quinta-feira, 12 de maio de 2011

Ensino Religioso: se aproxima a hora da verdade


Parece que comprei uma briga grande ao levar a público a denúncia de um pai de que uma escola municipal havia exibido o filme "Paixão de Cristo" (classificação indicativa: 14 anos) para crianças de 10 anos. O filme, ainda que seja fiel a história original, traz cenas de violência e tortura contra um personagem a qual 99% da população brasileira, tem identificação espontânea: Jesus Cristo. É uma boa receita de tortura psicológica. Em uma enquete que circulou na cidade, uma psicóloga responde; "É uma temeridade. Pois pode ajudar a banalizar a violência. Na cabeça das crianças, passa a significar que sofrer tais violências é normal." Um velho ditado romano diz que "a diferença entre o remédio e o veneno é a dose".

As educadoras da escola, que não convém aqui citar. Pediram que eu fizesse uma retratação. Ora, não pode haver retratação para algo que não é mentira. Isso de fato aconteceu. Ainda assim abri espaço para elas. Mas não quiseram se pronunciar. Queriam que eu falasse por elas. Não fiz nenhum julgamento de valor quando falei sobre a exibição do filme, exceto de que era inadequado para crianças daquela idade. Isto com base, não em uma opinião minha, mas na própria classificação indicativa do filme.

Muita gente, inclusive em casa e no meu local de trabalho não entendeu porque resisti firme na minha posição. Mas o fato, que já venho denunciando o problema da discriminação nas escolas por orientação religiosa. As vezes parte dos próprios alunos, mas há casos mais graves em que os próprios educadores embarcam nesta onda. Isso é um crime. e a LDB está aí para provar isso.

Mas valeu a pena comprar a briga, pois choveram manifestações de apoio ao meu posicionamento, partindo especialmente do meio espírita. Gente que já se sentia incomodado mas ainda estavam numas de "deixa-prá-lá". Os espíritas muitas vezes pela própria convicção religiosa, evitam o conflito, pois são treinados na tolerância e em suportar o preconceito.

Eu, por não pertencer a nenhuma instituição religiosa, me sinto totalmente à vontade para cobrar do poder público, o cumprimento da lei nestes casos.

Sei que mexi num vespeiro, por que até então cada um dava suas aulinhas de religião do jeito que bem entende, mesmo que esteja contribuindo para a formação de fanáticos e intolerantes no futuro. Educadores, por favor, não levem isso como "ofensa pessoal". Também não estou particularizando acusações contra ninguém.
Mas o fato é que o ensino religioso tem que ser repensado urgentemente em nossa cidade.

Não quero que meus filhos sejam discriminados na escola por serem espíritas ou por serem filhos de usuários de ayahuasca. O uso do chá já foi regulamentado em instâncias superiores, como o CONAD (Conselho Nacional Anti-Drogas) e não cabe a um professor fazer diferente em sala de aula, baseado em suas convicções pessoais. Muito menos atacar qualquer religião que seja, pois todas estão amparadas pela constituição brasileira.

Dirigentes da UDV já disseram que vão procurar as secretarias municipal e estadual de ensino para tratar do tema. Não queremos que nossos filhos entrem em conflito com as convicções religiosas de seus pais por uma orientação equivocada na escola.

Na imagem: Khrishna ensina ao príncipe Arjuna sobre as múltiplas personalidades de Deus. Extraído dos Vedas, livro sagrado dos Hindus.

6 comentários:

  1. Isso é verdade!Interessante é que alguns professores se embriagam no fim de semana no outro dia não vão trabalhar e não foi o álcool que fez mal, eu como uma Hoasqueira se sentir alguma coisa , esses mesmos já dizem que "foi o chá que me fez mal.Eu fico impressionada e difícil entender como uma pessoa que tem formação superior se diz educador tem posturas preconceituosas como essas,para poder conviver as pessoas que estão ao seu lado tem que comungar de suas mesmas idéias.E, crime pior não é nem o preconceito com os colegas, e impor suas idéias as crianças que educa.Nesta mesma escola, aonde foi exibido a paixão de Cristo, que ainda nada entendi sobre a finalidade, as crianças não tiveram o tão famoso coelhinho, mas o cordeirinho, por serem evangélicas.Claro que a páscoa não está associada nem a coelhinho e nem cordeirinho, isso é coisas do comércio, mas isso o aluno vai chegar essa convicção com o seu tempo e o conhecimento que permita ela formular suas opiniões e reflexões.O sentido da páscoa é reflexão sobre a liberdade e humildade, coisas que falta nas escolas que impõe sua religião como na idade média e o absolutismo.A verdade que segundo a LDB é ensino religioso, aonde são trabalhados valores morais e éticos sem interferências de idéias e proselitismo.Não são aulas de catecismo e nem de escolas dominicais com a doutrina de uma seita ou religião.
    Enfim, é preciso que se tenha um acompanhamento por parte da secretária sobre o ensino religioso, principalmente com uma proposta curricular a essa disciplina.E, por fim, dizer que pedagogicamente não se exibe a crianças um filme de quase duas horas de duração.E, a finalidade pedagógica da exibição do filme é importante.Isso, é finalidade no que se diz a aprendizagem não imposição de idéias.

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  2. Concordo com vc Leandro. Agora, gostaria apenas de pedir que liberem espaço no site do Jurua on line para que todos os comentários sejam postados pois quando não concordamos com alguns pontos de vista simplesmente cancelam nossas visitas. Eu como uma assídua no site fico muito triste com essa atitude que vai de encontro a democracia pois nunca usei baixo calão e nem tampouco denegri imagem de ninguem apenas expus meu ponto de vista e quando fui postar minha visão sobre sua reportagem não pude.

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  3. Na verdade deve estar ocorrendo outro tipo de problema, pois até hoje, nunca bloquei nenhum vistante, e nem sei como fazê-lo. O máximo que faço é apenas apago alguns comentarios muito pesados. Contudo, às vezes mesmo no meu computador algumas reportagens aparecem com o texto : "o siet bloqueiou seu comentarios". Mas geralmente, entrando e saindo de novo, ele reabre para comentários. Mas pode ter certeza que não é uma ação da administração do site, muito menos minha.

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  4. Concordo plenamente Leandro, não apenas pela crueldade do filme, visto eu eu mesma passei mal literalmente ao assistir pela primeira vez, como também pelo fato de discordar de se fazer proselitismo em ambiente escola. Nossa Carta constitucional prega que o estado é laico, portanto desprovido de religiosidade ou credo preponderante que deva ser propalado em escolas. Siga firme, Cruzeiro do Sul necessita ser chacoalhado pelas críticas, possa ser que assim cresça.

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  5. Obrigado Hadyme. Tenho sido muito criticado por este posicionamento que na verdade nada mais é do que pedir o cumprimento da LDB. Opiniões como a sua ajudam a me fortalecer. Valeu!

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