As lideranças das 12 terras indígenas que participaram do encontro transfronteiriço promovido pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI) receberam no sítio da ONG na última sexta-feira a visita da vice-ministra das Relações Exteriores da Noruega Ingrid Fiskaa, que recebeu das mãos dos indígenas uma carta com as principais demandas e preocupações do movimento.
O encontro faz parte do GT transfronteiriço, criado em 2006 e que tem por objetivo conjugar esforços dos dois lados da fronteira para a construção de uma agenda comum até 2015 e fazer com que o modelo de desenvolvimento pensado pelos dois países levem em conta o modo de vida das populações tradicionais.
Para Luiz Nukini, liderança do movimento indígena da região do Juruá “as trocas de informações entre os povos do Brasil e Peru podem tornar mais eficientes as ações policiais e medidas governamentais de combate ao narcotráfico e exploração ilegal de madeira.”
Josué Shipibo, do Alto Ucaially disse que uma das prioridades deve ser o respeito às populações que vivem em isolamento voluntário. O combate ao narcotráfico e à exploração ilegal de madeira é outra das preocupações do movimento.
Ingerência em assuntos nacionais ?
A Noruega tem um longo histórico de apoio às comunidades tradicionais, não apenas no Brasil, mas também em outros países, incluindo o seu próprio território onde vivem os Sami – povo tradicional nativo do círculo polar. Durante a sua explanação a ministra disse que hoje os Sami tem um parlamento em que são decididas as questões relativas à esta população.
Malu Ushoa, coordenador executiva da CPI explica que o apoio da Noruega às populações Índígenas do Acre já ocorre há cerca de duas décadas e que a forma da aplicação dos recursos é decidida a partir da demanda destas populações. “O que construímos na educação com os povos indígenas a partir do apoio da Fundação Rainforest da Noruega, transformou-se no programa do governo para educação diferenciada no estado”.
Perguntada sobre se a participação da Noruega em questões nacionais poderia suscitar críticas de setores mais conservadores da sociedade brasileira, Malu explicou que o que é realizado nas terras indígenas com o recurso vindo do exterior faz parte de uma agenda dos governos estadual e federal brasileiro.
A Vice-Ministra explicou, por meio de tradutor, que a relação institucional entre os dois governos se dá através das duas embaixadas, de modo que o governo brasileiro tem o total conhecimento das ações realizadas em território nacional por meio de ONGs com os recursos provenientes da Noruega. Ingrid participou também de uma agenda com o vice-governador César Messias.
Caro Leandro,
ResponderExcluirÉ pena que se segue sempre o mesmo roteiro: se o governo dá dinheiro para as ONGs, elas passam a concordar com tudo que o governo faz.
“O que construímos na educação com os povos indígenas a partir do apoio da Fundação Rainforest da Noruega, transformou-se no programa do governo para educação diferenciada no estado”.
E viva o ecocapitalismo!
Lindomar Padilha