Depois de travesar os Andes duas vezes, assim como a selva peruana, passando por estradas perigosíssimas... Depois de ficar quase três meses em isolamento na floresta, topando com rastros de onça, cruzando o caminho de serpentes venenosas sem sofrer nenhum arranhão, acho que fiquei um pouco descuidado. Na verdade sempre soube: o perigo mora em casa. Muitas pessoas sentiam arrepios quando lhes contava minhas aventuras (como a vez que fiquei 12 horas perdido na montanha, à noite, ou 18 horas no cerrado), mas quantas são as pessoas que morrem em estúpidos acidentes domésticos?Não tenho estatísticas, mas acho que sejam mais comuns as mortes em acidentes domésticos, ou realizados nos trajetos entre casa, trabalho escola, do que em grandes viagens de aventura. Bem, comigo foi quase isso. minha filha de 5 anos acorda com voz doce e me pede uma ingá, depois de ela própria tentar mas desistir ao ser atacada pelas "tapibas". Ela me aponta a ingá e eu calculo que em três passos posso alcançá-la. Dou o primeiro passo e as formigas já me passam pelo corpo todo, dou o segundo passo e no terceiro, o galho verga e quebra sob meu peso. Caio de pé, sem me machucar com a queda em sí, ams durante a queda, me firo no estribo da moto. Sangue brota em profussão e corro para o banheiro para lavar o ferimento. A perda de sangue faz minha pressão cair e acabo tendo um desmaio. Bato a cabeça no chão e acordo cuspindo pedaços de dente quebrado. Menos de cinco minutos e quase me acabo.
Boa lição essa. Se os budistas estiverem certos, devemos agradecer pelos pequenos acidentes pois diminuem o carma e evitam acidentes de maior gravidade.Mas para mim é fato, o perigo não está nas estradas, montanhas e desertos: mas mora em casa.
Que bom que não aconteceu nada mais grave. Veio-me a mente uma música do Raul Seixas que chama "Canto para minha morte".
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