Semana passada assistimos ao linchamento de uma dona de casa, equivocadamente confundida com uma mulher acusada de infanticídio. O estopim partiu de um site de notícias.
Não é um caso isolado. Em diferentes situações a imprensa foi responsável pelo linchamento físico ou moral de centenas de pessoas. Os casos vão parar na justiça comum, mas todos sabem que depois de uma condenação na imprensa, reputações, biografias e vidas, são perdidas para sempre.
A mídia hoje é regulamentada pelo mercado. Pelos interesses das famílias que mantém suas concessões públicas através de favores políticos. Pela busca desenfreada de audiência, nem que para isso tenha que se mostrar sangue derramado e vísceras expostas.
Não há hoje nenhuma liberdade de expressão, ou de informação que contrarie tais interesses.
A grande maioria dos jornalistas que podem expressar suas opiniões publicamente tem este privilégio porque suas opiniões coincidem com a de seus patrões.
A quem interessa esta pseudo “liberdade de expressão”?
Há diferentes propostas de regulamentação da mídia. Uma delas consta no PNDH 3. A idéia é simples: um órgão de imprensa que não siga determinados parâmetros não receberá financiamento público. Hoje temos os parâmetros da comunicação ditados pelo mercado. A questão a ser discutida passa a ser então: que parâmetros queremos?
Ou seja, não se trata de censura, trata-se simplesmente de retirar o financiamento do governo. Quer falar o que quer? Busque patrocínio na iniciativa privada.
Ou será que é justo que o governo brasileiro continue financiando as fortunas de Marinhos, Abravanéis e Sarneys, entre outros tantos, para que estes continuem defendendo seus interesses oligárquicos?
Outra proposta parte da Federação Nacional dos Jornalistas e trata da criação de um Conselho Federal de Jornalismo.
Médicos têm o CRM, Engenheiros dispõem do CREA, Advogados têm a OAB.
Caso um profissional de qualquer uma destas áreas cometer um deslize, tiver uma atitude anti-ética, antes de ir para a justiça comum será julgado pelos seus pares e poderá ter o seu registro cassado.
Porque esta regra vale para engenheiros, médicos e advogados, mas não para jornalistas? O caso da dona de casa linchada é só um exemplo, entre tantos, de que o mau exercício da profissão pode causar a morte (ou até uma guerra em alguns casos, mas deixemos isso para outro momento).
No entanto, a proposta foi rejeitada no congresso, com a alegação de que haveria “censura”. A alegação partiu do mesmo lobby da indústria da comunicação que hoje decide o que eu e você podemos ouvir e assistir nas rádios e TVs que pertencem sim, ao povo brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário