sábado, 17 de setembro de 2011

Realismo Fantástico


Enquanto estava parado, com a D20 quebrada, nas proximiddaes de Tarauacá, proseávamos à noite. Um caminhão quebrado havia dois mineiros que transportavam farinha. Entre um cafezinho e outro, o pessoal ia se recordando das histórias.



- Assustaram a menina que vinha de moto, dizendo que as onças pulavam nas costas na BR...




- Uai, disso eu não sei engatou o mineiro, mas que uma noite eu tive de tirar a onça de cima da lona do caminhão, isso é verdade


- Isso, não é nada, disse o outro. Quando a estrada ainda era só no barro, e eu era mais moço, um dia uma onça pulou nas minhas costas. Não, não era uma onça, era uma gata maracajá.



- Você não quer dizer GATO maracajá? Perguntei




-Não, era uma gata mesmo, por que era fêmea.



- E como você sabe, por acaso é veterinário? Perguntou o seu parceiro




-Ora, a gente conhece pelo jeito dela balançar o rabinho. Mas ocêis não vão me deixar terminar a história?



- Continua.




- Pois sim. A GATA maracajá subiu nas minhas costas. E eu ia pular da moto, quando ela falou bem mansinho:



"Tem precisão de se assustá não, moço. Eu só quero uma carona pra capitá. Tô fugindo do meu ex-marido. Aquele corno pensa que é meu dono... "



Ela vinha ronronando atrás de mim e quando se assustava com o barulho dos caminhões me "azunhava", mas era só um pouquinho. Dizia que não tinha medo de nada, só de perder os sapatos na estrada.


"Como é que vou andar descalça lá na capitá" dizia ela.


Então eu levei ela pra Rio Branco. Naquele tempo, era só lama. A gente levava, dependendo, até 15 dias pra chegar. E nisso, conversa vai, conversa vem...


A gente parou num canto, se não me engando, era o Bar das Prima, perto da entrda de Manoel Urbano. Só tinha pinguço... e a doida da gata, começou a tomar conhaque, os caminhoneiro pagando pra vê ela doida. Aí ela subiu na mesa de sinuca, e a homarada endoidou. Teve um que pegou ela pelo braço e disse:



-Meu nome é Romeu...



- Conta outra porque essa piada eu já conheço (Disse o outro parceiro, interrompendo mais uma vez a história)



- Bem eu sei que essa mulher endoidou. (Continuou a história, ignorando a interrupção) e deu com o taco de sinuca bem no meio da fuça do tal do Romeu, que começou a botar sangue pelo nariz. Eu tive que sair correndo com ela dali.




-"Eu não tenho medo de nada, só de perder a sapatilha. Como é que vou andar descalça na capitá?" Foi o que ela disse.




Ela era uma gata maracajá muito gente boa. Quando eu tava com frio na estrada, ela me cobria com o sua pele pintada.



- E aí?Perguntou o parceiro



-E aí que quando a gente chegou, nóis já tava meio apegado. Ela foi lá prá casa e a gente fez as maiores loucuras. Mas de manhã, ela cochichou no meu ouvido:



"-Vou buscar pão"



E nunca mais voltou.



-Que história, heim? Disse o parceiro desconfiado.



- Só que ela saiu tão nas carrera, que esqueceu a bendita sapatilha, que eu guardo comigo até hoje. Pra me dá sorte na estrada. E até hoje, com os poder de Deus, que nada de ruim me acontece nessas estrada. Tá no meu porta-luvas, ocês qué vê?



- Claro. Respondemos todos.



O sujeito foi até o caminhão e pegou mesmo, um par de sapatilhas de oncinha e mostrou, para o espanto de todos. Até tirei uma foto, pra mostrar para os leitores do blog:


























































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