quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Fé, Ritual e Poder



“Os Lakota têm rituais destinados a introduzir o Poder em suas vidas. Alguns deles foram ensinados pelas mulheres Búfalo Branco, outros tiveram a sua origem nas visões de homens santos, mas todos, sem exceção, foram o resultado de instruções dadas aos seres humanos por Wakan (O Deus Criador Primordial).
A Fé (tal qual é percebida e sentida pelos Lakota) representa os fundamentos intelectuais e emocionais da sua religião. É um sistema de conhecimento que situa o ser humano na sua relação com o universo. Ela torna inteligível e aceitável para ambos (o homem e a natureza) a vida humana e o mundo em que ela ocorre, e também define as bases morais da sociedade.
Os ritos fornecem os meios para alcançar o poder e expressar a fé religiosa. Eles não são meras expressões de crença, mas também uma forma de fortalecer e ampliar, por meio deles, o seu conhecimento.”

Tradução aproximada do texto antropológico de Regard Eloigne

O mamute incontrolado


Por Lúcio Flavio Pinto - Cartas da Amazônia 

O Ministério Público Federal já ajuizou 15 ações civis públicas contra a hidrelétrica de Belo Monte, em construção no rio Xingu, no Pará. Seus argumentos sobre a inviabilidade econômica e socioambiental do empreendimento não parecem ter impressionado a principal instituição de fomento do país.
Durante os próximos 30 dias, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social pretende liberar 19,6 bilhões para o projeto, que já recebeu do mesmo BNDES, em duas parcelas, neste ano, R$ 2,9 bilhões. O total do comprometimento, assim, é de R$ 22,5 bilhões. O montante representa 80% dos R$ 28,9 bilhões previstos para serem usados até tornar Belo Monte a terceira maior hidrelétrica do mundo.
Os títulos desta transação impressionam. Trata-se do maior empréstimo de toda história de 60 anos do banco. É três vezes maior do que a operação que ocupava até então o primeiro lugar no ranking do BNDES, os R$ 9,7 bilhões destinados à refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A usina do Xingu engolirá quase todos os recursos previstos — R$ 23,5 bilhões — para a área de infraestrutura nesse segmento, excluindo o metrô.
Os elementos de grandiosidade não param aí. Belo Monte é a maior obra em andamento no Brasil e a joia da coroa do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, transmitido por Lula a Dilma.
Com a aprovação do empréstimo, o governo dá o recado: contra todos os seus adversários e enfrentando atropelos pelo caminho, a enorme hidrelétrica continuará em andamento acelerado. Quer que a primeira das 24 gigantescas turbinas comece a gerar energia em fevereiro de 2015 e a última, em janeiro de 2019. Não por acaso, Belo Monte ganhou do governo Lula o título de hidrelétrica estratégica, a primeira com esse tratamento no Brasil.
Principal item do Plano Decenal de Energia (2013/2022), Belo Monte, com seus 11,2 mil megawatts nominais, contribuirá — nos cálculos oficiais — com 33% da energia que será acrescida à capacidade brasileira de produção durante o período da motorização das suas máquinas, entre 2015 e 2019. Teria condições de atender à demanda de 18 milhões de residência e 60 milhões de pessoas, ou ao consumo de toda população das regiões Sul e Nordeste somadas.
Não surpreende que o BNDES, com uma carteira de negócios desse porte, tenha se tornado maior do que o Banco Mundial, sediado em Washington, algo "nunca antes" inimaginável, como diria o ex-presidente Lula. Além dos milionários recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que estão à sua disposição, apesar da paradoxal relação, e da sua receita própria, o banco tem recebido crescentes aportes do tesouro nacional, uma preocupante novidade nos últimos tempos. A opinião pública parece não atentar para a gravidade desse fato.
Tanto dinheiro público chegou ao caixa do BNDES a pretexto de fortalecer o capitalismo brasileiro, que agora se multinacionaliza. Um dos focos das aplicações intensivas do banco é o controverso setor dos frigoríficos, alçado ao topo do ranking internacional pela pesada grua financeira estatal.
Com paquidérmicos compromissos de desencaixe de dinheiro, o BNDES tem sido cada vez mais socorrido pelo governo federal. É o que acontece no caso de Belo Monte. Dos R$ 22,5 bilhões aprovados para a hidrelétrica, apenas R$ 9 bilhões são recursos próprios do banco, que não os aplicará diretamente: R$ 7 bilhões serão repassados através da Caixa Econômica Federal e R$ 2 bilhões por meio de um banco privado, o BTG Pactual. Os outros R$ 13,5 bilhões sairão do caixa do tesouro nacional, o que quer dizer dinheiro arrecadado através dos impostos federais — do distinto público, portanto.
É interessante a composição dessa transação. O BNDES recorreu às duas outras instituições financeiras, ao invés de fazer ele próprio o negócio, sob a alegação de risco de inadimplência. Se o tomador do dinheiro, que é a Norte Energia, controlada por fundos e empresas estatais federais, não pagar o empréstimo, os intermediários responderão pelo calote. Naturalmente, cobrando o suficiente (e algo mais) para se resguardarem desse risco.
Já o dinheiro do cidadão, gerido pela União, terá aplicação direta pelo BNDES. Da nota divulgada ontem pelo banco deduz-se que esta parte do negócio é imune à inadimplência. Provavelmente não pela inexistência de risco, o que é impossível nesse tipo de operação. Talvez porque, se o dinheiro não retornar, quem sofrerá será o erário, e o contribuinte, no fundo do seu bolso.
O orçamento da hidrelétrica de Belo Monte começou com a previsão de R$ 9 bilhões. Hoje está três vezes maior. Nem o "fator amazônico", geralmente considerado complicador imprevisível em virtude das condições das regiões pioneiras, de fronteira, nem a inflação ou os dados disponíveis sobre as obras em andamento, que já absorveram quase R$ 3 bilhões em menos de dois anos, explicam esse reajuste.
Foi assim com a hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins, no Pará, a quarta do mundo. Ela começou a ser construída em 1975 e a primeira das 23 turbinas entrou em atividade em 1984. O orçamento era inicialmente de 2,1 bilhões de dólares. Chegou a US$ 7,5 bilhões por cálculos extraoficiais, numa época em que a moeda nacional estava desvalorizada. Mas talvez tenha ido além da marca de US$ 10 bilhões.
O precedente devia estimular a opinião pública a se acautelar, ao invés de se omitir, como se a parte mais sensível do corpo humano já não fosse mais o bolso.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reflexos de uma “Administração Sem Crise”

Enquanto a imprensa de Rio Branco celebra uma Cruzeiro do Sul fictícia, na “administração sem crise”, de Vagner Sales, o cidadão cruzeirense médio ainda tem que se desviar dos mesmos buracos de quatro anos atrás, além de outros novos, e daqueles que sem uma solução definitiva somente aumentam de tamanho a cada inverno.
 A “administração sem crise” passa longe da porta da casa do vendedor Leandro Pinheiro. Residente da “Avenida Leopoldo de Bulhões” no bairro do Telégrafo, Leandro convive com a água fétida do esgoto que é derramado diariamente no quintal de sua casa. Com o aumento de volume das águas no período de inverno, a cada chuva as águas se aproximam mais do assoalho. Risco de saúde permanente para sua pequena filha de apenas um ano de idade.
A bueira e a canalização foram construídas no local há mais de dez anos. A falta de manutenção e de coleta de lixo fez da antiga estrutura uma ruína sem nenhuma finalidade prática, a não ser lembrar aos moradores que um dia já existiu ali tal obra.
Segundo Leandro o contato com a secretaria de obras foi infrutífero: “o secretário nos disse que a obra não era prioritária e que não poderia ser feito nada neste inverno”.
Na “avenida” Leopoldo de Bulhões é difícil encontrar quaisquer rastros de que exista uma administração municipal: o mato toma conta do espaço que deveria ser destinado às calçadas (inexistentes) e uma caixa d’água serve de lata de lixo improvisada para que o caminhão da prefeitura faça a coleta.
Já os moradores da rua Martinho do Carmo Souza, também no bairro do Telégrafo reclamam que a coleta de lixo não é constante. Aparentemente os três novos caminhões de lixo, alardeados em campanha eleitoral como fruto de emendas parlamentares não trouxe beneficio para estes moradores que vivem em uma área central da cidade, vizinhos ao Instituto Santa Terezinha, uma das mais tradicionais instituições de ensino da cidade.
“O caminhão da prefeitura passa apenas uma vez por mês. Mas quando tocamos fogo, assim que levanta fumaça aparecem os fiscais” Disse um morador que se identificou apenas como “Grilo”.
Não é preciso ir longe para encontrar problemas na “administração sem crise”: buracos e lixo proliferam pelas ruas do centro da cidade na mesma velocidade dos ratos e urubus que passeiam sem serem incomodados.
Alguns problemas são agravados pela falta de relação institucional entre prefeitura e governo do estado. No bairro do Remanso há um claro exemplo do resultado da política de usar a população como “trincheira política” da oposição. Na rua do Remanso o DEPASA abriu uma vala no asfalto para passagem da rede de água que irá atender à comunidade do Santo Cruzeiro. Mesmo depois de concluída a rede, a prefeitura não cobriu o local aberto e com as chuvas a rua perde a cada dia sua já precária trafegabilidade. Um descuido muito bem calculado do ponto de vista político: descumprida a obrigação constitucional da prefeitura, a população acaba por culpar o DEPASA pelo estrago, colocando o ônus político nas costas do estado.
Enquanto isso no bairro Nova Olinda, os moradores aguardam a ligação da rede de água prometida pela “administração sem crise”. Cerca de sete dias antes da eleição, operosos funcionários de uniforme azul instalaram uma extensa rede de água, mas até o momento não há uma gota nas torneiras. Procurados por nossa equipe de reportagem, os funcionários esclareceram que o poço artesiano não havia sequer sido repassado à prefeitura e que não havia previsão de o sistema entrar em funcionamento.
Estes são apenas alguns “relances” da real condição da segunda maior cidade do estado.  Cruzeiro do Sul reflete em suas ruas o desmazelo de uma administração que se mostra incapaz de cuidar dos velhos e novos problemas urbanos, mas cujo gestor, agora elevado à condição de “liderança da oposição” pela imprensa da capital, mostra-se a cada dia um hábil e exímio “administrador de votos”.
O preço de ter se tornado a “trincheira da oposição” é pago pela população de Cruzeiro do Sul: terá de conviver por mais quatro anos com uma administração faz uma opção política dos problemas que escolhe resolver, enquanto a imprensa da capital destila matérias laudatórias de uma cidade que só existe em faz-de-conta.
Escrito por Leandro Altheman

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Eduardo Galeano: “Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?”

Por Eduardo Galeano

Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.
eduardo galeano gaza israel
Eduardo Galeano: “Este artigo é dedicado a meus amigos judeus assassinados pelas ditaduras latinoamericanas que Israel assessorou”

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.
São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.
Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.
Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.
Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.
Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente ao País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?
O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.
E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.
A chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?
Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.
Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antisemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Comunistas Aburguesados X Liberais com Verba Pública: Quem é mais hipócrita?

Tenho assistido pelas redes sociais uma crescente tendência de se contrapor a suposta identificação ideológica comunista ao uso de artigos que trazem imediata identificação com o capitalismo.

Bem, no geral, as colocações são divertidas e merecem um "curtir".
Admiro o talento de publicitários e humoristas de sintetizar idéias complexas em textos curtos.
Mas o fato é que nada pode ser mais coerente hoje do que um comunista tomar Coca-Cola e gastar dinheiro no Shopping Center. Não é esta afinal a prodigiosa era do Capitalismo do Estado? Não é essa a façanha chinesa de promover o crescimento do consumo a partir do investimento de grandes somas de dinheiro público em setores estratégicos?

Pensando assim, não seriam ainda mais hipócritas os "liberais" que dependem das altas somas investidas pelos governos para salvar o sistema bancário da falência?

E no Acre especificamente, dizer o quê destes "liberais de meia-pataca" que vivem das contas do poder público, seja ele municipal ou estadual? Seriam eles como aqueles "rebeldes sem causa" que proclamam sua independência com a substanciosa mesada paterna?

Quanto aos comunistas, bem, nunca ouvi dizer que fosse necessário fazer voto de pobreza para se filiar ao partido. Que eu saiba esta é uma exigência para fazer parte da congregação franciscana.

"Liberais" gostam de criticar o suposto "paternalismo" do estado brasileiro, mas não se incomodam se o investimento de altas somas em setores como a construção civil fizer alguns poucos milionários às custas do dinheiro público.

Convém lembrar: " O Estado pode ser um Pai para os pobres, mas é uma Mãe para os ricos"

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Jornalista turco viaja ao Brasil para entrevistar o jogador do time mineiro mas por engano vem a Cruzeiro do Sul-AC

Süleyman Arat, repórter do “Hürriyet News”, queria ser o primeiro a entrevistar Alex após sua saída do Fenerbahçe. Para isso, tinha que chegar ao Brasil antes do próprio. Mas um funcionário do aeroporto de Istambul o colocou em uma roubada. Ele achava que o apoiador iria para o C
ruzeiro, como as notícias da época diziam. E pior, achava que não tratava-se apenas de um clube, mas também da cidade da Raposa. E quando viu que o destino do jogador era Curitiba, confundiu-se nas abreviaturas de aeroportos (CRU e CUR) e o mandou para Cruzeiro do Sul. No Acre.
Para chegar lá, ele saiu de Istambul, foi até Paris, depois para São Paulo, e fez o seguinte trajeto: Fortaleza (CE) – Belém (PA) – Manaus (AM) – Porto Velho (RO) – Rio Branco (AC) – Cruzeiro do Sul (AC). E mesmo assim, de acordo com os seus cálculos, ele ainda chegaria seis horas antes de Alex, que passaria apenas em Dakar (capital do Senegal) e iria para Curitiba em voo fretado. Não demorou a reparar que algo não estava indo bem:
– Ainda do ar, vi que era uma verdadeira floresta, não parecia que seria uma cidade que Alex viveria, fiquei em dúvida.
Mesmo com dificuldade de comunicação – poucos falavam inglês – Süleyman começou a perguntar por Alex. Só um homem com cerca de 50 anos, com a
Eles foram para a casa do administrador do aeroporto. Com a confusão desfeita, o turco descobriu que estava a mais de 4 mil quilômetros do destino certo, e vinha apenas um pensamento:camisa do Flamengo, conhecia o jogador, mas tinha certeza que aquele não era o destino de uma estrela.
– Eu estava tão irritado… Eu perdi o voo do Alex por causa da falha do atendente do aeroporto em Istambul, estava longe de casa, na Amazônia, onde reinam as cobras e vivem as sucuris.
Süleyman ligou para o seu jornal, recebeu apoio do chefe, e até teve o aval para voltar. O que lhe deu ainda mais vontade de conseguir a entrevista. A sorte foi que o flamenguista (que ele não lembra o nome) seria apenas o primeiro homem de bom coração que ele iria encontrar no caminho até o final feliz.
Matéria publicada no Lancenet!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Agentes de Endemias trabalham à noite para tentar conter avanço da malária em Rodrigues Alves

Apesar do esforço redobrado, os profissionais do Pró-Saúde poderão ficar sem emprego até o final do ano

A malária continua dando sinais de crescimento no Vale do Juruá. Em Rodrigues Alves este acréscimo já é de 22% em relação ao mês anterior e as projeções deste mês apontam para um aumento próximo a 50%. A situação chamou a atenção da gerência de vigilância epidemiológica que além de intensificar as ações, passou a trabalhar dentro nos ramais no período noturno.
“A ideia é fazer com que os agentes encontrem os moradores em casa, no horário de pico de atividade do carapanã da malária.” Explica Hélio Cameli, gerente de endemias de Rodrigues Alves.
No ramal da União as equipes que retornam do local confirmam a tendência de crescimento da malária. A cada dia os agentes encontram até dez novos casos da doença.
Segundo o supervisor de campo, Francisco Atilon uma das preocupações também é que está havendo uma incidência maior de malária do tipo falcíparum na localidade.
A coleta de lâminas é feita por agentes como Alex Feitosa, que encontra dificuldades no serviço. Além da dificuldade de tráfego no ramal, a recusa de muitos moradores em cooperar na busca ativa ou mesmo na borrifação intra-domiciliar, diminui a eficácia das ações.
Ao longo do ramal são comuns ver criadouros de larvas de mosquito. Na margem de um açude próximo à escola estadual Paulo Freire, os moradores estão expostos à carapanã da malária, exatamente no horário de mais atividade do inseto. A coleta feita pelos agentes confirmou a presença de larvas.
As visitas são feitas de casa em casa, para verificar se as medidas preventivas estão sendo tomadas pelos moradores.
“Queremos verificar se estão usando os mosquiteiros adequadamente e por isso estamos vindo neste horário, explica Hélio.”
O trabalho noturno também permite realizar as ações justamente com aquelas pessoas que durante o dia, estão em seu roçados ou em trabalhos longe de casa, e acabam por não receber as ações dos agentes.
É o caso do agricultor Adinilson Maia. Ele já foi acometido pela malária duas vezes e aproveitou a visita noturna dos agentes  para fazer uma lâmina de verificação de cura. As ações são acompanhadas pela bióloga Paula Eliazar, da Fundação Oswaldo Cruz. Uma das preocupações de Paula é com o grande número de crianças afetadas.
“Cerca de 50% dos acometidos de malária tem entre zero a 14 anos”, explica.
Paula ainda reforça a ideia de que é necessário o apoio da população para que as ações surtam o efeito desejado. “Saúde Pública se faz com o poder público mas também com a população”, afirma.
Os agentes de vigilância sanitária, supervisores e microscopistas são contratados pelo Pro-Saúde. Não recebem adicional noturno ou hora extra pelo serviço. Uma ação que tramita na justiça poderá acabar com o atual vínculo empregatício dos mesmos.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Evangélicos se recusam a apresentar projeto sobre cultura africana, no AM

Por Gustavo Magnani,

Esta matéria não estava nem em pauta hoje. Mas, devido ao alto número de leitores que me enviaram, quando vi do que se tratava, bem, achei necessário trazer para cá. A notícia é retirada do G1, portanto, quem já leu, pode pular até a parte em que discutiremos:
"Cerca de 14 alunos evangélicos da Escola Estadual Senador João Bosco Ramos de Lima protestaram na frente da instituição nesta sexta-feira (9) contra a temática proposta na sétima feira cultural realizada anualmente na escola.
De acordo com um dos alunos, Ivo Rodrigo, de 16 anos, o tema “Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade”, vai de encontro aos preceitos religiosos em que acredita. “A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a idéia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único”, afirmou o aluno.
Para a professora coordenadora do projeto, Raimunda Nonata, a feira cultural tem o objetivo, através da literatura, de valorizar as diversas culturas presentes na constituição do Brasil como nação. “Através deste projeto podemos proporcionar um debate saudável sobre a diversidade étnico-racial brasileira. Mas não foi isso que aconteceu”, disse a professora.
Segundo a professora, os alunos se recusaram a ler livros clássicos como ‘Ubirajara’, ‘Iracema’, ‘O mulato’, ‘Tenda dos Milagres’, ‘O Guarany’, ‘Macunaíma’, entre outros, por apresentarem questões como “homosexualidade, umbanda e candomblé”.
Segundo a diretora da escola, professora Isabel da Costa Carvalho, os alunos montaram uma barraca sem a autorização da direção na qual abordaram outra temática que fugia à proposta inicialmente. “Eles montaram uma tenda com o nome ‘Missões na África’ na qual abordavam a evangelização do povo africano em seu próprio território”, explicou a diretora. A diretora afirmou ainda que a atitude dos alunos desrespeita as normas e o plano de ensino da escola.
Alunos realizaram mostra paralela, chamada 'Missões na África' (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)
Alunos realizaram mostra paralela, chamada ‘Missões na África’ (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)
Outra estudante, Daniele Montenegro, de 17 anos, argumentou que desde o 2º bimestre os alunos vem apresentando a proposta à direção. “Desde o início do ano que tentamos falar com a diretoria e eles nos negaram uma reunião pra discutir o assunto. Somente nos proibiram de apresentar outro tema. Fomos humilhados em sala de aula por colegas e pelo nosso professor de história”, contou a estudante.
A feira cultural, que teve sua primeira edição em 2006, aconteceu na quarta-feira (7) e nesta sexta. Ao final dela, pais, professores, coordenadores, alunos, representantes de turma se reuniram para debater a questão. “Minha filha é uma das melhores alunas da sala e por preconceito por parte dos professores, a nota dela e da turma da ‘Missões na África’ foi reduzida abaixo da média”, afirmou dona Wanderleia Noronha, mãe de Stephane Noronha, de 17 anos, do 3º ano.
Ao final da reunião, o conselho escolar decidiu por mais uma reunião, a ser realizada na proxima semana, que contará com agendes da Seduc. “Discutiremos como ficará a questão das notas dos alunos. Se será necessário fazermos uma avaliação diferenciada para eles ou se avaliaremos o projeto ‘Missões na África’”, afirmou a diretora." [Retirado do G1]
Ontem (09/11/2012) foi ao ar uma excelente matéria do colunista de filosofia sobre liberdade de expressão. A leitura é mais do que indicada e linkarei a matéria no final desta. Uma das conclusões que pode-se tirar é que as pessoas deveriam ser livres para dizer o que pensam e, caso tenham um pensamento racista [como ele usa de exemplo], deveriam ser ensinadas ou ouvir as “provas” de que sua opinião não é correta. Mas, digo também que, como vivemos em sociedade, tais pessoas terão de arcar com as consequências. Nada mais natural. Toda aquela história de ação gera reação etc.
Pois bem, os alunos possuem direito em se negar a fazer o trabalho? Sim, com certeza. Todavia, os professores possuem o direito em dar-lhes uma nota negativa. E nós possuímos o direito em discutir o assunto. A proposta do projeto escolar não é “converter” ninguém às religiões africanas ou, quiçá, ao homossexualismo. Como disse a professora, o objetivo era “proporcionar um debate saudável sobre a diversidade étnico-racial brasileira”  através da literatura. E você apresentar um projeto de “Missões Evangélicas na África”, pelo amor de deus, foge completamente ao tema [pra não dizer que é, de certa maneira, controverso]!
O jovem Ivo Rodrigues disse: “A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a ideia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único“. OI? Você realizar um trabalho significa que acredita e compactua com aquilo? Ai de quem estuda o racismo! Ai de quem estuda a inquisição! Aí eu começo a me perguntar: onde está a “rocha”, citada na “Bíblia Sagrada”, na fé desses indivíduos? Porque, se na concepção deles, estudar determinada cultura os fará compactuar com outros “deuses’, por favor, não há certeza nenhuma nessa crença evangélica desses estudantes [e não estou dizendo que uma crença deve ser forte e irredutível, estou apenas partindo do pressuposto deles].
Ou seja, além de mostrar um “xenofobismo religioso”, um etnocentrismo, ainda salienta uma contradição pessoal: “não vamos estudar esses temas para não sermos convertidos”. Que bela ‘fé na rocha’ em! Se um mero projeto pode converter esses cidadãos, que eles não saiam de casa. Reforço mais uma vez: não estou dizendo que uma fé deve ser irredutível. Estou partindo do pressuposto deles. Outra coisa que devo reforçar: eles possuem o direito de não se submeter ao projeto. Todavia, estão na escola e a escola é, supostamente, um lugar de aprendizado, onde se estuda várias culturas [inclusive a cristã e a judaica], na ideia de que, assim, o ser humano aprenderá mais, terá contato com tantas outros ensinamentos que podem ajudá-lo como ser humano e profissional.
E, estudar a cultura negra é parte do currículo escolar. E, estar na escola é obrigatório por lei. Ou seja, legalmente falando, você é sim obrigado a estudar diversas culturas. De maneira alguma os rituais e as crenças lhe são impostos, mas, o estudo, sim. O assunto dá muito pano pra manga, inclusive na questão da liberdade de expressão. Todavia, como o João tratou disso essa semana, não quis me prolongar no assunto, pois é apenas ler o texto e encaixar no contexto da notícia. A questão é que: o projeto não fere nenhum direito religioso e, se não for cumprido corretamente, deve sim ser dado uma nota baixa. Não é porque é evangélico, negro, gay, católico, budista, que deve ter privilégios e ser avaliado de uma maneira diferente, quando o único argumento é de que “não farei isso porque posso ser contaminado”.
E que ainda fique bem claro: o  projeto é completamente diferente do que uma aula de “Ensino Religioso” onde, muitas vezes, a professora está lá para pregar o cristianismo [eu tive aula de E.R, mas, minha professora jamais se fixou numa doutrina cristã. Pelo contrário, abordávamos de tudo - e, curiosamente, ela é mãe do Gabriel, colunista de História -]. Nesse caso, de pregação, o aluno tem todo o direito de não se submeter. Todavia, num caso de estudo cultural, ele deve ser punido com nota baixa, de acordo com os critérios de avaliação do professor. – e ainda deveria ler alguns escritores, para tentar abrir um pouco a mente.
A matéria deve gerar uma boa discussão. Espero que tenham gostado da exposição e dos argumentos apresentados. Aguardo os sempre excelentes comentários. No mais, não esqueçam de curtir/compartilhar e claro, se possível, votar no literatortura para topblog2012! – segundo turno [último dia!]

Coluna de Filosofia, matéria citadaLiberdade de Expressão
obs: acho extremamente importante salientar que o grupo de estudantes não representa a totalidade dos evangélicos. E também saliento que não tenho nada contra o segmento religioso. Tenho amigos e familiares muito próximos que participam de congregações.
obs2: pode parecer que não, mas tive que ser sucinto e me conter em muitos aspectos da matéria. Caso contrário, ela ficaria ainda maior haha.
Selecionei 3 comentários no G1 que me chamaram atenção e podem prevenir alguns esquentadinhos:
Erick Coelho: Espera aí!!!! Qer dizer qe defesa e respeito à diversidade vale apenas p/negros, índios, gays? E os evangélicos não merecem respeito às suas crenças? Se é uma escola evangélica qe proibisse a apresentação de outras religiões seriam condenados a morte, mas o contrário não pode, evangélicos tem obrigação de respeitar a todos, mas e o contrário? RESPEITO, DINHEIRO NO BOLSO E CANJA DE GALINHA NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM! Quem quer ser respeitado, antes de tudo respeita! Respeitem os evangélicos porque o senso prova que existem, fazem parte de um país com uma diversidade imensa de crenças!
nenhum evangélico foi desrespeitado no projeto. Em momento algum!
Ronilson VianaParabens a esses jovens que assim como Sadraque, Mesaque e Abedenego, se recusaram a adorar a estátua do Rei Nabucodonozor e foram lançados na fornalha, mas lá dentro da fornalha já estava o QUARTO HOMEM, Jesus para os livrar. Parabéns, o nome de Jesus foi certamente glorificado!
Bela analogia:
Daniel 3:10 Tu, ó rei, baixaste um decreto pelo qual todo homem que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música se prostraria e adoraria a imagem de ouro;
Daniel 3:11 e qualquer que não se prostrasse e não adorasse seria lançado na fornalha de fogo ardente.
Realmente. A escola ameaçou os alunos caso eles não se prostrassem aos deuses africanos [...]
Ricardo Aguiar: Nunca vi dizer que um professor passou um trabalho falando sobre a cultura evangélica! Isso é um país laico? Que pais é este que não temos liberdade nem respeito pra decidi o que devemos ou não fazer? Se pedíssemos para fazerem um trabalho com musicas evangélicas ou até mesmo um trabalho de pesquisa dentro de uma Igreja Evangélica será que iriam? Falar é fácil difícil é está em nosso lugar onde na verdade nós é quem somos desrespeitados!
Sim. É um país laico, mas que favorece a religião cristã em sua totalidade. Liberdade, bem, afirmar que temos em sua totalidade, hum, acho que não. Mas, não vou me ater nisso porque já falei bastante ao longo do texto. E, se o professor abrir para que “os alunos decidam qual trabalho fazer’ [o que acho esquisito, assim, aleatoriamente], duvido que proibiriam. Claro, não adianta o trabalho ser sobre a cultura africana e aí sugerir fazer uma pesquisa sobre a Missão Evangélica na África… Seria esquisito demais… – ops!
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quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Não é de hoje que o curso de licenciatura indígena passa por um processo de esvaziamento. Como se já não bastasse isolarem os universitários indígenas do convívio acadêmico, colocando-os para estudarem em um porão de um hotel no Centro da cidade, os mesmos estão agora há quase duas semanas sem aulas. Vale lembrar que este curso é emblemático para o projeto da Universidade da Floresta de promover o "Diálogo entre os Saberes", perder este curso para Rio Branco, além de assinar um atestado de incompetência, significa perder a própria essência do projeto. Sua permanência não deve ser uma luta apenas do Movimento Indígena, mas do movimento universitário como um todo e de por que não dizer de toda sociedade do Juruá, uma vez que foi a partir daqui que surgiu a proposta da Universidade da Floresta.

Hospedados em um hotel no Centro de Cruzeiro do Sul onde deveriam ser ministradas as aulas em módulos, os alunos do Curso de Educação Indígena do Campus da Universidade Federal do Acre estão se sentindo constrangidos por estarem gastando recursos públicos sem retorno.
Há duas semanas, eles estão sem aula e sequer recebem explicações da Universidade sobre a ausência dos professores, segundo informou o estudante Nane Yawanawa .
A maioria dos alunos já leciona nas aldeias de diferentes etnias da região. Os índios relatam ainda, as dificuldades que enfrentam deixando as famílias para apostar no sonho da formação.
A coordenadora da Organização dos Professores Indígenas do Acre, Francisca Shawãndawa disse que está formulando um documento para a publicação pedindo o apoio da Funai e Ministério Público para uma negociação junto à Ufac. Para ela, o resto do estado não sabe que o curso existe e definiu como abandono a situação vivenciada pelos estudantes.
Da redação do Site Juruá Online

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Professores Kaiowá e Guarani se posicionam sobre matéria da Revista VEJA

NOTA DA COMISSÃO DE PROFESSORES KAIOWÁ GUARANI SOBRE REPORTAGEM DA REVISTA VEJA

Ao contrário do que escreveram os jornalistas da Revista VEJA, Leonardo Coutinho* e Kalleo Coura, quem luta pelos territórios tradicionais é sim o povo Kaiowá e Guarani. Somos nós que estamos retomando nossos territórios antigos.

A matéria publicada foi racista, preconceituosa, discriminatória, estimulou o ódio contra os povos indígenas. Tenta desmotivar o nosso povo, ignora que nós temos língua própria, sentimento próprio, natureza própria. Não fala que a gente sabe o que a gente quer. Acaba colocando as pessoas contra nós, não a favor.

A revista VEJA não está a serviço dos indígenas, nem dos mais pobres. Está a serviço de quem manda. Age com coronelismo. Parece estar a serviço de quem paga.

Os jornalistas precisam estudar mais um pouco. Conhecer o que é índio, o que é cultura, o que é tradição, o que é história, o que é lingua, o que é Bem Viver. A terra, para nós, é o nosso maior bem viver, coisa que ainda a imprensa não entendeu muito bem. Não entendeu que é possível escrever coisa boa sem prejudicar.

O povo pobre não tem acesso à imprensa, quem tem são os latifundiarios e os emrpesarios. São eles que comandam. Nós somos brasileiros, somos filhos da terra. É preciso valorizar todas as culturas, o que a imprensa não faz. Mas precisava fazer.

O direito à terra é um direito conquistado pelo povo brasileiro que precisa ser cumprido. E é possível fazer essa luta com solidariedade, com amor, com carinho, que é a competência do ser humano. Não é com maldade, como fez essa reportagem.

A matéria quer colocar um povo contra outro povo. Quer colocar os não-índios contra os indíos. Essa matéria não educa e desmotiva. Ao invés de dar vida, ela traz a morte. Porque a escrita, quando você escreve errado, também mata um povo.

* Para quem não conhece, Leonardo Coutinho é o célebre jornalista que publicou um depoimento falso do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro para embasar suas teses anti-indígenas.