Indígenas do povo Apolima-Arara ocupam desde a manhã desta segunda feira uma escola municipal no rio Amônia. Eles também fecharam a passagem de embarcações no rio. O ponto de discórdia é a proposta do ICMBio para que os não-indígenas permaneçam dentro da terra demarcada.
A demanda dos indígenas é a indenização das benfeitorias dos
não-indígenas que vivem na área que já foi demarcada no ano de 2012. A
indenização seria o próximo passo para que as famílias fosse retiradas e pudessem
se estabelecer em outro local.
Já houve o compromisso do Governo Federal de que as
indenizações ocorreriam até o final do ano, contudo, segundo o coordenador da
FUNAI regional do Juruá, Luís Nukini, uma requisição do ICMBio teria parado o
processo de indenização em Brasília. Ainda segundo o coordenador, o ICMBio quer
a gestão compartilhada da área ouse seja, defende a permanência das famílias na
área que hoje pertence à RESEX do Alto Juruá.
Para os indígenas, esta situação é preocupante, pois o
modelo de exploração da Resex tem cada vez mais apontado na direção da pecuária
e da extração madeireira, o que é incompatível com o modo de vida de
subsistência dos indígenas.
No escritório regional do ICMBio em Cruzeiro do Sul, o
gestor da RESEX do Alto Juruá não soube informar se esta demanda partiu do
escritório regional ou se a requisição de gestão compartilhada partiu de Brasília.
Para Luís Nukini, o problema que acontece hoje em Marechal
Thaumaturgo e a interferência do ICM Bio no processo são reflexos da mudança na
política do governo federal no processo de demarcação de terras, que permite a
intervenção de órgãos como EMBRAPA, IBAMA, Ministério da Agricultura e outros e
não mais apenas a FUNAI. Um projeto de lei em tramitação no congresso retira do
executivo para o legislativo a responsabilidade na demarcação de terras.
A proposta partiu da bancada ruralista e tem sido acatada
pelo governo federal. A ministra da Casa Civil Gleise Hoffman, da Casa Civil
determinou a suspensão dos trabalhos demarcatórios no estado do Paraná. Em resposta, indígenas do povo Kaingang ocuparam a sede do PT em Curitiba-PR.
Leandro Altheman – Juruá On Line
Para ler artigo opinativo sobre a política de Dilma para os povos indígenas, leia mais em Terra Náuas: Dilma, a ambidestra, quebra as pernas e dá Muleta.
*Fotos: 1- Em reunião protestando contra a proposta de “gestão compartilhada” do ICMBio (fonte: Blog do Lindomar Padilha)
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