Quando eu vejo os índios xinguanos sem voz em um cenário dominado por um governo petista, quando eu vejo um dep. tucano defender questões ligadas ao meio ambiente, porque não se tem mais espaço para este tipo de discussão na esquerda tradicional, começo a pensar que realmente os canais partidários de esgotaram. Por outro lado o povo se mobiliza em rede através da internet e ocupa as ruas do mundo inteiro para pedir o fim do capitalismo. Estaríamos próximos a uma revolta anarquista?
O que o movimento que derrubou Kadafi e Mubarack e abalou os regimes no Oriente Médio, intitulado "Primavera Árabe" e o movimento Ocuppy contra as bolsas de valores do mundo inteiro têm em comum?
Ambos, fogem completamente da antiga lógica de movimentos hierarquizados, com comandos piramidais. Ocorreram em redes na qual não é possível se identificar líderes. As redes sociais na internet tornaram possível o sonho dos antigos anarquistas, uma revolução permanente, e sem nome.
A atual movimentação não é pensada mais dentro dos partidos, mas em redes sociais e o acampamento permanente em Wall Street, mostra que muita gente está disposta a bem mais do que teclar no computador.
Movimento semelhante aconteceu na Espanha, em maio, e pode-se esperar por outros em todo mundo, em especial, na Europa, onde existe uma pressão dos organismos financeiros internacionais sobre a massa de trabalhadores.
A era das mobilizações através da internet foi inaugurada pelo movimento zapatista dos índios maias do sul do México, na década de 90. Eles deram a resposta à altura, em uma era onde se acreditava que nem tipo de revolução era possível.
Mas o que tal movimento pode trazer de real e concreto para os próximos anos.
Para Gustave Massiah, membro do Conselho Internacional do Forum Social Mundial, é necessária uma estrátegia "altermundista".
Para o estudioso existem tres possíveis saída para a crise mundial do capitalismo:
1ª - A criação de um neoliberalismo de guerra, com um "endurecimento social” reforçando o moralismo evangelista, a ideologia securitária, a instrumentalização do terrorismo, a religião do mercado e a guerra de civilizações. Para ele há o risco de regimes autoritários e ditatoriais se imporem.
2ª - A refundação do capitalismo: seria uma espécie de "New Deal", uma lógica keynesiana de maior controle do estado sobre a economia, programas que favoreçam maior distribuição de renda, o multiculturalismo e a negociação multilateral favorecendo o aparecimento de novos atores no cenário mundial. A partir desta ótica fica claro que este é o modelo adotado pelo Brasil, desde que Lula e o PT assumiram o poder.
3ª - A superação do capitalismo a partir do acesso de todos aos direitos fundamentais e à igualdade de direitos. A construção de uma sociedade baseada na satisfação das necessidades sociais, no respeito à natureza e na plena participação popular reside no âmago desta proposta.Tal modelo, proposto pelo movimento altermundista (Outro Mundo é possível- Form Social Global) tem em seu âmago a recusa ao produtivismo, adotado tanto pelos modelos capitalista quanto pela experiência soviética do socialismo. Contém uma crítica fundamentada ao atual modelo energético, alimentar e climático.
Este é sobretudo, um convite à recusa do fatalismo e uma era de possibilidades quase ilimitadas de engajamento.
* Baseado na reportagem da revista Fórum.
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