Hoje assistindo a pequenos trechos no You Tube, dá para ter uma idéia da tosqueira que era o negócio na década de 80. Mas a idéia até era interessante: “e se pudéssemos entrar dentro do universo eletrônico e participar ao vivo das batalhas de jogos e programas?”São a tais conjecturas improváveis que o cinema se põe a tentar responder e este é parte de seu fascínio.
Naquele tempo não havia internet, ou melhor, havia, mas ainda estava restrita a sistemas de segurança do pentágono no final de período da guerra fria.
O surgimento da Internet e com ela, a vida virtual em comunidades causou um grande impacto nas mentes imaginativas por trás da ficção científica. Ela é uma das poucas tecnologias que não foi prevista anteriormente pela ficção. Desde Leonardo da Vince, ou até antes desde Hierão de Alexandria, inovações tecnológicas era desenhadas por estas pessoas que se dignam a pensar o improvável.
O filme de ficção científica que marcou a década de 90, foi Matrix. Trazia a seguinte conjectura: “E se tudo que vivemos não fosse real e fizesse parte de um grande programa de computador ?” O mito da caverna de Platão reescrito em bases tecnológicas.
Tron a Matrix do avesso. Ao permitir um vislumbre do universo eletrônico, onde o que há na verdade é um reino de pura abstração, muito anterior ao surgimento dos primeiros computadores, um universo presente na mente humana desde seus primórdios, ou (e aí cabe a minha conjectura particular) talvez até este universo já exista anterior à mente humana e esteja sendo apenas acessado a medida em que a mente se aperfeiçoa.
Pós-Matrix, a nova versão de Tron agrega elementos simbólicos mais poderosos e que ainda que valha a máxima de que filmes hollywoodianos não devam ser levados muito a sério, muito me apraz contemplar a maneira de como são colocados estes elementos em meio ao show de ação e efeitos especiais.
Tron nos oferece um ponto de vista interessantíssimo, pois ao colocar o ser humano no lugar do criador de um universo eletrônico, binário, e abstrato, como de fato o somos, permite olharmos a nossas “criaturas” de um outro ângulo e portanto, abstrair daí, a nossa própria condição humana.
A idéia do Criador replicado cuja réplica se rebela em nome da “perfeição’ é uma referência óbvia à rebelião de Lucífer, enquanto o filho do criador que entra num universo que não é o sue, também se refere é claro, vocês sabem a quem. Tendo partido da unidade para a dualidade é necessário um terceiro elemento para restaurar o equilíbrio da equação. Se em Matrix o conceito de real e concreto é questionado, em Tron somos visitantes de um reino onde tudo, é pura abstração.
Curti muito Matrix. Quase todo mundo. E até fiquei curiosa pra assistir TRON.
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