segunda-feira, 1 de junho de 2015

Charlie, Charlie - Respeitem os espíritos. E os espíritas

Estava relutante em escrever sobre o tal assunto: "Charlie, Charlie".

Mas há um momento em que não é mais possível se furtar sobre determinado tema, principalmente quando este passa perigosamente a ser usado como mais um instrumento de discriminação religiosa nas escolas.

O fato do assunto ter se tornado pauta na imprensa, não deveria ser motivo de surpresa, princialmente nesta semana em que a revista de maior circulação no país escolhe o OVO como matéria principal de sua edição na mesma semana em que houve o escândalo dos dirigentes da CBF e as manobras de Cunha no Congresso.

Pelo ponto de vista comportamental, o assunto já virou pauta.

A questão é portanto, como abordar o tema, sem ser piegas, sem cometer achismos e principalmente, sem cometer preconceito religioso.

Na internet, já circulam inúmeros posts explicando que o tal "Charlie, Charlie" não passaria de uma jogada de marketing do filme "A Forca".

Poderia escrever falando sobre a vocação maldita do cinema de hollywood em legitimar preconceitos de toda ordem, incluso aí os de ordem religiosa. Mas precisaria fazer outra postagem para tanto.

O tal "Charlie, Charlie", ainda que possa ser fruto de uma jogada de marketing, não é mais do que uma derivação empobrecida da Tábula Ouija, assim como é também a famosa "Brincadeira do Copo".



Dito isto, seria preciso dizer quais as explicações possíveis para este fenômeno.

Há pelo menos três.

A primeira delas nos fala do efeito ideomotor, em suma, as pessoas moveriam estes objetos (copo, caneta e etc) de maneira involuntária e inconsciente, possibilitando tais especulações.

A segunda delas, é a radiestesia. Críticos do efeito ideomotor buscam explicações através do eletromagnetismo e de mudanças na percepção que ainda assim não seriam necessariamente, sobrenaturais.

 A terceira delas é a explicação espiritualista, na qual de fato espíritos dos mortos poderiam se comunicar através destes instrumentos.

É importante fazer a seguinte ressalva: O códice espírita kardecista não aprova tais práticas. Em O Livro dos Médiuns, Alan Kardek afirma que este tipo de prática seria mais propícia a atrair espíritos zombeteiros e levianos.

Sobre isto, vivenciei uma situação na minha adolescência que foi deveras instrutiva, e que gostaria de compartilhar por meio desta postagem.

Tinha por volta de 16 anos de idade e na escola de ensino médio que frequentava surgiu a tal "brincadeira do copo". Para quem não conhece a brincadeira, ela segue os mesmos princípios da tabula Ouija: as letras do alfabeto dispostas em circulo e as palavras sim e não. Os participantes colocam seus dedos em cima do copo e passam a fazer perguntas. O copo então se move na direção das letras e das palavras sim e não, respondendo às perguntas.





Fizemos a tal "brincadeira" algumas vezes. Lembro-me que havia uma sequência de perguntas iniciais. - Tem alguém aí? - Você é um espírito de luz?

Em uma destas ocasiões após as duas respostas afirmativas do "copo", tiveram início uma série de respostas desconexas, gerando conflito entre os participantes que passaram a acusar um ao outro de estarem manipulando o copo de acordo com sua vontade.

Foi então que um dos participantes falou:

- Gente, se ele fosse um espírito de luz, nós não estaríamos brigando.

E nesse momento, o copo realmente parou de se mover

Na terceira e última vez que participei da tal "brincadeira", após responder afirmativamente às duas perguntas iniciais, o copo não mais se movia. Foi quando então algum de nós resolveu perguntar.

- O que você quer que a gente faça?

O Copo então começou a se mover na direção das letras E, depois um S, depois um T, depois um U, depois um D... então quando a palavra se tornou óbvia, alguém disse:

E-S-T-U-D-A-R

E o copo não mais se moveu.

Na ocasião interpretei o ocorrido de duas maneiras. A primeira que aquele deveria ser de fato um espírito de luz, que não queria nos fazer perder tempo com tais bobagens e nos mandava para algo mais produtivo; Estudar.

A segunda, é de que se realmente eu tivesse interesse em conhecer tais fenômenos, também deveria, estudar.



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