Coalhada, Leite de cabra e derivados, doces e bolos
artesanais, frutas de época.
Com um chapéu de vaqueiro e uma “guampa”de tereré na mão, um
sujeito simpático com sotaque interiorano que atende pela alcunha de Daniel “Cowboy” mostra com
orgulho a sua produção familiar.
Ou melhor, o que restou dela depois que consumidores ávidos
por produtos orgânicos levaram a maior parte.
“A coalhada e o queijo de cabra acabaram. Temos ainda pamonha
de forno, bolo de macaxeira, beléu, tudo feito com ovos caipira”, conta.
Com sua produção diversificada, Daniel poderia estar na Feira
do Produtor Orgânico no Parque da Água Branca em São Paulo, mas está no Mercado
do Produtor em Cruzeiro do Sul.
Na sua fazendinha, na Estrada no Canela Fina, Daniel cria
cerca de 100 cabeças de caprinos e possui ainda outras 70 cabeças de gado
bovino leiteiro, divididos em duas propriedades.
Goiano vivendo há 36 anos no Juruá e casado com uma
cruzeirense, Daniel produz leite de gado e de cabra em uma área de
40 hectares. “Eu preservo as APP`s e reservas legais da minha área total que é
de 90 hectares. Não uso nenhum tipo de agrotóxico e a produção é satisfatória ”.
A experiência de Daniel prova que não sãos as famigeradas “leis ambientais” que
impedem a produção e ainda que é possível produzir de forma competitiva sem se
render ao paradigma da agroindústria.
O segredo está não apenas na produção mas também na
comercialização familiar. Esposa, filho, nora e cunhadas participam das vendas
fazendo o contato direto com os fregueses.
Daniel não tem queixa de falta de apoio por parte do poder
público.
“Da parte do governo, recebemos apoio do programa Balde Cheio. Tive dois hectares mecanizados e
calcariados. onde eu criava uma vaca
por hectare, vou poder criar de quatro a até seis cabeças. Eles também dão assistência
técnica. Basta ligar e vai um técnico na minha propriedade.”
Da parte da prefeitura, a mesma satisfação.
“A prefeitura também mecanizou uma área e o
prefeito Vagner nos incentivou a trazer nossa produção para cá”,
explica.
Apesar do jeito interiorano, a sistema de produção de Daniel
representa hoje uma tendência contemporânea: produção orgânica e familiar e
venda direta ao consumidor.
Isto acontece porque muitos produtores perceberam que a produção
para a agroindústria, não deixa de certa, à sua maneira, uma “tirania” sobre a
terra. Produtores engajados nos grandes mercados estão à mercê da
agroindústria desde à compra de sementes e insumos, passando pela exigência de
padrões cada vez mais rigorosos e sujeitos à endividamentos, caso a o clima e a
natureza não funcionem como nas planilhas.
A modalidade orgânica da agricultura tem se revelado
vantajosa nas duas pontas: consumidores adquirem um produto saudável, enquanto
produtores tem mais liberdade para trabalhar a suas propriedades de acordo com
suas potencialidades e disponibilidade de mão-de-obra, água, sementes e adubos
orgânicos, diminuindo sua dependência das grandes empresas e bancos.
Será que nós, consumidores acreanos, vamos primeiro “sabotar” a produção
regional, comprando apenas das grandes redes de supermercados, para somente
depois descobrir o valor e a importância desta produção?
*A propriedade de Daniel está localizada na Estrada do Canela Fina, próximo à entrada da UFAC.
*A propriedade de Daniel está localizada na Estrada do Canela Fina, próximo à entrada da UFAC.
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