No limiar do ano 1000, todos eventos considerados "anormais" eram relacionados ao "fim dos tempos" ou "apocalipse".
Semana passada entre os assuntos mais comentados na internet esteve a decepção do pastor evangélico Harold Camping e de seu séquito que havia marcado a data do fim do mundo para o dia 21 de maio de 2011. (para os menos informados a nova data agora é 21 de outubro). Ficaram de cara pra cima, esperando pelo "arrebatamento' que não veio.
Eu que já passei dos 30, já assisti a diversos momentos em que se chegou a apregoar o fim do mundo. Na década de 1980 se acreditava que haveria uma guerra nuclear entre EUA e URSS por vgfolta do ano 1999, e que a humanidade não passaria do ano 2.000. Em 1986 teve o cometa Halley , e não faltou gente dizendo que ele anunciaria a "vinda do anti-cristo", ou qualquer outra bobagem que o valha.
O número "cabalístico" 2.000, suscitava os mais eloquentes discursos apocalípticos. Tinha até a história do 'bug do milênio" que geraria uma apagão nas telecomunicações e anunciaria "o ínicio do fim". Aí veio o ano 2000, nada aconteceu, e os apocalípticos de plantão foram para casa esperar pelo "próximo fim do mundo". Então desenterraram o "calendário maia", que diga-se de passagem não tem nada a ver com o "Apocalipse de S.João" e marcadaram a data do fim do mundo: 2012.
Os maias não eram tão idiotas assim, eles estipularam um calendário de mundanças de ciclos, avaliando o movimento do sol e do sitema solar em torno do eixo galático. Não tem nada de "fim do mundo". Falam apenas de mudanças e transformações. Mas aí, o Mel Gibson que segue ao pé da letra a cartilha do Bispo Hatzinguer leia-se Papa Bento XVI, aquele que fez escola no Tribunal do Santo Ofício, leia-se Santa Inquisição, em pleno século XXI, e transforma os maias em um povo decadente e sedento de sangue (erro histórico: quem tinha este comportamento eram os aztecas) com uma história de um eclipse e coloca os espanhóis cristãos como "salvadores" dos pobres índios maias, o Tribunal do Santo Ofício agradece a Mel Gibson pelos serviços prestados.
Ano 1000
Bem, mas esse não é o tema centra da postagem, mas sim, um estudo que fiz na Faculdade de História da USP, nas aulas de historia medieval, muito elucidativo na compreensão do fenômemno também conhecido como "milenarismo". Estudamos uma coletânea de textos medievais produzidos nas proximidades do ano 1.000. (Para quem se interessar o autor é Georges Duby). É relamente incrível ver como funciona o pensamento humano, prioncipalmente quando é dirigido, manipulado, por assim dizer com o propósito escuso de "arrebanhar almas".
Nas proximidades do ano 1000, com, a escassez de informações e meios de comunicação todo e qualquer evento considerado "anormal" era tido como "sinal dos tempos". Um texto de um monge trata que em um comunidae rural da europa central, o nascimento d euma galinha com duas cabeças (fato comum estudado na escolas de zootecnia) causou grande alvoroço, fazendo com que afluíssem à catedral, centenas de crisãos penitentes querendo se redimir do pecados antes do fim do mundo.
Da mesma forma, pragas e pestes (que sempre assolaram a humanidade), guerras ou mesmo casos de violência gratuíta entre pessoas da mesma família, eram atribuídos ao "anti-cristo". Surgiram pregadores por toda europa e memso a igreja oficial também se beneficiou dos eventos.
E quando chegou o ano 1000 e o mundo não acabou, sabe o que aconteceu: os "apocalípticos de plantão" marcaram nova data 1.033, ou seja, o aniversário de mil anos de morte e ressureição de Jesus.
Os estudos destes textos me trouxeram a certeza de que muitos eventos que são interpretados como "anúncio de fim de mundo", são na verdade mais comuns do que possamos imaginar.
Mas o que é o apocalípse afinal?
Apocalipse não tem nada a ver com "fim do mundo", o termo significa "revelação" e já lí interpretações, muito plausíveis de que na verdade os textos de S.João tentam descrever o processo de acese, algo que os hindus descrevem como a "subida da kundalini".
O "arrebatamento" seria na verdade um processo individual de acese ou assenção espiritual e não uma fantasia coletiva de gente subindo aos céus como retrata a figura.
A energia primal contida no chacra básico (sexual) faz sua passagem por cada um dos seis chacras acima (sete selos). Um processo de fato 'apocalíptico", pois a energia selvagem da vida destruiria no seu caminho todas as idéias de conforto e bem-estar projetadas pelo meio social em nossa mente. Passaria pelo coração (o "Cristo") e terminaria por se projetar através do chacra coronário, reestabelecendo definitivamente o contato céu-terra, através do homem, perdido no tempo mítico da queda do paraíso. Tudo isso é simbólico. o processo é descrito com a subida de uma 'serpente" ou também do despertar de um "dragão". Uma metáfora ao poder destrutivo da energia selvagem e descontrolada, que não se contém mais pelo molde social e somente pode ser guiada, dirigida pelo coração (o Cristo).
A Bíblia é riquíssima, mas a pobreza está na maneira com que vem sendo estudada e transformada em um grilhão para a consciência. Estudar e conhecê-la através de seus símbolos permite uma alcance muito maior da própria consciência, uma liberdade de interpretação que é sobretudo oindesejável para a s instituoições religiosas que preferem ter o domínio dos corações e mentes, ao invés de libertá-los para o verdadeiro vôo da consciência.
domingo, 29 de maio de 2011
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