Leandro Altheman
Para quem veio de São Paulo, uma das cidades mais violentas do país, ás vezes soa estranho quando falam sobre a violência em Cruzeiro do Sul. Uma das figuras que costumo usar era do tempo em que eu saia para comprar pão e deixava o carros estacionado do outro lado da rua, com o motor ligado. Nunca fui assaltado. Em São Paulo, me levaram 4 carros em 6 anos.
Não quero com isso, minimizar o sentimento das pessoas de que a violência esteja aumentando. Mas será que está mesmo?
Trabalhei durante quatro anos divulgando as notas policiais no rádio. Nestes quatro anos, os casos de violência foram em 90% das vezes, agressões cometidas com arma branca em situações de bebedeira, combinado ou não ao uso indevido de drogas e aqueles casos que costumávamos chamar de "problemas chifrários". Crimes como os que foram cometidos na vila São Pedro, por exemplo, chocam a população pela forma com que violência que foi cometida, mas não se pode associá-lo diretamente à questão do policiamento. Como antever um crime como este? A menos que tenhamos um dispositivo a lá "Minority Report", capaz de prever o futuro, crimes como este não podem ser evitados pela polícia.
Mais notável, contudo foi o aumento dos casos de violência cometidos em escolas e arredores, este sim, um problema digno de preocupação para autoridades não apenas policiais, mas também de ensino.
O fato é que a polícia tem aumentado tanto seu efetivo quanto sua atuação. A Policia Federal realizou inúmeras apreensões de drogas, desbaratou quadrilhas e tem dificultado a vida dos traficantes. Hoje contamos com 6 delegados, depois de anos em que tivemos apenas 1 único delegado para cuidar de todo vale do Juruá. A Policia Militar também aumentou seu efetivo, principalmente depois da criaçaõ do IAPEN, que liberou policiais da carceragem para outros trabalhos.
Mas por que então cresce a sensação de insegurança em alguns bairros?
A reunião convocada pela Associação de Moradores da Várzea me fez refletir que existe uma grande diferença entre a violência e a sensação de insegurança. Ainda que a violência seja "pequena" se copmparada com outros centros urbanos, a sensação de insegurança tem crescido nos bairros. Esta sensação é proporcional ao aumento das grades nas residências. As "pessoas de bem" deixam de frequentar as praças, ruas e espaços públicos dos bairros que passam a ser pontos de encontro de usuários de droga, arruaceiros e afins. Não é necessario um grande número de ocorrências para que os moradores deste bairro passem a conviver com a incômoda sensação de insegurança. É algo com que tive que conviver no período em que vivi em SP. Uma sensação horrível de opressão e de perda de liberdade. Por isso, na reunião da Váreza, me pareceu que autoridades policiais e população falavam línguas diferentes. Enquanto a polícia mostrava números, mostrando que as ocorências graves vêem diminuindo, a população retrucava, não com dados, mas com uma espécie de revolta justificada pela crescente perda de liberdade. São pessoas, que diferente de mim, tiveram a oportunidade de jogar bola nas ruas de seu bairro, frequentar os cultos e missas noturnos em suas igrejas, bater papo até tarde da noite, sem serem incomodados, e o que incomoda de fato é perceber que nada mais disso é possível.
Ainda que os comunitários apontem como solução uma maior presença policial nas ruas e esquinas, pessoalmente não acredito que seja esta a melhor resposta.
Acredito que a sociedade deva retomar os espaços públicos, com esportes e atividades culturais e de lazer.Uma solução já apontada pela própria juventude durante os encontros sobre segurança e cidadania do ano passado. Isto pode ajudar a devolver a sensação de segurança aos bairros e mais do que isso, fazer com que novamente possamos sentir que somos os "donos do pedaço", retomando o espaço que nos foi tirado pelas drogas e pela violência.
o Problema da segurança pública começa em casa, quando o pai consome bebida alcoolica e bebado agride a esposa na frente dos filhos,quando a mãe não consegue dominar o propio filho de 10 anos (basta ir no C. Tut. e comprovar), quando nas ruas temos mais bares do que escolas, parques, bibliotecas, museus e praças e campos de futebol, aí fica dificil viver num mundo assim onde a oferta de drogas licitas por metro quadrado é maior do que a educação, sáude e etc
ResponderExcluirCastro fez uma excelente comentário, a origem de alguns problemas partem de dentro das próprias casas. E já foi comprovado que mais policiais nas ruas nem sempre significa inibição da violência. Mas hoje como em qualquer lugar, aqui em RO é preciso se policiar porque não tá fácil também brincar na rua.
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