terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reflexos de uma “Administração Sem Crise”

Enquanto a imprensa de Rio Branco celebra uma Cruzeiro do Sul fictícia, na “administração sem crise”, de Vagner Sales, o cidadão cruzeirense médio ainda tem que se desviar dos mesmos buracos de quatro anos atrás, além de outros novos, e daqueles que sem uma solução definitiva somente aumentam de tamanho a cada inverno.
 A “administração sem crise” passa longe da porta da casa do vendedor Leandro Pinheiro. Residente da “Avenida Leopoldo de Bulhões” no bairro do Telégrafo, Leandro convive com a água fétida do esgoto que é derramado diariamente no quintal de sua casa. Com o aumento de volume das águas no período de inverno, a cada chuva as águas se aproximam mais do assoalho. Risco de saúde permanente para sua pequena filha de apenas um ano de idade.
A bueira e a canalização foram construídas no local há mais de dez anos. A falta de manutenção e de coleta de lixo fez da antiga estrutura uma ruína sem nenhuma finalidade prática, a não ser lembrar aos moradores que um dia já existiu ali tal obra.
Segundo Leandro o contato com a secretaria de obras foi infrutífero: “o secretário nos disse que a obra não era prioritária e que não poderia ser feito nada neste inverno”.
Na “avenida” Leopoldo de Bulhões é difícil encontrar quaisquer rastros de que exista uma administração municipal: o mato toma conta do espaço que deveria ser destinado às calçadas (inexistentes) e uma caixa d’água serve de lata de lixo improvisada para que o caminhão da prefeitura faça a coleta.
Já os moradores da rua Martinho do Carmo Souza, também no bairro do Telégrafo reclamam que a coleta de lixo não é constante. Aparentemente os três novos caminhões de lixo, alardeados em campanha eleitoral como fruto de emendas parlamentares não trouxe beneficio para estes moradores que vivem em uma área central da cidade, vizinhos ao Instituto Santa Terezinha, uma das mais tradicionais instituições de ensino da cidade.
“O caminhão da prefeitura passa apenas uma vez por mês. Mas quando tocamos fogo, assim que levanta fumaça aparecem os fiscais” Disse um morador que se identificou apenas como “Grilo”.
Não é preciso ir longe para encontrar problemas na “administração sem crise”: buracos e lixo proliferam pelas ruas do centro da cidade na mesma velocidade dos ratos e urubus que passeiam sem serem incomodados.
Alguns problemas são agravados pela falta de relação institucional entre prefeitura e governo do estado. No bairro do Remanso há um claro exemplo do resultado da política de usar a população como “trincheira política” da oposição. Na rua do Remanso o DEPASA abriu uma vala no asfalto para passagem da rede de água que irá atender à comunidade do Santo Cruzeiro. Mesmo depois de concluída a rede, a prefeitura não cobriu o local aberto e com as chuvas a rua perde a cada dia sua já precária trafegabilidade. Um descuido muito bem calculado do ponto de vista político: descumprida a obrigação constitucional da prefeitura, a população acaba por culpar o DEPASA pelo estrago, colocando o ônus político nas costas do estado.
Enquanto isso no bairro Nova Olinda, os moradores aguardam a ligação da rede de água prometida pela “administração sem crise”. Cerca de sete dias antes da eleição, operosos funcionários de uniforme azul instalaram uma extensa rede de água, mas até o momento não há uma gota nas torneiras. Procurados por nossa equipe de reportagem, os funcionários esclareceram que o poço artesiano não havia sequer sido repassado à prefeitura e que não havia previsão de o sistema entrar em funcionamento.
Estes são apenas alguns “relances” da real condição da segunda maior cidade do estado.  Cruzeiro do Sul reflete em suas ruas o desmazelo de uma administração que se mostra incapaz de cuidar dos velhos e novos problemas urbanos, mas cujo gestor, agora elevado à condição de “liderança da oposição” pela imprensa da capital, mostra-se a cada dia um hábil e exímio “administrador de votos”.
O preço de ter se tornado a “trincheira da oposição” é pago pela população de Cruzeiro do Sul: terá de conviver por mais quatro anos com uma administração faz uma opção política dos problemas que escolhe resolver, enquanto a imprensa da capital destila matérias laudatórias de uma cidade que só existe em faz-de-conta.
Escrito por Leandro Altheman

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