Por ocasião da entrevista, Zeca também comentou sobre o alto
preço da farinha de mandioca e sobre os programas dos governos federal,
estadual e municipal para a agricultura familiar.
“A produção de farinha caiu muito, e com a estrada, aumentou
o mercado consumidor. Hoje dois ou três agricultores podem fretar um caminhão e
levar a farinha para vender em Rio Branco”.
Zeca atribui a queda na produção, ao impedimento de se
poderem desmatar novas área de floresta. “Área de floresta virgem quando
derrubadas produzem até 200 sacas de farinha por hectare. Áreas de capoeira
produzem apenas 75 sacas.”
Segundo Zeca, prefeitura (neste caso, Mâncio Lima) e governo
do estado têm enviado cada qual uma máquina para “aradagem” da terra.
Por parte do governo do estado, sua propriedade foi
beneficiada com calcário desde 2012.
“Com o calcário podemos produzir até 175 sacas/há, sem ter o
trabalho de desmatar e queimar. Isso por quatro anos consecutivos.”
Desfazendo mitos
Beneficiário do programa Bolsa Família, Zeca nem de longe se
parece com a caricatura de brasileiro indolente e preguiçoso popularizada sobretudo
nas redes sociais.
Evangélico e pai de quatro filhos, sua esposa recebe 390
reais mensais do programa, que têm sido de grande ajuda sobretudo nos períodos
de entressafra. A dificuldade de escoamento da produção durante o período
chuvoso obriga a estocar o produto durante meses, tornando a renda familiar
perto de zero naqueles meses.
Além do óbvio Bolsa Família, Zeca também foi beneficiado com
o Programa Luz para Todos e será em breve contemplado com o PNHR (Minha Casa, Minha
Vida).
Segundo Zeca, a maior parte dos produtores vem sendo
beneficiada com o PRONAF B, microcrédito rural que não necessita de comprovação
de título de propriedade para ser acessado.
Contudo, justamente pela falta de regularização fundiária, a
maior parte das famílias não têm acesso aos programas de financiamento que poderiam resultar em um aumento mais significativo da produtividade, como na aquisição de implementos e insumos agrícolas.
Segundo Zeca, das 350 famílias de agricultores do Alto Pentecostes, apenas 37 detém título de propriedade, sendo os demais apenas posseiros, sem grandes garantias à produção ou mesmo à permanência na terra.
Segundo Zeca, das 350 famílias de agricultores do Alto Pentecostes, apenas 37 detém título de propriedade, sendo os demais apenas posseiros, sem grandes garantias à produção ou mesmo à permanência na terra.
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