Escrito por Jorge Natal - publicado no jornal Voz do Norte, Cruzeiro do Sul-AC
Depois de atirar num boto que estava perturbando sua pescaria Valdecir da Costa Souza, 20, passou a apresentar perturbações psicológicas e afirma que os animais estão o atraindo. Além de ouvir vozes ele vê um homem sentado numa pedra no rio tentando levá-lo para a água e o problema está preocupando os familiares.
Tudo começou quando Valdecir participava de uma pescaria junto com o primo Natanael dos Santos, em uma comunidade do interior do Amazonas e alguns botos rasgavam as redes e comiam o peixe, momento que o pescador resolveu dar um tiro num dos animais.
Segundo conta o primo, imediatamente após o tiro, surgiram vários botos ao redor do barco que tentaram alagar a embarcação e eles não conseguiram continuar a pescaria. Mesmo depois do barco ter sido ancorado nas margens do rio os animais não foram embora, momento em que Valdecir começou a passar mal.
“Comecei a passar mal e apareceu um homem em cima de uma pedra branca no meio do rio que tentava levá-lo para a água. Ele me chamava e dizia que ai me levar”, contou o pescador ainda abatido, que no momento pedia socorro ao primo que afirmou que eram muitos botos e quando eles apareciam Valdecir começava a passar mal.
“Quando eu ficava perto do meu primo, que estava comigo na pescaria, eles se afastavam e o homem desaparecia”, conta ainda assustado em sua residência. Depois que chegou em casa o pescador deu muito trabalho a família que tinha que segurá-lo a força pois ele queria entrar no rio.
Segundo a tia do pescador, Lúcia dos Santos, todas as vezes que Valdecir sentia a presença dos botos ficava com a voz diferente e com muita força. “Não sei o que acontecia, ele começava a desmaiar depois queria entrar no rio. Eram nove homens e três mulheres para poder segurá-lo”, afirmou.
O pai pescador, José Alberto de Souza, 62, conta que também já foi vitima de um boto, quando estava com amigos madeireiros nas margens de um igarapé na fronteira com o Peru. Eles jogavam baralho quando sentiu algo estranho no corpo e via um homem sobre uma pedra no igarapé que tentava levá-lo para a água.
José Alberto afirma que tudo começou depois que seu pai desapareceu nas águas do Rio Juruá, encantado por um boto. “Meu estava numa canoa que naufragou e vários botos começaram a boiar no local, ele nunca foi encontrado. Depois ele apareceu para minha esposa dizendo que estava em um boto e que eu precisava desencantá-lo. Ela me disse antes mesmo dele aparecer três vezes, depois disso nunca mais voltou”, ressaltou.
* Daqui há alguns dias, prometo trazer a versão dos botos, que contestam o pescador.
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