terça-feira, 28 de maio de 2013

O Yin-Yang na política acreana

O atual momento político não poderia ser melhor para que olhos atentos possam perceber um contexto mais geral, e menos parcial da realidade no estado.

Isto porque os dois lados da contenda políticas estão tendo problemas com a justiça e ambos, a acusam de estarem fazendo o jogo de seus adversários.

Bem, ou a justiça é de fato, esquizofrênica é ora ataca, ora defende lados diferentes e com resultados surpreendemente diferentes, ou situação e oposição estão necessitando de tratamento psiquiátrico.

 “A Polícia Federal, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça estão a serviço de uma oposição que quer, a qualquer custo, tomar o poder a custo da mentira”. Aníbal Diniz (senador PT-AC).

Senador, a negação da realidade, é sinal de severa perda da sanidade mental. Aliás, a FPA tem sido pródiga em criar fantasias e obrigar todos a viverem dentro dela. Nada mais natural que agora que se avizinha a meia-noite de sua era, as fantasias ganhem um tom sombrio e transformem-se em pesadelos capazes de enxergar sob qualquer voz dissonante, o uivo de uma “maldição” lançada pelos feiticeiros malvados da oposição.

Se a FPA tem uma tendência exagerada à fantasia, a oposição sofre de hidrofobia e mania de perseguição.
Em Rio Branco, 9 entre cada 10 vozes afirmam que o “governo do PT” cala as pessoas com uma “mordaça”.

Ora, se as pessoas “falam” isso, então não há mordaça. É uma questão lógica.

O que existe de verdade é uma dependência extrema do governo, seja diretamente através dos empregos do setor público, seja através da “grande e pujante iniciativa privada” de Rio Branco (#só que não) que depende do governo para vender cada caroço de arroz de sua pífia economia.

Ou seja, o problema de verdade não é a “mordaça”, mas a dependência da qual parece ninguém querer se curar. E filhinho, na casa de papai, tem que obedecer.

Enquanto isso, na fronteira noroeste...
Os vagnerianos ensaiam a peça teatral de que Vagner Sales esteja sendo “vítima da oposição” (me tragam um violino, para que eu possa melhor derramar as minhas lágrimas). Ora, dizer que Vagner é “vítima” significa dizer que o “grande leviatã petista” pôs também os seus tentáculos no STF. O mesmo STF que condenou 11 mil servidores do estado “petista” ao desemprego. O mesmo STF que condenou os réus do mensalão. A mesma justiça que irá julgar os suspeitos do G7, assim que a PF concluir o inquérito. 

Se Vagner Sales é vítima, só pode ser de usa própria arrogância. Tivesse entrado em acordo com a justiça sobre a questão das passagens, como fizeram os demais deputados, não estaria passando por este sufoco. Sufoco aliás, pela qual passa toda a cidade de Cruzeiro do Sul, por não saber qual será seu futuro. 

A ideia de que Cruzeiro do Sul seja uma “trincheira política” é bastante romântica, mas é falaciosa e só serve a quem não tem mais projeto político nenhum a não ser a própria sobrevivência. A única trincheira que vi até agora é a defesa de cargos e salários.

Rótulo que aliás se aplica muito bem à oposição de modo geral: uma matilha de cães hidrofóbicos que na maior parte do tempo mordem-se uns aos outros. Ou para usar outra figura de linguagem: um bando de ratos ansiosos pelo queijo que agora está em outras mãos.

Francamente, não acredito que uma simples mudança da sigla que irá comandar o estado possa produzir lá, uma grande alteração neste estado de coisas. Na verdade, o mais provável é que um dia de fato mudará, mas tão somente para que tudo permaneça como está. Ou seja, para que o funcionalismo público continue a ser a grande roda motriz da economia do estado e para que o empresariado “chupa-dedo” de Rio Branco possa continuar mamando nas tetas do ubre estatal.

E a imprensa? Ora, a imprensa, mais perdida do que tudo, joga-se de um lado ao outro, esperando ser acolhida.

Não é papel de a imprensa fazer oposição política, tampouco assessoria do governo. Tudo o que a imprensa acreana faz é fornecer visões igualmente contaminadas e distorcidas pelos venenos da oposição ou da situação.

Para aqueles que não querem participar do “sanatório geral” da política acreana, resta olhar que claramente se desenha o símbolo taoísta do Yin-Yang: um lado negro, com um ponto branco e um lado branco com um ponto negro. Quem conseguir visualizar esta complementaridade, poderá se distanciar das visões parciais e comprometidas e traçar um caminho mais seguro para uma visão verdadeiramente livre.   

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Onde o Vento faz a Curva

E assim terminava nossa história.

Deixava na boca um gosto amargo, mais amargo que a cloroquina de mil malárias. E eu, na cama, semi-paralisado pelo fígado inchado, ainda somente meio-recuperado da última delas.

Mas de todas as dores e paralisias a que mais me incomodava, já não estava ali. A dor da não-dor, a dor de não sentir dor, ou amor, ou rancor, ou seja lá o que for.

Acordei sem sentir as minhas mãos. Travadas, em resposta ao fígado, travado. O corpo doído de um milhão de surras levadas em um milhão de vidas. Tentei me por de pé, e percebi que era como rodar um barril em um convés de navio de carga. Inchado.

Mas havia algo de doce neste quase-morte. Algo de quente na faca fria que agora sentia cortar-me por dentro do peito, bem no meio da titela.

Uma faca que cortava os pulsos da mormidez morimbunda do meu não sentir. Uma faca que cortava minha vida, separando-me de vez do não-crescido, do não maduro, do não vivido.

Mas sabia que não morreria, não desta vez.

Ata Isis havia me amado como nenhuma outra mulher. Podia senti-lo melhor do que as pontas de meus dedos.

Havia algo de sacrifício em seu amor. Jamais pedira isso. Jamais pedira que derramasse sangue ou mesmo lágrimas em meu nome. Mas ela o fez. Derramou correntes de água e sangue em nome de um amor que não fui capaz de sentir.

Ou talvez tenha sentido. Claro que não no meu coração. Um coração juramentado ao Vento tinha suas quatro partes preenchidas com os quatro ventos. Leste, Sul, Oeste e Norte. Assim o era.

Mas Ata Isis, na generosidade de seus amor sem limites, sem fronteiras, cedera também  seu próprio coração, para que pudesse através dela, sentir um amor por mim, da qual eu mesmo era incapaz.

Através de seu coração sentira o seu amor por mim e pude bebê-lo em cálice transbordante, saciando uma sede que desconhecera até então.

Através de seu coração ouvia o seu grito, o grito de uma geração carente de amor. Carente como eu próprio fora em meu tempo, mas que ao invés de silenciar, fazia tremer as estrelas do céu com seu clamor, até ver elas também chorar.

Não, eu não pude suportar o grito e a dor de quem na travessia é deixado para trás. Este havia sido o meu mal, o meu engano e o preço a pagar agora era alto.

E através de seu coração, não do meu, agora eu suportava a sua dor, a dor da separação de quem chega ao fim da caminhada. A dor de quem a descobriu como a uma criança medrosa e agora a deixava, como mulher. A dor de perceber que o caminho acaba, mas não o amor.

Ah! Quantas boas risadas rimos juntos nos caminhos entre Korou- Rá e Nova Constelação. Quantas boas brincadeiras nos acampamentos após as longas e cansativas viagens através das dimensões.

Mas, apesar de todas a dor que Ata Isis me emprestava para que eu pudesse sentir. Algo em mim acreditava, ou queria acreditar que havia valido a pena.

E o piado da coruja que seguia em seu ombro, me dera certeza, de que pesar de tudo, tudo havia valido a pena.

Que melhor companhia podia ter ela que a coruja? De olhos bem abertos, despertos na escuridão da madrugada.

Pela noite fria ela caminhava. A lua cheia prateava a névoa, fazendo crer que estava próximo ao amanhecer.

Para leste, ela agora caminhava, para o nascente do Sol, que um dia certamente iria dourar a sua vida. Mas não nesta noite. Nesta noite era ela toda sombra. E prata.

E as névoas da noite abriam o caminho, em reverência aos seus olhos de coruja e através dela, começava a enxergar. O início.

Eu, do meu lado era todo poente. E no deserto vermelho em que caminhava extenuado, piava bem alto águia-dourada, assistindo aos meus passos cansados e gritando lá do alto quando cá em baixo, eu tropeçava.

E o Sol agonizante derramava nos céus o vermelho de seu sangue. Seu próprio sacrifício, a me lembrar do meu, a me mostrar com suas cores que caminhava para o fim.

Mas quem poderá saber se um dia, início e fim não se encontrem, lá, Onde o Vento faz a Curva.

domingo, 26 de maio de 2013

A religião em Crônicas do gelo e do Fogo”- Parte 2 – R`hllor, o Senhor da Luz

Não pretendo aqui me ater aos detalhes dos aspectos desta religião, até porque os sites especializados já fazem isso muito melhor do que eu. Para quem tem interesse, sugiro a leitura do excelente blog Drumwookie que abordou detalhadamente o culto ao “Deus vermelho”. O que me interessa mais aqui, é buscar compreender, a partir da obra de George R.R. Martim, aspectos das religiões de nosso próprio mundo, e quem sabe, ter um vislumbre de para onde ele esteja querendo conduzir os seus leitores.
Para mim, está mais do que óbvio que a fé no “Senhor da Luz” é um típico monoteísmo dualista. Mas, peraí... Se é monoteísmo, como pode ser dualista?

Para entender isso teremos que ir na origem do maniqueísmo, ou seja a doutrina de que Bem e Mal travam uma batalha neste mundo. Para alguns, os choques de espadas na disputa por terras, povos e nações nada mais é do que uma encenação desta batalha épica entre o Bem e o Mal (dualismo cosmológico). Para outros, esta batalha que se desenvolve dentro do coração da cada um a partir de suas escolhas (dualismo ético).

Ao contrário do que muitos possam pensar esta crença não surgiu com os hebreus do deserto, ainda que posteriormente esta visão tenha sido agregada ao monoteísmo javeísta dos judeus.

O primeiro registro que se tem deste dualismo é justamente em Zoroastro ou Zaratustra, primeiro sacerdote da religião conhecida como Mazdaísmo. O Mazdaísmo proliferou como religião e filosofia de vida na antiga Pérsia, em uma época em que povos disputavam o poder com base em suas crenças animistas e totêmicas, ou seja, cada povo tinha o seu deus próprio ou espírito tutelar, assim como os antigos egípcios e mesopotâmicos. Na postagem anterior em que falei dos “sete” vimos que na formação do império egípcio e babilônico, agregar  diferentes  deuses totêmicos em um único panteão foi parte importante de um processo de pacificação e unificação.

A Pérsia seguiu um caminho diferente e engendrou a primeira religião dualista. De um lado, Ahura Mazda  (O Bem) e do outro Angra Mainyu (o Mal). Contudo, apenas Ahura Mazda é Deus (trata-se de uma fé monoteísta), Angra Mainyu não é propriamente um deus, mas sim, um anti-deus comandante das trevas, doenças, etc. Ou seja, muito semelhante entre o R’hllor e o Outro (cujo nome não pode ser pronunciado).
É praticamente consensual entre pesquisadores que o Mazdaísmo influenciou o monoteísmo hebraico, provavelmente após a libertação do cativeiro da babilônia sob o imperador Ciro. Os orgulhosos israelitas jamais admitirão que tenham sido influenciados por religiões estrangeiras, mas tudo leva a crer que o mazdaísmo tenha legado a judeus, cristãos e islâmicos algumas idéias caras às três religiões: a imortalidade da alma, a vinda de um messias, a ressurreição dos mortos e o juízo final, aspectos que também se encontram no culto a R’hllor.

Fogo

Outro aspecto em que o culto a R`hllor se assemelha muito ao Mazdaísmo, é a importância dada ao fogo. Inicialmente pensei que isto pudesse ser algum tipo de referência às religiões pentecostais, mas desisti da idéia assim que lembrei que o pentecostalismo não é tão difundido da Europa e nos EUA, quanto o é no Brasil. Bem, sorte deles.
Mas o fogo está presente de modo muito mais evidente no Mazdaísmo. Seus sacerdotes acendiam fogos (e acendem até hoje, uma vez que o zoroastrismo mazdaísta é a religião de mais de 200 mil pessoas, principalmente na Índia e no Irã). A ideia do fogo sagrado que purifica que eleva pensamentos e orações até Ahura Mazda é o pilar central do ritualismo mazdaísta.
Seus sacerdotes, ainda hoje são chamados de “adoradores do fogo”.

O problema do dualismo     

É fato que o cristianismo na qual o ocidente está inserido é uma religião monoteísta dualista.
O monoteísmo dualista admite abertamente que a negação de Deus: o“ Outro”, “Anti-Deus”, “Inimigo” possa intervir diretamente no destino dos homens. Uma ideia que contraria frontalmente a concepção de um Deus onipotente. Sobre este problema, durante eras os teólogos tem debatido, cada qual encontrando uma saída própria para o dilema.
No meu entendimento, o espiritismo de Kardeck, foi o que encontrou a melhor solução para o dilema, ao simplesmente negar a existência de uma supra-consciência do mal, influindo no destino da humanidade. O mal é explicado como resultado da ignorância ou desconhecimento pleno da Luz. Neste sentido, o dualismo encontra-se somente no plano ético e não cosmológico e se aproxima mais de um monismo como o hinduísmo e o budismo.

O dualismo na obra de George R.R. Martin

Acredito que George R.R. Martin esteja nos conduzindo para um final de proporções épicas onde estará presente o derradeiro confronto entre o Bem e o Mal. Contudo, a maneira com que vem retratando o dualismo interno de cada um dos seus personagens me leva a crer que este confronto ultrapassará as fronteiras do lugar-comum das obras do gênero, e por que não dizer, de nossa própria concepção de dualismo tão arraigado em nossa cultura ocidental.
Outro ponto me leva a pensar desta maneira: a idéia de complementares opostos presente desde o título da obra. Gelo e Fogo.
Neste sentido, a religião dos antigos deuses, na qual Bran vem sendo instruído, representa a polaridade oposta em relação ao culto ao “Senhor da Luz”.

Na terceira e última parte deste ensaio tratarei justamente da religião dos Antigos Deuses e como esta ideia de complementaridade dos opostos poderá ser retratada na parte final da obra.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Jovem cruzeirense-yawanawá participa de encontro sobre conhecimentos tradicionais em Paris

Biraci Jr. Yawanawá pode se orgulhar de ser ao mesmo tempo cruzeirense e Yawanawá. Filho da cruzeirense Norma Negreiros e do cacique Yawanawá Biriaci Brasil, Biraci Jr, ou Iskunkuá  é um dos mais jovens yawanawá a realizar o juramento sagrado do muká, que dentro da tradição yawanawá o coloca no caminho do conhecimento tradicional e da espiritualidade.
Iskunkuá , juntamente com Putanny Yawanawá e outras lideranças indígenas do Acre, irá participar nesta semana de um encontro promovido com o apoio da UNESCO em Paris com o seguinte tema: Transição e Transmissão dos Conhecimentos Tradicionais.
“Vou falar para um público estimado em três mil empresários dos setores de indústria petrolífera, mineradoras, hidrelétricas e madeireiras. A idéia do encontro é sensibilizar este setor da economia da importância dos conhecimentos tradicionais para a manutenção da vida no planeta. “
A proposta do congresso é promover o diálogo entre o conhecimento tradicional e a ciência tecnológica.
O congresso reflete o entendimento de que os conhecimentos tradicionais poderão ter um papel essencial para que a humanidade supere os desafios sociais e ambientais resultantes da superpopulação mundial e do aumento do consumo no mundo todo.
“O conhecimento tradicional adquirido ao longo de centenas de anos será essencial para a adaptação aos desafios do século XXI.  Ainda assim, as profundas alterações econômicas e sociais, devem-se às inovações tecnológicas, que estão tornando cada vez mais difícil a transmissão de conhecimentos às próximas gerações. Uma transmissão bem sucedida de conhecimentos tradicionais será a chave para adquirir a transição bem sucedida. Como poderemos facilitar a transmissão de herança cultural e poder utilizá-la num processo de transformação? “Esta é a pergunta feita por Jérome Beilin, empresário proponente do Congresso.
Redação Juruá On Line

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Encantado! Homem atira em boto e fica perturbado



Escrito por Jorge Natal - publicado no jornal Voz do Norte, Cruzeiro do Sul-AC 
Depois de atirar num boto que estava perturbando sua pescaria Valdecir da Costa Souza, 20, passou a apresentar perturbações psicológicas e afirma que os animais estão o atraindo. Além de ouvir vozes ele vê um homem sentado numa pedra no rio tentando levá-lo para a água e o problema está preocupando os familiares.
Tudo começou quando Valdecir participava de uma pescaria junto com o primo Natanael dos Santos, em uma comunidade do interior do Amazonas e alguns botos rasgavam as redes e comiam o peixe, momento que o pescador resolveu dar um tiro num dos animais.
Segundo conta o primo, imediatamente após o tiro, surgiram vários botos ao redor do barco que tentaram alagar a embarcação e eles não conseguiram continuar a pescaria. Mesmo depois do barco ter sido ancorado nas margens do rio os animais não foram embora, momento em que Valdecir começou a passar mal.
“Comecei a passar mal e apareceu um homem em cima de uma pedra branca no meio do rio que tentava levá-lo para a água. Ele me chamava e dizia que ai me levar”, contou o pescador ainda abatido, que no momento pedia socorro ao primo que afirmou que eram muitos botos e quando eles apareciam Valdecir começava a passar mal.
“Quando eu ficava perto do meu primo, que estava comigo na pescaria, eles se afastavam e o homem desaparecia”, conta ainda assustado em sua residência. Depois que chegou em casa o pescador deu muito trabalho a família que tinha que segurá-lo a força pois ele queria entrar no rio.
Segundo a tia do pescador, Lúcia dos Santos, todas as vezes que Valdecir sentia a presença dos botos ficava com a voz diferente e com muita força. “Não sei o que acontecia, ele começava a desmaiar depois queria entrar no rio. Eram nove homens e três mulheres para poder segurá-lo”, afirmou.
O pai pescador, José Alberto de Souza, 62, conta que também já foi vitima de um boto, quando estava com amigos madeireiros nas margens de um igarapé na fronteira com o Peru. Eles jogavam baralho quando sentiu algo estranho no corpo e via um homem sobre uma pedra no igarapé que tentava levá-lo para a água.
José Alberto afirma que tudo começou depois que seu pai desapareceu nas águas do Rio Juruá, encantado por um boto. “Meu estava numa canoa que naufragou e vários botos começaram a boiar no local, ele nunca foi encontrado. Depois ele apareceu para minha esposa dizendo que estava em um boto e que eu precisava desencantá-lo. Ela me disse antes mesmo dele aparecer três vezes, depois disso nunca mais voltou”, ressaltou. 
* Daqui há alguns dias, prometo trazer a versão dos botos, que contestam o pescador. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

“Que comam brioches!” Os ecos de Maria Antonieta na magistratura brasileira


Tenho me mantido a uma confortável e segura distância dos acontecimentos envolvendo a provável demissão dos 11 mil funcionários públicos no Estado do Acre.
Felizmente, graças aos meus deuses pagãos, sobrevivo bem em meu trabalho na iniciativa privada. Confesso que sempre achei uma forma de fraqueza humana quem se escora na estabilidade do emprego público, muitas vezes sem nenhuma identidade com o que faz, prestando por vezes, um serviço abaixo da linha de miséria.
Talvez por isso, não tenha verdadeiramente me sensibilizado com a situação dos prováveis demissionários e suas famílias. Afinal, o engenho humano prova que para tudo, dá-se um jeito e a necessidade é a mãe das invenções.
Contudo, a recente declaração do nobre magistrado Giordani Dourado, acaba de me ganhar para a causa dos 11 mil.

"Manifestando-me agora como juiz e membro do movimento associativo (ASMAC), entendo que a decisão do STF lastreou-se em parâmetros constitucionais sólidos, os quais, ao fundamentarem a exigência de concurso para o provimento de cargo no serviço público, prestigiam a moralidade e a impessoalidade administrativas, bem como o mérito de quem estuda com sacrifício, às vezes em detrimento de sadias noites de sono, para lograr justa aprovação em certame público. Atacar gratuitamente o STF e propor desobediência civil contra a decisão da Suprema Corte reflete o mais medíocre e oportunista pensamento populista que contamina como vírus letal as instituições latino-americanas. Sou magistrado porque estudei, sofri, chorei e superei as dificuldades de um concurso dificílimo. E tenho muito orgulho disso. Para aqueles que infelizmente serão afastados da administração pelo erro grosseiro de maus administradores, caberá a justa indenização, mas não a permanência no cargo em manifesta ofensa à Constituição da República."

Com todo respeito ao magistrado, que diga-se de passagem exerceu com  destacado denodo o cumprimento de suas funções em Cruzeiro do Sul e que manteve suas portas abertas como poucos em nossa cidade, mas a afirmação, ainda que juridicamente embasada, me soa eivada de flagrante desrespeito à real situação destas 11 mil famílias. Só é portador de tal frieza quem vive em uma cúpula dourada, cercado de benesses e prerrogativas estranhas ao conjunto da população.

Ainda com respeito ao magistrado, mas não posso deixar de ver nesta declaração os ecos de uma afamada frase, dita ou atribuída à Maria Antonieta em que, como resposta à falta de pão que afligia os sans culotes da Paris do século XVIII mandou-lhes dizer que comessem brioches.

Nunca comi brioches e acredito que a maioria da população acreana também nem faça idéia de qual seja o gosto da iguaria, mas a sua sugestão de que os 11 mil abandonem a luta de sua sobrevivência em favor da decisão do STF deve ter deixado um gosto amargo na boca de quem depende deste emprego para sustentar suas famílias.

A constituição, o STF e todas as instâncias jurídicas que compõem o estado democrático de direito somente existem porque a população, lá no distante século XVIII deu como resposta à provocação de Maria Antonieta, a guilhotina.

Tivesse a turba sido obediente e engolido os desaforados "brioches"  da rainha ainda viveríamos em regime absolutista.

Por mais embasado que o STF possa estar, se os magistrados não forem capazes de sentir a angústia destes 11 mil pais e mães de família, terão se tornado tão inúteis no século XXI quanto uma Maria Antonieta togada.

A história ensina que quando a ordem é injusta, o justo é desobedecer.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A religião em “Crônicas do Gelo e do Fogo” - Parte 1 - Os Sete Deuses de Westeros


Leandro Altheman

Neste (nem tão) breve ensaio, pretendo discorrer sobre as principais religiões retratadas na obra ficcional de George R.R. Martin e a partir do simbolismo presente no seu universo fantástico, demonstrar que os elementos revelados encontram-se em algumas das religiões do passado e do presente da humanidade.
O tema atraiu-me a partir de quando percebi que boa parte da trama se desenrola a partir da cosmovisão de cada personagem. Ou seja, em sua obra a religião e a religiosidade, ou a falta dela desempenham um papel fundamental a determinar as respostas de cada personagem-narrador. Esta percepção pode ajudar-nos a entender as diferenças fundamentais entre algumas das principais cosmovisões em nosso próprio mundo.

Começaremos pela religião mais difundida em Westeros: Os Sete.

Os Sete

Os sete nos são incrivelmente familiares e talvez o porque disto esteja claro para alguns de seus leitores, mas não para todos.
Os Sete representam os principais arquétipos que regem a humanidade. Podemos dizer que esta fé simboliza uma segunda etapa na cosmovisão da humanidade. Precedida pelo pan-teísmo natural (a qual falaremos logo adiante) e sucedida pelo monoteísmo dualista, a religião arquetípica foi quem dominou  a cosmovisão da antiguidade.
Egípcios a ensaiaram sob a forma seu deuses antropomórficos, inicialmente espíritos tutelares ligados à geografia do próprio Nilo, a medida em que se organizava o seu espaço político, seus deuses também se organizavam para dar forma à cosmovisão não mais de um grupo, povoado ou cidade, mas de uma nação. Com o tempo, cada um destes deuses passou a desempenhar um papel arquetípico representando os ciclos de vida, morte e renascimento, assistido pelo povo egípcio às margens do Nilo e reinterpretado como parte da encenação cósmica do próprio universo.
Processo semelhante se assistiu no lado asiático do crescente fértil. A medida em que cidades povos e reinos  eram integrados, seus espíritos tutelares passaram a constituir um panteão, dando assim uma fé comum aos povos da mesopotâmia. Se é correto afirmar que um império é feito com armas, é tão correto afirmar que o que mantém coeso é a sua cosmovisão, destinada a amoldar os anseios, preocupações e destinos de cada indivíduo ao destino de sua própria nação.
Mais foi com os gregos que os deuses ganharam forma e conteúdo arquetípicos que nos são mais familiares. A cosmovisão engendrada pelo mundo helênico e adotada pelos romanos permanece viva em nosso século, sem que muitas vezes nos demos conta disso. A trindade Zeus-Poseidon-Hades ainda é reverenciada ainda que de forma distinta. Ares continua a tumultuar os destinos da humanidade, mesmo que a ordem de “ataque preventivo” parta do mais pio dos cristãos. Felizmente, Afrodite continua também a provocar os suspiros de homens e mulheres apaixonados e Atena, a nos inspirar a sua sabedoria. Sem é claro esquecer do veloz Hermes que ganha asas digitais para levar as mensagens de um lado a outro do planeta e ainda hoje é reverenciado por comerciantes e contadores sem que se deem conta disso.
George R.R. Martin captou a essência fundamental do politeísmo arquetípico e os representou maravilhosamente sob a forma dos Sete.
O Pai, A Mãe, O Guerreiro, O Ferreiro, A Velha, A Donzela e finalmente O Estranho capta
m os movimentos essenciais da alma humana quando ele se volta ao desconhecido em busca de  justiça, misericórdia, força (para lutar ou para trabalhar), sabedoria, amor...
 E como uma verdadeira fé arquetípica, também não deixa de fora aquilo que não se compreende e nem se deseja, mas que faz parte da realidade: O Estranho.
Digo sem medo de errar que uma religião que contemple o estranho gosto da morte, a risada louca dos deuses, o caos incompreensível aos olhos humanos tende a ser uma religião mais honesta aos seus seguidores. Uma religião que não torne anátema o que não está nos planos do homem cria uma psique mais sadia, mais propensa a aceitar que nem tudo se é como se deseja, que nossas vontades não são maiores que os “caprichos”dos deuses e que apesar de encontrarmos a ordem em abundância no universo, o caos também é igualmente abundante. Se existe uma divindade, que melhor maneira de explicar as pernas tortas, os olhos vesgos, a doença e a loucura do que aceitar que loucura representa também um aspecto da divindade?
Os septões mais esclarecidos são unânimes em afirmar que o politeísmo da fé nos Sete é apenas aparente em que em sua essência é na verdade, uma fé monoteísta. Nada representa isto melhor do que o arco-íris. A luz de um único sol se divide em sete raios coloridos cada um com uma qualidade específica, mas ainda assim, ligados intrinsecamente à luz primordial que os gerou. Por esta razão as coroas dos septões são feitas de cristal, uma referência à luz que se decompõe no espectro de cores que se traduz na diversidade da realidade, sem jamais negar a existência de uma única fonte primeva que a tudo criou.
Este pressuposto de um Criador primordial que se manifesta na diversidade arquetípica está viva e presente nos cultos afro-brasileiros aos Orixás. Uma mente despreparada pode enxergar na umbanda e no candomblé traços do politeísmo pagão Greco-romano, suplantado, ao menos parcialmente, pela fé aparentemente mais simples e esclarecida, do monoteísmo abraâmico.
Contudo, assim como nos Sete de Westeros, o politeísmo dos Orixás é apenas aparente. Os sacerdotes dos Orixás sabem e ensinam que tudo partiu de um Criador Uno, e que este mesmo Uno, delegou sua própria divindade a seres por ele criados, seres divinosem sua essência cada qual irradiando um brilho próprio, uma qualidade específica a quem a humanidade recorre em temos de necessidades também específicas (justiça, amor, força, sabedorias, etc).
Na umbanda, esta referência aos sete raios do arco-iris é tão evidente que também sete é o seu número. Sete são as suas linhas: Oxalá, Iemanjá, Xangô, Ogum, Oxossi, Iansã e Exu (esta divisão que varia conforme o autor, para melhores esclarecimentos, sugiro a leitura da obra de umbanda exotérica de Rubens Sarraceni). O Criador recebe muitos nomes, sendo o mais usual Olodumaré. Este deve ser reverenciado, mas contudo, permanece inalcansável diretamente, somente por meio de seu Orixá, um filho, pode conhecer a vontade do Criador Supremo.
Já no candomblé esta categorização não é tão simples, e é até difícil se afirmar quantos Orixás existem, ainda que os mesmos Sete sejam os reverenciados, surgem outros tão importantes quanto: Oxum, Omulu e Obaluaê, Obá, Iroco, Ifá, Lodum Edé, e tantos outros quanto sejam possíveis representar arquétipos humanos e da natureza.
Se podemos dizer que o culto Orixá é um politeísmo aparente, que revela em seu âmago, um monoteísmo, algo semelhante pode ser dito do monoteísmo abrâamico. Seu aparente monoteísmo não nega a existência de divindades que descendem do Criador primordial.
Tais divindades estão representadas como os Elohim – seres divinos.
A cabala que é parte integrante deste conhecimento explica que o Criador primordial permanece em um lugar fora do tempo e do espaço manifesto, pois é anterior e ulterior a estes. É chamado de o “Imanifesto” (a cosmogonia Tupi-Guarani também se refere de modo semelhante ao Criador primordial como a essência que dá forma e conteúdo a tudo, não tendo porém ele próprio, forma ou conteúdo – ler mais em Tupã Tenondé – Kaká Verá Jecupé).
Para os cabalistas, contudo, o Criador inalcansável pode ser percebido através de suas múltiplas manifestações, representado em sua diversidade pela árvore da vida.
(Princípio semelhante se encontra no politeísmo monista hindu)
Ou seja, para os sacerdotes da cabala, Deus é Um, mas presente em múltiplas manifestações divinas. Esta mesma questão pode ser colocada a partir da frase atribuída a Jesus na cruz: Eli, Eli lama sabatsani – mormente traduzida por Senhor, senhor, porque me abandonaste – Eli, contudo é o plural de El – senhor , ou seja, o mais correto seria Senhores, senhores, porque me abandonastes. Os estudiosos da bíblia diriam que trata-se de um plural majestático  que equivale dizer que o Deus Unitário é tão imenso, que não cabe em apenas um.
Seja como for, a fé dos Sete representa muito bem os arquétipos humanos responsáveis pela qual se dá a interpretação do universo. Se Carl Gustav Jung estiver correto, a clareza com que cada um lida com estes arquétipos em sua vida é que determinará o grau de saúde da psique e de realização do indivíduo.


sábado, 18 de maio de 2013

Indígenas Acreanos manifestam indignação com Governo Dilma


Lideranças Indígenas do Estado do Acre, Sudoeste do Amazonas e Noroeste de Rondônia estiveram reunidos  entre os dias 14 a 16 em Rio Branco – Eles Manifestaram indignação contra as ações do Governo Dilma que mudam as regras do jogo na demarcação de terras    indígenas e abrem as portas para as intervenções sem consulta.
Leia a Carta na Integra
Rio Branco-AC, 16 de maio de 2013.
Nós lideranças indígenas representantes de 14 povos e organizações do estado do Acre, sul do amazonas e noroeste de Rondônia, reunidos entre os dias 14, 15 e 16 de maio, vimos expressar a nossa grande preocupação e indignação com as recentes medidas adotadas pelo Governo Dilma Rousseff e a bancada ruralista do Congresso Nacional. A mais recente delas diz respeito à tentativa de acabar de vez com os processos de demarcação de terras indígenas e quilombolas, a partir da instalação da CPI da FUNAI e do INCRA. Esta CPI visa paralisar as demarcações das terras indígenas e revisar as já homologadas. Nós perguntamos a todos: o que irá acontecer conosco, os povos indígenas?
Estamos preocupados com o projeto de exploração de petróleo e gás natural no Vale do Juruá, com as hidrelétricas que atingiram os Kaxarari – que estão sendo ameaçados pelos fazendeiros, com os projetos de ligação do Acre ao Peru por meio de rodovias que irão sangrar a floresta, onde há parentes em isolamento voluntário, com as ameaças à liderança Francisco Saldanha e Antonio José, respectivamente da TI São Paulino e TI Valparaíso.
Nossas terras e culturas estão sendo destruídas e com isso todo o nosso conhecimento milenar. Somos parte da natureza e ela faz parte de nós, mas a cada dia surgem novas ameaças que põe em risco a nossa integridade física e os nossos territórios. Exemplifica isto as PECs 215 e 237, além do Projeto de Lei de Mineração, que se aprovadas, vão retalhar o nosso território de ponta a ponta.
Por isso exigimos a imediata demarcação das terras indígenas do Acre, Sul do Amazonas e noroeste de Rondônia, queremos também resaltar a grande importância do fortalecimento da FUNAI com as implantações das CTl, para que possamos agilizar os estudos das demarcações e revisões de limites das TI, para nos esta fundação continua sendo muito importante portanto pedimos ao governo Dilma que trate com respeito e atenção o trabalho que vem sendo feito pela FUNAI e dando mais condições e ampliando os servidores para dar conta desta demanda o qual nos povos indígenas lutamos e esperamos a muitos anos pelas demarcações de nossos território.
Queremos deixar bem claro que nunca fomos inimigos do governo somos contra e desaprovamos a forma que somos tratados sem o mínimo de respeito, vendo a cada dia mais os nossos direitos sendo violado, estamos a cada vez mais sendo ignorando e massacrados, essa bancada de ruralistas, nos tratando como se fôssemos de outra espécie, animais e não humanos, portanto pedimos as partes mundiais que faça uma interferência ao governo brasileiro o qual acusamos de omissão aos direitos de nossos povos, pedimos ainda que a organização das nações unidas por parte da secretaria de direitos humanos cobre esclarecimentos imediato e coloque o governo sobre alerta por maltratar o seu povo.
Por fim queremos dizer que a floresta é a nossa vida e o mundo precisa dela pra viver a força da humanidade esta nas raízes das grandes arvores a essência da vida esta nas nascentes das águas, a cura da humanidade esta nas pequenas ervas de poderes que nos conhecemos e podemos ajudar o mundo a se curar, queremos viver em paz ver nossos filhos nascer e crescer vivendo dignamente para isso necessitamos ter nossos territórios devolvidos através das demarcações e protegidos pelas seguranças deste pais e queremos transmitir o nosso conhecimento ao mundo para que passamos ter paz nesta terra.
POVOS E ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DO ESTADO DO ACRE, NOROESTE DE RONDONIA e SUL DO AMAZONAS. ORGANIZAÇÕES
01- ORGANIZAÇÃO DOS POVOS INDIGENAS DO RIO JURUÁ- OPIRJ
02-ORGANIZAÇÃO DOS POVOS INDIGENAS DE TARAUACA-OPITA
03-ORGANIZAÇÃO DOS POVOS INDIGENAS DO RIO ENVIRA-OPIRI
04- CORDENAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INDIGENAS DA AMAZONIA BRASILEIRA-COIAB
05 – ORGANIZAÇÕA DOS PROFESORIS INDIGENAS DO ACRE-OPIAC
06-ASSOCIAÇÃO DO MOVIMENTO DOS ARGENTES AGROFLORESTAIS INDIGENAS DO ACRE-AMAIAC
07-ASSOCIAÇÃO SOCIO CULTURAL E AMBIENTAL KUNTAMANÃ-ASCAK
08-ASSOCIAÇÃO SOCIO CULTURAL YAWANAWA-ASCY
09-FEDERAÇÃO DO POVO INDIGENA HUNI-KUI DO ACRE-FEPHAC
10-ORGANIZAÇÃO DO POVO INDIGENA APURINÃ JAMAMADI DO AMAZONAS-OPIAJABAM
POVOS INDIGENAS
01 YAWANAWA
02- KUNTANAWA
03 HUNI-KUI
04- NUKINI
05-JAMINAWA
06-APOLIMA ARARA
07- PUYANAWA
08-AYSHANINKA
09-NAWA
10-APURINÃ
11-JAMAMADI
12-MANCHINERI
13-SHAWÃDAWA
14-KAXARARI

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Você acreditou no "bolsa-puta"? Bem feito!

Blogueiro que criou "bolsa-puta" chama de "deficientes cognitivos" quem acreditou na fraude
A trollagem na internet continua solta: as mentiras sobre o auxilio-reclusão, "bolsa-crack" e por último, um famigerado "bolsa puta" que se espalhou pela internet como um viral.

A fraude partiu do blog "Jornalismo Destemido" de autoria de Joselito Muller. Ele assumiu a autoria da fraude e ainda alfinetou os leitores mais crédulos e os blogueiros que repostaram a notícia.

"Eu sei que não deveria brincar assim, superestimando a inteligência alheia e me sinto culpado pela deficiência cognitiva de alguns que acreditaram em mim." escreveu o blogueiro.

As trollagens preferidas são aquelas tragam em seu conteúdo declarações contra o PT ou mensagens que possam ser traduzidas como o "fim dos tempos" e a "volta de Jesus" por terem grande facilidade de aceitação. A maioria dos leitores não costuma averiguar a fonte e simplesmente, repassa a notícia. 

Veja o que escreveu o blog da Radio Criciúma:  


Mesmo a "notícia" sendo totalmente descabida e o blog ser exclusivamente preenchido com textos de humor, muitos internautas compartilharam nas redes sociais, sem conferir a veracidade, causando revolta dos indignados - que também não procuraram se informar, com a suposta ajuda às garotas de programa. Foram tantas pessoas tomando a informação com verídica que levaram à ira a senadora petista Ana Rita, do Espírito Santo. 


Nota da Senadora Ana Rita (PT-ES)


"O mandato da senadora Ana Rita (PT-ES), presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, esclarece que a matéria publicada no blog de nome Joselito Muller é falsa. O referido projeto não é de sua autoria, além de nunca ter tramitado no Senado Federal. Informamos, ainda, que a senadora já está tomando as devidas providências junto à Procuradoria Geral do Senado, a Polícia do Senado e à Polícia Federal. Em caso de dúvidas, solicitamos acesso à relação dos Projetos de Lei apresentados pela senadora, conforme consta no link abaixo."

http://www.senado.gov.br/atividade/materia/Consulta_parl.asp?Tipo_Cons=15&p_cod_senador=4869


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Águias em Luta


Houve um pouso forçado no último domingo no Aeroporto Internacional de Duluth (Minnesota- EUA), mas não envolvem aviões. 


Duas águias americanas lutavam no ar quando travaram suas garras uma na outra. Em um raro espetáculo da natureza, as águias não foram capazes de soltar a tempo antes de cair para a pista.

"Aparentemente, as águias adultas, às vezes, lutam por territórios", disse o agente de conservação ambiental de Minnesota, Randy Hanzal. "Ela travam sua batalha no ar, batendo umas nas outras e pegando uma águia que se intrometer nas suas garras.

"Normalmente, eles se soltam antes de chegar ao chão, mas, neste caso, suas garras estavam tão profundamente encaixadas umas nas outras foram incapaz de se libertarem antes da queda."

Hanzal foi o único que foi chamado para recolher os pássaros e entregá-los para Wildwoods, um centro de reabilitação da vida selvagem em Duluth, Minnesota.

"Surpreendentemente, as duas águias eram tão calmas que eu às peguei coloquei na parte traseira do meu caminhão", disse Hanzal. "Eu acho que elas estavam mais preocupadas em  ganhar a batalha do que com a minha presença."

Para transportá-las, Hanzal cobriu-os com cobertores e casacos, e prenderam-nas com correias, de acordo com um relatório no Duluth News Tribune.

Após chegar ao centro de reabilitação, uma das águas voou para longe, a outra ainda espera ser tratada para que possa se recuperar.  

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Médico da maternidade é indiciado por abandono de função


O médico ginecologista Gilson Lima apresentou-se após notificação policial, no final da tarde de ontem, à delegacia geral de polícia de Cruzeiro do Sul. A direção da unidade o acusou formalmente de abandono de função pública.
Segundo a direção da unidade, o mesmo não estava presente durante o seu plantão neste domingo. As duas partes foram ouvidas pelo delegado. Segundo médico haviam duas escalas sendo cumpridas: uma escala regular (formal) e outra escala irregular (informal) e que o mesmo cumpria a escala regular e que no seu entendimento, portanto, não houve crime.
Segundo a direção da unidade, a escala é confeccionada pelo secretário adjunto de saúde e que todos devem ser submetidos a ele. Foi lavrado um termo circunstanciado de ocorrência e o médico foi liberado, encontrando-se à disposição da justiça.
Em carta encaminhada ao Sistema Juruá de Comunicação, o médico alega o não-pagamento de benefícios referentes à plantões extras e a sobrecarga de trabalho para o não-cumprimento do plantão.
O caso foi encaminhado à justiça.
Fonte: Redação Juruá On Line

domingo, 12 de maio de 2013

A Mãe Samaúma


Um Conto Amazônico

por: Arnaldo Quispe

As tribos da Amazônia concordam que a Samaúma tem na sua base (sacupema) uma grande porta invisível aos olhos humanos, usada ​​para se comunicar com mundos existentes. Esta porta é uma passagem de trânsito entre os mundos humano e o universo espiritual amazônico. Por esta porta entram e saem seres mitológicos da "Selva Mãe" e em especial muitas vezes se fala de uma bela garota que vive na árvore e que representa o espírito essencial da samaúma. Quando moça, havia sido uma grande curandeira e protetora dos animais e plantas da floresta amazônica.

Diz a lenda que em tempos antigos esta curandeira testemunhou a morte de seu marido pela picada de uma cobra venenosa. Na ocasião, era uma jovem inexperiente e não o pode curar. A vida de seu marido foi extinta em seus braços, sem conseguir salvá-lo. Depois de recuperar o ânimo perdido dedicou sua vida a curar  mordidas e picadas de cobras e outros animais peçonhentos. Foi a melhor curandeira nesse sentido. Ela descobriu um remédio natural para tais acidentes ofídicos: usando tubérculos da planta jérgon sacha (Dracontium lorettense) 
como um cataplasma. Depois de curada, a vítima poderia encarnar o espírito da serpente como seu animal protetor, além de ter uma maior imunidade contra as picadas.

Quando seu filho mais velho cresceu e se tornou curador como sua mãe, sofreu uma estranha picada de cobra, que não encontrou antídoto eficaz. Como sua mãe não conseguia encontrar a cobra que havia causado essa tragédia, optou por uma medida radical: usando rapé, conversou com o espírito da planta e esta lhe disse que se queria que seu filho vivesse, deveria dar seu espírito em troca, na base da samaúma (sacupemas). Como ela não tinha dúvidas, deu a sua própria vida para que o seu filho novamente encontrasse saúde. Dessa forma, seu filho se recuperou a tempo e sua mãe passou a ocupar um lugar de honra no reino da floresta e desde então passou a viver para sempre na samaúma. A "Mãe Samaúma" é um espírito que protege e está sempre atenta a tudo que acontece na grande floresta verde. Olha e protege com sua poderosa energia todos os seus irmãos mais novos, sejam plantas ou animais da selva.

***

* Obs: No conto original, o autor trata o espírito como "doncella lupuna", ou seja, donzela, optei por trata-la como Mãe, uma vez que o clímax da história se dá com ela dando sua vida pelo filho.

sábado, 11 de maio de 2013

Miração Azul

Mirações em tom azul são consideradas raras no universo da ayahuasca, e estão relacionadas em parte, a um tipo específico de cipó, mas também a um grau elevado dentro da Força e presenças espirituais específicas.

Mas, se você não acredita em nada disso, apenas curta a bela imagem inspirada pela ayahuasca.

*Compartilhado da página Ayahuasca Comunity 


sexta-feira, 10 de maio de 2013

Você conhece o Pau d’Arco Roxo?



Árvore comum na região, o pau d'arco roxo (ipê) tem eficácia no combate às células cancerosas. 

O diálogo reproduzido a seguir retrata algo que aconteceu em um consultório médico de Cruzeiro do Sul. O paciente, um funcionário público com quase trinta anos de serviços prestados. O médico conhecido e de reputação ilibada no estado.  

As identidades serão preservadas no texto, a fim de resguardar o próprio médico.

Há uns três meses atrás, fui fazer um check-up geral. Quando o médico olhou os exames, fez aquela cara e disse: 
- Olha, você está com o triglicérides alto e também com um princípio de diabetes. Tem que se cuidar.

- E agora, doutor, o que eu faço? Perguntei. Vi que ele então digitou um nome no computador, e segundos depois, virou a tela na minha direção e disse:

- Você conhece a mangerioba?

- Doutor, eu conheço sim. Quando eu andava muito nos seringais, o pessoal torrava as sementes e fazia um tipo de café...

- Certo. Então você vai pegar as folhas e as raízes e fazer um chá. Tomar três vezes ao dia. Esta vai ser a minha receita. Depois volta aqui.

Eu achei estranho, porque ele não me receitou nenhum tipo de remédio de farmácia, e me pediu segredo sobre a receita caseira. Comecei a tomar a menos de um mês. Não tenho sentido nenhum daqueles sintomas de quem tem diabetes e triglicérides.

Então eu me lembrei do que aconteceu há alguns anos atrás, com minha mãe. Ela fez uma biopsia de um nódulo maligno no intestino grosso. Quando chegaram os exames, o médico, aliás, este mesmo médico fez uma cara ruim ao ler:

- Não reagente à quimioterapia. Não reagente à radioterapia. E então, ele falou:

- Amigo, é o seguinte. O caso da sua mãe é grave e  irreversível. Não adianta nem fazer rádio ou quimioterapia. Ela vai direto para cirurgia. O prognóstico é de oito meses de vida.

- Mas doutor, não tem nada que eu possa fazer?  

- Tem sim, mas aí é outra história. Não diga que fui eu quem indicou. Você conhece pau-d’arco roxo?   

-Conheço sim doutor, tem muito lá no meu sítio, na BR 307.   

Pois então, você vai fazer um chá bem forte do pau d’arco roxo e tomar, três vezes ao dia. Isso é o que você pode fazer.

Minha mãe foi cirurgiada em caráter de urgência. Foi retirada a alça do intestino e colocada uma bolsa de colostomia. Enquanto isso fui atrás de tirar a casca do pau d’arco roxo. Fiz um chá e comecei a dar a ela.

A saúde dela se estabilizou e com alguns meses foi retirada a bolsa de colostomia, revertendo para as funções normais do intestino.   

Ela viveu ainda três anos conosco e quando faleceu, o médico disse:

- É, o pau-d’arco é milagroso, mas o caso da sua mãe era muito grave...

- Mas graças ao pau d’arco, nós tivemos ela do nosso lado, por mais três anos...

Agora eu fico imaginando, se as pesquisas com o pau d’arco não tivessem paradas, se encontrassem uma maneira mais eficaz de retirar os princípios ativos. Não a decocção, que deve perder um bocado de suas propriedades, e mais, um meio mais eficaz de fazer com que ele se espalhe no organismo, que chegue até as células cancerosas e nas células vizinhas, quantas vidas já não poderiam terem sido salvas do câncer?

***

A história me lembrou outra vivida há alguns anos atrás, no breve período em que tive uma loja de venda de plantas medicinais. Notei um súbito aumento na clientela masculina, acima dos cinqüenta anos. Todos eles compravam três plantas: unha-de-gato, jatobá e copaíba.
Perguntei-lhes para que queriam aquelas plantas e me disseram que um médico da cidade havia receitado para tratamento de próstata. A maioria se recusou a dizer quem era o médico que estava receitando unha-de-gato, jatobá e copaíba para o tratamento de próstata no hospital da cidade. Finalmente quando um de meus clientes resolveu revelar o nome do médico disse:


- Mas por favor, não diga a ninguém, ele tem medo de ser perseguido ou processado.  

Não se tratava do mesmo médico da história anterior, mas sim outro, e com ainda mais tempo de serviço prestado na cidade. 

***

Segue abaixo indicação médica do laboratório LAFEPE para o 

Lapachol  - extraído do Pau D'arco Roxo 

O Lapachol está indicado principalmente nos tratamentos de neoplasias malignas tais como o Sarcoma de Yoshida, carcinosarcoma de Walker, em alguns casos de adenocarcinoma e carcinomas escamosos do aparelho digestivo, podendo ser indicado ainda no carcinoma epidermóide do colo de útero e do assoalho da boca, ou como auxiliar na quimioterapia. Verifica-se que uma das suas principais propriedades, é a diminuição das dores em pacientes com neoplasias malignas.

Link do site Medicina NET  


Contudo é importante ressaltar que o uso do lapachol apresenta um baixo grau de toxidade e efeitos colaterais. O mesmo não se aplica ao seu uso tradicional. 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ensaio sobre a panema, a bipolaridade e o fio terra

" Existem situações em que até os idiotas perdem a modéstia" - Nelson Rodrigues

Certamente um deste idiotas, é o medíocre advogado cujo único mérito foi ter tentado por quatro vezes, sem sucesso, o suicídio e agora escreve mais um excitante capítulo do MANUAL DO PERFEITO IDIOTA CRUZEIRENSE, ou seja, sua própria biografia.

O suicida fracassado perde a modéstia ao querer ensinar ciência ao pesquisador e herpetólogo consagrado, Paulo Bernarde.

Na sua idiotia, beirando as raias da mais estridente loucura, mascarada sob o rótulo amistoso da "bipolaridade", o advogado suicida se arvora a questionar a "ciência de hoje" dizendo que a mesma se transformou em "xamanismo" (sic).

Esqueceu de tomar remédio controlado, foi? 

Se o advogado suicida tivesse de fato a intenção de debater idéias, poderia se informar melhor do assunto, lendo o que diz a Declaração de Veneza, da UNESCO sobre o tema:

"O conhecimento científico, devido a seu próprio movimento interno, chegou aos limites em que pode 
começar o diálogo com outras formas de conhecimento. Neste sentido, reconhecendo as diferenças 
fundamentais entre a ciência e a tradição, constatamos não sua oposição, mas sua complementaridade. 
O encontro inesperado e enriquecedor entre a ciência e as diferentes tradições do mundo permite pensar 
no aparecimento de uma nova visão da humanidade, até mesmo num novo racionalismo, que poderia 
levar a uma nova perspectiva metafísica. " -

O documento é assinado por dezenas de físicos (alguns deles, Premio Nobel), matemáticos, mas também antropólogos e escritores. (Disponibilizo abaixo a lista de signatários da declaração) -

Ops, mas eu tinha me esquecido: o medíocre e provinciano advogado suicida de Cruzeiro do Sul, não assinou, e este sim é que sabe das coisas!

Só quem não conhece o figurinha pode imaginar que o perfeito idiota queira debater ideias. Suas motivações são outras: ganhar a notoriedade que não tem, atacando pessoas que realmente têm serviço prestado.

(Esta é uma das razões pela qual não menciono o seu nome, além de é claro, me preservar da panema)

De um lado, o professor Paulo Sérgio Bernarde, herpétologo de competência comprovada, com diversas publicações científicas. Do outro, no canto escuro da sala, o mala mau-amado e incompetente suicida "bipolar", autor da infame "DogVille" (que agora faz questão de esconder).

Querer rotular Paulo Bernarde de "xamanista" por estudar uma espécie que é utilizada em rituais xamânicos é uma das coisas mais despropositadas e absurdas que já ouvi na vida.

Seguindo sua lógica mambembe, um advogado que defenda um criminoso, também é criminoso.

É claro que o perfeito idiota se ressente de que Paulão ganha fama e admiradores no Brasil todo com seu trabalho, enquanto ele continua no "canto escuro" de sua provinciana "dogville".

Mas talvez o que incomode ainda mais, não seja o sucesso profissional de Paulo Bernarde, mas o fato de que Paulão é sobretudo um ser humano generoso, admirado não apenas pelo seu trabalho, mas pela maneira humana com que lida com todos. A mesquinharia do suicida não suporta a luz da generosidade.

Se o perfeito idiota fosse metade do "liberal" que diz ser,  não iria desqualificar uma pessoa por ser "xamanista", ou qualquer outra coisa. Somente nazistas e inquisidores se incomodam com a religiosidade alheia.

Se o perfeito idiota fosse metade do "capitalista" que diz ser, saberia que a bioprospecção significa, no final das contas, dinheiro, e que os conhecimentos tradicionais, utilizados como indicativo de pesquisa científica, significam uma economia considerável do capital investido.

Temos as duas coisas aqui em Cruzeiro do Sul: biodiversidade e conhecimentos tradicionais. Paulo Bernarde, não é o primeiro pesquisador a vislumbrar este potencial de riqueza para a região, mas é certamente um dos primeiros a deixar o conforto das grandes cidades e por a mão na massa.

Sob está ótica, o perfeito idiota é tão capitalista quanto os índios que trocaram suas terras por miçangas e espelhinhos.

***

O kambô lhe espera (?) 

Considerando o padrão na biografia do perfeito idiota, tudo leva a crer que no final das contas  ele o acabará tomando.

Explico: Ele chamou as cruzeirenses de putas e casou com uma (cruzeirense), rogou praga às crianças da cidade, e agora carrega uma no colo, esconjurou Cruzeiro do Sul por seu "provincialismo" e agora advoga na cidade para os empresários, que logo antes chamou de "traficantes".

Seria alguma forma rara e especialmente virulenta de "panema"?

Com tanto detrato ao kambô, só posso entender aí uma vontade muito grande de tomá-lo, superada apenas, pelo seu medo.

Para a panema, kambô. Para a "bipolaridade", fio terra.

Por isso, caso consiga superar o seu medo, sugiro que tome do mesmo jeito que se aplica em cachorro panema, ou seja, no cu.

***

Signatários da Declaração de Veneza


A.D. Akeampong (Ghana; físico-matemático); Ubiratan
D'Ambrósio (Brasil; educador matemático); René Berger (Suíça, crítico de
arte); Nicoló Dallaporta (Itália; físico); Jean Dausset (França; Prêmio Nobel de
Medicina); Maitraye Devi (Índia; poetisa); Gilbert Durand (França; filósofo);
Santiago Genovês (México; antropólogo); Akshai Margalit (Israel; filósofo);
Yujiro Nakamura (Japão; filósofo); David Ottoson (Suécia; Presidente do
Comitê Nobel de Filosofia); Abdus Salam (Paquistão; Prêmio Nobel de Física);
L.K. Shayo (Nigéria; matemático); Ruppert Sheldrake (Inglaterra; bioquímica);
Henry Stapp (USA; físico); David Suzuki (Canadá; geneticista); Susantha
Goonatilake (Sri Lanka; antropologia cultural); Basarab Nicolescu (França;
físico); Michel Random (França; escritor); Jacques Richardson (USA; escritor);
Eiji Hattori (UNESCO; Chefe do Setor de Informações); V.T. Zharov (UNESCO;
Diretor da Divisão de Ciências

 

terça-feira, 7 de maio de 2013

O problema não está no crack – está na alma


Denis Russo Burgierman
De cada 100 pessoas que experimentam crack, algo em torno de 20 tornam-se dependentes. É um número assustador, preocupante, claro, mas é importante notar uma coisa: é a minoria. O crack é mais viciante que a maconha (9%), menos do que o tabaco (32%, a taxa mais alta entre as drogas). Mas a grande questão é a seguinte: o que faz com que algumas pessoas que experimentam as drogas fiquem dependentes e outras não?
Segundo o médico húngaro-canadense Gabor Maté, a resposta é simples: as pessoas que se afundam nas drogas são as mais frágeis. Gabor é um dos especialistas mais respeitados do mundo em dependência e esteve no Brasil esta semana. Sua palestra, no Congresso Internacional sobre Drogas que aconteceu no fim de semana em Brasília, foi imensamente esclarecedora.
“Em 20 anos trabalhando com usuários em Vancouver, eu nunca conheci nenhum dependente que não tivesse sofrido algum tipo de abuso na infância – abuso sexual ou algum trauma emocional muito grave”, ele disse. Ou seja: dependentes de drogas são sempre pessoas com fragilidades emocionais causadas por traumas na infância.
O momento mais polêmico da palestra foi quando ele afirmou algo que ninguém esperava ouvir: “drogas não causam dependência”. Como assim não causam? E aquele bando de gente esfarrapada no centro da cidade? Ele explica: “a dependência não reside na droga – ela reside na alma”. É que quem sofreu abusos severos na infância acaba tendo sua química cerebral alterada e cresce com um eterno vazio na alma. Frequentemente esse vazio acaba sendo preenchido com alguma dependência. “Pode ser uma droga, ou qualquer outro comportamento que traga algum alívio, ainda que temporário: compras, sexo, jogo, comida, religião, internet.”
A cura para a dependência, portanto, não é a destruição da droga: é o preenchimento do vazio na alma. Gabor, aliás, sabe muito bem do que está falando. Ele próprio, afinal, sente esse vazio. Ele nasceu em Budapeste em 1944, durante a ocupação nazista, com a mãe deprimida, o pai preso num campo de trabalhos forçados, os avós assassinados pelos alemães. Quando cresceu, para aliviar a dor emocional que sentia, desenvolveu uma dependência: “virei um comprador compulsivo”.
O sofrimento que Gabor sente está óbvio em seu rosto: nos seus traços trágicos, nos olhos tristes. Mas ele encontrou paz: seu trabalho ajudando dependentes lhe trouxe sentido na vida e esse sentido preencheu, ao menos em parte, o vazio.
Em resumo: crianças que foram muito mal-tratadas acabam virando adultos “viciados”. E aí o que nossa sociedade faz? Trata mal essas pessoas. “Nós punimos as mesmas crianças que falhamos em proteger”, diz Gabor.
Na semana passada, uma pesquisa do Datafolha mostrou que o maior medo dos paulistanos é o de perder seus filhos para as drogas. É um medo compreensível e do qual eu, como um quase pai (minha primeira filha nasce no mês que vem), compartilho. Mas esse medo não pode justificar políticas repressivas e violentas, que impõem tratamento religioso forçado e dá poder ilimitado à polícia. Isso só vai aumentar o estresse na vida de gente que já é frágil – e é sabido que estresse piora a dependência.
Hoje já está claro que o único jeito de lidar com gente que tem um vazio na alma é com compaixão. O que essas pessoas precisam não é de cadeia nem de conversão forçada nem de projetos de lei medievais como o que está tramitando agora no Congresso, com apoio do governo federal – é de compreensão e de ajuda para encontrar algo que ajude a dar sentido para as suas vidas.
Em 2000, uma pesquisa em Portugal revelou que as drogas eram o maior problema do país. No ano seguinte, o governo português teve a coragem de montar um novo sistema, muito mais barato para o contribuinte, comandado pelo ministério da saúde, sem internações compulsórias nem violência policial.
Ano retrasado, a pesquisa foi repetida e drogas nem apareceram na lista dos dez maiores problemas portugueses. O problema havia sido resolvido. Com compaixão.
Texto publicado originalmente na Revista Super Interessante.
Denis Russo Burgierman

Diretor de redação da Superinteressante. Escreveu o livro O Fim da Guerra, sobre o futuro das políticas de drogas, participa da comunidade TED, dá aulas na Eise (Escola de Inovação em Serviços) e é membro da Rede Pense Livre – Por Uma Política de Drogas que Funcione. Pedala entre uma coisa e outra.   

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Cruzeiro do Sul e o Kambô merecem respeito (Parte 2)


O herpetólogo Paulo Sérgio Bernarde da UFAC já discorreu sobre as propriedades medicinais da substância secretada pela Philomedusa bicolor . Os peptídios contidos na secreção são tema de estudo de dezenas de pesquisadores, entre eles, Carlos Bloch, do Embrapa. Estudos “in vitro” já sugerem a aplicabilidade de alguns destes peptídeos no combate ao HIV além de Leishmaniose, Malária, Isquemia entre outros. Tratam-se de estudos preliminares, mas já é um começo. Por outro lado, laboratórios japoneses e americanos já isolaram e patentearam  peptídios isolados a partir da Philomedusa – trata-se da deltorfina e a dermorphina, com possíveis aplicações na medicina.
(clique aqui para ver a lista de artigos científicos sobre o kambô)
Antes que continue, um detalhe importante: no caso da morte supostamente causada pelo kambô em Pindamonhagaba-SP o laudo do IML não detectou a presença dos peptídeos da rã,  o que significa que para a ciência médica, a morte foi causada por problema cardíaco anterior à aplicação.
De qualquer modo, dizer que determinada substância cura ou mata, é apenas meia verdade.  O pai da medicina ensina que a diferença entre o veneno e o remédio é a dose.
E o que determina a dose, é o conhecimento. Para a ciência, ainda há um longo caminho a percorrer até que estes peptídeos possam ser transformados em remédios de aplicação na medicina.
O mesmo, contudo não pode ser dito de seu uso dentro do conhecimento tradicional. Seu uso é consagrado por séculos ou talvez milênios, dentro de um sistema de conhecimento diferente da ciência ocidental.
Neste sentido a chamada “Declaração de Veneza” , da UNESCO, em  1986 recomenda o diálogo entre a a ciência e os conhecimentos tradicionais como forma de oferecer uma alternativa ao modelo mecanicista que tem resultado, entre outras coisas na destruição do planeta e na auto-destruição da humanidade.
Creio que o exemplo da acupuntura seja válido. A acupuntura não tem qualquer comprovação científica de sua eficácia. E na verdade, nem precisa: ela é o fruto de milênios de estudos e observações que não seguem os parâmetros do método científico ocidental. Contudo, tem o seu uso consagrado, aceito e difundido em praticamente todo o planeta.
Obviamente que isso não significa que alguém possa ir até o bairro da Liberdade em São Paulo, comprar um kit de agulhas e sair aplicando acupuntura a torto e à direita, e pior, prometendo curas e cobrando por isso.
O que garante a credibilidade de quem exerce uma prática é a forma de transmissão do conhecimento. Assim é com a acupuntura, Shiatsu, Reiki, Artes Marciais, Yoga e outros sistemas de conhecimento e suas respectivas práxis.
O que vale para a conhecimento oriental seria válido também para o conhecimento indígena? É algo a ser discutido com mais profundidade, com os próprios detentores destes conhecimentos, ou seja, os indígenas.
Do meu ponto de vista, de alguém nascido e criado na cosmopolita São Paulo, dizer que determinado conhecimento “serve só para os índios” equivale dizer que os “índios” não fazem parte da humanidade: trata-se de uma nova espécie de gente ainda não catalogada e cuja história e conhecimentos não podem fazer parte do acervo humano.
Nepal, Índia e China recebem milhares de pessoas todos os anos em busca de conhecer na fonte, àquilo que de forma, mais ou menos filtrada (ou deturpada) tiverem contato em suas próprias cidades e países.
Nossa vizinha e irmã Pucalpa, no Peru, se consagra como “capital da ayahuasca”, recebendo a cada ano um contingente cada vez maior de pessoas em busca do conhecimento de seus “maestros”, ou ainda, para a cura que não encontraram na medicina do primeiro mundo.
Hotéis, restaurantes, agências de viagem e de transporte tratam-nos por “turistas” e para estes, nada mais importa do que o dinheiro trazido por eles em suas cidades.
O ponto de vista do buscador é outro: quem busca sabe que todo conhecimento tem um preço para ser obtido.
E o que tornou-se Cruzeiro do Sul na última década, se não uma referência para quem busca a biodiversidade e o conhecimento tradicional? Quanto disto deve-se justamente ao kambô?
No entanto, para que esta vocação seja abraçada pela sociedade, seria necessário um olhar diferenciado sobre os povos e a cultura indígena e muito mais que isso, uma verdadeira parceria de confiança.
O debate precisa ser colocado de forma clara dentro das próprias comunidades indígenas. No final são eles quem devem decidir se querem que seu conhecimento fique restrito às suas aldeias, ou se querem compartilhá-lo com o restante da humanidade. E também de que forma: apenas como objetos de pesquisa científica ou também como sujeitos, protagonistas de sua própria história.
Leandro Altheman