sábado, 22 de janeiro de 2011

O dia em que o Minuano encontrou o Noroeste

Taí as duas:

Jaqueline Telles e Luka antes do início do Show.

Aqui vai um exercício de malabarismo acrobático literário para botar de novo este blog "nos eixos"

Por um traço de minha personalidade, primo por uma discrição às vezes quase timidez. Até por que existem horizontes internos que não podem ser compartilhados com qualquer um. Não se tratam exatamente de segredos, mas uma mensagem somente tem algum sentido se o receptor puder compreender o seu significado.

Assim sendo, não chega a ser exatamente um segredo que eu seja uma pessoa que se dedica a estudar elementos da cultura e da espiritualidade indígena. Até por que se quisesse fazer segredo disso, não iria botar minha cara pintada de genipapo neste blog. Mas o blog, ainda que público, não perde de todo o seu caráter de intimidade. Na enxurrada de informações diárias, um blog como esse, é só a sombra de um buriti virtual.

Já como jornalista e pessoa pública, sou obrigado a ter que construir diariamente a imagem de uma pessoa séria, neutra, imparcial e um tanto quanto insossa. Ainda que para não me esquecer de mim enquanto durmo, tenha que descontruir esta imagem perante a mim mesmo.

Mas nesse dia, dois ventos se encontraram: O Minuano e o Noroeste. Duas personificações raras de Iansã, a senhora dos ventos. Duas histórias de seu mito foram reencenadas neste dia.A primeira conta que Ossaim, o senhor das folhas e de todo conhecimento medicinal e feiticeiro da floresta, guardava para sí todos os segredos. Um dia Iansã "rodou a baiana" e o vento levou todas as folhas, destinando cada uma a seu respectivo Orixá.

A segunda conta que Obaluê, também ele um feiticeiro, vivia coberto de palhas para esconder suas chagas. Todos os outros Orixás (exceto Oxossi, que lhe dera as palhas) temiam por acreditar que sua aparência deveria ser horrível. Mas em um dia de festa, Iansã fez o vento soprar forte e levantou as palhas que cobriam Obaluaê revelando a todos os Orixás que por baixo delas havia na verdade um belo rapaz.

Um único vento não seria capaz de fazer isso sozinho. Foi preciso que o Minuano que sopra desde o pampa transplatino, se encontrasse com o Noroeste, que desce das montanhas andinas até encrespar as ondas do mar em que meu avô pescou.

Poderia até ter ficado chateado com minha amiga, se não visse por trás de suas ações, o reflexo da sabedoria de ventos ancestrais.

3 comentários:

  1. O bom de ler esse texto é que eu conseguirei entender mais que muitos outros que o lerem. Hehe

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  2. Só vc meu amigo pra me entender. Realmente, concordo com a blogueira fajuta,o bom de ler esse texto é que qualquer pessoa consegue entender, mesmo aqueles que desconhecem a historia que levou meu nobre amigo, blogueiro, jornalista e quase pajé a escrever.O bom tambem é que o leitor pode adaptar a outros personagens. Mas, para entender a real historia somente Leandro, Luka e Eu, as verdadeiras personagens.

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