambiental. Cerca de 300 pessoas compareceram á audiência que contou com a presença dos quatro promotores de justiça, da juíza eleitoral da 4ª Zona e do Comandante da Polícia Militar. Com mais de 15 mil habitantes, a população de Santa Luzia a emancipação da vila, que seria transformada em município. “queremos o mesmo tratamento que tem Rodrigues Alves, mancio Lima, Marechal Thaumaturgo e Porto Walter, pois temos até mais habitantes que estes municípios, mas não o mesmo número de policiais nem, os mesmos investimento dos poderes públicos” afirmou Anchieta Arara, vice-presidente do STR e morador do Projeto Santa Luzia. Segundo o promotor de justiça, o promotor Ildon Perez, as queixas coletivas da comunidade terão o devido encaminhamento. O MP tem o poder constitucional de exigir dos órgãos públicos a garantia o acesso aos direitos básicos saúde, educação e segurança por exemplo.


O Chifre e a Pedra




Sem querer tirar o lado sério da noticia, fiquei pensando o extenso material para piadas a serem exploradas pelos humoristas...

E aqui no Acre, onde o "culto ao chifre" é quase uma religião(meu vizinho ouve "religiosamente" as mesmas músicas de corno de sempre), Sakineh (a mulher condenada), talvez se sentisse em casa. E tem outra vantagem, se essa lei fosse imposta por aqui, seria dificil a sua aplicabilidade... pela falta de pedra... Já pensou importar de balsa...

E para não dizer que sou machista, deixo aberto à sugestão das mulheres qual seria a pena imposta para os maridos "pula cerca"... Não que o Terra Náuas vá encaminhar o pedido à Câmara...