segunda-feira, 22 de junho de 2009

Viva o Espírito da Aventura!


Leandro Altheman


Confesso que fiquei um pouco acuado ao ver aquele alemão, no sítio onde eu moro. A primeira sensação é de que: “Meu Deus, eles estão chegado!”. Como se fossem uma espécie alienígena pronta a dominar a Terra. Depois, vencendo o preconceito e os arroubos “psedo-nacionalistas”. Resolvi conhecer aquele estrangeiro, que viera de tão longe para um sítio na Boca da Alemanha em Cruzeiro do Sul.

Aos poucos aquela impressão negativa foi de desfazendo. Daniel (um nome tão “brasileiro”) é açougueiro em sua cidade natal: Ehingan, no Sul da Alemanha é a nascente do famoso rio Danúbio. Daniel, um rapaz de 32, trabalhou por cerca de 7 anos para juntar o dinheiro suficiente para a viagem de seus sonhos. Embarcou sua motocicleta BMW no porto de Hamburgo e desembarcou-a no Chile. De lá veio dirigindo pela América do Sul através de montanhas, desertos e florestas do Chile, Argentina, Bolívia e Peru. De Cuzco, desceu os Andes até Puerto Maldonado e de lá dirigiu até Rio Branco. Ainda foi de moto até Sena Madureira, mas ao descobrir que estrada para Cruzeiro do Sul estava fechada, deu meia volta para Rio Branco. Mesmo assim, pegou um avião e veio conhecer a mundialmente famosa capital do Juruá.


Senti um profundo apreço e admiração pelo aventureiro. Não fosse eu próprio um aventureiro, não estaria aqui. Em 1999 sai de São Paulo em viagem através do Pantanal até a Bolívia, Peru e finalmente Acre, onde resolvi viver e estou até hoje. Ufa! Que aventura. Aventura maior foi casar com uma acreana e criar dois filhos no Juruá, vivendo de Jornalismo. Embora faça coisas relativamente normais no meu dia-a-dia, no meu íntimo sei que deixei uma vida relativamente confortável para trás e desde então minha vida tem mais cor e mais sabor.

Viva o espírito da aventura!

Afinal de contas é ele o que move as descobertas desde o início dos tempos. Foi o contato com a realidade da América do Sul vivida em sua aventura de motocicleta que alimentou em Che Guevara o ideal revolucionário! Ou seja, que tem coragem de viver uma aventura como esta, tem também a sensibilidade para conhecer e respeitar as peculiaridades da cultura de cada povo.

Ah! Sobre a questão do estrangeiro, cheguei à óbvia conclusão de que um alemão montado em uma motocicleta não faz nenhuma afronta à soberania nacional na Amazônia. Afronta fazem aqueles lá nos gabinetes em Brasília que querem terminar de privatizar o que ainda nos restou!

Para Daniel e a todos os aventureiros, Boa Viagem!

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