Leandro Altheman
Um documentário produzido pela BBC de Londres tratou de um assunto que a muito tempo perturba o mundo ocidental: as raízes “científicas” do racismo.
Infelizmente, o Nazismo acabou se tornando uma espécie de “bode expiatório” de toda culpa colonialista e eurocentrista. Como se a tese da “Raça Ariana” fosse um caso único, uma exceção à regra de uma civilização européia baseada na cordialidade e no humanismo. Nada mais falso. Retroagindo alguns anos no tempo, daquilo que foi a tragédia do nazismo, chegaremos à pseudo-ciência da “Eugenia” que por sua vez bebeu na fonte do chamado “Darwinismo Social”. A teoria é simples: se as forças da natureza são capazes de selecionar os mais aptos, a humanidade deveria atuar em conjunto com estas forças, por meio de uma seleção “cientifica” daqueles que segundo esta “ciência”, estariam mais aptos a construir o mundo do “futuro”. A idéia inspirou muita gente e antes que Adolph Hitler as pusesse em prática naquilo que foi o Holocausto Judeu, os colonialistas britânicos as aplicaram nas suas colônias na Índia, África e Oceania. A tese da superioridade, seja étnica, social, ou religiosa justificou ainda o massacre dos nativos norte-americanos. Na base desta “pseudo-ciência” podemos encontrar argumentos que nasceram da experiência colonial, a partir do século XVI, que determinou o massacre e a extinção de milhares de povos no mundo todo seja por guerra, fome ou doenças trazidas do velho mundo. (O que para mim, ascende a tese de que para estes povos o Apocalipse já aconteceu, mas isso é tema para outra discussão).
A mesma tese de que “os mais fortes devem sobreviver” aplicada à economia dá origem ao liberalismo econômico onde a “mão-invisível” faz com que tudo funcione em prol do bem comum. A célebre frase proferida pelo então presidente Fernando Collor de Melo: “quem não tem competência, não se estabelece” aplicada às empresas nacionais nada mais é do que a aplicação do darwinismo social à economia.
Mas voltemos à Índia do século XIX. O administrador imperial da colônia britânica não precisou construir “Campos de Concentração” como o fariam os nazistas cerca de um século mais tarde. Bastou simplesmente aplicar as leis do liberalismo econômico às milenares práticas da agricultura que o resultado esperado foi: de um lado os lucros exorbitantes da exportação e do outro uma população legada aos flagelos da fome.
No entanto, as teses do chamado “darwinismo social” não sobrevivem a uma análise mais acurada da própria natureza. São inúmeros os exemplos em que indivíduos teoricamente “mais fracos” adotam estratégias alternativas de sobrevivência e acabam obtendo sucesso na sua sobrevivência e reprodução. Do mesmo modo, sociedades tidas como “mais primitivas” têm adotado estratégias que não apenas garantem a sua sobrevivência como nos oferecem modelos alternativos de vida. Mais adaptados aos ambientes em que vivem, tais sociedades desafiam o poder do imperialismo e passam a influenciar o comportamento, as atitudes e os ideais de jovens urbanos de todo mundo.
Face a um mundo caótico perseguido pelos fantasmas da violência urbana, da escassez de alimentos e de sonhos e da devastação ambiental, a tese da superioridade seja econômica, racial ou religiosa, cai por terra, obrigando os cientistas políticos a reinventarem a sua própria lógica.
* Felizmente, a Internet têm contribuído para desmitificar o mau uso da Suástica pelos nazistas, reabilitando o seu sentido verdadeiro, sagrado e ancestral. Numa próxima postagem poderemos abordar a origem verdadeira deste símbolo e desmascarar velhos preconceitos.
Parabéns pelo seu artigo!
ResponderExcluirÉ perfeito e me ajudou muito.
obrigado.
Carla Duarte.