"Como é que vou andar descalça lá na capitá" dizia ela.
Então eu levei ela pra Rio Branco. Naquele tempo, era só lama. A gente levava, dependendo, até 15 dias pra chegar. E nisso, conversa vai, conversa vem...
A gente parou num canto, se não me engando, era o Bar das Prima, perto da entrda de Manoel Urbano. Só tinha pinguço... e a doida da gata, começou a tomar conhaque, os caminhoneiro pagando pra vê ela doida. Aí ela subiu na mesa de sinuca, e a homarada endoidou. Teve um que pegou ela pelo braço e disse:
-Meu nome é Romeu...
- Conta outra porque essa piada eu já conheço (Disse o outro parceiro, interrompendo mais uma vez a história)
- Bem eu sei que essa mulher endoidou. (Continuou a história, ignorando a interrupção) e deu com o taco de sinuca bem no meio da fuça do tal do Romeu, que começou a botar sangue pelo nariz. Eu tive que sair correndo com ela dali.
-"Eu não tenho medo de nada, só de perder a sapatilha. Como é que vou andar descalça na capitá?" Foi o que ela disse.
Ela era uma gata maracajá muito gente boa. Quando eu tava com frio na estrada, ela me cobria com o sua pele pintada.
- E aí?Perguntou o parceiro
-E aí que quando a gente chegou, nóis já tava meio apegado. Ela foi lá prá casa e a gente fez as maiores loucuras. Mas de manhã, ela cochichou no meu ouvido:
"-Vou buscar pão"
E nunca mais voltou.
-Que história, heim? Disse o parceiro desconfiado.
- Só que ela saiu tão nas carrera, que esqueceu a bendita sapatilha, que eu guardo comigo até hoje. Pra me dá sorte na estrada. E até hoje, com os poder de Deus, que nada de ruim me acontece nessas estrada. Tá no meu porta-luvas, ocês qué vê?
- Claro. Respondemos todos.
O sujeito foi até o caminhão e pegou mesmo, um par de sapatilhas de oncinha e mostrou, para o espanto de todos. Até tirei uma foto, pra mostrar para os leitores do blog:
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