Naquele mesmo bom e velho estilo de desagradar a gregos e troianos (meu esporte favorito), faço esta postagem baseado no que vi e ouvi no comício de Vagner Sales.
O primeiro objeto desta postagem foi uma conversa com um presidente de bairro que por razões óbvias, preservarei a identidade.
Com o 15 colado no peito, ele diz:
- Minha ideologia tem mais a ver com o outro lado, o 43. Mas não tive espaço do lado de lá. Defendo projetos para o meu bairro que tem tudo a ver com o projeto da FPA. Mas nunca nos ouviram. Então Vagner propôs construir uma sede de associação para cada bairro e criar uma coordenação dos movimentos de bairros na prefeitura. Era tudo o que queríamos. Por isso fechamos com ele. Eu mesmo, nunca gostei de Vagner. Não gosto nem de olhar nos olhos dele. Mas a proposta era o que o movimento queria. Do lado da FPA, não fomos ouvidos. Enquanto houverem certas pessoas que são o braço do governador aqui, o PT nunca vai ganhar. São pessoas que só servem para puxar o saco e não para resolver problemas. Trabalham só quando o governador chega e por isso tem que dizer para ele que sempre está tudo bem, por que se não está, a culpa é deles. No movimento de bairros ninguém gosta do Itamar. Ele não respeita as lideranças do movimento. É uma pena, mas é por isso que hoje eu sou 15.
- E você acha que o Vagner leva? Pergunto.
- Não sei. 80% das pessoas nos comícios dele são cabos eleitorais dos candidatos a vereador. No meu bairro ele está morto. Nas "beiradas" onde estão as famílias mais pobres ele domina. São famílias que vieram do interior e que sempre recebem algum parente que diz: "o Vagner foi lá em casa e pegou na minha mão, comeu no chão com a gente". Mas naquele miolo do bairro, é 43. O "Ruas do Povo" entrou rasgando e matou o Vagner.
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Entre os mais de 100 vereadores que apoiam Vagner tem de tudo. Inclusive muita gente boa com propostas que podem vir a fazer a diferença na Câmara de Vereadores. E também gente com mais perfil de "esquerda" do que muitos dos que hoje se vestem de laranja.
Mas tem também proselistismo religioso "no balde". Apesar do "crente" ser o Henrique, ouvi muito mais "crentice" no comício do Vagner. Candidatos cujo único "mérito" é dizer que é "evangélico", como se isso fosse qualificação para exercer cargo público. Teve um recém-convertido que disse que tem "muitos projetos para "ajundá" as igrejas evangélicas". Que Deus em sua infinita misericórdia nos livre de tamanha aberração.
Uma pena que até agora não tenha surgido nenhum político com coragem de dizer "vote em mim, porque eu sou macumbeiro". Se tivesse, ganharia meu voto pela honestidade.
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É claro que estamos em meio a uma campanha política acirrada e a troca de acusações é pauta nas duas coligações e devo dizer que muitas das acusações que partem do azul, tem lá sua procedência e deveriam ser utilizadas para que se melhore o discurso e as práticas políticas do laranja.
Isso, não se aplica contudo, ao discurso de Antônia Sales. Com todo respeito à "mãe dos pobres ucayalina", mas o seu discurso é a pior coisa que já ouvi na política em toda minha vida o que inclui o "estupra mas não mata" de Paulo Maluf e do "fí-lo porque quí-lo" de Jânio Quadros além é claro do clássico "Não me deixem só" de Collor de Melo, que aliás também recorria à magia negra.
Entre o festival de mentiras ditas pela deputada selecionei as seguintes pérolas:
"Se o Henrique se eleger, eles vão pegar as máquinas que Vagner com tanto esforço conseguiu para Cruzeiro do Sul e levar tudo para Rio Branco".
"Eles disseram que vão fechar a casa do povo, mas nunca vão me impedir de ajudar as pessoas pobres. Eu só não to ajudando agora, porque a justiça eleitoral não deixa."
O discurso de Antonia Sales merecia ser estudado e a partir dele, elaborar-se um programa de governo para que em pelo menos uma década estas estultices não fossem mais críveis. Só mesmo um baixíssimo nível de educação da população e um altíssimo nível de carências das mais variadas naturezas para explicar tal fenômeno. Como brasileiro me sinto envergonhado em saber que o estado, na pessoa de uma parlamentar (ou seria "paralamentar"?) investida pelo voto popular promove um espetáculo desta natureza, justamente contra tudo que o estado deveria promover. É como se os deveres do estado de promover saúde, educação e cidadania fossem não deveres, mas favores pessoais, fruto de alguma inexplicável angelical e franciscana "bondade".
Bem apesar de tudo, foi reconfortante perceber que os mirrados aplausos à deputada não passaram de ovações burocráticas e sonolentas. Ufa!
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O mesmo não pode ser dito de Vagner Sales. Vagner conseguiu sim magnetizar a platéia. Seu discurso, ao conmtrario de seu oponente, permanece afinado com os anseios de parte considerável da população. Apesar nos naturais ataques aos adversários, Vagner não se deixou dominar pelo discurso do ódio, que tornou-o famoso em outros pleitos. Seu discurso tem uma boa dose de ironia e sarcasmo, além de uma confiança inabalável que contagia fácil.
Merecia ser estudado também pelos seus oponentes, se pretendem de verdade um dia governar Cruzeiro do Sul.
A história do "ecoturismo" e do "parque nacional" foi rapidamente revertido contra Henrique Afonso. Do alto do carro de som, pude ver os olhos brilhando quando Vagner criticou duramente as leis ambientais que, segundo ele, são o motivo das mazelas do homem do campo. Um sentimento que ainda perpassa gerações e que ainda encontra eco no fundo de muitos corações e que se o atual grupo político deseja de verdade transformar, terá de se transformar por dentro, para alcançar a mesma sinceridade daqueles olhos que hoje eu vi brilhar.
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
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Rapaz nesse post tu tá inspirado. Tu arrochou de vez hein... Sem palavras merrrmão!!! Tu disse o que muita gente tá pensando sobre esse pleito!
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