Os primeiros habitantes do Brasil já tiveram sua população estimada em 5 milhões de pessoas. Guerras, doenças e a fome dizimaram nos primeiros dois séculos de colonização, mais de 70% desta população. A tomada à força de seus territórios impedindo o modo de vida tradicional, somada à evangelização forçada causou a perda de identidade de outros milhares de “índios” que hoje vivem nas cidades e no campo sem o conhecimento de suas origens.
Na década de 70 chegou-se a dizer que o índio estaria fadado ao desaparecimento no Brasil e no mundo. No entanto, a luta dos povos indígenas trouxe o reconhecimento de direitos fundamentais como o direito à terra e ao modo de vida tradicional, à educação diferenciada e à sua própria religiosidade, fez com que nos últimos anos a população indígena no Brasil saltasse de 180 mil para mais de 800 mil pessoas em 2010.
Este aumento na população indígena deve-se principalmente ao fato de que muitos povos que antes não assumiam a sua identidade, passaram a fazê-lo.
O Acre é um bom exemplo disso. Até a década de 80 “não tinha índio” no Acre. Isto porque os povos que aqui viviam desde antes da chegada do homem branco foram “caboclizados”. Proibidos de falar sua língua materna, obrigados a abandonar seus cultos originais e tendo que muitas vezes trabalhar com sub-empregados em seringais e fazendas, muitos povos indígenas perderam a sua identidade. Foi a partir da década de 80 que estes povos retomaram a luta por sua identidade. Kaxináua, Ashaninka, Araras e outros 12 povos ressurgiram das cinzas depois que seus direitos passaram a ser respeitados.
Hoje, faltam apenas três terras indígenas a serem demarcadas no Acre, mas apesar de hoje terem muito mais respaldo governamental, ainda enfrentam problemas como a questão de segurança alimentar (entre os katukina, por exemplo, há muito dificuldade em se conseguir caça e peixe, devido à proximidade com a BR e os projetos de assentamento), saúde (os órgãos de governo que deveriam cuidar da saúde indígena sofrem de corrupção endêmica), e ainda o assédio de missionários evangélicos que introduzem uma fé estranha que tem entre outros efeitos, retirar dos anciãos a autoridade que lhes é naturalmente conferida pela idade dentro da aldeia (entre os Arara do Ig. Cruzeiro do Vale, existem três denominações evangélicas, que costumam “satanizar” a espiritualidade tradicional).
* foto dos Índios Isolados na Fronteira do Acre com o Peru
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