Ao não reconhecer os cultos afro-brasileiros como religiões,
o juiz federal Eugênio Rosa de Araújo, além de provar sua total ignorância sobre
o tema da religião, seu autoritarismo e fundamentalismo, mas também deixa revelar
traços de um flagrante farisaísmo.
Dizer que uma religião para ser reconhecida como tal, deve
obrigatoriamente ter um “texto-base”, significa dizer que o judaísmo e o
cristianismo também não eram religiões antes de terem sido escritas.
Aparentemente o juiz desconhece o próprio cristianismo.
Explico. É consensual que os textos considerados sagrados
para cristãos, judeus e muçulmanos que compõe o chamado Velho Testamento,
derivam de histórias que antes de serem escritas, eram repassadas através da
oralidade.
Ou será que o juiz pensa que foi Adão quem escreveu o
Gênesis?
Boa parte das narrativas do Gênesis eram histórias para
serem contadas ao pé da fogueira, após um dia de pastoreio entre as ovelhas e
cabras. Ou seja, em essência, não diferem das histórias que compõe a tradição
oral de cultos africanos e indígenas.
Os Salmos foram antes poesias para serem declamadas, aprendidas
através da oralidade. Somente depois do cativeiro da babilônia é que foram
escritas.
E o que dizer de Jesus?
Se Eugênio Rosa fosse juiz em 30 d.C. Os ensinos de Jesus não
teriam valor algum. Afinal de contas, o que ele dizia ainda não estava escrito.
Paulo escreveu suas famosas cartas, somente 50 anos depois e o Novo Testamento,
tal como conhecemos, só ficou “pronto” no século II depois de Cristo.
Ou seja, além de burro, é também um fariseu.
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