Na manhã
desta terça-feira o Governo do Estado do Acre realizou um encontro com a
sociedade civil do vale do Juruá para debater sobre a prospecção de gás e petróleo
na região.
Estiveram no
Centro Diocesano de Treinamento o vice-governador César Messias, o secretário
de indústria (SEDICT) Edvaldo Magalhães, os prefeitos dos cinco municípios do
Juruá acreano e o prefeito de Guajará-AM, Ministério Público, representantes da
ANP e Geo Radar e representações das
comunidades indígenas e agricultores da região.
O encontro
acontece uma semana após ONGs, Representações Indígenas, Ministério Público e
as secretarias municipais de Meio Ambiente de Cruzeiro do Sul e Guajará terem realizado
um encontro pedindo mais transparência no processo.
A partir do
mês de maio a empresa Geo Radar deve começar a detonação de explosivos no
subsolo nas chamadas “linhas de prospecção”. Esta fase é chamada de prospecção
sísmica terrestre.
A exposição
do representante da Geo Radar, o geólogo Ricardo Savini esclareceu sobre os métodos
utilizados pela empresa para a prospecção que tem por objetivo, minimizar os
impactos ambientais e danos ao patrimônio.
Durante a
exposição, Ricardo Savini explicou que esta é a fase de Reconhecimento, e que há ainda um longo processo para a exploração
efetiva dos hidrocarbonetos (petróleo e gás natural).
1- Programa Regional
2-
Reconhecimento
3- Semidetalhe
4- Detalhe 2 D
5- Detalhe 3 D
6- Perfuração
A representante
da Agência Nacional do Petróleo, Marina Abelha, disse que o interesse da ANP em
realizar a prospecção de gás e petróleo na região fazem parte da estratégia nacional
de conhecer as potencialidades do seu subsolo.
Novas tecnologias
Durante a
década de 70 e 80 o ex-governador Orleir Cameli, forneceu equipamentos para a
prospecção de petróleo pela Petrobrás e participou, de maneira indireta, dos
trabalhos na região.
“Naquele
tempo, a tecnologia era muito menor que a de hoje, as dificuldades eram
grandes. Apenas dois poços foram perfurados”, contou.
A atual
tecnologia para a prospecção, permite um conhecimento cada vez maior do subsolo,
o que minimiza os custos da perfuração e os impactos ambientais.
“O impacto
ambiental de Urucum é menor do que o de um posto de lavagem de carros”, disse o
vice-governador César Messias, referindo-se a atual tecnologia de exploração.
Perguntas Pertinentes
O promotor
de meio ambiente do MP, Leonardo Honorato fez perguntas pertinentes à respeito
de possíveis impactos ambientais que pudessem ter efeito sobre as fontes de
alimentação das populações da região, como a caça e a pesca. Em suas respostas,
a empresa Geo Radar deixou clara a sua preocupação e compromisso com esta
questão, mas evidenciou-se também que somente a participação popular no
processo pode garantir que direitos estejam assegurados.
Leonardo também
levantou uma demanda trazida por estudantes da UFAC, para que sejam feitas
parcerias entre a Geo Radar e a universidade, para que haja apropriação deste
conhecimento pela comunidade regional do Vale do Juruá.
Royallities
Outra ênfase
do encontro foi sobre os possíveis recursos gerados a partir da exploração de petróleo.
“Se isto vier a ser uma realidade, os futuros gestores que tiverem acesso a
estes recursos, não terão as mesmas dificuldades que estamos enfrentando hoje”,
disse o prefeito Vagner Sales.
O vice-governador
César Messias disse que os recursos provenientes de royallities da exploração
de hidrocarbonetos, podem mudar a realidade dos municípios da região.
“Poderemos fazer
investimentos pesados em saúde, educação, infraestrutura e principalmente, em
meio ambiente”, disse.
Deselegância
Não passou despercebida a deselegância cometida contra o prefeito de Cruzeiro do sul Vagner Sales, PMDB. Por ser o município sede do encontro e "capital do Juruá", era natural que suas palavras fossem ouvidas como representante dos municípios da região. No entanto as palavras foram passadas para o prefeito de Mâncio Lima, Cleidson Rocha (também PMDB, mas com melhor relação política com a FPA).
O ato, na verdade, se configura não como um desrespeito apenas ao prefeito Vagner Sales e aos seus eleitores, mas à cidade de Cruzeiro do Sul e a população que representa.
Na imagem: as linhas sísmicas
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