A malária continua dando sinais de crescimento no Vale do Juruá. Em Rodrigues Alves este acréscimo já é de 22% em relação ao mês anterior e as projeções deste mês apontam para um aumento próximo a 50%. A situação chamou a atenção da gerência de vigilância epidemiológica que além de intensificar as ações, passou a trabalhar dentro nos ramais no período noturno.
“A ideia é fazer com que os agentes
encontrem os moradores em casa, no horário de pico de atividade do
carapanã da malária.” Explica Hélio Cameli, gerente de endemias de
Rodrigues Alves.
No ramal da União as equipes que
retornam do local confirmam a tendência de crescimento da malária. A
cada dia os agentes encontram até dez novos casos da doença.
Segundo o supervisor de campo, Francisco
Atilon uma das preocupações também é que está havendo uma incidência
maior de malária do tipo falcíparum na localidade.
A coleta de lâminas é feita por agentes
como Alex Feitosa, que encontra dificuldades no serviço. Além da
dificuldade de tráfego no ramal, a recusa de muitos moradores em
cooperar na busca ativa ou mesmo na borrifação intra-domiciliar, diminui
a eficácia das ações.
Ao longo do ramal são comuns ver
criadouros de larvas de mosquito. Na margem de um açude próximo à escola
estadual Paulo Freire, os moradores estão expostos à carapanã da
malária, exatamente no horário de mais atividade do inseto. A coleta
feita pelos agentes confirmou a presença de larvas.
As visitas são feitas de casa em casa, para verificar se as medidas preventivas estão sendo tomadas pelos moradores.
“Queremos verificar se estão usando os mosquiteiros adequadamente e por isso estamos vindo neste horário, explica Hélio.”
O trabalho noturno também permite
realizar as ações justamente com aquelas pessoas que durante o dia,
estão em seu roçados ou em trabalhos longe de casa, e acabam por não
receber as ações dos agentes.
É o caso do agricultor Adinilson Maia.
Ele já foi acometido pela malária duas vezes e aproveitou a visita
noturna dos agentes para fazer uma lâmina de verificação de cura. As
ações são acompanhadas pela bióloga Paula Eliazar, da Fundação Oswaldo
Cruz. Uma das preocupações de Paula é com o grande número de crianças
afetadas.
“Cerca de 50% dos acometidos de malária tem entre zero a 14 anos”, explica.
Paula ainda reforça a ideia de que é
necessário o apoio da população para que as ações surtam o efeito
desejado. “Saúde Pública se faz com o poder público mas também com a
população”, afirma.
Os agentes de vigilância sanitária,
supervisores e microscopistas são contratados pelo Pro-Saúde. Não
recebem adicional noturno ou hora extra pelo serviço. Uma ação que
tramita na justiça poderá acabar com o atual vínculo empregatício dos
mesmos.
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