Talvez a lição mais importante que aprendi quando estive no Peru, foi a caminhar. Isto por que para andar nas montanhas é preciso aprender a andar como as serpentes, por isso diz um ditado popular: “las serpientes son maestras del camino”. Antes para mim, isto tinha um sentido meramente poético. Mas depois de ficar doze horas perdido nas montanhas do vale Sagrado, descobri que se trata da mais pura verdade.
Só se anda em linha reta caso queira quebrar uma perna, ou morrer mesmo. O mais indicado é fazer como as serpentes, e “serpentear” pelos caminhos, ou seja, acompanhar o desenho do terreno, para se chegar de forma suave, a qualquer lugar que se deseja.
É interessante que ás vezes, quando queremos subir, temos que descer, e quando queremos descer, às vezes temos que subir. Não se trata de poesia, é a pura realidade de quem vive na montanha. Às vezes também, passamos bem próximos de nosso objetivo, mas somos obrigados a dar uma volta imensa para chegar.
Ter aprendido na prática este sentido me fortaleceu perante a vida. Passei a lidar melhor com certas frustrações de não se estar aonde se quer, e ter a paciência de andar conforme as curvas do terreno da vida, sem se apressar, sem se adiantar. Creio que assim seja também na vida espiritual, tem gente que se apressa em seguir o “caminho reto”, quando na verdade na Natureza, tudo são curvas.
Uma boa analogia. A natureza está sempre nos dando lições e é muito bom quando temos a sensibilidade de perceber esses conselhos sábios e gratuitos. Eu não tive uma experiência tão interessante quanto a sua, mas de uns tempos pra cá tenho aceitado que a vida tem seus percalços e sempre, sempre terá. Cabe a mim, da melhor forma, tentar contorná-los. A vida é assimétrica. Frustramos-nos porque não temos a capacidade de perceber que ela é assim e lamentamos. Infelizmente.
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