terça-feira, 29 de dezembro de 2009

As Revelações do Irmão José


Procurando imagens na internet sobre o Irmão José para minha postagem anterior, deparei com a quase total ausência de informações sobre este religioso. A excessão foi este texto que encontrei no blog Karipuna(http://www.karipuna.blogspot.com/), contendo inclusive dados biograficos deste religioso (o que é ainda mais raro). Como o interesse da população do Juruá sobre este tema ainda é muito presente, achei legal publicar.
A foto é de 1980 de Wolf Grauer. Irmão José da Cruz está entre os índios Ticuna.

O texto abaixo é de responsabilidade de seu autor, citado ao final.
“No princípio da década de 70, chegou à selva peruana um pregador brasileiro chamado José Francisco da Cruz. Durante três anos percorreu mais de 500 cidades, aldeias, povoados, pregando a devoção à cruz, como meio de salvar-se do castigo iminente de Deus. Desencadeou uma mobilização religiosa, em todos os lugares que visitou. Plantou grandes cruzes de madeira nas aldeias e deixou nomeadas pessoas para coordenar o culto; logo regressou ao Brasil. Desde então muitos perderam o entusiasmo apesar de guardarem simpatia ao movimento. Entretanto um reduzido número de seguidores vieram formando uma igreja que se chama Cruzada Católica Apostólica Evangélica do Peru, a base de elementos tomados do catolicismo, do protestantismo e das religiões autóctones.(...) Algumas regiões do Brasil são conhecidas pela grande quantidade de profetas e movimentos messiânicos que foram surgindo ao longo de sua história. José Nogueira se formou nesse ambiente. Nasceu às 11 da noite de 3 de setembro de 1913 em Cristina, no sul do estado de Minas Gerais, a milhares de quilômetros portanto, dos rios e florestas do Peru e fora da bacia amazônica. Sua mãe no sexto mês de sua gravidez, adoeceu e estava a ponto de morrer. Um de seus tios a fez prometer perante o Sagrado Coração de Jesus que, se fosse curada, o filho seria servo de Deus. O menino nasceu e foi batizado pelo Padre José Augusto Leite. (...) Cresceu, e ainda jovem levantou uma capela a que deu o nome de Sagrada Família José e Maria. Se casou e foi pai de sete filhos. Depois de alguns anos se enfermou de hanseníase e queriam interná-lo em um leprosário, mas fugiu para um lugar afastado levando uma Bíblia. Prometeu que, se fosse curado, semearia cruzes por onde passasse e trabalharia pelo bem dos que o quisessem seguir.Segundo algumas versões, o irmão José teve importantes revelações de Deus em 1934, 1951 e 1962.Em 1944 teve três revelações. Na primeira viu uma grande cruz iluminada. Na segunda uma cruz pequena de cor verde e amarela. Em 13 de setembro debaixo de uma árvore lhe apareceu o Sagrado Coração de Jesus em forma de um homem com um manto vermelho, lhe mostrou uma bíblia grande, viu uma cruz grande de cor marrom e na mão uma pequena da mesma cor. Jesus lhe ordenou ir a pregar para as pessoas de toda parte. Tomou o nome religioso de José Francisco da Cruz, missionário do Sagrado Coração de Jesus, apóstolo dos últimos tempos. Percorreu Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, difundindo sua mensagem de salvação. Em sua peregrinação foi expulso da Colômbia em 1969. Entrou no Peru e percorreu o Huallaga, Ucayali, Marañón e Amazonas. Se vestia de hábito franciscano e para a missa do amanhecer de branco. Pregava a palavra de Deus, curava aos doentes com orações, dava receitas de farmácia e organizava o pessoal de cada comunidade para levantar uma cruz grande feita da árvore Palo Sangre, deixando uma junta diretiva para o culto e um estatuto para reger seu comportamento. No final de novembro de 1971 chegou a Iquitos, e plantou a cruz em Morona Cocha a 3 de dezembro.Ao regressar ao Brasil em 1972 o fundador formou um povoado, Vila Santa, que chegou a ser a sede de sua Igreja. Está localizado no rio Içá, afluente do rio Putumayo. É o centro de seu projeto para o desenvolvimento dos povoados da região quanto à produção agropecuária, a saúde e a educação. Como projeto especial estão dedicados à evangelização e desenvolvimento material dos indígenas tikuna.Durante a vida do irmão José, no Brasil, a maioria dos diretores que incentivaram a pregação da Igreja Cruzada eram comerciantes ou patrões que estavam perdendo sua influência política e econômica devido a conflitos com a FUNAI, os comandos militares e a Igreja. Não questionava a situação de dependência dos indígenas e caboclos com relação aos patrões, mas sim os subordinava ainda mais, entregando-os aos patrões que chegavam mesmo a ser diretores, exercendo uma dupla liderança, religiosa e econômica.O sucessor, escolhido pelo próprio irmão José antes de sua morte que aconteceu a 23 de junho de 1982, é Walter Neves, descendente de Omaguas (chamados Kambevas no Brasil) por parte de seu pai. Seu irmão é casado com uma Tikuna. Neves reorganizou a hierarquia e deu mais postos a indígenas. Vários dos ex-dirigentes se retiraram ou estão na oposição. Esta mudança também significou uma maior independência frente aos patrões e comerciantes.Walter Neves visitou o Peru em fevereiro de 1990 para animar aos irmãos na reafirmação de suas crenças. (...) No Brasil são uns 20 mil membros, a metade tikunas e a metade brancos, e no Peru uns 4 mil. Na cidade de Iquitos têm 3 templos com cerca de 150 membros.No começo de sua visita ao Peru, em Pucallpa, o irmão José Francisco não fez muito impacto na população, mas à medida que ia descendo pelos rios, corria a notícia de que fazia milagres e o pessoal acudia em grande número e com entusiasmo e devoção. Falava em português e muitos mal lhe entendiam, mas lhe presenteavam galinhas, mandioca e outros alimentos que costumava utilizar para alimentar a multidão. O acompanhavam intérpretes, ajudantes e cozinheiras. Apesar do fervor religioso, alguns dos ajudantes se aproveitavam da situação e vendiam parte das oferendas populares.A opinião sobre a personalidade do irmão José varia desde os que acreditam que é um santo até os que pensam que é um alienado mental. Muitos asseguram que era um missionário ou enviado de Deus, mas as pessoas de condição mais humilde, camponeses de ascendência indígena, diziam que era Jesus Cristo que havia voltado para anunciar o fim do mundo. Ele afirmava não ser Deus, mas as pessoas acreditavam que só estava tratando de humilhar-se. Os não-crentes não notavam nenhum comportamento milagroso, mas os outros contavam e recontavam as façanhas do irmão. Segundo os testemunhos crentes, caminhava sobre o barro sem se afundar e fez o milagre da multiplicação dos frangos e da farinha para dar de comer à multidão; sua mão tinha ficado encolhida pela lepra, mas as pessoas diziam que tinha em seu corpo as feridas de Jesus Cristo.(...) A maioria dos membros das Cruzadas são descendentes de diversos grupos indígenas da selva, que perderam sua identidade étnica específica e Cocamas, cuja língua é da família Tupi-Guarani; analfabetos ou pessoas que não passaram do terceiro ano de educação primária; agricultores, desocupados, chaucheros (peões do porto), vendedores ambulantes e do mercado, operários eventuais e domésticas pobres. Quase todos vivem marginalizados da sociedade nacional econômica, social e culturalmente.”

Fonte: Regan, Jaime. “Hacia la Tierra sin Mal – La Religión del Pueblo en la Amazonía”. Iquitos, 1993, CETA – Centro de Estudios Teológicos de La Amazonía. 484 p. Páginas 337 a 344. Imagem: ISA - Ticunas

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Papai Noel Brasileiro

Leandro Altheman

Já passei por todas as fases sobre o Natal. Não me lembro de algum dia ter fato acreditado no Papai Noel, mas lembro-me de simplesmente me deixar envolver por esta magia este “espírito do natal” que sempre rende aquelas películas açucaradas de sessão da tarde.

Meus natais eram sempre comemorados na casa de meus avós, na baixada santista, litoral de São Paulo. Natais eram sempre sinônimo de muito calor, noites estreladas e aquele maravilhoso cheiro de maresia. Dormíamos com os ventiladores ligados, quase sempre com aquele ardor de quem passou o dia na praia.
Por esta razão, logo comecei a pensar: por que o “nosso” Papai Noel tem que vir sentado naquele trenó, com aquelas roupas polares, quando a primeira coisa que minha avó fazia quando chegava na sua casa na praia era me obrigar a trocar as calças jeans de “paulista”, por confortáveis bermudas e sandálias?
Por que nós, os brasileiros, um povo conhecido por sua criatividade, ainda não “abrasileiramos” o Papai Noel?Ao invés disso, os “Shoping Centers” preferem gastar toneladas de material para criar uma neve artificial. Por que não lhe damos sandálias, camisas regatas, bermudas, para que possa se deslocar mais confortavelmente pelas terras brasileiras enquanto entrega os seus presentes. Infelizmente, algumas coisas ainda são “transplantadas” de uma cultura a outra criando certas “anomalias”.


De certa forma, me senti um pouco realizado ao ver um senhor de barba branca, anunciar num linguajar bem popular, o crescimento de nosso país e o salário mínimo de 510 reais.

No Juruá

Hoje, vivendo no Juruá, pensei em um pequeno roteiro de um curta metragem, tipo sessão da tarde, mas com as cores dos nossos rios, florestas e gentes.

Cena 1

Papai Noel sobrevoa de trenó o Juruá, se encanta com suas lindas florestas. Vê um lindo lago e decide parar para suas renas descansarem.
Um caçador avistas as renas: - Essas “bicha” vão dá uma boa de uma ceia...
Com alguns disparos de espingarda, abate a montaria de Noel. O bom velhinho, desolado se vê numa “pindaíba”. Tira os presentes do saco e dorme dentro dele, ainda assim é ferrado por levas de carapanãs.

Cena 2

Finalmente Papai Noel é resgatado e consegue carona em um bote com motor de rabeta. Depois de contar a sua historia para o piloto da canoa, este conclui: - Este gringo deve ser meio doido. Vir pro Juruá em um carrinho puxado por veados...

Cena 3






Em meio de viagem começa a sentir os efeitos da malária, em poucos dias está magrinho e amarelo. Finalmente chega em sua primeira casa. – Ho, ho, ho, vocês sabem quem chegou ?
Lá dentro respondem, com as mãos em prece: - Irmão José, quanta graça, ainda guardamos até hoje, aquela água que o senhor benzeu. Bem que minha avó dizia que o senhor iria voltar...

Cena 4

Depois de horas explicando que focinho de porco não é tomada, finalmente Papai Noel convence a família de que não é o Irmão José, mas conhece um pouco da historia e da religiosidade tão rica daquelas pessoas tão simples.
Na segunda casa: - ho, ho, ho vocês sabem quem chegou?
Lá de dentro respondem:
-Padrinho Sebastião, quanta honra! Ainda temos aquele daime do último feitio que senhor dirigiu, lá no Mapiá.
Bem, depois dessa, o Papai Noel se detém por mais tempo, tentando se interar das coisas típicas da região e descobre uma riqueza que sequer imaginava. Resolve tomar o Daime e reconhece uma riqueza e um universo mágico além de suas expectativas.

Cena 5

Por último, passa pela aldeia, onde os índios o chamam simplesmente de Shani Ruapá Tshambichá (Bom Velhinho) . Lá ele toma uma rapé e de manhãzinha, um Kambô, que o livra da malária.
Neste momento já não tem mais nada que o caracterize como o Papai Noel, suas roupas de frio já foram deixadas para trás, seu trenó, ficou atolado em algum ramal, as renas, viraram janta na casa de algum ribeirinho. Finalmente chega a hora de ir embora e ele, depois de deixar todos os seus presentes, pega o seu saco vazio e diz:


- Dei muitos presentes, a maioria deles, inúteis, mas volto para o Pólo Norte com uma bagagem maior do que a que deixei. É uma pena que o mundo ainda desconheça esta magia, tão real, que faz as pessoas daqui viverem felizes mesmo em meio a tanta adversidade... Vocês não precisam de nada, nem de neve, nem de presentes de mentirinha, precisam apenas enxergar com mais amor a si próprios e à riqueza de seu próprio universo ao seu redor...
Epílogo
De volta para o Polo Norte, em meio a rota pelos EUA, Noel, magro e com o passaporte carimbado no Brasil, tem problemas no Aeroporto de Nova Iorque, onde é confundido, com Osama Bin Laden. No entanto, um telefonema de Lula para Obama resolve o mal entendido (afinal, ele é o cara!). Noel segue sem maiores problemas para seu repouso no Polo Norte.

Nota do Autor: Os personagens aqui citados, ainda que de forma bem humorada são dignos de todo respeito. O texto é na verdade uma forma de demonstrar que temos perosnalidades reais que assim como "Papai Noel" despertam um sentido de profunda magia em nosso povo.

Críticos :
...É meio açucaradinho mais serve para enxer linguiça na sessão da tarde...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Kambô: a criminalização de um conhecimento



Leandro Altheman

Tomei minha primeira “vacina” em 1998. Foi em São Paulo, aplicado por um ex-seringueiro do rio Liberdade (afluente do Juruá): Francisco Gomes Muniz. Foi uma verdadeira benção. Livrei-me de uma gastrite que já me incomodava há pelo menos uns três anos. Foi como se tivesse dado um “refresh” na minha memória corporal. Nunca me esqueço de quando abri os olhos depois desta aplicação: foi como se os estivesse abrindo pela primeira vez.
Na época, cursava a Faculdade de Jornalismo e um dos assuntos em pauta era a biopirataria. Vi ali naquele caso, um exemplo vivo de um conhecimento indígena com potencial terapêutico e que poderia ser alvo dos “biopiratas”. Acompanhei o trabalho de “seu” Chico em diversas capitais brasileiras. Seus “pacientes” relatavam melhoras em problemas de circulação, respiração, digestão, etc.
Nos anos seguintes vi o Kambô virar uma espécie de “febre”. Nas grandes cidades, todo mundo queria tomar e aqui no Juruá, onde falta quase tudo, inclusive emprego, vi o kambô se tornar uma espécie de promessa na vida de muita gente. Gente que não teria a mínima chance na vida a não ser carregar sacos na cabeça em alguns dos comércios de nossa cidade, mas que com o kambô, pôde desenvolver um trabalho próprio e dignamente pagar o sustento de seus filhos.
Vi também muito excesso. Gente que se iludiu e passou a iludir os outros. Sem o conhecimento adequado, a oferecendo esta medicina em São Paulo, Manaus, Espanha. Era uma espécie de “galinha dos ovos de ouro”.
Enquanto isso a ONG Amazon Link com sede em Rio Branco, denunciou que laboratórios dos EUA e Japão haviam patenteado pelo menos duas substâncias encontradas na secreção do Kambô: A deltorfina e a dermorfina. Uma delas, capaz de reduzir os efeitos da má circulação e outra capaz de imitar o comportamento das endorfinas e auxiliar no tratamento da depressão.


Em 2002, colaborei com os Katukinas em uma chamada ao Ministério do Meio Ambiente. Por um lado, eles estavam preocupados com a rápida popularização deste conhecimento. Por outro, queriam desenvolver seu próprio estudo e o reconhecimento desta sabedoria.

A partir daí foi criada uma comissão no MMA para o estudo deste conhecimento tradicional.

Infelizmente, as coisas fugiram totalmente ao controle. Onde as “leis de mercado” falam mais alto, não há tempo para se regularizar uma prática que ainda que milenar, não possuiu nenhum tipo de histórico nos grandes centros.
Sendo assim, o mais fácil, é proibir. Proibir algo que ainda nem sequer se conhece direito. E assim, o Kambô vira caso de polícia.
Cria-se então um novo tipo de “criminoso”: o aplicador de Kambô. São novos criminosos também as pessoas que coletam a substância na floresta e os que promovem as sessões de terapia nos grandes centros. Tudo resolvido com “carimbaço” de “biopirata” do IBAMA e da ANVISA. E enquanto isso, os grandes laboratórios desenvolvem uma nova linha de medicamentos que em breve estarão nas prateleiras das farmácias pelo mesmo valor absurdo que hoje eu e você pagamos por exemplo pelo “Legalon”, desenvolvido a partir de uma planta medicinal de uso popular, o “Cardo Santo”. E a promessa de se viver a partir da Floresta sem destruí-la, soa cada vez mais distante, uma ilusão bonita que um dia tolos como eu, acreditaram.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Viva a força do Juruá!


Francisco Panthio


Nesses dias, acompanhando toda uma movimentação da imprensa local acerca da viagem dos empresários e políticos acreanos ao Peru, fiquei analisando. E dá pra se perceber que a muralha entre o Juruá e o Vale do Acre é algo que ainda está longe de ser derrubada. Isso é tão histórico que virou cultural. O povo do Juruá é bairrista ao extremo. Se não fosse tanta burocracia constitucional já teria se desmembrado do restante do estado. Tem horas que chegamos a concordar que esse povo está certo.E grande parte da imprensa e dos jornalistas acreanos fazem com que essa barreira cultural se estenda mais ainda. Veja só. O Acre está tendo uma grande oportunidade agora, com a boa vontade dos dois governos, de selar de vez essa integração comercial, e todos sabem que seria uma grande vitória para um povo tão isolados e distantes do resto do país.
Os comerciantes e a população toda de Tarauacá, Feijo, Jordão, Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Guajará no Amazonas e Cruzeiro do Sul com certeza apoiarão essa iniciativa, pois é esse povo que vai sentir a melhoria de perto.
Mas, claro, alguns jornalistas da capital fazem pouco caso, por conta do que falei a pouco: o Juruá será o mais beneficiado com isso. Parece que não aceitam ver essa região se desenvolver e crescer economicamente. Podem também estar analisando pelo lado político, e não querem reconhecer o esforço pessoal do Presidente da Assembléia Legislativa e o apoio de todos os demais. Temos que parabenizar, sim, o Edvaldo, pois não são os críticos e pessimistas lá de Rio Branco que compram tomate de R$ 8,00 e que só podem comer coisa boa durante três meses do ano, nesse curto verão em que se reabre a BR-364. Não são eles que vivem em um isolamento comercial que teima em não ter fim.Esse colunista e blogueiro, que atira sem rumo, dando palpites diariamente sobre a política do estado, e especialmente do Juruá, dizendo quem é o melhor vereador, falando da aceitação de prefeito A e Deputado Z, sem conhecer a realidade aqui do Juruá, deveria entender que queremos sim a integração, e que é uma das maneiras de mostrar nosso potencial, econômico e turístico.Muito se falou e se criticou a quantidade de pessoas e o porque de se gastarem milhares de reais. Sim, é nescessário, pois como é que o Presidente Lula e o presidente peruano, assinarão um acordo histórico e importante para nós, sem que os acreanos estejam la presentes, fazendo uma festa e dando uma demonstração de que queremos de verdade?Olha, tem mesmo é interesses pessoais por trás dessas críticas. Esperem ao menos a coisa se concretizar, e depois façam suas análises. Ou querem que além da abertura, a ALEAC traga e venda os produtos? Já fizeram a parte que tinha que ser feita, agora é com os empresários. Se não for um bom negócio, nós mesmo estaremos aqui reconhecendo e ajudando vocês.
Panhio é dirigente da UJS em Cruzeiro do Sul

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O que nos faz falta são os horizontes



Leandro Altheman

Podem acreditar. Não são as frutas verduras e legumes o que mais nos fazem falta. Tampouco é a pedra para asfaltar as estradas. Nem a própria estrada nos faz tanta falta assim.
Depois desta viagem, decidi que o que realmente nos faz falta, são os horizontes.
Isto por que a falta de horizonte atulha nossa visão. Nos faz mais limitados do que realmente somos. Vemos apenas dificuldades e obstáculos, onde na verdade existem possibilidades quase que ilimitadas.
A visão limitada e a pequenez de pensamento deveriam ser eleitos como nossos verdadeiros inimigos. São eles quem fazem de nós estúpidos e ignorantes seres. Destruidores em potencial de tudo que está a sua volta. Destruímos a Terra em busca de tesouros que jamais encontraremos aí, pois o buscamos no lugar errado. Destruímos aos nossos semelhantes, ao supor-los menores do que são. Ou maiores também. Ao colocarmos alguém acima de nós, lhe tiramos a possibilidade de ser o que é: humano.
Se enxergássemos as coisas simples como são, também nos maravilharíamos diante de tudo. Não precisaríamos nem mesmo de cinema, circo ou televisão. Se olhássemos verdadeiramente para quem está próximo, não precisaríamos de novelas para nos emocionar.
Por isso que digo que o que nos falta são os horizontes. Perspectiva. Enquanto tivermos um olhar “viciado” nada será possível, a não ser a repetição monótona do que todos já sabemos: um mundo velho, cansado, violento e impessoal.
Olhar com o olhar inocente de uma criança, que descobre a cada segundo, a magia da vida. Este deveria ser o nosso desafio diário. Despertar seria então um ato de bravura, e dormiríamos cientes de que a próxima alvorada trará principalmente surpresas. Assim seríamos impelidos a acreditar em nós mesmos e nos daríamos conta de que o vínculo sagrado e invisível que une eu, você e todas as coisas é tão real quanto o Sol que brilha todas as manhãs no horizonte.