terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Carnaval além do porre e da porra

Extraído do blog Jurubeba Juruaensis - Jairo Nolasco


Quer ver uma coisa que infla o meu saco escrotal ?

Se você pensou em qualquer coisa ligada ao sexo quase chegou lá.

O que enche de verdade são os mesmos papos de sempre, contrários ou a favor do carnaval. A gente viver em país que desconfia de suas próprias qualidades e ver defeito em tudo, significa isto.

Os contrários fundamentalistas imputam ao capeta a invenção do carnaval brasileiro. Ledo engano. O carnaval é invenção meramente humana, que encontrou no país tropical abaixo da linha do equador condições ideais para atingir seu ápice: muito calor, pouca roupa e gente de várias cores querendo se misturar. E o que o proibido sexo humano tem a ver com o diabo ? Alguém já viu o capiroto comendo a mulher do vizinho ?

Os contrários acumuladores do capital reclamam o prejuízo na casas dos bilhões durante a quina _ no nordeste chega a uma quinzena _ carnavalesca. Alegam que não há produção e que prejudica a economia nacional. Como assim "é a economia, estúpido ?" Por acaso venda de água de todo tipo e gosto, alcoólicas ou não, preservativos, fantasias e seus componentes, balas para disfarçar o bafo e aluguel de banheiros químicos não aquecem a economia interna ? Não contabilizo aqui o aumento considerável de produtos para bebês depois de 9 meses. Prejuízos...daria tudo para ver a Rede Globo transmitindo-os diretos dos sambódromos de São Paulo e Rio de Janeiro.

O Brasil é pobre por causa do carnaval ? Verdade. Não à toa que o resto dos países sul-americanos, todos os africanos e outros tantos o extinguiram e chegaram ao topo da economia capitalista. Nos EUA, só mantiveram festas igualmente estúpidas como halloween, paradas cívicas e animação de torcidas : " me dê um F, me dê um U, me dê um C , me dê um K, o que que dá ?" Nos países socialistas-totalitários as pessoas abandonaram a imagem do bumbum quase pelado remexendo para ver o discurso de duas horas, 07 dias por semana, durante todo o ano, do seu líder revolucionário do século perdido.

O carnaval aumenta o índice da violência e da contaminação por HIV. Tá bom. O brasileiro é bicho esquisito que só deixa para beber, criar coragem para brigar e dirigir, na época do carnaval. Na outra parte do ano transam usando preservativos e viram cordeirinhos do rebanho do mestre. Enquanto isso no resto do mundo...as pessoas estão trabalhando, adquirindo DST e cometendo todos os tipos de violência contra o próximo. No oriente médio, nesta época, estão jogando bombas nos outros de outras religiões, de outros carnavais com outras fantasias.

E se alguém pudesse proibir o carnaval no Brasil ? Perda de tempo. O povo arranjaria outro jeito de ficar 05 dias sem trabalhar, fazer sexo e beber mesmo que escondido. Aliás, já arranjaram: os retiros e convenções de jovens.

Por certo então sou um defensor do carnaval ? Absolutamente, não.

Como ex-frequentador da festa momesca digo ser ela uma coisa diametralmente inútil a sua inutilidade. Nosso país deveria e deverá ser pior ou melhor independente do carnaval sem importância, tal qual o é todas as festas mundo afora.

Hoje, na minha concepção - o que não é lá grandes coisas _ o carnaval é um período chato, sem filme e futebol na televisão e a atrasar as decisões politiqueiras sem futuro coletivo algum para o país. É o dispensável a atrapalhar o menos importante.

O carnaval é para o povo sofrido extravasar suas emoções. Uma ova ! vê se alguém em sã consciência vai guardar suas emoções de um ano inteiro para gastar em míseros 05 dias pulando tal qual macaco com micose em lugar onde suas patas não podem chegar, como já dizia aquela letra de música sertaneja ...

Afinal o que realmente o carnaval representa para minha pessoa ? Nada, a não ser a ideia chata de pensar que se ele acontecesse assim de tal forma na Europa, nós da classe média brasileira colocaríamos nossos filhos em academias do samba e pagaria ingressos para ver a exibição em teatros, felizes por, enfim, enxergamos o que a civilização tem de bom.

Nós da classe alta, prepotencialmente, iríamos para o Velho Mundo para ver a originalidade do samba do loirinho esbelto quebrando as nozes.

E nós da classe baixa ? Felizes, desdentados, não alfabetizados, continuaríamos a escolher mal nossos representantes políticos e estes seguindo os intelectualóides libertadores e\ou libertários diriam que nosso povo atrasado e explorado precisaria de pelo menos 05 dias do ano a ficar sem trabalhar, bebendo, pulando e transgredindo as normas, como condição imperiosa de um dia chegarmos ao Primeiro Mundo Capitalista. "Quiçá um dia todos pudessem sambar na primeira esquina de cada cidade deste país", frase que renderia uma tese de doutorado nesta terra imaginária.

O assunto carnaval é um saco cheio de nenhum argumento válido.

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