quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Truculência policial e falta de habilidade política comprometem imagem do Governo do PT

A ação policial para liberar o tráfego da quarta ponte tornou-se, juntamente com a cheia, o assunto da semana aqui em Rio Branco. leia aqui

Conversei com uma das moradoras do bairro 6 de Agosto que fez duras acusações à ação policial que segundo ela, teriam colocado em risco a segurança de crianças durante o protesto.

A manifestação pedia a religação da energia elétrica no bairro desligada em razão das alagações.

A declaração do secretário de comunicação Leonildo Rosas de que a ação tenha sido orquestrada pelo jornalista Ray Melo, colocou ainda mais lenha na fogueira.

Leia matéria do jornal Ac 24 horas aqui

De fato, encontro-me muito distante do foco da notícia para emitir uma opinião acertada sobre o tema. O que tenho são apenas relatos dos dois lados da contenda.

Segundo colegas da imprensa que cobriram a manifestação, desde o início houve disposição em dialogar e o governo enviou, antes mesmo da polícia um negociador para tentar liberar o tráfego.

Com a ponte metálica interditada devido às alagações a quarta ponte tornou-se ainda mais vital ao tráfego da cidade. É justamente através da quarta ponte que estão sendo feitos todos os preparativos para receber as novas levas de desabrigados que não param de chegar ao Parque de Exposições. Os stands utilizados para o carnaval também estão sendo adaptados para receber desabrigados. As duas estruturas encontram-se no segundo distrito, próximos à ponte interditada pelos manifestantes.

Também me parece mais do razoável que o fornecimento de energia elétrica tenha sido interrompido por questões de segurança.


Pessoalmente (e aí faço a velha ressalva que Dom Juan sempre fez a Carlos Castañeda "Opinião não é conhecimento, e muito menos poder") não acredito na hipótese de que Ray Melo tenha sido o incentivador da manifestações. Mas se secretário diz que tem provas, em breve terá de apresentá-las.

Ainda segundo um colega de imprensa que estava no momento da manifestação, a ação policial foi deflagrada depois que um morador manifestante tentou agredir um policial do COE.

Não descarto a hipótese de que a manifestação tenha sido de fato, orquestrada por membros da oposição. Seria demasiado inocente descartar o componente político em um ano eleitoral de uma disputa que promete ser das mais acirradas. Partidários e simpatizantes de Bocalon estão presentes em muitos bairros, e no 6 de agosto não seria diferente. De nada adianta simplesmente imputar à oposição e acreditar que isso livra o governo da responsabilidade da truculência utilizada contra os manifestantes. Isto o PSDB faz "igualito" em SP.

O governo demonstra falta de habilidade política em solucionar a questão e gestos semelhantes têm sido flagrantes em casos de desocupação. Partir para cima de manifestantes desarmados é fazer exatamente o jogo da oposição e ofusca o bom trabalho que o governo vem desempenhando em diferentes setores, principalmente em lidar com os problemas da alagação.

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O envolvimento das secretarias de estado e governo no apoio aos desabrigados tornou-se uma máquina operativa e eficiente. Nos abrigos improvisados há desde o indispensável atendimento médico e alimentação até voluntários que promovem momentos de recreação com as crianças.

Alguns desabrigados já encontram ocupação nos abrigos, vendendo lanches e picolés entre os habiantes desta cidade temporária que tornou-se o Parque de Exposições, com cerca de 4 mil ocupantes.

***Comentário do procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes:

- Um monte de gente lembra de pedir doação de cestas básicas para as vítimas da alagação causada pela cheia do Rio Acre, mas poucos lembram que uma das principais causas de tal desequilíbrio ambiental é o desflorestamento da vegetação que impacta a bacia do Rio Acre. Muitos dos que estão pedindo as tais cestas básicas agora são os mesmos que criticaram o MPF nas nossas principais ações contra o desmatamento e as queimadas neste Estado. Parece que muitos se preocupam em parecer solidários, mas poucos questionam as reais causas do problema. Sempre assim..

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