quinta-feira, 31 de maio de 2012

A Verdade sobre Lobos, Cordeiros e Pastores

Parece ter voltado à baila a famigerada associação entre a figura de “lobos” a de espertalhões e aproveitadores de toda sorte.

Sejam eles da iniciativa pública ou privada, segundo a recorrente metáfora, os tais “lobos” seriam os responsáveis pelas mazelas das “pobres ovelhinhas” acuadas.

Para evitar que velhos preconceitos sejam atiçados contra este já tão perseguido animal, saio em defesa do meu Clã, enumerando aqui, algumas simples verdade sobre Lobos, Ovelhas e Pastores.
O Lobo é reverenciado pelos povos caçadores da América do Norte. Mesmo povos pastores da Ásia Central como turcos e mongóis, menos hipócritas que os do Oriente Médio, admiram as qualidades deste belo animal.
Lobos normalmente não matam mais do que podem comer. Não fazem contas fantasmas. Não fazem obras superfaturadas nem tampouco juntam dinheiro para a campanha no Caixa 2. Lobos não têm “laranjas”. Lobos não vendem seus ideais por cargos comissionados. Lobos não disfarçam seu cheiro em período eleitoral.

Lobos que vivem em alcateia são capazes de se sacrificar pelo grupo, pelas fêmeas e pelos seus filhotes. 

Os maiores inimigos das ovelhas não são os lobos, mas a sua própria passividade. Ovelhas não têm “consciência de classe”. O rebanho assiste passivo quando um dos seus é morto: “antes ele do que eu”, pensam.

Ovelhas são tão passivas que ao contrário de outros herbívoros domésticos não necessitam ser “insensibilizadas” para serem mortas. Sangram até a última gota, geralmente sem reclamar.

A quem interessa tamanha passividade?

Dizem que o “homem é o lobo do homem”. Pode ser. A verdade é que há muito mais coisas em comum entre Homens e Lobos do que entre Homens e Ovelhas.

Apesar da ferocidade, lobos não são desprovidos de instinto de proteção. Há relatos em pleno século XX de que crianças abandonadas tenham sido amamentadas por lobas e aceitos na alcateia. Isso reforça a tese de que talvez exista algo de verdade por trás de lendas antigas espalhadas por todo mundo, de heróis criados por lobos, sendo talvez a mais famosa a história dos irmãos Rômulo e Remo.


Somos uma espécie predadora. A sociedade e a linguagem humana se desenvolveram a partir das primitivas caçadas coletivas em que se aprendeu a usar os talentos do grupo para superar a inferioridade física dos homens perante as gigantes feras paleolíticas.



Reforçar a velha metáfora de que a humanidade esteja dividida entre “lobos” e “cordeiros” só pode interessar mesmo a os “pastores”.

Talvez a passividade do “rebanho” seja útil aos “pastores” que além de utilizarem a carne e a lã das ovelhinhas, como é comum em muitas comunidades pastoris, também às utilizam para sua iniciação sexual.

Lobos vivem segundo o seu propósito e o de sua espécie. Já as ovelhas domesticadas não têm um propósito próprio. Vivem o propósito de seus pastores que apesar das belas metáforas biblicas, na realidade conduzem o rebanho para a tosquia e o abate.



2 comentários:

  1. É isso aí combatente, Leandro !

    Sejamos então lobos em pele de cordeiro... quem sabe talvez, descobriremos os falsos pastores nas imagens sem nitidez.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lobos de verdade geralmente são orgulhosos demais para vestirem uma pele q não seja a sua e quando o fazem não é tanto para comer as ovelhas, mas para fujir dos pastores

      Excluir