segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Jornalista turco viaja ao Brasil para entrevistar o jogador do time mineiro mas por engano vem a Cruzeiro do Sul-AC

Süleyman Arat, repórter do “Hürriyet News”, queria ser o primeiro a entrevistar Alex após sua saída do Fenerbahçe. Para isso, tinha que chegar ao Brasil antes do próprio. Mas um funcionário do aeroporto de Istambul o colocou em uma roubada. Ele achava que o apoiador iria para o C
ruzeiro, como as notícias da época diziam. E pior, achava que não tratava-se apenas de um clube, mas também da cidade da Raposa. E quando viu que o destino do jogador era Curitiba, confundiu-se nas abreviaturas de aeroportos (CRU e CUR) e o mandou para Cruzeiro do Sul. No Acre.
Para chegar lá, ele saiu de Istambul, foi até Paris, depois para São Paulo, e fez o seguinte trajeto: Fortaleza (CE) – Belém (PA) – Manaus (AM) – Porto Velho (RO) – Rio Branco (AC) – Cruzeiro do Sul (AC). E mesmo assim, de acordo com os seus cálculos, ele ainda chegaria seis horas antes de Alex, que passaria apenas em Dakar (capital do Senegal) e iria para Curitiba em voo fretado. Não demorou a reparar que algo não estava indo bem:
– Ainda do ar, vi que era uma verdadeira floresta, não parecia que seria uma cidade que Alex viveria, fiquei em dúvida.
Mesmo com dificuldade de comunicação – poucos falavam inglês – Süleyman começou a perguntar por Alex. Só um homem com cerca de 50 anos, com a
Eles foram para a casa do administrador do aeroporto. Com a confusão desfeita, o turco descobriu que estava a mais de 4 mil quilômetros do destino certo, e vinha apenas um pensamento:camisa do Flamengo, conhecia o jogador, mas tinha certeza que aquele não era o destino de uma estrela.
– Eu estava tão irritado… Eu perdi o voo do Alex por causa da falha do atendente do aeroporto em Istambul, estava longe de casa, na Amazônia, onde reinam as cobras e vivem as sucuris.
Süleyman ligou para o seu jornal, recebeu apoio do chefe, e até teve o aval para voltar. O que lhe deu ainda mais vontade de conseguir a entrevista. A sorte foi que o flamenguista (que ele não lembra o nome) seria apenas o primeiro homem de bom coração que ele iria encontrar no caminho até o final feliz.
Matéria publicada no Lancenet!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Agentes de Endemias trabalham à noite para tentar conter avanço da malária em Rodrigues Alves

Apesar do esforço redobrado, os profissionais do Pró-Saúde poderão ficar sem emprego até o final do ano

A malária continua dando sinais de crescimento no Vale do Juruá. Em Rodrigues Alves este acréscimo já é de 22% em relação ao mês anterior e as projeções deste mês apontam para um aumento próximo a 50%. A situação chamou a atenção da gerência de vigilância epidemiológica que além de intensificar as ações, passou a trabalhar dentro nos ramais no período noturno.
“A ideia é fazer com que os agentes encontrem os moradores em casa, no horário de pico de atividade do carapanã da malária.” Explica Hélio Cameli, gerente de endemias de Rodrigues Alves.
No ramal da União as equipes que retornam do local confirmam a tendência de crescimento da malária. A cada dia os agentes encontram até dez novos casos da doença.
Segundo o supervisor de campo, Francisco Atilon uma das preocupações também é que está havendo uma incidência maior de malária do tipo falcíparum na localidade.
A coleta de lâminas é feita por agentes como Alex Feitosa, que encontra dificuldades no serviço. Além da dificuldade de tráfego no ramal, a recusa de muitos moradores em cooperar na busca ativa ou mesmo na borrifação intra-domiciliar, diminui a eficácia das ações.
Ao longo do ramal são comuns ver criadouros de larvas de mosquito. Na margem de um açude próximo à escola estadual Paulo Freire, os moradores estão expostos à carapanã da malária, exatamente no horário de mais atividade do inseto. A coleta feita pelos agentes confirmou a presença de larvas.
As visitas são feitas de casa em casa, para verificar se as medidas preventivas estão sendo tomadas pelos moradores.
“Queremos verificar se estão usando os mosquiteiros adequadamente e por isso estamos vindo neste horário, explica Hélio.”
O trabalho noturno também permite realizar as ações justamente com aquelas pessoas que durante o dia, estão em seu roçados ou em trabalhos longe de casa, e acabam por não receber as ações dos agentes.
É o caso do agricultor Adinilson Maia. Ele já foi acometido pela malária duas vezes e aproveitou a visita noturna dos agentes  para fazer uma lâmina de verificação de cura. As ações são acompanhadas pela bióloga Paula Eliazar, da Fundação Oswaldo Cruz. Uma das preocupações de Paula é com o grande número de crianças afetadas.
“Cerca de 50% dos acometidos de malária tem entre zero a 14 anos”, explica.
Paula ainda reforça a ideia de que é necessário o apoio da população para que as ações surtam o efeito desejado. “Saúde Pública se faz com o poder público mas também com a população”, afirma.
Os agentes de vigilância sanitária, supervisores e microscopistas são contratados pelo Pro-Saúde. Não recebem adicional noturno ou hora extra pelo serviço. Uma ação que tramita na justiça poderá acabar com o atual vínculo empregatício dos mesmos.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Evangélicos se recusam a apresentar projeto sobre cultura africana, no AM

Por Gustavo Magnani,

Esta matéria não estava nem em pauta hoje. Mas, devido ao alto número de leitores que me enviaram, quando vi do que se tratava, bem, achei necessário trazer para cá. A notícia é retirada do G1, portanto, quem já leu, pode pular até a parte em que discutiremos:
"Cerca de 14 alunos evangélicos da Escola Estadual Senador João Bosco Ramos de Lima protestaram na frente da instituição nesta sexta-feira (9) contra a temática proposta na sétima feira cultural realizada anualmente na escola.
De acordo com um dos alunos, Ivo Rodrigo, de 16 anos, o tema “Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade”, vai de encontro aos preceitos religiosos em que acredita. “A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a idéia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único”, afirmou o aluno.
Para a professora coordenadora do projeto, Raimunda Nonata, a feira cultural tem o objetivo, através da literatura, de valorizar as diversas culturas presentes na constituição do Brasil como nação. “Através deste projeto podemos proporcionar um debate saudável sobre a diversidade étnico-racial brasileira. Mas não foi isso que aconteceu”, disse a professora.
Segundo a professora, os alunos se recusaram a ler livros clássicos como ‘Ubirajara’, ‘Iracema’, ‘O mulato’, ‘Tenda dos Milagres’, ‘O Guarany’, ‘Macunaíma’, entre outros, por apresentarem questões como “homosexualidade, umbanda e candomblé”.
Segundo a diretora da escola, professora Isabel da Costa Carvalho, os alunos montaram uma barraca sem a autorização da direção na qual abordaram outra temática que fugia à proposta inicialmente. “Eles montaram uma tenda com o nome ‘Missões na África’ na qual abordavam a evangelização do povo africano em seu próprio território”, explicou a diretora. A diretora afirmou ainda que a atitude dos alunos desrespeita as normas e o plano de ensino da escola.
Alunos realizaram mostra paralela, chamada 'Missões na África' (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)
Alunos realizaram mostra paralela, chamada ‘Missões na África’ (Foto: Tiago Melo/ G1 AM)
Outra estudante, Daniele Montenegro, de 17 anos, argumentou que desde o 2º bimestre os alunos vem apresentando a proposta à direção. “Desde o início do ano que tentamos falar com a diretoria e eles nos negaram uma reunião pra discutir o assunto. Somente nos proibiram de apresentar outro tema. Fomos humilhados em sala de aula por colegas e pelo nosso professor de história”, contou a estudante.
A feira cultural, que teve sua primeira edição em 2006, aconteceu na quarta-feira (7) e nesta sexta. Ao final dela, pais, professores, coordenadores, alunos, representantes de turma se reuniram para debater a questão. “Minha filha é uma das melhores alunas da sala e por preconceito por parte dos professores, a nota dela e da turma da ‘Missões na África’ foi reduzida abaixo da média”, afirmou dona Wanderleia Noronha, mãe de Stephane Noronha, de 17 anos, do 3º ano.
Ao final da reunião, o conselho escolar decidiu por mais uma reunião, a ser realizada na proxima semana, que contará com agendes da Seduc. “Discutiremos como ficará a questão das notas dos alunos. Se será necessário fazermos uma avaliação diferenciada para eles ou se avaliaremos o projeto ‘Missões na África’”, afirmou a diretora." [Retirado do G1]
Ontem (09/11/2012) foi ao ar uma excelente matéria do colunista de filosofia sobre liberdade de expressão. A leitura é mais do que indicada e linkarei a matéria no final desta. Uma das conclusões que pode-se tirar é que as pessoas deveriam ser livres para dizer o que pensam e, caso tenham um pensamento racista [como ele usa de exemplo], deveriam ser ensinadas ou ouvir as “provas” de que sua opinião não é correta. Mas, digo também que, como vivemos em sociedade, tais pessoas terão de arcar com as consequências. Nada mais natural. Toda aquela história de ação gera reação etc.
Pois bem, os alunos possuem direito em se negar a fazer o trabalho? Sim, com certeza. Todavia, os professores possuem o direito em dar-lhes uma nota negativa. E nós possuímos o direito em discutir o assunto. A proposta do projeto escolar não é “converter” ninguém às religiões africanas ou, quiçá, ao homossexualismo. Como disse a professora, o objetivo era “proporcionar um debate saudável sobre a diversidade étnico-racial brasileira”  através da literatura. E você apresentar um projeto de “Missões Evangélicas na África”, pelo amor de deus, foge completamente ao tema [pra não dizer que é, de certa maneira, controverso]!
O jovem Ivo Rodrigues disse: “A Bíblia Sagrada nos ensina que não devemos adorar outros deuses e quando realizamos um trabalho desses estamos compactuando com a ideia de que outros deuses existem e isso fere as nossas crenças no Deus único“. OI? Você realizar um trabalho significa que acredita e compactua com aquilo? Ai de quem estuda o racismo! Ai de quem estuda a inquisição! Aí eu começo a me perguntar: onde está a “rocha”, citada na “Bíblia Sagrada”, na fé desses indivíduos? Porque, se na concepção deles, estudar determinada cultura os fará compactuar com outros “deuses’, por favor, não há certeza nenhuma nessa crença evangélica desses estudantes [e não estou dizendo que uma crença deve ser forte e irredutível, estou apenas partindo do pressuposto deles].
Ou seja, além de mostrar um “xenofobismo religioso”, um etnocentrismo, ainda salienta uma contradição pessoal: “não vamos estudar esses temas para não sermos convertidos”. Que bela ‘fé na rocha’ em! Se um mero projeto pode converter esses cidadãos, que eles não saiam de casa. Reforço mais uma vez: não estou dizendo que uma fé deve ser irredutível. Estou partindo do pressuposto deles. Outra coisa que devo reforçar: eles possuem o direito de não se submeter ao projeto. Todavia, estão na escola e a escola é, supostamente, um lugar de aprendizado, onde se estuda várias culturas [inclusive a cristã e a judaica], na ideia de que, assim, o ser humano aprenderá mais, terá contato com tantas outros ensinamentos que podem ajudá-lo como ser humano e profissional.
E, estudar a cultura negra é parte do currículo escolar. E, estar na escola é obrigatório por lei. Ou seja, legalmente falando, você é sim obrigado a estudar diversas culturas. De maneira alguma os rituais e as crenças lhe são impostos, mas, o estudo, sim. O assunto dá muito pano pra manga, inclusive na questão da liberdade de expressão. Todavia, como o João tratou disso essa semana, não quis me prolongar no assunto, pois é apenas ler o texto e encaixar no contexto da notícia. A questão é que: o projeto não fere nenhum direito religioso e, se não for cumprido corretamente, deve sim ser dado uma nota baixa. Não é porque é evangélico, negro, gay, católico, budista, que deve ter privilégios e ser avaliado de uma maneira diferente, quando o único argumento é de que “não farei isso porque posso ser contaminado”.
E que ainda fique bem claro: o  projeto é completamente diferente do que uma aula de “Ensino Religioso” onde, muitas vezes, a professora está lá para pregar o cristianismo [eu tive aula de E.R, mas, minha professora jamais se fixou numa doutrina cristã. Pelo contrário, abordávamos de tudo - e, curiosamente, ela é mãe do Gabriel, colunista de História -]. Nesse caso, de pregação, o aluno tem todo o direito de não se submeter. Todavia, num caso de estudo cultural, ele deve ser punido com nota baixa, de acordo com os critérios de avaliação do professor. – e ainda deveria ler alguns escritores, para tentar abrir um pouco a mente.
A matéria deve gerar uma boa discussão. Espero que tenham gostado da exposição e dos argumentos apresentados. Aguardo os sempre excelentes comentários. No mais, não esqueçam de curtir/compartilhar e claro, se possível, votar no literatortura para topblog2012! – segundo turno [último dia!]

Coluna de Filosofia, matéria citadaLiberdade de Expressão
obs: acho extremamente importante salientar que o grupo de estudantes não representa a totalidade dos evangélicos. E também saliento que não tenho nada contra o segmento religioso. Tenho amigos e familiares muito próximos que participam de congregações.
obs2: pode parecer que não, mas tive que ser sucinto e me conter em muitos aspectos da matéria. Caso contrário, ela ficaria ainda maior haha.
Selecionei 3 comentários no G1 que me chamaram atenção e podem prevenir alguns esquentadinhos:
Erick Coelho: Espera aí!!!! Qer dizer qe defesa e respeito à diversidade vale apenas p/negros, índios, gays? E os evangélicos não merecem respeito às suas crenças? Se é uma escola evangélica qe proibisse a apresentação de outras religiões seriam condenados a morte, mas o contrário não pode, evangélicos tem obrigação de respeitar a todos, mas e o contrário? RESPEITO, DINHEIRO NO BOLSO E CANJA DE GALINHA NÃO FAZEM MAL A NINGUÉM! Quem quer ser respeitado, antes de tudo respeita! Respeitem os evangélicos porque o senso prova que existem, fazem parte de um país com uma diversidade imensa de crenças!
nenhum evangélico foi desrespeitado no projeto. Em momento algum!
Ronilson VianaParabens a esses jovens que assim como Sadraque, Mesaque e Abedenego, se recusaram a adorar a estátua do Rei Nabucodonozor e foram lançados na fornalha, mas lá dentro da fornalha já estava o QUARTO HOMEM, Jesus para os livrar. Parabéns, o nome de Jesus foi certamente glorificado!
Bela analogia:
Daniel 3:10 Tu, ó rei, baixaste um decreto pelo qual todo homem que ouvisse o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música se prostraria e adoraria a imagem de ouro;
Daniel 3:11 e qualquer que não se prostrasse e não adorasse seria lançado na fornalha de fogo ardente.
Realmente. A escola ameaçou os alunos caso eles não se prostrassem aos deuses africanos [...]
Ricardo Aguiar: Nunca vi dizer que um professor passou um trabalho falando sobre a cultura evangélica! Isso é um país laico? Que pais é este que não temos liberdade nem respeito pra decidi o que devemos ou não fazer? Se pedíssemos para fazerem um trabalho com musicas evangélicas ou até mesmo um trabalho de pesquisa dentro de uma Igreja Evangélica será que iriam? Falar é fácil difícil é está em nosso lugar onde na verdade nós é quem somos desrespeitados!
Sim. É um país laico, mas que favorece a religião cristã em sua totalidade. Liberdade, bem, afirmar que temos em sua totalidade, hum, acho que não. Mas, não vou me ater nisso porque já falei bastante ao longo do texto. E, se o professor abrir para que “os alunos decidam qual trabalho fazer’ [o que acho esquisito, assim, aleatoriamente], duvido que proibiriam. Claro, não adianta o trabalho ser sobre a cultura africana e aí sugerir fazer uma pesquisa sobre a Missão Evangélica na África… Seria esquisito demais… – ops!
*****
O Literatortura foi para o segundo turno graças a vocês! Todos os votos são zerados, por isso, pode-se votar novamente. Vote no literatortura para TOPBLOG 2012: Mais informações clique aqui.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Não é de hoje que o curso de licenciatura indígena passa por um processo de esvaziamento. Como se já não bastasse isolarem os universitários indígenas do convívio acadêmico, colocando-os para estudarem em um porão de um hotel no Centro da cidade, os mesmos estão agora há quase duas semanas sem aulas. Vale lembrar que este curso é emblemático para o projeto da Universidade da Floresta de promover o "Diálogo entre os Saberes", perder este curso para Rio Branco, além de assinar um atestado de incompetência, significa perder a própria essência do projeto. Sua permanência não deve ser uma luta apenas do Movimento Indígena, mas do movimento universitário como um todo e de por que não dizer de toda sociedade do Juruá, uma vez que foi a partir daqui que surgiu a proposta da Universidade da Floresta.

Hospedados em um hotel no Centro de Cruzeiro do Sul onde deveriam ser ministradas as aulas em módulos, os alunos do Curso de Educação Indígena do Campus da Universidade Federal do Acre estão se sentindo constrangidos por estarem gastando recursos públicos sem retorno.
Há duas semanas, eles estão sem aula e sequer recebem explicações da Universidade sobre a ausência dos professores, segundo informou o estudante Nane Yawanawa .
A maioria dos alunos já leciona nas aldeias de diferentes etnias da região. Os índios relatam ainda, as dificuldades que enfrentam deixando as famílias para apostar no sonho da formação.
A coordenadora da Organização dos Professores Indígenas do Acre, Francisca Shawãndawa disse que está formulando um documento para a publicação pedindo o apoio da Funai e Ministério Público para uma negociação junto à Ufac. Para ela, o resto do estado não sabe que o curso existe e definiu como abandono a situação vivenciada pelos estudantes.
Da redação do Site Juruá Online

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Professores Kaiowá e Guarani se posicionam sobre matéria da Revista VEJA

NOTA DA COMISSÃO DE PROFESSORES KAIOWÁ GUARANI SOBRE REPORTAGEM DA REVISTA VEJA

Ao contrário do que escreveram os jornalistas da Revista VEJA, Leonardo Coutinho* e Kalleo Coura, quem luta pelos territórios tradicionais é sim o povo Kaiowá e Guarani. Somos nós que estamos retomando nossos territórios antigos.

A matéria publicada foi racista, preconceituosa, discriminatória, estimulou o ódio contra os povos indígenas. Tenta desmotivar o nosso povo, ignora que nós temos língua própria, sentimento próprio, natureza própria. Não fala que a gente sabe o que a gente quer. Acaba colocando as pessoas contra nós, não a favor.

A revista VEJA não está a serviço dos indígenas, nem dos mais pobres. Está a serviço de quem manda. Age com coronelismo. Parece estar a serviço de quem paga.

Os jornalistas precisam estudar mais um pouco. Conhecer o que é índio, o que é cultura, o que é tradição, o que é história, o que é lingua, o que é Bem Viver. A terra, para nós, é o nosso maior bem viver, coisa que ainda a imprensa não entendeu muito bem. Não entendeu que é possível escrever coisa boa sem prejudicar.

O povo pobre não tem acesso à imprensa, quem tem são os latifundiarios e os emrpesarios. São eles que comandam. Nós somos brasileiros, somos filhos da terra. É preciso valorizar todas as culturas, o que a imprensa não faz. Mas precisava fazer.

O direito à terra é um direito conquistado pelo povo brasileiro que precisa ser cumprido. E é possível fazer essa luta com solidariedade, com amor, com carinho, que é a competência do ser humano. Não é com maldade, como fez essa reportagem.

A matéria quer colocar um povo contra outro povo. Quer colocar os não-índios contra os indíos. Essa matéria não educa e desmotiva. Ao invés de dar vida, ela traz a morte. Porque a escrita, quando você escreve errado, também mata um povo.

* Para quem não conhece, Leonardo Coutinho é o célebre jornalista que publicou um depoimento falso do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro para embasar suas teses anti-indígenas.  

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A Maldição da Coca

"Para os povos andinos a folha da coca é sagrada, como a hóstia dos cristãos. É utilizada em cerimônias sociais e rituais. Usavam ela como remédio, moeda de troca, sacramento e suplemento alimentar.

Quando Pizarro invadiu o Peru juntamente
com os espanhóis, ele mandou queimar o templo da Cocamama - onde consagrava-se La Cocamama, a entidade espiritual das folhas de Coca -, e as plantações, pois observou que isso iria destronar a moral do povo.

Dizem que no momento em que as folhas iam sendo destruídas, os sacerdotes incas, fizeram a seguinte maldição:
– Assim como os brancos estão destruindo as folhas de coca, um dia as folhas de coca irão destruir os homens brancos !"

Assim, dentro do seu poder, ela se vestiu de branco - também - para cumprir a maldição..."

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A resposta da Balsa

Autor desconhecido (por enquanto)
A Balsa tá fora de moda
E digo qual a razão
O PT fez a estrada
A onda agora é buzão
Porem em carro pequeno
Tem a mesma condição

A galera anda dizendo
Espulsamos o PT
E se ele levasse as obras
Que seria de você.

Porque o nosso prefeito
Em assistencia é tal
Mais que seria de nós
Se faltasse o hospital

Pra comemorações
Ele é só felicidade
Que tristeza se faltasse
Aquela maternidade

Avião é bom transporte
Que o cabra nem enfada
Deus me livre que nos falte
Aquela bendita estrada

E o meu cartão postal
Que ja foi a catedral
Mais agora é nossa ponte
Que obra fundamental

A nossa biblioteca
É gostoso observar
Em breve vai estar pronta
Para o meu filho estudar

Estadio Arena do Juruá
Que ainda não está pronto
Mais em jogo e expoacre
É nosso ponto de encontro

Tá querendo que eu me cale
Mais eu vou falar de novo
Como seria se não tirassem
Aquelas ruas do povo.

E para a educação
Essa a moçada gosta
Tu ja deu uma espiada
No novo Craveiro Costa

E aquele Tele-centro
Que lugar especial
Vai ter um samambaia
Pro meus bisnetos
Ai que legal!

Universidade da floresta
É uma realidade
Onde formamos profissionais
Pra nossa sociedade

Eu já falei lá do ceflora
Hoje eu digo você
Aqueles cursos padrões
Quem promove é o PT

E o teatro dos nauas
Bela reforma sofreu
Ficou bem gostoso lá
Mais segurança me deu

O canal da Mâncio Lima
Que era só um esgoto
Eu cheguei a vê lá dendro
De Jacaré até Porco.

Agora há passarelas
Muitas areas de lazer
Belas árvores plantadas
Pra melhor você viver

Avenida Mâncio Lima
Que bela realidade
Aberta pra caminhada
De toda sociedade.

E lá também há comercio
De todas as qualidades
Do hotel ao Posto de combustível.
E escritorio de contabilidade

Mais mudo agora os meus planos
E vou mudar minha vida
Vou falar da praça da juventude
Que agora estar caida

Por baixo de caixa de agua
Tu nunca deves passar
Vai que essa caixa cair
E pode até te matar

Além de paradas de onibus
Com preços gordo e alargado
Aquela da Santa Rosa
Deu um trabalho danado

Em sifras vou te dizer
Para te ficar ligado
R$ 1.445.000,00
E ainda teve uns trocados

Mamãezinha me defenda
Isso foi caro demais
Tribuna não destacou
E nem saiu nos jornais

As escolas do municipio
Me tras grande pesadelo
Bem azuzinhas por fora
Mais em cima é um chuveiro

Henrique fica tranquilo
Pois aqui eu fico bem
E aqui junto comigo
Mais de 16 mil tem
E perder mais quatro anos
Isso faz parte também

Pois a população perde
Por não ter conhecimento
Recebi só cinquentinha
Depois é só sofrimento

Grandes cifras investidas
Pela força da desgraça
Porque cinqüenta reais
Só da pra comprar cachaça

Embarca a tua galera
Neste buzão luminoso
Sei que de Deus tu és servo
É um astro luminoso
E um dia nosso caminho
Será muito glorioso

Por isso caros amigos
Aqui para minha rima
Isso ai não foi perder
É cumprimento de sina

E eu apanho obrigado
Pela falta de cultura
Porque segredo e miseria
Uns levam pra sepultura.

Jota, Anisio, Iria e Neto.
A você fica a missão
De honrar essa bandeira
Combater a corrupção
E pessoas como vocês
Eu levo no coração.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Quem são os burros?



Convencionou-se acusar os eleitores de Vagner Sales de burros. Mas verdadeiramente quem são os “burros” que perderam uma eleição com todo apoio institucional do Governo do Estado?

Há que se fazer um contraponto, ao bom e velho estilo de nosso patriarca das comunicações no Juruá, João Mariano. João Mariano obrigou-se a criar duas publicações porque não havia oposição qualificada. Foi assim que nasceu "O Rebate."
E como parece que os “Pit Bulls” do exército zumbi de Vagner Sales estão ainda sonâmbulos com a vitória, tentarei aqui fazer o papel do “Rebate” para dar o necessário contra-ponto àqueles que se acham os bastiões da ética e do avanço social. E se você pertence a este grupo, um aviso: vai doer.

Então como diria Chico Picadinho : “vamos por partes”.

1-Se o eleitorado de Vagner é “burro” (ou para usar o eufemismo “alienado”) quem é o maior culpado? Significa admitir que em 14 anos o Governo da Frente Frente Popular não conseguiu acabar com a alienação e com a ignorância de 53% do eleitorado. È como assinar um atestado de incompetência, e dos mais graves.

2- Subestimar um político experiente como Vagner Sales é uma grande “burrice”. Vagner Sales pode ter baixa escolaridade, usar linguagem chula, e etc, mas está longe de ser “burro”. Certamente é mais inteligente que todos juntos, pois conseguiu vencer uma campanha cujo principal adversário era ele próprio. E todos sabem que quem vence a si mesmo, não é apenas inteligente, mas também sábio.

3- Se Vagner fez papel de ridículo ao comandar o espetáculo da Balsa, Tião Vina também o foi com a barbeiragem de sua “twitada” e para uma platéia ainda maior (deu no “Estadão”). No caso de Tião Viana há ainda um componente agravante: lançou ainda mais areia na relação institucional que deveria haver entre o município de Cruzeiro do Sul e o Governo do Estado do Acre, deixando claro para a população de Cruzeiro do Sul, que o seu partido é mais importante do que a cidade e sua população.

4- A FPA de Cruzeiro do Sul não sofre de falta de cérebro, mas de vértebras. A falta de uma articulação interna coloca de joelhos o que deveria ser uma oposição altiva e independente. O povo daqui tem uma percepção quase que “sensorial” de que um governo da FPA nos colocaria de quatro para as vontades dos Viana. O discurso da “união” traz, nas suas entrelinhas a seguinte mensagem “deixem-nos ganhar as eleições, para que o Governo possa fazer o que quiser com Cruzeiro do Sul”. Mesmo sem um processamento intelectual muito profundo, o povo sente o “pixé” da subserviência neste discurso.

5- Depois de atravessar a fase invertebrada, a campanha de Henrique entrou na fase “acefálica”. A campanha iniciada há 45 dias das eleições, esta aliás, uma outra lição que ainda não foi aprendida, demorou ainda cerca de 20 dias para “aterrissar” em Cruzeiro do Sul. Quando aterrissou, caminhou bem, angariando toda uma leva de descontentes e de pessoas que por razões diversas, creem, que uma administração da FPA seria melhor para Cruzeiro do Sul. E aí, no final, lá vem a santa intervenção de Rio Branco, dizendo como devemos agir: a “twitada” de Tião Viana, as barbeiragens da promotoria e para o “gran finale” um comício amador, sem iluminação cujas maiores “estrelas” foram: Thamaturgo Lima, Jonas Lima e Aníbal Diniz. Me respondam, em sã conciência: O que estes senhores agregam ao voto do eleitor cruzeirense? Manda-los para o palanque do 15 seria melhor estratégia.  Ao contrário disso, o palanque de Vagner montado com alto grau de profissionalismo, planejamento e organização, deixou no ar, há dois dias das eleições a sensação plena de que seria o vitorioso. Nocaute nos "inteligentes".

O contra-ponto de um eleitor do 15


Selecionei este comentário feito por um eleitor do 15 em minha postagem anterior. Serve do necessário contraponto que precisa ser ouvido.

Texto muito bom, Leandro, uma externação de seus sentimentos inconformáveis. Não sei se você é defensor da frente popular, mas é um caso a se pensar em deixar czs nas mãos deles. Você sabe muito bem o tipo de atitudes que eles executam na forma de administrar: posam de bonzinhos, humildes, respeitadores, preocupados com o povo; mas no seu interior prevalece o instinto ditador. Não falei que eles não fazem nada, está distante disso, vejo obras sendo construídas pela FPA.
Henrique seria um "sem rumo"(marionete) perante as mãos impiedosas da FPA. Não seria nada incomum que eles impusessem "regras" para Henrique seguir, e pelo que conheço ele, seria o início de uma discórdia partidária, levando czs a afundar em desavenças políticas o que causariam um retrocesso da princesinha do Juruá. Isso é uma Hipótese, não uma visão futura! Mas se parar para pensar tem sentido.

Pois bem, Vagner Sales é um nativo "bicho do mato", não consegue diferenciar que é preciso comportar-se diferente em algumas ocasiões. Levando consigo atitudes do seu convívio familiar, ou entre amigos; para a sociedade. Lastimável. Mas sua visão vai além de um simples ato impensado, e isso não serve de munição para o massacre que lhe impuseram. A FPA ou Henrique, se quisessem mesmo administrar czs, deveriam ter focado seus planos bem antes para conquistá-la. Exemplos: trazendo pequenos benefícios para melhorar a vida dos moradores daqui, operando em setores diferenciados da sociedade, trabalhando na zona rural e urbana, tudo isso, sem dúvida lhe trariam votos. Mas cadê as atitudes para conquistar votos? O povo sabe, e muito bem, analisar trabalhos realizados por gestores. E é justamente o que faltou para FPA sobrou em Vagner Sales: pequenas obras, pequenos gestos e pequenas demonstrações de sabedoria conquistou o povo. Obras têm que serem realizadas em todos setores da comunidade. Será que realmente seria digno dá uma chance a união? Sendo que pouco produziu para "tirar" votos do prefeito. Nota minha: Primeiro conquistamos, depois formalizamos nossas ideias para fortalecer nosso convívio.

Institucionalizar a "balsa" foi um grito que lhe apertava os pulmões. Toda máquina pública estadual estavam contra seu governo, e mesmo assim ele superou a investida aguda da FPA para derrubá-lo. Henrique poderia ser o melhor prefeito de czs, talvez os 18 mil pecaram escolhendo Sales, mas ao mesmo tempo o medo torturou suas mentes, ou seja, não viram a possibilidade de depositar seu voto em um "conterrâneo desconhecido" e envolto de uma massa que não mede esforço para chegar no poder. Tenho certeza que os 18 eleitores pensaram assim.

Uma observação bem minuciosa das circunstâncias envoltas dos candidatos refletem o voto nas urnas: sem dúvida Vagner leva uma pequena vantagem em relação ao Henrique. Aqui fala uma pessoa que pensou bastante antes de votar, não foi por impulso, ou mesmo medo de retaliação. Mas os fatos, pelo menos para mim, me levaram a votar em Vagner.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A institucionalização da balsa - O pão e o circo de Vagner Sales

No episódio da balsa protagonizado pelo próprio prefeito, Vagner Sales mostra o melhor de sua política: Pão e Circo para a alegria da multidão. 

Começou mal. Para quem disse em seu discurso de vitória que iria ser o prefeito não apenas daqueles que o elegeram, mas de todos os cruzeirenses, Vagner Sales mais uma vez mostrou do que realmente é feito: pura arrogância e prepotência.

A “Balsa” é uma tradição bonita e divertida. Faz parte do nosso folclore de manifestações populares e de nossa história. Mas ao “institucionalizar” a “balsa”, Vagner Sales lança um “mau presságio” sobre Cruzeiro do Sul: a de que não poderemos esperar por respeito aos ideais democráticos nestes quatro anos vindouros e que o que deverá predominar será o seu espírito rancoroso e perseguidor.

A democracia que Vagner diz defender é tão somente uma balela para justificar sua falta de ideias. Não passa de um farrapo de uma “bandeira” cuja única serventia é esconder a sua maior vergonha: a sua incapacidade de administrar Cruzeiro do Sul como uma cidade e não como um apinhado de seringais e ramais que precisam de seus favores para sobreviver. Vagner perdeu em um conjunto importante do eleitorado. E perdeu feio. Talvez por isso, em muitas ruas do centro, o sentimento fosse de luto, e não de vitória.

Entre pequenos e médios empresários, trabalhadores autônomos, empregados com carteira assinada e estudantes, Henrique obteve aproximadamente 75% dos votos. Com sua pantomima, Vagner despreza os setores mais capazes de promover o desenvolvimento da cidade.

Dois mil e duzentos votos suados o separaram da “balsa” lançada por ele da mesma ponte que anos antes cometeu a bravata de dizer que “se ficasse pronta desfilaria de saia”. Mais uma promessa não cumprida que entrará para a história, assim como o ramal que prometeu “asfaltar com gala”.

Muito pouco para quem há um ano menosprezava seus adversários dizendo que iria colocar o seu motorista, o “Pimpolho” para concorrer.

Por esta razão dá para entender o sentimento de desforra de Vagner. Sente-se aliviado por conseguir uma reeleição “ralada”. Não fosse a ação desastrosa de setores fisiológicos e por que não dizer “patológicos” da FPA, e a balsa seria outra.

Vamos aos números: os dezoito mil votos de Vagner lhe garantem a legitimidade para governar Cruzeiro do Sul, mas está muito longe de ser a unanimidade anunciada pelo seu bem-pago colunista da capital.

Os mais de dezesseis mil votos obtidos por Henrique Afonso e as outras mais de onze mil abstenções representam mais da metade do eleitorado que por razões diversas, não referendou o mandatário. É em cima da cidadania destes vinte e sete mil eleitores que Vagner tripudia ao trocar o papel de representante do município pelo de bufão de sua própria corte.

Esperava mais de Vagner. Em muitos momentos da campanha demonstrou grandeza por saber aceitar críticas, uma qualidade esquecida por muitos dos que hoje se encontram em seu campo adversário.

No entanto, passado o susto, Vagner revela agora sua verdadeira natureza, mostrando que o papel de vítima não passou de um bem ensaiado jogo de cena e volta agora a interpretar o seu papel preferido: a do coronel de barranco que trata servidores, cidadãos e eleitores como peões de sua fazenda.

É uma questão de tempo para que muitos dos que hoje comemoram ao seu lado a sua vitória, lamentem não ter embarcado naquela “linda balsa laranja”.

O que pensa a juventude cruzeirense sobre a reeleição de Vagner Sales ?

Republico texto da jovem estudante de ensino médio, Taís Nascimento.

"Meus Profundos Sentimentos a Cruzeiro do Sul"

"Chamar a população de burra, realmente, é um termo pesado, mas podemos sim, chamá-la de cega e alienada. Passam quatro anos pedindo mudança, reclamando da roubalheira, da arrogância e do descaso com a cidade e seus habitantes, mas quando essa mesma massa tem uma oportunidade de mudar e de transformar sua cidade em um lugar agradável e educado, eles preferem jogar essa belíssima chance no LIXO."

Leia mais no seu próprio blog o texto: Meus profundos sentimentos a Cruzeiro do Sul

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Henrique e Marcelo agregam valores de "terceira via" na campanha

De todos os fatos desta campanha o que me foi mais surpreendente foi o tom da campanha nesta reta final por Henrique e Marcelo.

Esperava por uma campanha as estilo "riobranquense" e com um alto teor de "gospelândia": sisuda e moralista. Mas, ao contrário disso estamos tendo uma campanha plural, com poucos recursos e, o mais incrível: com alguns valores que são típicos de "terceira via". Este caráter ficou evidente durante a "cicleata" do último sábado. Luis Carlos Moreira Jorge chegou a afirmar que Henrique tinha deixado de ser "crente" para se tornar "hippie". Não se trata de "hippismo" sr. Crica, mas de terceira via: valores ambientais, éticos e humanos colocados acima do imediatismo eleitoreiro.

Henrique se livrou com tranqüilidade da pecha de "fanático" e "homofóbico" que lhe poderia ter sido imputada, colocando o travesti Valdete como estrela principal de seu palanque.

No palanque e em sua equipe estão contemplados os católicos, maçons, espíritas e daimistas, caindo por terra  a tese do proselitismo religioso unidirecional. A questão religiosa vem sendo trabalhada de forma leve e aberta, tal como recomenda o estatuto do PV, único partido que defende estatutariamente  a "espiritualidade" como bandeira de luta.

O resultado tem sido uma campanha leve e de fácil adesão popular. Ao invés da velha prática de se levar os mesmos cabos eleitorais de sempre, para "dar volume", Henrique e Marcelo conseguiram cativar um público fiel interessado em ouvir suas propostas e não apenas em servir de "claque" para quem lhes paga para portar bandeiras.

Embora as pesquisas domésticas não nos deem um resultado seguro de quem erá o vitorioso no dia 7 de outubro, o 43 claramente entrou em uma curva ascendente há pelo menos 15 dias, o que certamente já é uma vitória.

Mas independente de qual seja o resultado no próximo domingo, a maior vitória será a de que se provou que parte significativa do eleitorado já está madura o suficiente para uma mudança no paradigma na maneira de se fazer política.


sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sobre o Sacrifício Animal nos rituais afro-brasileiros

Achei o texto interessante e bem escrito, por isso o reproduzo aqui neste espaço. 


Na história dos 512 anos do Brasil, 388 foram construídos com base no sistema escravocrata, que transformava negros em meras mercadorias. A religião foi um dos mecanismos que permitiu que esses homens e mulheres, que foram arrancados das suas terras e coisificados, mantivessem uma ligação com o seu continente de origem, a África. E foi justamente nos primeiros anos da colonização do país que começ
ou a busca incessante dos senhores de engenho, os escravocratas em criminalizar e demonizar toda e qualquer manifestação de matriz africana. Foi assim com a capoeira, com o maculelé e não seria diferente com o candomblé.
Para isso, foram disseminados vários conceitos equivocados a respeito da religiosidade e cultura dos negros. Esses equívocos permanecem até os dias de hoje. Quem já leu a Bíblia, o livro sagrado dos cristãos (católicos e protestantes) sabe muito bem que era natural o sacrifício de animais para saudar o Deus supremo. Desde a Grécia antiga se realizava esses rituais.
Esta na hora de extinguir definitivamente com a falta de respeito contra as religiões de matriz africana, e principalmente erradicar os conceitos preconceituosos e estereótipos relacionados ao candomblé. Neste sentido segue nosso desabafo:
No candomblé não sacrificamos seres humanos, pois não nos alimentamos desta carne.
No candomblé não sacrificamos gato, pois não nos alimentamos desta carne.
No candomblé não sacrificamos cachorro, pois não nos alimentamos desta carne.
No candomblé não sacrificamos cavalo, pois não nos alimentamos desta carne.
Resumindo... No candomblé e em tantas outras religiões espalhadas pelo mundo (sacrifício de animais também faz parte das culturas, como exemplo a judaica e islâmica). No candomblé entendemos que tudo é sagrado, a existência da vida deve ser respeitada desde a de um vegetal quanto a de um animal. O sacrifício é a retomada da ligação o Orixá, como no Judaísmo, o sacrifício é conhecido como Korban, palavra oriunda do hebreu karov, que significa "vir para perto de Deus".
Para as celebrações de nossos Orixás, que são regadas de banquetes compartilhados com a comunidade, somente são aceitas carnes que foram abatidas respeitando a vida e energia existente em cada animal e seu sofrimento sendo obrigatoriamente o mínimo o possível. Ofertamos aos nossos Deuses, os alimentos que ele nos proporciona em nosso cotidiano. Pode ser uma galinha, uma cabra, um bode. Animais que fazem parte da nossa ceia. E após ser sacrificado, tudo, exatamente tudo é aproveitado. A carne alimenta a comunidade, o couro fazemos os nossos instrumentos. O animal não morre em vão. A energia e essência de vida existente no animal é manipulada para beneficiar os adoradores de Orixá e esses rituais ainda são concluídos com cerimônias que visam justificar a necessidade humana de se alimentar da carne.




Leia mais sobre o sacerdócio no candomblé em Boiadeiro Rei

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MP pede congelamento dos bens de Vagner Sales.


O Ministério Público Estadual entrou com uma medida cautelar pedindo a indisponibilidade de bens do atual prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales. A ação movida pelo MP tem como objeto o suposto desvio de recursos da SUFRAMA para o asfaltamento do acesso à sua fazenda. A denúncia partiu do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruzeiro do Sul e foi investigada conjuntamente pelo MP e pela Polícia Federal. Segundo a ação, o asfalto estava destinado inicialmente a beneficiar centenas de trabalhadores promovendo o asfaltamento apenas de trechos críticos do ramal do Canela Fina (Badejo) e da BR 307. A ação é movida pelo MP através do promotor de justiça Rodrigo Fontoura.
“Solicitando informações junto à SUFRAMA foi constatado que realmente o asfaltamento foi canalizado para o caneca fina, onde o sr. Vagner Sales possui a sua fazenda. O asfaltamento passou inicialmente de 954 metros para 3.800 metros.” Disse o promotor.
Segundo a promotoria há provas suficientes para a ação.
“Temos o levantamento da Policia Federal, que realizou o sobrevoo da sua fazenda, a perícia feita pela Polícia Civil e os documentos da SUFRAMA que comprovam que os recursos foram canalizados para beneficiar o acesso à sua fazenda.”, afirma Rodrigo Fontoura.
Nos vídeos feitos pela Polícia Federal que fazem parte do processo, vê-se um longo trecho asfaltado sem moradores, perpassando a propriedade de Vagner Sales dos dois lados da estrada. Ainda segundo a ação, os danos aos cofres públicos são da ordem de 670 mil reais. A ação visa congelar os bens do prefeito para uma futura ação de ressarcimento ao erário público.
A Defesa
Jonathan Donadoni, procurador do município afirma que a obra foi fiscalizada pela SUFRAMA e que no relatório final, aponta a conclusão da obra em 100% do previsto sem apontar quaisquer irregularidades.
Donadoni disse ainda que para a aquisição do convênio, foi encaminhado um documento da Eletroacre para atestar o número de famílias beneficiadas com o asfaltamento.
 “Antes mesmo de o convênio ser assinado, foi encaminhado um relatório da Eletroacre, apontando que 150 famílias seria beneficiadas com a obra.”, explica.
A ação foi distribuída para a 2ª Vara Cível da Comarca de Cruzeiro do Sul, cujo titular é o juiz de direito Clóvis de Souza Lodi.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Atrás das Linhas Inimigas

Naquele mesmo bom e velho estilo de desagradar a gregos e troianos (meu esporte favorito), faço esta postagem baseado no que vi e ouvi no comício de Vagner Sales.

O primeiro objeto desta postagem foi uma conversa com um presidente de bairro que por razões óbvias, preservarei a identidade.

Com o 15 colado no peito, ele diz:


- Minha ideologia tem mais a ver com o outro lado, o 43. Mas não tive espaço do lado de lá. Defendo projetos para o meu bairro que tem tudo a ver com o projeto da FPA. Mas nunca nos ouviram. Então Vagner propôs construir uma sede de associação para cada bairro e criar uma coordenação dos movimentos de bairros na prefeitura. Era tudo o que queríamos. Por isso fechamos com ele. Eu mesmo, nunca gostei de Vagner. Não gosto nem de olhar nos olhos dele. Mas a proposta era o que o movimento queria.  Do lado da FPA, não fomos ouvidos. Enquanto houverem certas pessoas que são o braço do governador aqui, o PT nunca vai ganhar. São pessoas que só servem para puxar o saco e não para resolver problemas. Trabalham só quando o governador chega e por isso tem que dizer para ele que sempre está tudo bem, por que se não está, a culpa é deles. No movimento de bairros ninguém gosta do Itamar. Ele não respeita as lideranças do movimento. É uma pena, mas é por isso que hoje eu sou 15.

- E você acha que o Vagner leva? Pergunto.

- Não sei. 80% das pessoas nos comícios dele são cabos eleitorais dos candidatos a vereador. No meu bairro ele está morto. Nas "beiradas" onde estão as famílias mais pobres ele domina. São famílias que vieram do interior e que sempre recebem algum parente que diz: "o Vagner foi lá em casa e pegou na minha mão, comeu no chão com a gente". Mas naquele miolo do bairro, é 43. O "Ruas do Povo" entrou rasgando e matou o Vagner.

***

Entre os mais de 100 vereadores que apoiam Vagner tem de tudo. Inclusive muita gente boa com propostas que podem vir a fazer a diferença na Câmara de Vereadores. E também gente com mais perfil de "esquerda" do que muitos dos que hoje se vestem de laranja.

Mas tem também proselistismo religioso "no balde". Apesar do "crente" ser o Henrique, ouvi muito mais "crentice" no comício do Vagner. Candidatos cujo único "mérito" é dizer que é "evangélico", como se isso fosse qualificação para exercer cargo público. Teve um recém-convertido que disse que tem "muitos projetos para "ajundá" as igrejas evangélicas". Que Deus em sua infinita misericórdia nos livre de tamanha aberração.
Uma pena que até agora não tenha surgido nenhum político com coragem de dizer "vote em mim, porque eu sou macumbeiro". Se tivesse, ganharia meu voto pela honestidade.

***

É claro que estamos em meio a uma campanha política acirrada e a troca de acusações é pauta nas duas coligações e devo dizer que muitas das acusações que partem do azul, tem lá sua procedência e deveriam ser utilizadas para que se melhore o discurso e as práticas políticas do laranja.

Isso, não se aplica contudo, ao discurso de Antônia Sales. Com todo respeito à "mãe dos pobres ucayalina", mas o seu discurso é a pior coisa que já ouvi na política em toda minha vida o que inclui o "estupra mas não mata" de Paulo Maluf e do "fí-lo porque quí-lo" de Jânio Quadros além é claro do clássico "Não me deixem só" de Collor de Melo, que aliás também recorria à magia negra.

Entre o festival de mentiras ditas pela deputada selecionei as seguintes pérolas:

"Se o Henrique se eleger, eles vão pegar as máquinas que Vagner com tanto esforço conseguiu para Cruzeiro do Sul e levar tudo para Rio Branco".   

"Eles disseram que vão fechar a casa do povo, mas nunca vão me impedir de ajudar as pessoas pobres. Eu só não to ajudando agora, porque a justiça eleitoral não deixa."

O discurso de Antonia Sales merecia ser estudado e a partir dele, elaborar-se um programa de governo para que em pelo menos uma década estas estultices não fossem mais críveis. Só mesmo um baixíssimo nível de educação da população e um altíssimo nível de carências das mais variadas naturezas para explicar tal fenômeno. Como brasileiro me sinto envergonhado em saber que o estado, na pessoa de uma parlamentar (ou seria "paralamentar"?) investida pelo voto popular promove um espetáculo desta natureza, justamente contra tudo que o estado deveria promover. É como se os deveres do estado de promover saúde, educação e cidadania fossem não deveres, mas favores pessoais, fruto de alguma inexplicável angelical e franciscana "bondade".

Bem apesar de tudo, foi reconfortante perceber que os mirrados aplausos à deputada não passaram de ovações burocráticas e sonolentas. Ufa!

***

O mesmo não pode ser dito de Vagner Sales. Vagner conseguiu sim magnetizar a platéia. Seu discurso, ao conmtrario de seu oponente, permanece afinado com os anseios de parte considerável da população. Apesar nos naturais ataques aos adversários, Vagner não se deixou dominar pelo discurso do ódio, que tornou-o famoso em outros pleitos. Seu discurso tem uma boa dose de ironia e sarcasmo, além de uma confiança inabalável que contagia fácil.
Merecia ser estudado também pelos seus oponentes, se pretendem de verdade um dia governar Cruzeiro do Sul.

A história do "ecoturismo" e do "parque nacional" foi rapidamente revertido contra Henrique Afonso. Do alto do carro de som, pude ver os olhos brilhando quando Vagner criticou duramente as leis ambientais que, segundo ele, são o motivo das mazelas do homem do campo. Um sentimento que ainda perpassa gerações e que ainda encontra eco no fundo de muitos corações e que se o atual grupo político deseja de verdade transformar, terá de se transformar por dentro, para alcançar a mesma sinceridade daqueles olhos que hoje eu vi brilhar.  

 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Proprietário de terra não permite passagem de máquinas e moradores ficam sem Ruas do Povo


Proprietário de terra não permite passagem de máquinas e moradores ficam sem Ruas do Povo

Na rua Newton Prado, no bairro do Saboeiro, moradores realizaram um protesto contra o empresário Mário Correia, que em tese seria o proprietário do terreno que seria beneficiado pelo programa.
Quando as máquinas do programa chegaram no local que beneficiaria pelo menos 400 estudantes, o empresário impediu que as mesmas continuassem o serviço.
Com isso, o governo recuou e retirou as máquinas do local, o que motivou os protestos dos moradores. O empresário Válber Said Maia, proprietário de uma olaria no mesmo local explicou a situação da rua.
“Este mesmo empresário retirou barro para sua olaria no local onde seria o traçado original da rua. Sem outra alternativa, os moradores criaram esta passagem que hoje tem energia elétrica e água encanada. Ele não pode impedir a passagem e o asfalto somente iria beneficiar os moradores que hoje,  são obrigados a usar sacolas nos pés no verão. Já houve acidentes sérios aqui. Um estudante caiu e teve traumatismo craniano.”
Procuramos o coordenador do programa Ruas do povo em Cruzeiro do sul, Gontran Neto que esclareceu.
“O empresário quer que asfaltemos o traçado original da rua, que hoje está cercado. Deste modo iríamos beneficiar o seu terreno, mas não os moradores.”
Caso o governo realizasse a vontade do empresário, os moradores que hoje ficariam nos fundos dos terrenos do empresário que seriam valorizados pela obra.
“Estamos pensando uma solução. O diretor-geral do programa Ruas do Povo está chegando para tentar resolver o problema.” Explicou Gontran Neto.
Ainda que a obra seja do estado, a autoridade sobre as ruas pertence ao município.
O procurador-geral do município Jonathan Donadoni explicou que neste caso não caberia indenização ao empresário, uma vez que não há benfeitoria.
O município possui autoridade constitucional para determinar a desapropriação, uma vez que o traçado original foi ocupado pelo empresário.
Os moradores também procuraram o ministério público para tentar uma solução ao problema.
A ocupação irregular de terrenos e ruas tem sido um problema constante para os programas de abertura e asfaltamento tanto do município quanto do estado. E na maioria dos casos depende de bom-senso e negociação para a conclusão das obras. Nesta semana uma frente de trabalho da prefeitura foi levada até a rua Absolon Moreira, no bairro do Cruzeireinho, após a negociação com os moradores que haviam construído suas casas no traçado da rua. “Pagamos uma indenização, desmontamos as casas e ajudamos no transporte”, afirmou Cunha, chefe de campo da prefeitura.

* Foto: Onofre Brito/Assecom

sábado, 15 de setembro de 2012

Sobre o Debate: Na frente e por trás da Câmeras

As especulações sobre quem possa ter vencido o debate são vazias. Cada torcida declara o seu candidato,  vencedor. Mas inequivocamente houveram sim, vencedores.

Em primeiro, certamente o público. Um debate televisionado como este alçou a política cruzeirense a um degrau acima.
Vitória também, é claro, do Sistema Juruá de Comunicação. Uma óbvia vitória técnica por um lado e outra não tão óbvia vitória que é da linha editorial adotada da empresa que procurou garantir igualdade de oportunidades para ambos os candidatos.
Certamente, uma vitória pessoal  também de Nelson Liano Jr. Artífice e cabeça do processo que culminou com o debate nas telas, Nelson saiu-se bem no papel de moderador, produzindo o mínimo de intervenção necessária.

Mas a maior dificuldade veio antes do debate: não é fácil ter jogo de cintura para colocar na mesma arena dois adversários, principalmente quando não existe esta cultura na democracia de Cruzeiro do Sul.

Profissionalmente, meu papel foi produzir questionamentos que pudessem ser relevantes no processo eleitoral. Optei pela questão do plano diretor, pois se já o tivéssemos aprovado, não sobraria muito espaço para politicagem de varejo, como por exemplo na questão do asfalto cujo andamento de trabalho segue simplesmente a lógica demagógica da quantidade de votos, e não o planejamento de crescimento da malha urbana da cidade. E nisso, ambos os lados pecam.

Pessoalmente tiro minhas próprias conclusões, e é bom que se deixe claro que as posições assumidas no blog Terranáuas refletem opinião pessoal e não meu trabalho de jornalista.

Na minha opinião, Vagner Sales levou vantagem do início até aproximadamente a metade do debate.
Sua linguagem mais popular, mais presente e mais pé-no-chão tem mais alcance eleitoral, mais penetração no público, mais fácil de ser assimilada. O domínio sobre as ações da prefeitura sob sua gestão também lhe conferiram vantagem.

Henrique por outro lado, durante a apresentação das propostas pareceu-me um tanto quanto vago, idealista e sonhador demais, não para mim, mas para o conjunto majoritário do eleitorado cruzeirense. Pessoalmente acredito que o caminho adotado por Henrique, de fazer de Cruzeiro do Sul uma referência nacional e até mundial, pelas suas potencialidades humanas e biológicas, através do ecoturismo e da produção diferenciada, não é apenas o melhor caminho, como o único possível para que Cruzeiro do Sul cumpra o seu destino, seu propósito existencial, por assim dizer, de capital florestal do Alto Juruá.
No entanto, pelo andar nas ruas, nota-se que o eleitorado ainda não está maduro  e para esta imensa maioria, as propostas parecerão devaneios pueris. Raramente o ribeirinho, ou o morador desempregado das periferias irá estabelecer uma relação entre o "ecoturismo" e uma possibilidade real e concreta de melhora de vida para sua família. Para estes só vendo para crer, e as vezes mesmo vendo ainda não se crê.

Vagner também se saiu melhor ao responder as críticas de Henrique sobre aspectos de sua gestão. Municiados de números das ações de sua equipe, Vagner tinha quase sempre uma resposta na ponta da língua, embasando a idéia (falsa ou não) de que Henrique de fato não vive tão intensamente o dia-a-dia de Cruzeiro do Sul.

Talvez por este desconhecimento, Henrique perdeu diversas oportunidades de uma investida mais incisiva em Vagner, como por exemplo na questão dos Postos de Saúde. O fato de estarem sendo construídos diversos postos, não explica por exemplo, o funcionamento precário dos que já existem e muito menos como se farão funcionar os novos postos. Mas a oportunidade escapou entre os dedos do desafiante.



O debate contudo, pendeu a favor de Henrique quando o assunto passou a ser os supostos desvios de recursos da gestão de Sales e os processos de improbidade administrativa a qual responde na justiça. Vagner ficou visivelmente alterado culminando com os segundos de silêncio que se seguiram a partir da pergunta de Henrique  sobre o "Ficha Limpa". O extremo nervosismo de Sales resultou no pedido de
retirada de Chico Melo dos estúdios. Segundo Vagner, este o estaria "atrapalhando". Francamente, de onde estava, vi apenas que Chico Melo havia levantado um papel na direção de Henrique, mas é provável que tenha feito alguma "cara estranha" ao ver a palidez de Vagner. Todos nós fizemos. A pergunta de Henrique foi um legítimo tiro à queima-roupa.  

Por duas vezes Vagner mais uma vez quis usar o fato de que Henrique tenha vendido sua casa própria e que não tenha declarado sua nova casa.

Henrique não quis explicar o motivo da venda de sau casa própria, pois correria o risco de parecer piegas e sensacionalista. Henrique não pode falar mas eu posso: ele vendeu sua casa para custear o tratamento de um de seus filhos adotivos, que sofre de uma forma particularmente virulenta e incurável de câncer no sistema linfático.

O tiro também saiu pela culatra quando Vagner chamou Henrique de mentiroso por não ter declarado sua casa própria, recentemente comprada. pela legislação ele só é obrigado a declarar a partir do próximo ano.

"- Se quiser entrar na justiça, entre, vai perder o seu tempo!" Fuzilou Henrique.

Um outro ponto favorável à Henrique foram a questão das emendas. Vagner tentou colar a ideia de que somente contam como recursos para Cruzeiro do Sul, aqueles que passam pelas suas mãos através da prefeitura. Henrique respondeu à altura, mas poderia ter sido mais claro para o eleitorado.

Em geral, acredito que o debate serviu para que a população conhecesse melhor os candidatos. No entanto, como um eleitor indeciso, na minha opinião Henrique não me convenceu de que possa ser um melhor administrador do que Vagner, exceto por um aspecto: a mal-versação de recurso público. Vagner pelo seu turno, também não convence de que seu segundo mandato possa ser melhor que o primeiro. Na verdade tende a ser pior, com o foco voltado exclusivamente para a eleição de Antônia Sales e sua própria possível eleição para Dep. Federal, outro ponto que Henrique não soube explorar.

O "Lunático" X O "Macumbeiro" 

Do lado de fora, a oportuna presença da PM evitou que o acirramento das tensões entre os partidários pudessem partir para o campo físico, mas não impediu, obviamente a troca de impropérios entre as torcidas.

A torcida do azul, por exemplo, chamou Henrique de "doido", "lunático" e "aluado".

A acusação de lunático partiu de um ex-assessor e ex-aliado de Henrique, Marcos Neto. Evangélico e Ufólogo (não acreditava que era possível ser as duas coisas) ele deve conhcer bem do assunto. Afinal quem se dedica a estudar Objetos Voadores Não-Identificados deve de fato ser capaz de identificar se um sujeito é proveninete da Lua, Marte, Vênus ou quem sabe, do cinturão de asteróides. 

Por outro lado, o time de laranja lançou contra Vagner as acusações de "ficha suja" e "macumbeiro".


Não entendi porque os laranjas estavam gritando "fora macumbeiro" e perguntei a um dos partidários, o porque da acusação.

-"É porque o pai de Antônia Sales era o maior macumbeiro!"

- "Puxa, essa eu não sabia." Disse.

A palavra "macumbeiro" é um termo perjorativo que inclui centenas de práticas mágico-divinatórias e curativas com as mais diferentes finalidades e intensidades. É um termo impreciso e carregado de preconceito que deveria ser abolido do mesmo modo que os "crentes" conseguiram substituir pela expressão    "evangélico", por moldar-se mais às suas necessidades de identidade social.

Desconheço qual tipo de "macumba" possa ter feito o pai de Antônia Sales, mas uma coisa é certa: a magia ucayalina merce respeito. Em Pucalpa não tem político, artista ou empresário que se preze que não tenha o seu "brujo". Faz parte da rica cultura selvática e o que o povo do Tawantinsuyu  faz desde antes dos primeiros cristãos pisarem nestas bandas, deveria ser alvo de respeito e não de deboche. No Peru há um ditado que eu gosto muito "O peruano não acredita em magia, ele a faz".

Merece respeito também porque se o 'brujo" fez algum trabalho para ajudar Vagner e Antônia Sales, aparentemente está dando certo.

Se Vagner fosse capaz de declarar publicamente que é um adepto de 'brujeria", eu talvez fosse até capaz de votar no 15. Algo que certamente ele não o fará, pois o meu voto não é mais importante do que o de milhares de "crentes" que abominam tudo aquilo que desconhecem. Vitória da hipocrisia, uma vez mais.