Deixemos de lado por hora as empregadas de minissaia e falemos de algo (um pouco mais) sério. Sabendo que agora falta menos de uma nao para que Cruzeiro do Sul conte com a sua primeira turma de jornalistas nativos formados, me anima o fato de que em breve teremos também uma massa crítica capaz não apenas de reproduzir fatos mas de interpretar e reinterpretar a realidade. É para estes que deixo este meu breve testemunho, no desejo de contribuir com as discussões acerca do exercício da profissão.
Faço cobertura de imprensa no Juruá desde 2001. Lembro-me muito bem das agendas super apertadas, corridas e estressantes do tempo de Jorge Viana ainda em seu primeiro mandato.
A praxe no jornalismo do Juruá era que durante uma visita de um governador, os holofotes iam quase que exclusivamente para ele e as demais pautas eram temporariamente esquecidas. O resultado é que o governador e sua comitiva acabavam por tomar uma impressão distorcida do cotidiano da região. Se em parte pode se atribuir o erro a assessores que se esforçam em passar a melhor impressão possível; o erro também foi nosso, de parte da imprensa.
Em uma região onde nem sempre temos assuntos interessantes, é óbvio que a visita de um governador torna-se a pauta principal. Mas não deveríamos ter deixado que esta pauta sufocasse a respiração do dia-a-dia da cidade, as vozes hora roucas, hora sussurrantes, ou mesmo às vezes incoerentes da população não devem deixar de ser ouvidas. Principalmente quando há um governador e uma comitiva para ouvi-la.
No entanto, como a agenda já dura três dias e deve continuar até o final de semana, começamos a nos dar conta de que a cidade não pára e continuam acontecendo os pequenos e grandes incidentes que movem a pauta local. Por outro lado, o governador, sempre é pauta, e assim começamos a nos dar conta também de que fazer jornalismo “na capital” é algo impossível sem uma boa assessoria de imprensa.
Há ainda outro ponto, que foge da questão da cobertura de imprensa em si. É que a agenda mais espaçada de Tião Viana tem permitido uma permeabilidade do governo e sua equipe na intimidade do povo e da região. Fora do ritmo apressado e das agendas tipo “espetáculo”, parece que as pessoas dos dois vales do estado estão se conhecendo de verdade, e creio eu, aproveitando o jeito cordial e caseiro até, com que as pessoas se tratam no dia-a-dia no Juruá. É que aqui somos afinal todos vizinhos, os muros não são tão altos assim para que sejamos desconhecidos um dos outros. Debaixo deste sol não sobra espaço para estrelismos individuais. Melhor assim, todos comendo no mesmo prato e bebendo da mesma água, na paz e no aconchego da sombra da floresta do Juruá.
Lembrando também aos meus poucos mas valiososos leitores que estou também publicando textos no blog cybernauas, "anexo' por assim dizer, do site oficial da Radio e TV Juruá, o juruaonline. Estes e outros textos podem ser encontrados lá www.juruaonline.com.br
Prezado Leandro,
ResponderExcluirmais uma vez foi certeiro: Há assessores que pensam que o trabalho deles, é bajular e maquiar os fatos, quando na realidade a função verdadeira é orientar o assessorado,principalmente lhe dizendo a verdade crua, justamente para o poupar de um erro que pode lhe custar caro politicamente.E cabe sim a imprensa o papel crítico, sem necessariamente usar do ataque pessoal.Um governante inteligente terá chance de corrigir seu rumo e quem ganha é a sociedade.Agora, se ele for um ultrapassado, levará seu tempo em tentar jogar a culpa na imprensa e/ou na oposição e vai continuar errando. O destino desses é o fracasso.Pobre da população.