Na década de 60 eram os marcianos (A Guerra dos Mundos, Invasores de Marte), depois os

Na década de 80, saiu o filme “The Day After”(O Dia Seguinte). O filme fez um tremendo sucesso. Em plena Guerra Fria, o temor mais presente era de um conflito nuclear que inviabilizasse a vida no planeta. Para mim, com cerca de 12

Depois, com o fim da guerra fria, nada mais justificava o medo de um conflito nuclear. Afinal, nem a União soviética existia mais. Algo tinha que preencher a vaga do medo, que perigosamente ficou desocupada. Logo vieram os meteoros: dezenas deles que atingiam a Terra, provocando os maiores desastres e até o fim da humanidade. Nestes filmes dava-se um novo uso para as ogivas nucleares, que passavam a ser a única alternativa contra os malvados meteoros. Também apareceram terroristas que conseguiam clandestinamente parte do arsenal bélico da antiga URSS para detonar Israel e os EUA. E assim os EUAS respiram aliviados, pois afinal se não tiverem

A partir do ano 2000, o aquecimento global e sua conseqüências passaram a ser a bola da vez. No “Dia Depois de Amanhã”, A Biblioteca do Congresso é o único lugar a salvo em um mundo destruído por uma nova Era Glacial.

Agora, há dois anos para 2012, Hollywood faz um interpretação absurda do calendário maia, para justificar o próximo fim do mundo. Interessante é que os Maias falavam apenas em uma mudança de Era, uma passagem e não no “Fim do Mundo”. Enfim, quando passar 2012, vão ter que encontrar outro motivo para botar medo nas pessoas.
O próprio N. Shyamalan (que é indiano e não estadunidense) nos fornece uma pista interessante no filme “A Vila”. Nele uma pequena comunidade aparentemente “perfeita” mantém a sua unidade e coesão de


A metáfora é óbvia: “A Vila” é na verdade a sociedade de qualquer país, em especial, os EUA que vivem de explorar o medo de seus cidadãos para alcançarem seus objetivos. O intrigante é que no filme, uma cega consegue a façanha de realziar o que todos achavam impossível: vencer o medo e sair da "Vila".

O Medo é ventável

Vamos dar uma olhada nas prateleiras das vídeo locadoras: aranhas, morcegos, cobras, crocodilos e até formigas e vermes ajudam a que todos aprendam desde cedo a ter medo da Natureza. Por outro lado “Fantasmas, Espíritos, Amuletos, Extraterrestres, e etc, ensinam a ter medo do Mistério. Por fim os filmes de ação com Stalone, Swarzeneger, Chuck Noirris, Van Dame tratam de ensinar a ter medo do Outro: o árabe, o latino, o “comuna”, o “amarelo”, do mesmo modo que o faroeste ensinou a ter medo do índio (“Rastros do Ódio”, com John Wayne).

É através do cinema que o estadunidense médio conseguem fantasiar a coragem que de fato não possuem.
Contra isso tudo, melhor do que continuar a fazer o jogo do medo e transformar os estadunidenses nos nossos algozes, prefiro mesmo uma boa dose de bom humor, que é muito mais eficiente para nos livrar dos nossos medos.
Prefiro imaginar as donas de casa do nosso interior e como elas corajosamente lidam com este tipo de ameaça: nas aranhas, e formigas um chinelada ou uma vassoura resolve, para morcegos, basta pendurar um pouco de capim-navalha (tiririca) no beiral. Cobra é com pau e jacaré, a gente come o rabo...

É por essas e outras que acredito cada vez mais no nosso país e no nosso povo. Ainda que a doutrina do medo tenha seus adeptos por aqui, ela não têm longa sobrevivência na nossa cultura. Nosso gingado de negro, nossa espreita de índio, nos faz desconfiados, mas não medrosos. A realidade, bastante dura para a maioria do povo, nos coloca diante de situações suficientemente reais para que não necessitemos criar medos imaginários para exercitar uma coragem à lá fantasia. Aqui, somos corajosos de fato, embora na maioria das vezes nem nos damos conta disto.
Lembro de uma vez quando criança e morando em um bairro muito simples em que as pessoas realmente se deixavam influenciar pelos filmes e a mídia em geral, surgiram rumores de que o mundo acabaria tal dia. Qual não era o terror das pessoas daquela localidade quando o aludido dia se aproximava... e no dia: toda aquela apreensão e ... nada.
ResponderExcluirQuanto ao cinema norte-americano, poucos sãos os filmes que se salvam. Povo megalomaníaco. Gosto dos filmes europeus, a sua maioria conta histórias leves e do cotidiano das pessoas, muitos com uma doce pitada de humor. Recomendo os de Almodóvar e ainda "O Fabuloso Destino de Amelie Poulan"," Adeus, Lênin", "Edukadores", "O Labirinto do Fauno", "A Vida é Bela". O cinema brasileiro tem muito coisa boa, antiga e recente. Mazzaropi é uma dica para quem quer se distrair.
Não vi 2012 repleto de efeitos especiais E quer saber, não tenho a menor curiosidade. Imagino que seja "The Day After" como nova roupagem.
Abraço.